sábado, 30 de janeiro de 2010

“AGORA VALE A SUA TORCIDA, AMIGO ESPECTADOR!”

Qual o real significado desta pérola inicial das transmissões esportivas?
Como assim, “Vale a sua torcida”? Vale o que? Audiência para o canal, energia positiva para o time, atleta, equipe, aglomerado? O resultado do jogo é decorrente dessa absurdamente falsa convocação? Vale grana...? Quanto?

“Amigo espectador”. Fica até uma sensação estranha, mas não posso me considerar amigo de um cidadão que não sabe o meu nome, com o qual nunca conversei e, na maioria das vezes, gostaria de ser poupado da forçada contemplação da “simpatética” e sorridente expressão do narrador.
Que intimidades são essas?

Vamos então às divagações analíticas e pentelhas:
Esse discurso pode ser fruto de uma bem estudada postura perante a audiência, a partir de pesquisas que, certamente, comprovam a total solidão do indivíduo - daí o “Amigo espectador” - numa tentativa extremamente calhorda de acorrentar, ainda mais, o indefeso (?) cidadão nos grilhões da escravidão televisiva. Como também a incrível necessidade que geralmente as pessoas têm de se sentirem parte de alguma coisa, influentes nos destinos da humanidade e integrantes de um grupo vencedor - daí o “Agora vale a sua torcida”. Querendo nos fazer crer poderosos e cibernéticos responsáveis pelo resultado final de alguma coisa.

A insistência dos apresentadores, narradores, etc, ao tentar nos fazer cúmplices de suas artimanhas é desagradável, perniciosa e francamente perigosa. Eles nos cercam com todas as armas. Atualmente não basta você se entregar ao, convenhamos, aprazível estado de babância perante o aparelho; é preciso que você também interaja (Ô verbinho pedante!) com a transmissão. Ou seja, além de assistir, você deve estar ligado na internet respondendo a perguntas ou enquetes idiotas. Se for em canal fechado você, além de responder às bobagens, deverá também se manifestar com opiniões cujas, “após rigorosa análise da nossa produção”, serão premiadas com camisas, chuteiras, cotoveleiras ou outros vários componentes do vasto arsenal esportivo de nossos tempos. Claro, as manifestações premiadas serão sempre e sempre as que mais te causarem repugnância, desprezo ou frouxos de riso debochado. Isso no caso de você ter enviado alguma opinião. Caso você não tenha, ainda, obedecido ao chamado superior, as citações das premiadas te darão tempo de ir à geladeira pegar mais uma cerveja. Alegre-se: você ainda tem salvação.

Dentre as formas de escapar dessa covarde arapuca, talvez a mais simples seja zapear. Quando o mesmo evento é apresentado por mais de um canal, zapeie alucinadamente. Assim você vai se esquivando das mesmices hipnotizantes além de poder desfrutar do indescritível prazer de se irritar com diferentes opiniões erradas sobre o mesmo fato.
O único perigo é relaxar a mente. Aí você pode acabar não sabendo bem o que está acontecendo ali naquele emaranhado de pontos coloridos e luminosos.

Outra, mais sutil e recomendada para eventos exclusivos de um canal, é assumir uma postura crítica encarando as óbvias análises dos comentaristas e as frases retumbantes dos narradores sob a fria ótica da sua lógica. Certamente você vai se divertir. Mas a emoção vai pro saco. Daí, a escolha é sua, espectador amigo. Eu faço o seguinte: se o jogo valer a pena, volume a meia bomba e emoção em alta. Se for apenas mais um bom jogo, quer dizer, pode até ser a final do campeonato mas meu time não está nela, volume normal, ar blasé e postura crítica. Normalmente funciona.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

HUMOR NEGRO


Por que as surdas-mudas se masturbam apenas com uma mão?
Porque com a outra elas gemem.

Dois canibais conversando:
- Eu não sei mais o que fazer com a minha mulher!
- Se você quiser, posso lhe emprestar o meu livro de receitas!


O que tem quatro patas e um braço? Um pit-bull feliz.

Logo que a Lady Di morreu, São Pedro falou para os anjos do céu: - Pessoal! Uma princesa muito bonita e bondosa morreu em um desastre de carro lá na Terra! O nome dela é Lady Di... Quero que todos vocês dêem as boas vindas a ela, a recebam com muito carinho!
Acontece que, enquanto a Lady Di não chegava no céu, morreu a Madre Teresa de Calcutá que, como era muito mais santa, chegou primeiro.
Assim que ela entrou no céu, os anjos olharam pra ela, arregalaram os olhos e disseram:
- Lady Di? Que desastre, hein!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PREZADO ARTISTA INCOMPREENDIDO

Artigo escrito originalmente para a legendária “Oh!” - revista de arte cuja nunca chegou às bancas.

