domingo, 30 de junho de 2013

O VOO DA CORUJA

As corujas voam perto do solo e mergulham silenciosamente para capturar o jantar.

Um gol do Fred, aos 2 minutos, deixou a Espanha tonta. Outro gol, do Neymar aos 43, fez justiça ao melhor time no primeiro tempo.

Mais um do Fred aos 2 do segundo tempo e pênalti perdido pela Espanha aos 8, provam que o dia não é da Espanha.
É de dar dó.

Tudo bem: a seleção da CBF jogou como há muito tempo não se via, marcou com dedicação, nocauteou o melhor time do mundo e faturou um título que era o melhor dos sonhos dos Marins da vida.

Agora é aguentar a onda de ufanismo tupiniquim nas nojentas propagandas oportunistas.

(Com a torcida cantando “ÔÔÔ o campeão voltôôô”, o Felipão, feliz
da vida e achando que é com ele, com certeza vai demorar a dormir.)

O VOO DO URUBU

Uruguay X Itália, joguinho morno como convém (estranhamente pra mim) a uma disputa pelo terceiro lugar, mas claro que é uma ótima oportunidade para cerveja gelada e divagações.

Enquanto os uruguaios e italianos tentam se esconder do sol bahiano jogando pela sombra, olho pela janela e vejo um urubu voando em círculos.

Bicho feio o urubu. Mas, que dignidade no voo! Tranquilão, asas paradinhas, o feioso é um professor de térmicas.
Aposto que os caras que voam de asa delta estudam os urubus antes de pular.

Desperto com o gol italiano. Esquisito: Diamanti cobra uma falta, bola na trave, na nuca do goleiro e entra. Depois do replay  o jogo melhorou, a cerveja esquentou e o urubu se mandou.

Pro Rio, certamente.

ATUALIZAÇÃO

Tomara que o urubu tenha ido pra Salvador.
Porque o jogo ficou ótimo: o Uruguay empatou, a Itália fez 2X1 e o Uruguay empatou de novo. Nas duas vezes com o Cavani.
Pra mim, o figuraça dessa copinha. Um tremendo jogador que parece com aqueles índios de histórias em quadrinhos americanas antigas (Zorro, Cavaleiro Negro, Globo Juvenil, por aí...).

E lá foi a Itália pra sua segunda prorrogação em dois dias.
Mortinha, com um jogador expulso no primeiro tempo da prorrogação, deposita tudo na conta de São Buffon nos pênaltis.
E se dá bem. O melhor goleiro do mundo justificou a fama.

Implicância técnica: em jogos nesse horário insano o campo fica um tanto na sombra, um tanto no sol. É preciso ajustar o diafragma (ainda existe diafragma?) da câmera conforme o jogo rola.
Das duas, uma: ou o ajuste é automático - e lento - ou o ajuste é manual.
E lento.
A bola rola e a gente fica apertando e arregalando os olhos.
Uma chatura.

sábado, 29 de junho de 2013

TCC

Shkabling!

A mensagem é curta e imperativa: “Apres. TCC 9h”.

É o tempo de um banho. Durante o dito cujo, fico pensando: “What porra means TCC? ‘Teste Conceitual no Capricho’, não. Deve ser ‘Trabalho Com’ sei lá o que...”
Antes que eu fique (mais) enrugado desisto, visto e saio correndo.

Chego ao local, a criaturinha está elétrica e me explica que TCC
é “Trabalho de Conclusão do Curso” ou algo que o valha.
Sento no fundo e me preparo para longos minutos de “nervo”.

Luzes baixas, palco montado, powerpoint rolando e assisto um show de segurança, detalhamento completo, domínio da matéria e tudo o mais que vocês quiserem imaginar.

Lá do fundo, não consigo deixar de pensar que aquele toquinho de gente que engatinhava sentada e nadava igual um girino agora é uma mulher que está ali me fazendo explodir de orgulho.

Final da apresentação, a banca se debulha em elogios.
Aplausos, abraços, beijos e trato de me mandar.
Rapidinho que é para as lágrimas pingarem no asfalto.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

UULHAA!

A corja - quer dizer, o congresso - trabalhando em dia de jogo
da seleção da CBF!
E trabalhando na quinta-feira - dia de Espanha X Itália e, importantíssimo, dia de se pirulitar de Brasília pra visitar as "bases"!
Ficaram lá aprovando, rejeitando, fazendo, acontecendo e falando, falando, falando...

São quase iguais a baratas. Quando a gente bate o pé elas fogem pros cantos. A diferença deles é que, quando o povo bate o pé, eles correm pra aconchavar, arrumar saídas, falar em democracia, dar o velho show de hipocrisia e garantir a manutenção das boquinhas.
Ou, melhor, boconas.

E segue o baile.

A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quarta-feira (26), projeto de lei do Executivo que destina 75% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação pública, com prioridade para a educação básica, e 25% para a saúde.

