domingo, 31 de maio de 2015

CLÃ BRASIL

Antes de ser Lucy Alves ela era Lucyane Pereira e tocava com a família no espetacular Grupo Clã Brasil.

Segundo o www.letras.com.br,

O Clã Brasil é a fortuna musical emanada do Nordeste. Formado por sete componentes, o grupo surgido na Paraíba, possui uma característica especial: os principais músicos da banda são mulheres e todas tocam mais de um instrumento.
A formação do grupo: Lucyane Pereira (sanfoneira/ compositora/voz principal), Laryssa Pereira (Zabumbeira/violino/vocalista), Lizete Pereira (Flautista/pífano/vocalista), Fabiane Fernandes (cavaquista/violão de 12 cordas/vocalista), José Hilton - Badu (violão de 7 cordas/compositor), Maria José (triângulo/ vocalista) e Francisco Filho (percussão).

O grupo tem seu estilo calcado na herança musical de "Dedé do Cantinho", de Itaporanga, ritmado pelos Baiões, Xotes, Cocos e Toadas popularizadas por Luiz Gonzaga , Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Elba Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Marines, Maciel Melo, Pinto de Acordeon, Marcos Maia, Bebé de Natércio entre outros.
Segundo Badu, produtor do grupo, “a receptividade tem sido excelente, com grande público, que vê o Clã Brasil como algo novo e que resgata o que de melhor foi feito na música popular do nordeste brasileiro, com novos arranjos e interpretações próprias”.

O grupo teve a sua primeira semente na residência do próprio Badu, que sempre se reunia com sua esposa e as três filhas para tocar chorinhos e forrós ao som de violinos, flauta, violão e percussão.

Abaixo duas do Clã com a Lucyane ('Feira de Mangaio' com Sivuca e 'Bate Coração' com Marinês) e uma da Lucy de hoje ('Que nem Jiló').

Obs.: Tudo bem que a Lucy de hoje está produzida, bonitona, etc. Mas, a Lucyane de sandália de couro não fica para trás. E as irmãs também são bonitas e ótimas musicistas como ela.




sábado, 30 de maio de 2015

O FIFAGATE E OUTRAS DIVAGAÇÕES


É comum ouvir que os presidentes de empresas, corporações, entidades etc, são os responsáveis finais pelos resultados de suas administrações.
Quando os resultados são positivos, eles estão sempre disponíveis a receber os louros. Quando a cagada é geral, emitem comunicados afirmando que "Vamos apurar cuidadosamente".

Entretanto, me parece claro que quanto maior a estrutura, menor é a chance de uma única pessoa conseguir o controle completo.
Se assim fosse, nenhum presidente de nenhuma agremiação esportiva, grande empresa ou governo estaria fora da cadeia.

Você, equilibrado leitor, concorda com a afirmação acima?
Tomara que não.
Porque, pelo menos na teoria, todos são inocentes até prova em contrário. Ou não foi assim que aprendemos desde o primário?
(Manja "primário"?)

Mas, como estamos vivendo a era da culpa instantânea a partir de notícias nem sempre confiáveis somadas à preguiça de pensar, cada vez mais nos contentamos em formar velozes conceitos que nos sejam confortáveis.

Fui criado em rígidos princípios de justiça, honestidade, religião, etc. E, nesses pré-julgamentos, me pilho constantemente violando todos eles.

Por exemplo, esse caso da FIFA: não consigo deixar de pensar que são todos culpados, escrotos, ladrões. Que o Blatter, o Havelange, o Ricardo Teixeira, o Marin, o Del Nero, a Globo e muitos mais são todos capazes de falcatruas inimagináveis.
O mesmo acontece com inúmeros outros julgamentos que me são propostos, a cada quinze minutos, em relação à política atual.

Até onde estou certo? Até onde as notícias são confiáveis?

Tento me proteger de mim mesmo lendo artigos da direita e da esquerda com isenção. Está cada vez mais complicado. É difícil levar a sério os jabores, phas, reinaldos, cafezinhos, mervais et caterva.

Mais difícil ainda é ver, nos fêicibúquis da vida, os "compartilhamentos" perpetrados por gente pseudoinformada.

E o mais complicado: resistir à tentação de mandar tudo à merda, ignorar o mundo ao redor e ir pra praia.