Mesmo quando os entes mais queridos elogiam seu trabalho, você nota u’a mal disfarçada atitude próxima de “o médico mandou não contrariar”?
Quando os amigos mais chegados e/ou abonados compram uma obra de sua lavra, você sente que foi só por amizade?
Quando sua auto-estima cresce, você se acha e, no aniversário de casamento do seu padrinho dá de presente uma espetacular peça que te devorou diversas noites insones, recebe de volta um sorriso francamente amarelo?
E, pior, quando volta na casa deles - algum tempo depois, numa reunião familiar - vê o fruto de seu bem intencionado esforço jogado num canto?

Bem vindo ao clube.

É muito chato. Nós temos a inabalável vontade, necessidade mesmo, de expressão artística, mas sabe como é, né? O “faz-me rir” do final do mês garante a estabilidade familiar...
Então, são quadros, fotografias, objetos, tudo junto, de tudo um pouco, de pouco um tudo, conforme os humores e possibilidades do momento. Aí, é uma produção constante, uma tentativa aqui e ali e, muito de vez em quando, uma exposição em algum local obscuro. Mas não importa: vamos em frente.
É parte de nós não parar.

Já vivi o suficiente para aprender que nós somos marginais da arte. Temos nossa importância, é certo. Mas, ao não nos dedicarmos radicalmente à coisa, ficamos à margem dos acontecimentos.

Há muitos anos, quando eu encomendava molduras para meus fabulosos quadros numa loja na Assis Chateaubriand quase com Contorno, encontrava regularmente um cidadão com todo o estilo “artista de vanguarda” - camiseta colorida, barriga, barba, cabelo comprido e o mais importante: uma dedicação inquebrantável. Claro, hoje ele é sucesso, vive aparentemente muito bem graças à sua arte, etc etc. Enquanto eu continuo contando com o, já não tão constante, “faz-me rir” e batalhando artes noites a fora.

Pensamentos estilo Nostradamus, volta e meia, assolam nossas mentes: “Daqui a cem anos meus descendentes vão deitar e rolar”, “Uma hora dessas alguém vai descobrir como eu sou bom” e outras bobagens afins. Afinal, a gente tem que manter a chama acesa, né não?

Não.
Não é não, meu prezado companheiro de infortúnio.
A palavra mágica é CASPOP - Cago e Ando Solenemente Para a Opinião Pública.
Mas, claro, se for só uma palavra e não uma atitude, certamente não vai funcionar.

Pra mim, tá funcionando.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ATÉ PARECE UMA CIDADE CIVILIZADA!

Nada como as férias!
Se os que viajaram ficassem por lá, todo mundo estaria feliz...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CONTANDO FUSQUINHA


O amável leitor certamente já passou pela experiência de viajar de automóvel com a adorável companheira ao lado. As conversas são boas mas, passando o tempo, elas começam a querer fazer xixi, comprar inutilidades na beira da estrada, sentem fome, e, perigo, começam a se preocupar com a velocidade que você anda.
Não importa se você é um ferrenho seguidor de placas e avisos – ridículos quase sempre – pregados nas rodovias pelos dnits da vida. Elas sempre te acham um demente que pensa ser um Schumacher, por aí.

Uma das boas soluções para apaziguar os temores femininos é contar fusquinha. Assim elas ficam ocupadas e sua viagem pode ser mais tranqüila. E o que tem de fusquinha ainda rodando só perde pra Kombi branca.

Outra boa é procurar palavras com as letras das placas dos carros à frente. Por exemplo, você vai ultrapassar um caminhão cujas letras da placa são LJP. Antes que você receba u’a mal humorada aula de como deve ser realizada uma ultrapassagem, desafie a doce criatura a achar palavras que contenham as letras. Enquanto ela se entrega a tão estafante exercício intelectual você já passou o caminhão e segue, tranqüilo, a viagem.

Agora, quando chegar em casa de volta, experimenta ficar ao lado dela dando pitaco no preparo do jantar: “Põe mais alho”, “Acho que tem muita água”, “Assim vai desandar”, “Tá com pouco sal” e observações afins podem resultar, no mínimo, em uma noite no sofá.
São intrincados os caminhos da mente feminina...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

CARNÁ 2010


Torço pelo Flamengo e pela Mangueira. E, como quase todo mundo que já passou algum tempo no Rio de Janeiro, meu segundo time era o América e a segunda escola ainda é a Vila Isabel.
Mas... O tal do carnaval tá cada vez mais difícil, né não?
Sem contar o ridículo dos enredos patrocinados, somando as 12 escolas do primeiro grupo temos um total de 60 (sessenta) “compositores”.