A Câmara dos Deputados rejeitou nesta terça-feira (25) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que reduz os poderes do Ministério Público e devolve às polícias exclusividade na investigação criminal. Alvo de protestos nas ruas, a proposta foi derrubada por 430 votos e será arquivada.

O plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira (27) os pedidos de urgência para o projeto de lei que trata do passe livre estudantil e para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Ficha Limpa no Serviço Público. Com isso, as matérias terão prioridade na pauta de votação e devem ser votadas já na próxima semana, junto com o projeto que prevê 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

BRASIL 2 x 1 URUGUAI


E a seleção da CBF chega à final graças ao Júlio César.

Uma alma caridosa (que deveria ser o Felipão) podia contar pro meu xará Thiago Silva que ele não é, nem de longe, o que ele se acha.
No jogo de hoje, como em todos os anteriores, ele não acertou nenhum lançamento (chutão, pra ser mais exato) e ainda por cima,
na hora que deveria ter “lançado”, resolveu passar com "classe"
e entregou o gol pro Uruguai.
A câmera mostrou o Felipão, desesperado, gritando “Dá um bico!!!”.

Joguinho ruim com final de relativa emoção.
Curiosidade: não houve troca de camisas no final do jogo.

Agora, tudo correndo bem, Brasil X Espanha.
E seja o que Deus quiser.

terça-feira, 25 de junho de 2013

NÃO DEMOROU NADA...

... E a tal da “constituinte específica”
já foi pro saco.

Agora vai ser um plebiscito para que o povo defina o que quer na reforma política.
Daí, a corja - quer dizer - o nosso valoroso congresso, vai deixar tudo como dantes. Ou alguém duvida?

Em tempo: ver os Renans, Aécios et caterva posando de defensores da “voz das ruas” é de brochar prisioneiro.

E amanhã é dia da seleção da CBF...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

SÓ ACREDITO VENDO

De tudo o que a Dilma falou hoje,  essa foi a melhor e a mais difícil de acreditar que aconteça.

Enfim...
Como disse JK em 1974, dois anos antes de morrer, ao ser perguntado sobre o que iria acontecer no Brasil:
- O que vai acontecer, não sei. Soltaram o monstro. Ele está em todos os lugares.
- Que monstro?
- A opinião pública.

"Outra proposta feita por Dilma é a reforma política para ampliar a participação popular. Sobre esse aspecto, ela propõe que seja feito um plebiscito para convocar uma Constituinte. 'Quero neste momento propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize um processo constituinte específico para fazer reforma política que o país tanto necessita.'"

sábado, 22 de junho de 2013

DÁ-LHE BH!

Pra mim, a melhor até agora.



sexta-feira, 21 de junho de 2013

O BRASIL DOS VELHOS

Nós, os velhos, por vezes, esquecemos coisas que deveríamos lembrar e lembramos o que deveríamos esquecer. (Frasezinha safada pra dar um início instigante, entende?)
 
Por exemplo, você aí, patriótico leitor, lembra quando saía de casa tranquilo, sem nem pensar em possíveis assaltos, blitz, etc?

Lembra quando você saía pra jantar com sua mulher e ela usava um colar bonito sem que você precisasse contratar um segurança?

Lembra a última vez que estacionou seu carro sem um pentelho achacador te dizendo “vem”, “vem”...?
(Sei, sei. Foi ontem no shopping, né?)

Lembra quando você dirigia com os vidros abertos?
“Cabelo ao vento, gente jovem reunida”... (Perdão, leitores.)

Lembra quando você pegava o ônibus, dava bom dia ao motorista e ele respondia?!

Lembra que existia o médico da família? Um clínico geral que resolvia quase tudo e quando não resolvia, aí sim, a gente ia para o “especialista”.

Lembra que a gente operava amígdalas, por exemplo, e ficava no hospital tomando sorvete sem medo nenhum?

Lembra que se você não estudasse tomava bomba e repetia de ano?

Pois bem.
Todas essas lembranças não vão desaguar no que tenho visto rolar nos e-mails e fêicibúquis da vida. Definitivamente não tenho nenhuma saudade dos militares e não acho que a ditadura é solução pra coisa nenhuma. E antes que me mandem, pela enésima vez, aquele e-mail falando sobre o que podíamos fazer nessa época ("Podíamos dirigir a 100 por hora mas não podíamos falar mal do presidente"... "Hoje não podemos fazer nada a não ser falar mal do presidente") devo alertar que é muito engraçadinho, mas esconde uma infinidade de coisas que nós, os velhos, pelo visto, preferimos colocar na conveniente gaveta do esquecimento.

Meu receio atual é só um: se “vier chuva” mesmo - a partir de manifestações sem lideranças explícitas, quem vai negociar com o governo?

Se, como a burguesia está salivando, o governo cair, quem vai assumir? Barbosão? Duvido!