Mas, juro, sigo tentando.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

MEIO QUE


Dentre as incontáveis implicâncias que cultivo - carinhosamente - em relação ao linguajar modernoso, o "meio que" ocupa lugar de destaque.

Diferente do famigerado "agregar valor"
que normalmente só aparece em repones (reuniões de porra nenhuma) regadas a toneladas de lugares comuns, o "meio que" (um sucedâneo do "tipo" - tão irritante quantose incorporou ao vocabulário cotidiano de muita gente boa.

Me esforço no fingimento de naturalidade mas, pra mim, é no mínimo esquisito ver alguém, principalmente da minha faixa etária, falando frases como "Eu estava meio que confuso", "Ela chegou meio que atrasada", "Aconteceu meio que de repente" e por aí afora.
E, pra piorar, sempre apresentando um indisfarçável arzinho estilo "Olha como sou meio que moderno!".

Acho triste mas, ainda é menos ruim do que o - já decadente e causador de vergonha alheia nível máximo - "Beijo no coração".

O IBOPE AINDA VAI 'KANTAR' DE GALO?


Vendido ao grupo WPP e gerido pela Kantar Media, o Ibope, depois de anos e anos de domínio, se despede melancolicamente do cenário das pesquisas tupiniquins.

E a inglesa Kantar vai pular miudinho tendo que enfrentar a alemã GFK.
O que, teoricamente, pode ser ótimo para o mercado publicitário em geral, mas não esconde a vergonha de precisarmos de ingleses e alemães para, espero, trazer credibilidade às nossas pesquisas.

Fica a pergunta: E agora, Rêdigrôbo?

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O PEIDO, ESSE PULHA!

Vem aí a Semana do Meio Ambiente e todas as babaquices decorrentes de eventos desse naipe. Então, tome de abraçar lagoas, marchar contra a poluição e tantas outras iniciativas que fazem as delícias dos politicamente corretos.

Como está provado que o Peido é um dos responsáveis pelo perigosíssimo efeito estufa,
o aquecimento global, o preço das passagens para Miami e a prisão do Marin, entre muitas outras ocorrências sinistras, temos uma singela sugestão para que o Imperador Cunha I siga em sua trajetória salvadora da nossa terra mais garrida:
o ISP - Imposto Sobre o Peido.

Nada mais justo e coerente com os profundos pensamentos do Imperador como podemos comprovar por essa declaração:
“A recuperação da imagem do congresso passa pelo seu exercício independente e a sua pauta vai ser uma pauta que vai ao encontro da sociedade, para que a gente possa ter um parlamento altivo”.

Então, ‘bora criar mais um impostinho. Coisa suave que não irá afetar as finanças da população desse nosso pujante país e, também, irá gerar muitos empregos uma vez que serão contratados milhares de FCA’s (Fiscais do Cu Alheio) que andarão pelas ruas multando os peidorreiros.

Aí, sim, finalmente nos tornaremos um país altivo e à altura de nosso Imperador.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

MEEENGOOO!



Após flerte com o São Paulo, Vanderlei Luxemburgo é demitido do Flamengo

Agora foi!

E, se houver justiça, Jayme de Almeida volta ao cargo.

Mas, como justiça e bom senso são coisas estranhas tanto ao futebol quanto ao Brasil de hoje, resta torcer.

BRASIL "MUDERNO"


(Valeu, Tuca Maciel)

domingo, 24 de maio de 2015

A CULPA É SEMPRE DO FHC OU DO PT



HMS para essa política atual
e, principalmente, para esse ridículo FlaXFlu encenado 24 horas por dia na internet além de, horror, cada vez mais presente nos bares da vida.

Então, segue excelente artigo do
Juremir Machado da Silva:


Para o ignorante a ciência é sempre neutra.
Para o petista de antolhos a culpa é sempre do FHC.
Para o machista a culpa do estupro é sempre da estuprada, que provocou com sua saia curta.
Para a direita atual a culpa é sempre do PT.