A Grande Rio conseguiu a façanha de juntar 12 (doze) indivíduos que cometeram a seguinte pérola:
“... E no despertar de um folião
Tenho o esplendor de um barracão
Onde o sonho vira realidade
Num simples toque das mãos
Depois de um vendaval de alegria
Minha fantasia pra lá de suada
Lágrimas sorrisos fazem parte desse visual
De um paraíso de beleza sem igual
Ai que emoção!”


O samba da Mangueira é um amontoado de lugares comuns capazes de fazer o Cartola revirar no caixão:
“Vai passar
Nessa avenida mais um samba popular
Mangueira até parece um céu no chão
É música vestida de emoção
Com notas e acordes refletiu
Em suas cores o orgulho do Brasil”


O melhorzinho me pareceu o da Unidos da Tijuca:
“Desvendar esse mistério
é caso sério, quem se arrisca a procurar
o desconhecido, no tempo perdido
aquele pergaminho milenar
são cinzas na poeira da memória
e brincam com a imaginação
Unidos da Tijuca, não é segredo eu amar você
decifrar, isso eu não sei dizer
são coisas do meu coração
É segredo, não conto a ninguém
sou Tijuca, vou além
o seu olhar, vou iludir
a tentação é descobrir”


Pra finalizar, a Vila Isabel vem com um enredo óbvio, “Noel: A presença do poeta da vila”, mas o samba é do Martinho da Vila. Sozinho.

(Volto na segunda-feira.)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

CARTOONS (e cartunistas) INESQUECÍVEIS - 7

Robert Lassalvy (Cournonterral/Hérault/França – 1932/2001) formou-se em artes gráficas em Paris, dedicou sua vida aos cartoons e, a partir de 1997, também à pintura. Esta, fortemente influenciada por Picasso de quem era fã confesso e assumido.
Mas foi nos cartoons, universais e sem legenda, que ele deitou e rolou...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SE ESSA MODA PEGA...

Hotel contrata pessoas para esquentar as camas
Você está insatisfeito com sua profissão? Quer mudar de carreira? Então, saiba que no Reino Unido, você pode se tornar um esquentador de camas. Isso porque um hotel local resolveu contratar pessoas para deixar os leitos mais quentes.
Nada de cobertores elétricos ou aquecedores a gás. O calor humano pode ajudar os hóspedes a dormirem melhor, de acordo com Chris Idzikowski, diretor do Centro do Sono de Edimburgo.


-Quanto é a diária?
-Depende. Tem quarto de R$ 100,00 e de R$ 4.000,00.
-Putz! Qual a diferença desses quartos? O tamanho? A vista? Banheira de hidromassagem?
-Nenhuma. No de 100 quem esquenta a sua cama é o Júnior Baiano. No de 4.000 é a Juliana Paes...

sábado, 16 de janeiro de 2010

GUARDIÃO

-Eu sei que é chato, mas não foi por falta de av...
-Pó-pa-rá!!! Não começa com essa história porque eu não estou com a menor paciência.
-É, mas se você parasse um pouquinho pra pensar não estava agora nessa amargura.
-Amargura é coisa de viado. Eu tô é muito puto da vida! Ou, caso esteja ferindo os seus sensíveis ouvidos, estou muito prostituto da minha ignóbil existência.
-Tá, tá. Mas dá pra me escutar? Tenta, se estiver ao seu alcance, tirar um aprendizado disso tudo.
-Hmmm... Se estiver ao meu alcance? Ironias sutis? Vá te catar ô comentarista de vídeoteipe. Depois que as coisas acontecem sempre tem um pentelho pra vir com esses papos, “eu falei... agora aprende... nhém-nhém-nhém...” Saco.
-Bom, se você vai ficar nessa crise mista de autopiedade e raiva do mundo, só me resta citar o filósofo: foda-se!
-Aaah, “foda-se”? Que maneiro, merrmããão! Onde estava esse ser superior e filosófico na hora do pegapacapá? E agora é “foda-se”! É bem o estilo da sua tchurma...
-Ô, pasquácio! A nossa tchurma é a mesma. Ô, bobão! Tá perdendo o pouco que te restava de raciocínio? Ainda tá dando conta de andar e mascar chiclete ou já tá tropeçando?
-Á-pá-merda!!! Olhaqui, você sartou de banda! E agora a última coisa que eu preciso é de um teórico de gafieira ficar buzinando na minhorêia.
-“Minhorêia...” Que gracinha, “minhorêia”, que autêntico! Autêntico babaca. Eu não sartei de banda coisa nenhuma. Só deixei você seguir seu caminho. Você é engraçado, devia ser técnico de futebol: “Eu ganhei, nós empatamos, eles perderam!”. Além do mais, quando você engata uma primeira não ouve mais nada... Pede chopp.
-Peço porranenhuma.
-Mas é um chato, mesmo. Você está de frente pro garçom, ô pentelho!
-Seguinte: e agora? O que fazemos?
-Fazemos? Nós? Nós quem, cara-pálida? Te vira! Eu tô me virando, ó: Ô garçom, mais dois! Tava tentando conversar numa boa, não quer, repito: foda-se.