E mesmo que fosse ele, quem iria assumir os governos estaduais e municipais, a câmara e o senado?
Em todas as alternativas, aposto nos oportunistas de sempre.

E, principalmente, quem vai dar jeito nos famigerados segundo e terceiro escalões?
Sim, porque são estes que, escorados na burocracia, nas letras pequenas de leis encomendadas, estão lá - entra governo sai governo - abrindo todos os caminhos para a corrupção desenfreada.

E não adianta colocar panos quentes. Tudo isso que está aí foi criado pela nossa preguiça, pela nossa indiferença, pela nossa incompetência na hora do voto e, tão importante quanto, no “pós-voto”.
Você lembra em quem votou na última eleição para deputado?
Se sim (o que eu duvido), você, alguma vez, interpelou o seu “representante”?

Lembra que já tivemos caras pintadas e não caras tampadas?
Vamos ficando velhos... E burros!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

HAJA PIP!


Invasão no palácio do Itamaraty, porrada em Vitória, Uruguay vencendo um jogão contra a Nigéria, porrada em Campinas, milhares marchando em Belo Horizonte com direito a guardinhas apitando histericamente, helicópteros infernizando os ouvidos além de incontáveis narrações de “momentos de tensão”.

Como diria um legítimo representante das praias cariocas, “Mó agito!”.

OLHANDO DE FORA - 3

Nosso Paulo Emilio está longe, mas enxerga perto.
Olha só o que ele garimpou para deleite dos nossos
milhares e milhares de leitores:

18 JUNHO 2013
ACESSOS: 11711

FAZER CONTAS
*Por Cristovam Buarque

Há oito anos a população do Brasil se dedica a construção de estádios para a realização da Copa. Não se pode esperar diferente em um país que já foi chamado de uma “pátria de chuteiras”. A população do Distrito Federal, por exemplo, ainda não tem times que atraiam torcedores, mas está deslumbrada com um monumental estádio para 71 mil espectadores a custo superior a R$1,6 bilhão. Poucos, porém, fizeram as contas do que significa este custo.
A obra custou R$ 800 para cada um dos brasilienses. Considerando apenas os adultos, o custo subiria para cerca de R$ 3 mil por cada pessoa. Se considerar o dinheiro que deixou de ir para os 208 mil moradores mais necessitados, com rendimentos de até um salário mínimo mensal, o custo foi de cerca de R$ 8 mil, mais ou menos um ano de trabalho de cada um deles. Se cada brasiliense soubesse que este valor saiu do seu bolso e conhecesse seus usos alternativos, a euforia com o estádio não seria tão grande. 

Com os recursos gastos com o estádio seria possível financiar a formação de 6.800 engenheiros de excelência, desde a primeira série do ensino fundamental em superescolas de qualidade internacional, ao custo anual de R$ 9 mil por aluno ao ano, pagando R$ 9.500 por mês para cada professor, até o final do curso de Engenharia, em cursos universitários de excelência iguais aos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Este número seria maior do que a soma de todos os engenheiros já formados no ITA nos seus 64 anos de funcionamento. Além disso, a formação seria pública, igual para os filhos dos mais pobres e dos mais ricos que tenham vocação e persistência.

Se considerarmos que cada um desses profissionais contribuiria para o desenvolvimento do País e geraria uma renda no mínimo igual ao salário, tomando para efeito de simulação a quantia de R$ 20 mil por mês, o montante gerado ao longo de 35 anos de trabalho, resultaria em renda de aproximadamente R$ 63,6 bilhões. Algo equivalente a 40 estádios similares ao novo Mané Garrincha do Distrito Federal. Mais importante ainda é que esses profissionais serviriam como base para o desenvolvimento científico e tecnológico que o Brasil tanto necessita.

Se considerarmos o custo de todos os 12 estádios da Copa, atualmente orçados em R$ 7,2 bilhões, e que certamente será maior, deixaremos de formar cerca de 30.400 cientistas e tecnólogos da mais alta qualidade. Por mais benefícios que traga a Copa, não há dúvida que investir em Ciência e Tecnologia (C&T) seria um melhor uso do dinheiro na construção do futuro do país. Alguns vão dizer que aproximadamente 4 mil trabalhadores receberam seus salários por terem emprego diretamente gerado pela obra no DF, mas estes poderiam ganhar o mesmo construindo hospitais e escolas. Podem dizer também que as arenas vão permitir atividades esportivas e culturais, mas isto já seria possível com pequenas melhorias nos estádios anteriores.

O Brasil tem muitos problemas, mas um dos mais graves é não fazer contas.

*Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF.

OLHANDO DE FORA - 2

Um paralelo visual.

Mais uma semelhança entre os protestos no Brasil e na Turquia

Paulo Emilio de Medeiros



DESCOBERTAS

A profissão obrigou, pai e mãe viajaram
na quinta para trabalhar até domingo.
Tuniquinha ficou com os avós.