Converso com um jornalista sobre a baixaria da direita que acabou com o evento da deputada Manuela d’Ávila, na Assembleia Legislativa, contra o ódio e a intolerância nas redes sociais, ou seja, na internet.
Ele me diz sem hesitar:
– A culpa é do PT. Sempre agiu assim. Agora está recebendo na mesma moeda.
– Mas o evento era do PCdoB – digo.
– Dá no mesmo.
– Como assim?
– O PT dissemina o ódio de classes dizendo que existe diferença entre pobres e ricos no Brasil.
– E não tem?
– Tem, mas falar disso piora a situação. O PT estimula o ódio racial dizendo que tem diferença entre negros e brancos no Brasil.
– E não tem?
– Tem, mas não por racismo.
– Uau! Então, no caso do evento da Manuela, a culpa também foi do PT?
– Com certeza. Aqui se faz, aqui se paga.

REFERÊNCIAS

Aqui em JP os números das casas, das lojas, importam pouco ou quase nada.
Se você perguntar pelo endereço Rua Tal, número Tal, vai receber de volta: "Fica perto de quê?"

É que, segundo informações colhidas, a cidade foi crescendo e cada um que construía sua casa ou comércio colocava o número que queria.
A prefeitura deixou correr solto e... Danou-se.

Assim, você deve dizer: "Moro na Rua Tal, em frente ao Bugu Lanches", por aí. E, claro, isso afeta a propaganda.

Por exemplo, o restaurante Mineirim (tinha que ser!) põe no ar um spot falando das delícias da comida mineira e finaliza: "Mineirim, avenida sei-lá-qual, atrás do Bessa Grill."

O que faz lembrar a piada velha do spot da Tap: "Transportes Aéreos Portugueses, Praça Marques de Pombal ao lado da Varig, Varig, Varig!"

sexta-feira, 22 de maio de 2015

MUITO RIDÍCULO!

E segue, incansável, o IBN*:

Luan Santana confessa que tem medo de viajar de avião.

Chitãozinho faz cirurgia plástica no rosto e se recupera bem.

"Tenho muito respeito por Zilu", diz namorada de Zezé na TV.

Após termino de namoro com Talita, Rafael desabafa: "Pessoas sem coração".

Isabelle Drummond se emociona com serenata do namorado no "Mais Você".

Aos cinco meses, Cauã já tinha oito dentinhos; com o dinheiro economizado do lanche da cantina no colégio, Cauã comprou seu primeiro computador aos 13 anos.

* Índice de Babaquice Nacional

quinta-feira, 21 de maio de 2015

PEQUENAS DIVERSÕES

Concordo e me esforço para ser coerente com o que dizia um amigo perdido nas brumas do passado: "Eu vim ao mundo a passeio".

Assim sendo, procuro não levar tudo muito a sério e tento sempre, na medida do possível, me divertir com o que me é dado a ver e ouvir.
Mas, convenhamos, está ficando cada vez mais difícil.

É que tenho o mau hábito de escutar a televisão enquanto me entrego ao vício internetiano.
Aí, me são oferecidas coisas que, invariavelmente, dão ganas de chutar o aparelho.

Alguns exemplos rápidos:
1. Comerciais de equipamentos esportivos que resolveram investir no esoterismo ou coisa que o valha: "O seu corpo quer estar aqui... Sua mente quer ficar aqui..."
A narração piegas e roucomorna me faz criar várias sugestões sobre o que poderia ser feito com "seu corpo" e "sua mente". E me divirto com meus impublicáveis xingamentos e pragas.

2. Como nada se cria e tudo se copia, vem outro na mesma linha e pretende me confortar: "Se seu mundo parar, nós estamos aqui..."
Katzo! Se meu mundo parar eu quero que vocês se fodam!
E crio mais diversos xingamentos 'libertadores' - como me ensinou minha adorável caçula.

3. "Vamos repercutir o jogo."
("Repercutir" segundo o Aurélio: 1 Refletir. 2 Reproduzir [falando-se dos sons]. 3 Reverberar; refletir-se.)
Quer dizer: é mais um exemplo de babaquice pedante que os "istas" adoram usar. E normalmente a tal da repercussão gira em torno das profundas considerações de Zé das Couves, ao final do jogo, sobre o empate: "Se tivéssemos marcado o resultado seria outro" (!!).
Nesse caso específico dou um desconto para o Zé das Couves pela sua condição de escravatura de empresários, dirigentes, medias-trainings etc. Mas, não deixo de premiá-lo com xingamentos 'libertadores' extensivos à toda a corja que domina o futebol.