-Peraí, também não é assim. Custava você ter ajudado? Agora tá tudo complicado. Se você estivesse mais atento, as coisas poderiam ter corrido melhor...
-É, agora tá complicado pracacete! E eu bem que tentei avisar, mas você não tem jeito. Bom, o que está cagado, está feito. Vamos recapitular e procurar uma saída.
-Meeeu garoooto! Pensa aí numa solução. Pra alguma coisa você tem que servir...
-Olha, quem está ficando sem paciência sou eu...
-Ok, ok... Sem sacanagem. Me diz: cuméqueu saio dessa?
-Antes de mais nada, vamos ver como você entrou nessa. Em primeiro lugar, não tinha nada que mexer com a mulher dos outros.
-Maldade... Não foi nada disso... A Malu é uma mulher livre, moderna, divorciada, resolvida, filha-da-puta...
-Livre? Moderna? E o namorado, noivo, seja lá o que for?
-Ainda tá lá. Mas na época eles estavam meio brigados e ela estava precisando de apoio numa hora difícil. Você sabe que nós estamos sempre prontos para uma ajuda aos necessitados, não é?
-Aos necessitados, coisa nenhuma. Às necessitadas! Mas será que você não notou nenhum sinal? Mandei pelo menos uma dúzia!
-Não vi nada. Não sei de nada. Você é muito sutil...
-Sutil é o cacete! Não tem desculpa. Na primeira vez que você atacou, ela foi bem clara: é só amizade!
-Cascata! Você pode ser muito bom de proteção, mas não entende bulhufas de mulher. Amizade? Que amizade o que! Volta e meia ia lá em casa, sempre com muita conversinha, tava dando mole geral, tanto que deu no que deu...
-É... Deu mesmo! Mas foi você que armou tudo. A mim você não engana: charminho, encontros armados no elevador, gracinhas criativas, jantarzinho japonês e crau!
-Como é que eu podia imaginar que uma mulher quase quarentinha, não agüentava uma garrafa de vinho? Ela ficou doidaça, me agarrou, me seduziu... E pra piorar, ainda jurou que tinha ligado.
-E o governo gasta milhões em propaganda de camisinha... Você é corajoso, hein?
-Corajoso nada. A safada me engrupiu dizendo que era ligada. Afinal, até então ela aparentava ser uma mulher cuidadosa mas, quando o vinho fez o efeito... Cadê camisinha? Se ela não estava preocupada, muito menos eu!
-Ô tarado, e doença? Não te preocupa não?
-Que nada, conheço, é minha vizinha. Esqueceu que eu cerquei mais de seis meses? Só tem o tal lá e mesmo assim, de vez em quando. Tudo bem, às vezes ela arma umas saídas meio fora de hora quando ele não está, mas é com as amigas, nada demais...

-E quem garante que o rebento é de sua lavra?
-Ninguém. Mas ela falou que tem certeza, que vai rifar o cara e que quer criar o filho comigo.
-Se não há garantia...
-Não importa. A questão é que ela falou até em ir pros jornais. Já pensou? Logo agora que eu estou na beirinha da nomeação? Vai acabar comigo. A vaca.
-Mas se não existe a certeza... Espera nascer e faz DNA!
-De jeito nenhum! Lembra do Tancredo: mais importante do que o fato é a interpretação do fato! Se esse negócio vazar eu estou fudido e mal pago. E além do mais, pode ser meu mesmo!
-Não sei se você é otimista ou muito burro... Tá legal. Mas juro que é a última vez que eu vou interferir. Essas suas aventuras idiotas estão abalando a minha reputação.
-Quê-que-cê-vai-fa-zer?
-Me aguarde...

-Pô... E aí? Um mês e você não dá notícia?
-Anta humana! Não sacou nada?
-Sacar o quê? A demente continua me cercando, dizendo que vai fazer ultra-som, que quer saber se é menino ou menina...
-É mesmo? Ela foi pros jornais?
-Não, claro que não!
-...!
-Tô tratando com o maior cuidado... Tá maluco?
-E o noivo?
-Aparecendo normalmente.
-...!
-Outro dia encontrei com os dois. Maior cinismo. Ela é uma vaca mesmo.
-É? E você é o quê?
-Ei! Afinal, de que lado você está?
-Infelizmente, do seu. Fica frio. As coisas estão andando.
-Você é empolgante.