Cheia de atividades, perguntando pelos pais, mas sem maiores dramas. A mãe em cólicas, o pai disfarçando legal, os dois trabalhando à vera tanto pelo trabalho em si quanto para embutir a sensação de largar a cria durante as intermináveis 96 horas.

Telefonemas, nhém-nhém-nhém e Tuniquinha, numa boa,
conversando com os pais apressadamente pois estava sempre ocupada monopolizando os avós. Cujos, estavam felicíssimos com a escravatura. (Os avós, em geral, só curtem esses períodos porque sabem que os pais vão voltar...)

Retorno, família esperando no aeroporto, abraços, beijos, apertões, Tuniquinha feliz da vida mas, para profundo desgosto materno, sem maiores efusões.

Dia seguinte, de volta à rotina, está a mãe preparando o café quando Tuniquinha vem e gruda. O abraço não terminava mais.
-“Ô filhinha, quê que você tem?”
-“Eu só quero te olhar, mamãe.”

A mãe, como toda mãe que se preza, explodindo em fortes emoções constata que aquela criaturinha acabou de descobrir o que é saudade.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PATRIOTISMO À FLOR DA PELE

BRASIL 2 X 0 MÉXICO

A melhor coisa do jogo foi a torcida cantar o hino inteiro sendo mais da metade à capela. Tá certo que no nordeste esse costume já vem de longe mas, como andamos muito patrióticos nos últimos dias, foi de arrepiar.

Eu podia ter desligado a televisão aos 10 minutos do primeiro tempo (logo depois de mais um golaço do Neymar), podia ter dormido e ser acordado pelo foguete (no singular, mesmo) que comemorou o segundo gol do Brasil no fim do jogo. Uma pintura de jogada do Neymar para o Jô marcar e ser a causa do único foguete que ouvi em BH.

Entre uma jogada e outra foi uma tortura repleta de “ligações diretas” de David Luiz & Cia. Os caras devem se achar incorporados pelo Gérson mas, pra chegar longe dele, ainda falta muito pra eles.

De resto, a não ser que o Japão ganhe da Itália (pi-ri-go!), a valorosa seleção da CBF está classificada para a semi.
Puxa gente, que emoção, hein? Hein??

obs.: antes do jogo o SporTv fez uma enquete perguntando quais seriam os classificados para as semifinais. Deu 19% Brasil e Itália e 74% (setenta e quatro por cento) Japão e México.
E os políticos continuam não entendeeindo...

ATUALIZAÇÃO:

ITÁLIA 4 X 3 JAPÃO
Um jogaço!
Com o Japão jogando muito e a Itália justificando a tradição.

observação totalmente parcial: os nipônicos deveriam colocar uma estátua do Zico em todos os campos de futebol lá deles. Porque o que o Pelé não conseguiu nos EUA, nosso Galinho fez no Japão.

OLHANDO DE FORA

Nosso prezado Paulo Emilio, lá de longe, enxerga paralelos interessantes.

DEMOCRACIA NÃO É SÓ ELEIÇÃO

Paulo Emilio de Medeiros

Três países: um no Extremo Oriente, um na confluência entre o Oriente e o Ocidente, e o terceiro na América do Sul. O que têm eles em comum neste momento?

Falo da Tailândia, da Turquia e do Brasil.

Nos três países, os governos, eleitos democraticamente, estão há anos no poder: desde 2001 na Tailândia (exceto em um intervalo de dois anos e meio, de 2008 a 2011); e desde 2003 na Turquia e no Brasil. Os três governos tiveram repetidas vitórias eleitorais: quatro na Tailândia (2001, 2005, 2007 e 2011), três na Turquia (2002, 2007 e 2011) e três no Brasil (2002, 2006 e 2010).

Os três governos adotaram medidas que beneficiaram as camadas de menor poder aquisitivo de seus países.

Os governos da Turquia e da Tailândia são vistos como arrogantes por parte expressiva das populações que governam, bem como insensíveis às inquietações dos que não os elegeram. No Brasil, a presidente também tem sido vista como arrogante, embora a imprensa geralmente se cale a respeito, apenas com uma ou outra menção ao caráter “altaneiro” da governante.

O calar da mídia ocorreu também na Turquia, onde, no primeiro dia em que a manifestação no Parque Gezi foi reprimida com violência pela polícia, canal de televisão passava filme sobre pinguins.

Nestes últimos dias, os três governos estão enfrentando fortes manifestações populares de protesto. Mais que protestos contra políticas e decisões específicas (que existem), as demonstrações atuais parecem ter como pano de fundo uma espraiada insatisfação contra o atual estado de coisas em cada país - não obstante o progresso econômico e social obtido na última década em cada um deles.

Outro ponto de semelhança entre o que ocorre nos três países é que os manifestantes são na maioria da classe média.

