O REINO DAS CORES - III
Paulo Emilio de Medeiros
Logo no início de 2008, houve uma mudança radical nas cores predominantes na Tailândia. Do amarelo, acompanhado do rosa, verde, azul e de outras cores, panorama que tanto havia beneficiado os olhos em 2007, passou-se de repente para o preto.
A causa foi o falecimento da irmã do rei, na madrugada de 2 de janeiro. O acontecimento provocou luto geral. Na manhã do mesmo dia, os professores e funcionários públicos que ainda não tinham sabido do falecimento receberam permissão para ir em casa, vestir preto e voltar para o trabalho. Deveriam manter luto durante quinze dias; os ministros e outras altas autoridades, durante cem dias.
O preto espalhou-se por toda parte: nas roupas dos apresentadores e repórteres da televisão, nos ternos dos entrevistados nos programas sobre a princesa falecida, e até mesmo na roupa da nossa empregada, que passou a vir ao trabalho vestindo camisa pólo preta. Na rua, as pessoas que não usavam preto vestiam pelo menos — em sua maioria — cores sóbrias.
Passada a fase inicial do luto mais fechado, começou a aparecer o cinza: às vezes misturado com o branco, às vezes adquirindo um tom prateado — mas sempre em companhia do preto. Tornou-se comum um padrão cinza-prateado de filigranas, como pano de fundo em programas de notícias ou de entrevistas na televisão.
De todo o jeito, cor continuava sendo algo importante.
As cores mais vivas permaneceram sumidas durante quase o ano inteiro, até novembro de 2008, quando houve a cerimônia de cremação da princesa.
(Na próxima, mais uma surpresa nessa epopéia das cores no Reino do Sião.)
Paulo Emílio, que gente mais interessante. Tô arquivando suas crônicas. Quanto mais tiver melhor para nós, Abraços,
ResponderExcluirô, Méri, que legal. Muito obrigado por me contar! Abraço
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