-E aí, já conseguiu entender?
-Entender o quê? Já passaram dois meses, ela volta e meia tenta me agarrar, não atendo mais a campainha da porta, ando com medo de pegar o elevador, garagem então é um perigo, minha nomeação encalacrou, tá tudo uma merda e você ainda fica com mistério. Tô entendendo que você é uma bosta de guardião!
-Ooolha! Respeito conserva os dentes...
-Tá, tá, mas será que dá pra explicar?
-Que coisa! E quando era pequeno parecia tão inteligente... Vamos lá: sua nomeação não encalacrou, está é mudando pra melhor: Brasília, ganhando uma nota preta. Só espero que você consiga manter um restinho de dignidade e não se meta em falcatruas.
-Tá-brin-can-do! É mesmo? Bem que eu notei alguns comentários do Barbosa...
-Aleluia! Ele conseguiu ver um sinal!
-Que mais, que mais???
-Não me pergunte como, mas consegui trocar a paternidade. Era seu mesmo, mas trabalhei nas fontes corretas e a alteração foi feita. Agora é do noivo.
-Genial! Mas rapaz, não sabia que isso era possível...
-Normalmente não é. Ainda me resta algum prestígio.
-Você é demais!
-O mais complicado foi aquietar a moça. Aquilo é fogo de morro acima...! Tive que negociar direto com o guardião dela. Sete meses de calmaria garantidos. Durante esse período você se muda, ela te esquece, casa e a criança nasce. Depois, só Ele sabe. E você vai me fazer o imenso favor de ficar pelo menos uns cinco anos sem aprontar confusão. Ô canseira...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

É POR ESSAS E OUTRAS

QUE ESSE BLOG TEM O NOME QUE TEM...

William Bonner diz que se sente mal por estar de férias durante tragédia do Haiti
14/01/2010 13h07
O jornalista William Bonner, editor-chefe e âncora do "Jornal Nacional", da Globo, comentou no Twitter que se sentiu mal por estar de férias, enquanto o Haiti sofre com os efeitos do terremoto dessa terça-feira (12).
"É muito estranha a sensação de estar em férias, para mim, quando algo como o terremoto do Haiti acontece. Uma culpa sem explicação", escreveu Bonner.

Como será que o pobrezinho se sente quando não está de férias e transmite, com a cara mais lavada do mundo, todos aqueles absurdos para os “simpsons” da vida?
Como diria o Bornay, “Vá se rroçarr nas ostrras!!!”

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

MOMENTO AUTO-AJUDA

Poucas coisas são mais fáceis, nessa nossa vidinha besta, do que estufar o peito, fazer pose de profundo conhecedor do bem e do mal e dar conselhos a quem não pediu.

O amável leitor certamente já passou por essa desagradável situação: está lá você numa boa, tentando fazer alguma coisa que preste e vem um ser humano, que não tem mais nada pra fazer a não ser dar pitaco na vida alheia, querer te ensinar como fazer e/ou viver melhor.

Como nunca é tarde para nada, finalmente aprendi a lidar com essas chaturas. Antes, o bobo aqui tentava conversar, explicar que não é bem isso, que cada um tem seu modo de ver, etc, etc. Pura perda de tempo.

O que tem resolvido - para mim - é respirar fundo e concordar prontamente com todas as bobagens que me estão sendo impingidas. Detalhe importantíssimo: nesses momentos é preciso fazer cara de grande concentração e assimilação das imbecilidades sejam elas quais forem. Pra finalizar é preciso agradecer sem rir - o que se não for conseguido, quase sempre estraga todo o esquema.

Tenho treinado muito...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

VENENO DE LONGA DURAÇÃO


Que o Simonal, ainda que post-mortem, está reconhecido como o grande cantor que sempre foi, todo mundo já assimilou. E, havendo interesse, este link é para um vídeo promocional de um documentário muito legal (pra quem passou dos 50, é claro): http://www.youtube.com/watch?v=rxnNvWLE9pI&feature=related
(Alguns entrevistados fazem cara de paisagem e saída pela esquerda sobre o assunto e o Chico Anísio, pra variar, dá um banho de bola.)

Mas tem mais um que não recebe as devidas homenagens: Erlon Chaves. Morto de enfarte fulminante aos 41 anos (ou 37 segundo alguns) foi um tremendo músico que, segundo o extinto “Blog do Wir” – citando Nei Lopes, Zuza Homem de Melo e Ricardo Cravo Albin...