Na Tailândia, protestam, entre outras coisas, contra o fracasso de um esquema mirabolante de garantia dos preços do arroz, que rendeu lucros consideráveis para grandes atravessadores com laços com o governo, e benefícios medíocres para os produtores. O esquema provocou igualmente queda das exportações tailandesas do produto. A gota d’água foi a divulgação de que os estoques de arroz estavam se estragando e que arroz estragado estava sendo vendido aos consumidores tailandeses.  

Na Turquia, os manifestantes defendiam, inicialmente, a preservação de um parque em área valorizada de Istambul, que o governo queria ceder para a construção de um shopping center. Contribuíram para a reação indignada anos de grandes obras públicas realizadas sem qualquer consulta popular, concedidas a empresários relacionados com o governo, inclusive a uma empresa de propriedade do genro do primeiro-ministro.

No Brasil, os manifestantes protestavam, no início, contra um aumento de 20 centavos no preço das passagens de ônibus em São Paulo. Mas a indignação reprimida se alastrou, e o protesto agora é, sobretudo, contra os abusos de governos que, apesar de vencerem repetidas eleições, se mostram insensíveis ou incompetentes em questões de grande importância para a população. Entre essas questões estão a falta de segurança, os elevados impostos pagos pelos brasileiros e a má qualidade de serviços prestados por agências do governo e por grandes empresas, em setores como aeroportos e comunicações telefônicas, entre muitos outros.  

Incomodam também a alma do brasileiro os absurdamente grandes salários recebidos imerecidamente por funcionários do Legislativo e do Judiciário; a atuação sem dignidade da maioria dos parlamentares federais, estaduais e municipais em todo o país, desvinculada de atenção ao bem público e ligada a interesses particulares de cada político; os repetidos casos de corrupção envolvendo altas autoridades, e a impunidade dos responsáveis; os grandes gastos públicos com obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, muitas das quais certamente se tornarão elefantes brancos, inúteis, após os jogos.

Chama atenção a falta de dignidade de quem entregou a soberania nacional à FIFA, modificando leis apenas para seguir imposições da Federação Internacional de Futebol, e entre outras coisas proibindo a venda de acarajé nas proximidades do estádio de Salvador, mas permitindo, com exclusividade, a venda de produtos da McDonald’s.

Tailândia, Turquia e Brasil terão eleições em 2015, 2015 e 2014, respectivamente. É possível que os atuais governos sejam novamente vitoriosos, em razão da ausência de partidos de oposição com credibilidade e apoio popular suficientes para triunfar.

De positivo há neste momento a disposição e a coragem dos manifestantes.
Parabéns! Que consigam também ter discernimento.

terça-feira, 18 de junho de 2013

JÁ QUE OS POLÍTICOS NÃO ESTÃO ENTENDENDO...

Que leiam o El País:

¿Por qué Brasil y ahora?


Está generando perplejidad, dentro y fuera del país, la crisis creada repentinamente en Brasil por el surgir de las protestas callejeras, primero en las ricas urbes de São Paulo y Río, y ahora extendiéndose a todo el país e incluso a los brasileños en el exterior.

Por el momento son más las preguntas para entender lo que está aconteciendo que las respuestas a las mismas. Existe solo un cierto consenso en que Brasil, envidiado hasta ahora internacionalmente, vive una especie de esquizofrenia o paradoja que aún debe ser analizada y explicada.
Empecemos por algunas de las preguntas:

¿Por qué surge ahora un movimiento de protesta como los que ya están casi de vuelta en otros países del mundo, cuando durante diez años Brasil vivió como anestesiado por su éxito compartido y aplaudido mundialmente?
¿Brasil está peor hoy que hace diez años? No, está mejor. Por lo menos es más rico, tiene menos pobres y crecen los millonarios. Es más democrático y menos desigual.

¿Cómo se explica, entonces, que la presidenta Dilma Rousseff, con un consenso popular de un 75%, -un récord que llegó a superar al del popular Lula da Silva-, pueda ser abucheada repetidamente en la inauguración de la Copa de las Confederaciones, en Brasilia, por casi 80.000 aficionados de clase media que pudieron darse el lujo de pagar hasta 400 dólares por una entrada?

¿Por qué salen a la calle a protestar por la subida de precios de los transportes públicos jóvenes que normalmente no usan esos medios porque ya tienen coche, algo impensable hace diez años?

¿Por qué protestan estudiantes de familias que hasta hace poco no hubiesen soñado con ver a sus hijos pisar una universidad?

¿Por qué aplaude a los manifestantes la clase media C, llegada de la pobreza y que por vez primera en su vida han podido comprar una nevera, una lavadora, una televisión y hasta una moto o un coche de segunda mano?

¿Por qué Brasil, siempre orgulloso de su fútbol, parece estar ahora contra el Mundial, llegando a empañar la inauguración de la Copa de las Confederaciones con una manifestación que produjo heridos, detenciones y miedo en los aficionados que acudían al estadio?

¿Por qué esas protestas, incluso violentas, en un país envidiado hasta por Europa y Estados Unidos por su casi nulo desempleo?

