terça-feira, 18 de agosto de 2009

CRÔNICAS TAILANDESAS - 4

O REINO DAS CORES - III

Paulo Emilio de Medeiros

Logo no início de 2008, houve uma mudança radical nas cores predominantes na Tailândia. Do amarelo, acompanhado do rosa, verde, azul e de outras cores, panorama que tanto havia beneficiado os olhos em 2007, passou-se de repente para o preto.

A causa foi o falecimento da irmã do rei, na madrugada de 2 de janeiro. O acontecimento provocou luto geral. Na manhã do mesmo dia, os professores e funcionários públicos que ainda não tinham sabido do falecimento receberam permissão para ir em casa, vestir preto e voltar para o trabalho. Deveriam manter luto durante quinze dias; os ministros e outras altas autoridades, durante cem dias.

O preto espalhou-se por toda parte: nas roupas dos apresentadores e repórteres da televisão, nos ternos dos entrevistados nos programas sobre a princesa falecida, e até mesmo na roupa da nossa empregada, que passou a vir ao trabalho vestindo camisa pólo preta. Na rua, as pessoas que não usavam preto vestiam pelo menos — em sua maioria — cores sóbrias.

Passada a fase inicial do luto mais fechado, começou a aparecer o cinza: às vezes misturado com o branco, às vezes adquirindo um tom prateado — mas sempre em companhia do preto. Tornou-se comum um padrão cinza-prateado de filigranas, como pano de fundo em programas de notícias ou de entrevistas na televisão.

De todo o jeito, cor continuava sendo algo importante.
As cores mais vivas permaneceram sumidas durante quase o ano inteiro, até novembro de 2008, quando houve a cerimônia de cremação da princesa.
(Na próxima, mais uma surpresa nessa epopéia das cores no Reino do Sião.)

2 comentários:

  1. Paulo Emílio, que gente mais interessante. Tô arquivando suas crônicas. Quanto mais tiver melhor para nós, Abraços,

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  2. ô, Méri, que legal. Muito obrigado por me contar! Abraço

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