Nascido na capital paulista em 1933, Erlon foi – segundo o Cravo Albin – regente, arranjador, pianista, vibrafonista, compositor e cantor. Em 1965, depois de ter composto para a Tv Excelsior uma sinfonia que se tornou tema de abertura da emissora, mudou-se para o Rio, onde foi diretor musical da TV Rio e um dos idealizadores do I Festival Internacional da Canção em 1966.

Para a apresentação de “Eu Também Quero Mocotó”, na final de 25 de outubro de 1970, Erlon resolveu incrementar ainda mais o happening, que já ocorrera na apresentação classificatória da música, quando sua Banda Veneno, somando 40 pessoas entre cantores e músicos (eta, banda larga!), fez platéia e jurados dançarem ao som da canção, feita mesmo pra dançar, só à base de riffs dos metais, ritmo de boogaloo (a moda black de então) . E aí anunciou: “Agora vamos fazer um número quente, eu sendo beijado por lindas garotas. É como se eu fosse beijado por todas aqui presentes”.


“Na platéia foi uma vaia só. Nos lares, algumas esposas brancas engoliram em seco, ofendidíssimas, ao lado dos maridos”. E o happening rolou.

Só que, segundo nosso amigo Zuza, “o espetáculo de um negro sendo beijado por loiras no encerramento do V FIC foi demais para os padrões conservadores da época, e Erlon Chaves foi levado, dias depois, para um interrogatório na Censura Federal”, ao qual se seguiu a prisão, segundo consta, pela influência de esposas de alguns generais da Ditadura, ficando o músico, depois de libertado, proibido de exercer suas atividades profissionais em todo o território nacional por 30 dias.

Em 14 de novembro de 1974, Erlon Chaves, que transmitia a todos nós com seu talento, charme, sorriso e simpatia aquela autoconfiança que a nós todos ainda nos faltava, enfartou, quando olhava uns discos de jazz numa loja da zona sul, e morreu. No ato.

Será que morreu de seu próprio “veneno”? Este veneno de que nos faz querer também comer o “mocotó” dos espaços de excelência, das instâncias do poder, do conforto material, do acesso ao saber, do êxito, do respeito enfim!? Ou será que morreu porque era um “crioulo metido e pilantra”, que “não sabia seu lugar”, só “gostava de mulher branca” e “carro do ano”; que, de repente, quem sabe, queria até ver seus filhos – absurdo! – entrando pra uma boa faculdade?!

E, ainda, sem falar no Toni Tornado...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

INDIGNADOS DE PLANTÃO, CADÊ VOCÊS?

Bóris Casoy, um serviçal do poder econômico é pego em flagrante delito.

Por Mário Augusto Jakobskind, 04.01.2010

Qual a moral que tem o senhor Bóris Casoy depois de ser defenestrado em pleno noticiário? Casoy, um antigo militante do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) saiu-se com a seguinte jóia do pensamento elitista ao ver e ouvir mensagem de dois garis desejando feliz ano novo aos telespectadores: “Que merda… Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. Dois lixeiros! O mais baixo da escala do trabalho”. E ao fundo alguém gritou para avisar que o áudio estava no ar, interrompendo a reflexão de Casoy: “deu pau, deu pau”, ou seja, o áudio estava aberto, ou a merda estava feita.

... O episódio revelou uma faceta do pensamento de parte significativa da elite brasileira, que tem um profundo menosprezo aos trabalhadores de um modo geral, em especial aos que exercem atividades como a dos garis.

... Casoy é um digno representante de um segmento das elites, de natureza racista e preconceituosa. É do mesmo time de um jornalista que escreveu um livro dizendo que no Brasil não há racismo e hoje na TV Globo cuida diretamente de todo o noticiário sobre o candidato preferencial da emissora, o senhor José Serra. Em outras palavras, tudo que sai sobre Serra na Rede Globo passa antes pelo crivo de Ali Camel, segundo informam espiões benignos.

... Os comentários contra os movimentos sociais são exatamente da mesma natureza que as reflexões feitas por Casoy sobre os garis. É o real pensamento de parte da elite brasileira, que não se conforma com o fato de o Brasil e a América Latina estarem em processo de transformação.

... Casoy e outros do gênero, como, por exemplo, Arnaldo Jabor, são pagos para babarem ódio contra tudo que se aproxima de movimentos que visam tornar o país mais justo e igualitário. Por estas e muitas outras é preciso mostrar aos brasileiros que o manipulado noticiário jornalístico das principais emissoras de televisão faz parte do jogo da dominação. Nada é por acaso, mesmo a reflexão do senhor Casoy ao expor o seu verdadeiro pensamento de servidor incondicional do poder econômico.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

FILOSOFIA AQUÍ & AHORA


José Pablo Feinmann (Buenos Aires, 1943) é filósofo, docente, escritor, ensaísta e roteirista. Desde 2008 apresenta o programa "Filosofía aquí & ahora", transmitido pelo canal Encuentro (do Ministério de Educação da Argentina).