¿Por qué se protesta en las favelas donde sus habitantes han visto duplicada su renta y recobrada la paz que les había robado el narcotráfico?

¿Por qué, de repente, se han levantado en pie de guerra los indígenas que poseen ya el 13% del territorio nacional y tienen al Supremo siempre al lado de sus reivindicaciones?

¿Es que los brasileños son desagradecidos a quiénes les han hecho mejorar?

Las respuestas a todas esas preguntas que producen en tantos, empezando por los políticos, una especie de perplejidad y asombro, podrían resumirse en pocas cuestiones.

En primer lugar se podría decir que, paradójicamente, la culpa es de quien les dio a los pobres un mínimo de dignidad: una renta no miserable, la posibilidad de tener una cuenta en el banco y acceso al crédito para poder adquirir lo que fue siempre un sueño para ellos (electrodomésticos, una moto o un coche).

Quizás la paradoja se deba a eso: al haber colocado a los hijos de los pobres en la escuela, de la que no gozaron sus padres y abuelos; al haber permitido a los jóvenes, a todos, blancos, negros, indígenas, pobres o no, ingresar en la universidad; al haber dado para todos accesos gratuito a la sanidad; al haber librado a los brasileños del complejo antaño de culpa de “perros callejeros”; al haber conseguido todo aquello que convirtió a Brasil en solo 20 años en un país casi del primer mundo.

Los pobres llegados a la nueva clase media han tomado conciencia de haber dado un salto cualitativo en la esfera del consumo y ahora quieren más. Quieren, por ejemplo, unos servicios públicos de primer mundo, que no lo son; quieren una escuela que además de acogerles les enseñe con calidad, que no existe; quieren una universidad no politizada, ideologizada o burocrática. La quieren moderna, viva, que les prepare para el trabajo futuro.

Quieren hospitales con dignidad, sin meses de espera, sin colas inhumanas, donde sean tratados como personas. Quieren que no mueren 25 recién nacidos en 15 días en un hospital de Belem, en el Estado de Pará.
Y quieren sobre todo lo que aún les falta políticamente: una democracia más madura, en la que la policía no siga actuando como en la dictadura; quieren partidos que no sean, en expresión de Lula, un “negocio” para enriquecerse; quieren una democracia donde exista una oposición capaz de vigilar al poder.

Quieren políticos con menor carga de corrupción; quieren menos despilfarro en obras que consideran inútiles cuando aún faltan viviendas para ocho millones de familias; quieren una justicia con menor impunidad; quieren una sociedad menos abismal en sus diferencias sociales. Quieren ver en la cárcel a los políticos corruptos.

¿Quieren lo imposible? No. Al revés de los movimientos del 68, que querían cambiar el mundo, los brasileños insatisfechos con lo ya alcanzado quieren que los servicios públicos sean como los del primer mundo. Quieren un Brasil mejor. Nada más.

Quieren en definitiva lo que se les ha enseñado a desear para ser más felices o menos infelices de lo que lo fueron en el pasado.
He escuchado a algunos decir: “¿Pero qué más quiere esta gente?" La pregunta me recuerda la de algunas familias en las que después de dar todo a los hijos, según ellos, estos se rebelan igualmente.
Se olvidan a veces los padres de que a ese todo le faltó algo que para el joven es esencial: atención, preocupación por lo que él desea y no por lo que a veces se le ofrece. Necesitan no solo ser ayudados y protegidos, llevados de la mano, quieren aprender a ser ellos protagonistas.
Y a los jóvenes brasileños, que han crecido y tomado conciencia no solo de lo que tienen ya, sino de lo que aún pueden alcanzar, les está faltando justamente que les dejen ser más protagonistas de su propia historia, más aún cuando demuestran ser tremendamente creativos.

Que lo hagan, eso sí, sin violencia añadida, que violencia ya le sobra a este maravilloso país que siempre prefirió la paz a la guerra. Y que no se dejen coptar por políticos que intentarán montarse sobre su caballo de protesta, para vaciarla de contenido
En una pancarta se leía ayer: “País mudo es un país que no muda”. Y también, dirigido a la policía: “No disparéis contra mis sueños”. ¿Alguien puede negar a un joven el derecho a soñar?.

COMO BESOUROS DEPOIS DA CHUVA

Os “especialistas” e os “cientistas políticos” (que profissão, hein?) brotam do chão a cada evento desse tipo.


Olha só que primoroso exemplo de como se dizer absolutamente nada com pompa e circunstância:

... O cientista político Paulo Kramer diz que os manifestantes saem às ruas por “diferentes motivos”.
Para o cientista político João Francisco Meira há um “somatório de insatisfações”.
Ambos concordam que os protestos têm como pano de fundo a situação econômica difícil, com o retorno da inflação.