Bom pra-ca-ce-te!!!
Mas, como sempre, é preciso tempo e paciência. Se o amável leitor estiver com ambos, vale muito a pena ver os dois programas a seguir:

http://www.youtube.com/watch?v=bzzsoMyO_VU&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=LbW_V36mlgE&feature=related

Em gostando e querendo mais, é só procurar no youtube.
Tem de montão.

domingo, 10 de janeiro de 2010

ILHA AUSTRALIANA É INVADIDA POR MIGRAÇÃO DE MILHÕES DE CARANGUEJOS.

A migração anual de mais de 100 milhões de caranguejos fechou estradas e transformou as ruas da Ilha Christmas, na Austrália, em enormes tapetes vermelhos. Os cerca de 120 milhões de caranguejos, segundo o Parque Nacional da Ilha Christmas, no sudoeste da Austrália, migram todos os anos das florestas para o mar, para a reprodução e desova.

Muito doido.
Já imaginou o barulho que eles fazem atravessando as ruas?
(klek, klek, klek, klek...)
Deve ser igual trilha de filme de terror.

sábado, 9 de janeiro de 2010

DE CHUTEIRAS NO CARPETE

Pra quem foi criado na areia e no salão, a experiência na grama poderia se tornar um tanto ou quanto complicada. Entretanto, preocupações de menos, diversão de mais, meninas na arquibancada, calções emprestados bem maiores do que era moda na época, chuteiras engraxadas, vamos lá.

Elvis arrepia em Can’t Help Falling in Love.
O bar do cassino está vazio. O hotel é o Stardust que, segundo informações colhidas, era o favorito de Frank Sinatra em Las Vegas. Acompanhado de um “bloody-mary”, escapo da chatíssima happy-hour da feira de equipamentos à qual, por força de régias recompensas financeiras, estou irremediavelmente atrelado.
Tudo bem, Las Vegas vale qualquer sacrifício. O barulho incessante das máquinas te chamando, a maravilhosa sinfonia das moedas caindo na bacia de alumínio, a oferta constante de todas as formas líquidas e sólidas de prazer, a perda da noção de tempo. Um bom cassino é isso tudo e (muito) mais alguma coisa.
Ela passa, olha de esguelha e segue ondulando para as máquinas de 5 cents que ficam em frente ao bar. Essas máquinas são normalmente freqüentadas por senhoras de idade avançadíssima – com suas luvinhas que um dia foram brancas mas a palma e os dedos estão cinza-chumbo de tanto manusear as moedas – ou por criaturinhas ávidas para serem abatidas. Ou ainda – Perigo! – ávidas para abater o incauto de todas as suas economias.

Na metade do segundo tempo, ainda no nosso campo, desarmo um adversário e vejo o Girafa no círculo central. O passe sai perfeito. Começo a correr junto.

“Are you lonesome tonight?” era tudo que eu podia querer naquele momento.
“I wonder iiffff...” Com pose de latin-lover calhorda (engraçado, só viajando é que fico nessas solturas) me aproximo e pergunto se ela está esperando alguém. A resposta é um sorriso tão franco que chega a fazer ruguinhas no nariz.


O Girafa era grandão, meio desajeitado, mas matou a bola com elegância e, virando o corpo, deu um toque de categoria se livrando do marcador. Eu, magrinho e veloz, já estava passando ao lado e pedindo a bola.

Chamo pra dançar. Atitude que poderia parecer comum caso houvesse ali uma pista de dança. Ela aprecia o inusitado e levanta. Se existe poesia no ato de se levantar de uma cadeira, ela está toda resumida naqueles movimentos. Nenhum efeito especial é capaz de reproduzir a harmonia de evoluções ali executadas.
Elvis ataca com Burning Love. O cosmos conspira a meu favor. O ensaio, feito desde a compra do disco, vai funcionar: manter a dignidade e o fôlego para, na hora dos metais e do “a-hunka-hunka-bur-ning-love”, dar três passinhos gingados e sensuais em direção ao poço dos desejos.
Ela recua. Mas não a ponto de causar desânimo.


O Girafa foi levando cadenciado, veio a cobertura, uma quebra de corpo e segue o Girafa. E sigo eu pedindo bola.

Sentados na Wild Roses – agora de 1 dólar – vamos nos divertindo e curtindo.
-Feira de Adubos.
-Tem feira de tudo hoje em dia! Eu, de equipamentos industriais.
-Bioquímica.
-Divorciado.
-Eu também.
-Volto na terça.
-Eu também.
-Volta pra alguém?
-Não.


Na intermediária do adversário, o lateral que vinha atrás de mim muda de direção e parte pra cima do Girafa.
-Ó ladrãão!!!
O Girafa dá um toquinho certeiro pra frente e salta na hora exata. O lateral passa lotado no carrinho criminoso.

Com ar ainda mais calhorda que o meu (como se isso fosse possível) um cidadão se aproxima e, descaradamente, convida minha ilusão digital a acompanhá-lo numa mesa de alguns mil dólares. Ela, em dialeto local e com classe definitiva, descarta, ignora e me derrete com mais um sorriso indescritível.
A máquina despeja lucros emitindo um som alucinante. O corpo despeja adrenalina em quantidades que, se proporcionais em dólares, me fariam rico e despreocupado.

Eu uivava pela bola. O beque adversário veio pela esquerda pra dividir com o Girafa. Mais uma ginga improvável e o coitado ficou de bunda no chão. E seguia o Girafa. E seguia eu.

Hospedada no mesmo hotel, estava fazendo hora pra jantar. Saudades de casa, não achando graça em nada, -Que bom que você apareceu.
-Acho que dá tempo pro Cirque du Soleil.
-Já fui, mas quero ir de novo...
-E ao Grand Canyon, você já foi?
-...
-Então tá combinado. Amanhã depois do brunch.


O goleiro saiu pra arrebentar. Parecia uma igreja gótica. O Girafa jogou o corpo pra direita, deu um toque pra esquerda, pulou a igreja em tombamento e ficou sem ângulo.

Champagne pela manhã é um néctar que proporciona, além do prazer implícito, uma malemolência altamente comprometedora. Após infindáveis taças e tira-gostinhos, que Grand Canyon que nada! Vamos pra piscina. O champagne continua sua missão desbravadora, a intimidade aumenta.

Eu, na cara do gol, sem fôlego depois da correria e da gritaria, olho para o Girafa que, equilibrado, tranqüilo, levanta a cabeça e rola a bola. Com doçura.

Na água, os corpos se encostam provocando mais fagulhas do que seria de bom tom. Principalmente em público. Dane-se, nós não somos daqui...
A conversa se prolonga assim como a indecisão entre correr para o quarto ou continuar esticando essa deliciosa expectativa.


Me vi como Vavá em 58. Ou 62? Não importa. Eu vou estufar a rede!

Finalmente no quarto, tudo é uma descoberta maravilhosa. Para ambos. Quanta conjuminância...

A bola quicou num montinho, furei espetacularmente, o músculo detrás da coxa gemeu como um acorde de cavaquinho. Mas o que mais doeu, como uma antiga fratura que às vezes ainda incomoda, não foram as críticas do meu time e muito menos as sacanagens dos adversários – foram as risadas das meninas na arquibancada.

No avião, voltando pra casa, promessas e combinações várias.
No passar do tempo, rotina e decepções.
No final das contas, outra que se foi.
Ô vida!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

IBN* 2010: ÔUÔU, NADA MUDOU...

Letícia Birkheuer troca beijos com o novo namorado na praia do Pepe.

Marcelo Faria tem namorada nova.

"Somos amigos", diz Eri Johnson sobre Gyselle Soares.

Ivete Sangalo perde seis quilos em 15 dias.

Fábio Assunção e elenco de "Dalva e Herivelto" assistem juntos ao primeiro capítulo.

Gretchen e produtores são assaltados em Salvador.

Marília Pêra e marido aproveitam primeiro sábado do ano juntos.

*Índice de Babaquice Nacional

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

CABÔ A FESTA.

De volta à ativa. Preguiça total.
Mas, 2010 promete. Até porque, se não prometesse não seria o tal de “ano novo”.

Então, vamos:
Olhando de (não muito) longe, as tragédias de fim de ano são sempre as mesmas. Ou morre alguma personalidade ou tem “bateau mouche” ou os dois.
(Alguém ainda lembra do bateau mouche? Na época o Pasquim deitou e rolou com a manchete: “Está provado: merda bóia.” - sacaneando o fato do Aníbal Teixeira ter sobrevivido ao naufrágio.)

O bateau mouche de 2010 foi em Angra. Mas, no Peru a coisa foi (é) tão ou mais feia.

Na Argentina a tragédia foi a morte de Sandro. Ídolo nacional - lá deles - que, convenhamos, dadas as circunstâncias, durou muito. (Em novembro ele fez - numa tacada - transplante de pulmões e coração com órgãos doados por um suicida esquizofrênico. Queria o que mais? Sair do hospital pra pegar surf?)

De resto, pra começar a embalar, fica a transcendental frase de 2009: O Vasco é tão vice, mas tão vice, que quando consegue ganhar a série B, o Flamengo ganha a série A. (Valeu, WC.)