Kramer avalia que a antecipação da corrida eleitoral deu sua contribuição. Meira acrescenta a existência de um elemento novo: a capacidade de mobilização e articulação de pequenos grupos gerada pelas redes sociais e novas formas de comunicação.
Ambos destacam que as autoridades precisam enfrentar, com urgência, o drama da mobilidade urbana no país.

É espetacular, né não?
Também vou "analisar". Olha só:
"Não podemos esquecer que" - "o desenvolvimento de formas distintas de atuação" - "assume importantes posições na definição" - "dos conceitos de participação geral".

Essas são frases tiradas da tabelinha do "Technical Embromation".
Não falha!

Agora, falando sério (se é que isso é possível), prefiro ficar com esse cidadão:

Manuel Castells é um dos mais destacados sociólogos do mundo, famoso por estudar sobre poder das redes e o impacto social da informação.
 
... “A mensagem só é eficaz se o destinatário estiver disposto a recebê-la e se for possível identificar o mensageiro e ele for de confiança.”
“Mas é claro que não basta um manifesto no Facebook para mobilizar milhares de pessoas. Isso depende do nível de descontentamento popular e da capacidade de mobilização de imagens e palavras. A internet é uma condição necessária, mas não suficiente para que existam movimentos sociais.”
 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

FOTO EMBLEMÁTICA


DO JEITO QUE VAI INDO...


No país inteiro as pessoas resolveram se manifestar contra tudo.
Se continuar desse jeito, teremos uma nova data no Brasil-sil-sil.
Depois do golpe do 1º. De Abril, teremos o Outono dos 20 Centavos!

Força, galera!

Eu, é óbvio, vou ficar aqui, junto aos milhares e milhares de indignados na internet.
Porque, convenhamos, esse negócio de ir pra rua dá muita canseira...

TUDO TEM DOIS LADOS

Para decepção de grande parte dos milhares e milhares de leitores deste blog, não nutro nenhum respeito ou concordância para com Ar(gh)naldo Jabor.

Mas, democrático que sou, seguem dois videos sobre o assunto do momento. (Se é que alguém vai ter saco de assistir...)




Só um pitaquinho: pra mim é claro que toda essa zona não é por 20 centavos. Como também é claro que muitos políticos e a mídia estão aproveitando a onda para agitar as coisas. Como também é claro que, olhando pelos olhos de quem tem sua pastelaria "empastelada", a polícia está até indo devagar.

Como também é claro que continuamos sendo um país de malandros no mau sentido: hoje é segunda-feira, são quase duas da tarde e Belo Horizonte está parada por causa do clássico Taiti X Nigéria que vai ser jogado às quatro horas no esplendoroso, lindo, fantástico, Mineirão.
(As escolas e hospitais continuam numa merda de fazer gosto, mas o Mineirão... Ah! Que maravilha!)

domingo, 16 de junho de 2013

O TEMPO PASSA, O TEMPO VOA... ESP 2 X 1 URU

Apesar de achar esquisito um país trazer na bandeira um sol com carinha, tenho total simpatia e admiração pelo Uruguay.
É um país porreta e o presidente Mujica é uma grande figura.

Mas, isso não é suficiente para que eu tenha a mesma atitude da torcida em Recife cuja começou o jogo Espanha X Uruguay vaiando intensamente o time espanhol.

Pois bem. A Espanha matou o Uruguay e a torcida de cansaço. A torcida aguentou até os 5 ou 6 minutos e desistiu de vaiar. O Uruguay fez o que pode, mas Iniesta, Xavi, Busquets e companhia estão tal e qual a extinta poupança do Bamerindus: o tempo passa, o tempo voa e a Espanha continua numa boa. Na verdade, não: está cada vez melhor.

Que me perdoem os que acham chato o futebol da Espanha, mas troco esse joguinho chato por todas as “ligações diretas”, cruzamentos pra ninguém e a pancadaria reinante na maioria absoluta dos jogos de hoje.

Aos 10 minutos do segundo tempo a torcida se rende e aplaude delirantemente o Iniesta - o balconista de loja de tinta mais genial dos últimos tempos. (O Casillas, goleiro da Espanha errou mais passes que o Iniesta. É mole ou quer mais?)

Ótimo comentário do Erich Beting: “Do jeito que está a partida, corre o risco dos gandulas terminarem com mais posse de bola do que o time do Uruguay.”

A Espanha seguiu cozinhando o jogo e, aos 42, o uruguaio Suárez fez um golaço de falta.
E mais nada.

sábado, 15 de junho de 2013

DA COPA EU ABRO MÃO...


QUERO O DINHEIRO
PRA SAÚDE
E EDUCAÇÃO!


Engrosso esse coro que foi cantado hoje antes de Brasil e Japão em Brasília. Com direito a bagunça com a polícia, é claro.

(Aliás, gastar mais de 1 bilhão de reais pra construir um estádio
- ou arena, como queiram - igualzinho um filtro de ar! É brincadeira...)

Cerimônia de abertura com direito ao Blatter passando pito na torcida que vaiava o Supremo Baiacu da Nação. Cuja, entediada, se contentou em declarar aberta a Copa das Confederações e a dar um tchauzinho sabe-se lá pra quem.

Primeiro tempo, 3 minutos, um golaço de Neymar e depois Honda passava pra Suzuki que entregava pra Mitsubishi que lançava...
e Kagawa tudo.
Joguinho chato, com o Japão - segundo os analistas - marcando atrás da linha da bola. (Curiosidade: acho que se algum time marcar na frente da linha da bola vai facilitar muito a vida do adversário, né não?)

Segundo tempo, 3 minutos, gol do Paulinho.
Quem apostaria num timing destes?
O jogo segue chato e, na metade do segundo tempo, o Japão já está mortinho.
A torcida, pela terceira ou quarta vez, uivou pelo Lucas que entrou e, pela terceira ou quarta vez, não fez coisa nenhuma.
Oscar deixa o Jô na cara do gol. Brasil 3 a 0.

Arrã...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

COMOÇÃO!

Em meio a esse bombardeio de reportagens sobre as “manifestações” que aconteceram na semana, a mídia dá destaque total à covarde, inaceitável, absurda, inacreditável agressão aos jornalistas que foram atingidos durante os eventos.

Tudo bem: o repórter da Carta Capital foi detido porque estava com vinagre. Substância altamente perigosa, como todos sabemos.
(Em tempo: molhado num pano, o vinagre ajuda a respirar quando você é atingido por gás lacrimogêneo, pimenta, etc.)

Mas, o resto... Peraí!
Os caras estavam lá buscando a notícia trepidante e tomaram algumas ameixas quentes, gás, etc. Como eles, dezenas de “manifestantes” também tomaram, foram devidamente citados nas estatísticas e olhe lá. Mas, aí tome de protestos, faces compungidas, notas de ONG, críticas veementes, e outras indignações no gênero.

E a coisa vai tomando contornos não muito deglutíveis.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

NÃO SE PODE ELOGIAR

Rolou baixaria no Rio, também.

Pra amenizar, segue notícia do UOL:

Ambulante  diz  que  fatura  R$ 300  por  dia   em  "manifestação boa"  no  Rio

O vendedor ambulante Carlos Alberto Dantas, 55, que vendia bebidas na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (13), durante o quarto protesto contra o aumento do valor das passagens de R$ 2,75 para R$ 2,95 (desde o dia 1º de junho), afirmou que sempre trabalha em manifestações. "Em uma manifestação boa, daquela grandona que toma tudo, consigo ganhar R$ 300. O pessoal pede muita água e cerveja", contou. "Não é negócio de cachaça não, é cerveja mesmo, direita."

ATÉ AGORA, DÁ-LHE RIO!

Manifestações no Rio e em São Paulo por conta do aumento das passagens. Globonews firme na cobertura. Só que, cobertura ao vivo é complicado. (Já dizia o saudoso Faustão [porque esse que tá na rêdigrobo é um clone mal produzido]: “Quem sabe, faz ao vivo!”)

As coisas demoram a acontecer e a criatura encarregada de encher nossos ouvidos de sons estranhos volta e meia derrapa. Aí, vai ficando cada vez melhor.

Pra inaugurar os trabalhos, a apresentadora chama o repórter
- ao vivo! - e pergunta se procede a notícia que a polícia estaria revistando as pessoas. O cidadão responde dizendo que a ligação tá ruim, que não está escutando direito. Ela, então, incorpora aquele personagem do Jô Soares: um “tradutor” de notícias para os que escutam, mas não entendem bem as palavras.
E sai gritando “Foi feita REVIISTAA???”. (Só faltou pegar uma Veja e balançar na frente da câmera.)
Ele responde que continua não escutando. (Acho que ele estava de sacanagem porque entrou sempre no tempo certinho pra dizer que não estava escutando.)

Segue o baile, o Rio dando um banho de civilização e, em São Paulo, apesar da repórter garantir que “A situação está tão relativamente calma que algumas lojas ainda estão abertas...”, as imagens mostravam uma certa tensão, sabe assim?

A do Rio chega na Cinelândia sem maiores palpitações mas,
para delírio global, o pau começa a comer em São Paulo.
“Como podemos ver pelas imagens, a polícia está parando ali uns caminhões, uma espécie de... de... de caminhões mesmo!”
Daí em diante, asdfs-dkjbns-peblrrr. Parei de prestar atenção.

Não me contenho a declarar que acho isso tudo – em São Paulo – meio fora de proporção. É muita revolta pra pouca coisa. E, pior: os caras depredam tudo, agências bancárias, estações do metrô, bares, pastelarias e perdem, imediatamente, qualquer razão.
(Engraçado: a imensa revolta que sinto ao ver uma pastelaria depredada é inversamente proporcional em relação aos bancos.)