4. "Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa disseram hoje que..."
Desligo.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

MALEFÍCIOS (?) DA MACONHA

Pra mim esses dois ganharam na loteria da vida umas quatro ou cinco vezes.

O casal da capa de um dos discos mais conhecidos da história, o do Festival de Woodstock, está junto até hoje, 45 anos depois.
Nick Ercoline e Bobbi Kelly eram namorados na época, agosto de 1969.
Dois anos após o Woodstock, eles se casaram e hoje têm filhos com idades entre 33 e 35.

Nick é de Middletown, Nova York. Ele tinha dois empregos e fazia faculdade. Bobbi é de Pine Bush, Nova Iorque, onde trabalhava em um banco.
Hoje Nick inspeciona casas de pessoas pobres para o governo e ela é enfermeira em uma escola.

Eles guardam boas recordações do festival.
"Foi fenomenal. Todas as pessoas estavam juntas sem nenhuma violência, apenas paz, amor e partilha", diz Bobbi.
Mas lembram que era tanta gente que eles sequer conseguiam ver o palco.

De acordo com Bobbi, agora Bobbi Ercoline, "Woodstock foi um sinal dos tempos. Tantas coisas estavam acontecendo no mundo naquele tempo: os direitos civis, a guerra do Vietnã, os direitos das mulheres. Foi a nossa geração. Eu sei que algumas pessoas diriam que Woodstock mudou sua vida. Mas eu não acho que isso contribuiu para eu e Nick sermos quem somos. Eu acho que nós nos tornamos as pessoas que iríamos nos tornar de qualquer maneira."

(Valeu, Weber.)

terça-feira, 19 de maio de 2015

JÁ VI ESSE FILME...


... E o roteiro é ridículo.

Na década de 70, sob o domínio do general Médici, em plena euforia pós-Copa, o governo saiu-se com esse famigerado slogan.

E o mais triste é constatar que os milhares de exilados, cassados, presos, mortos e desaparecidos não tiveram a mínima chance de escolha.

E hoje, enquanto lobões, rogers, piovannis e tantos mais ameaçam se mandar do país (e, infelizmente, pelo visto ficam só na ameaça), fico pensando no quanto de ironia existe na história desse nosso país grande e, cada vez mais, bobo.
E no quanto o Zé Simão está certo quando diz que vivemos no país da piada (de mau gosto) pronta.

domingo, 17 de maio de 2015

FOI MESMO?


Fiquei esperando porque depois de algumas semanas com a nossa mídia (cada vez mais sem vergonha) fazendo confusão entre B.B. King e Ben E. King, morreu, não morreu, é ele, não é ele, desmente, confirma, parece que o "Blues Boy" foi mesmo pro saco.
E o Ben, também.
Dupla perda.

Nesse vídeo de uma apresentação benemerente com o Pavarotti - que fica só fazendo "Ôôôóóó" e atrapalha pouco - o Blues Boy arrebenta. Pra variar.


sábado, 16 de maio de 2015

UM AMERICANO TRANQUILO

Além de título de um livro muito bom do Graham Greene, esse pode também ser o título da biografia de John Henry Ramistella.

Nascido em Nova York (7/11/1942), aos 5 anos, a família mudou-se para Baton Rouge na Louisiana. E foi lá que ele, aos 14 anos, iniciou sua carreira. 

Depois que o Rio Mississippi transbordou perto de Baton Rouge, ele passou de Johnny Ramistella para Johnny Rivers e seguiu no embalo.

Entre outras várias curiosidades, foi o primeiro artista internacional a se apresentar no Canecão na década de 70. Retornou 40 anos depois lotando a falecida casa como sempre.

Aos 72 anos é proprietário de vários restaurantes em Washington, de um time de futebol em Nova York, de sua própria marca de vodca, está entrando no mercado jovem com um perfume líder em vendas - “De Johnny com Amor” - e uma marca de roupas chamada “Sedução by Johnny Rivers”.

Entre os seus inúmeros sucessos esse é um dos meus preferidos.
Obs.: Bandinha bem baranga essa, hein? (Creditei como uma das 'agruras da profissão'.)


quinta-feira, 14 de maio de 2015

CARREGANDO CONTEÚDO INTERATIVO


É implicância minha ou cada vez mais encontramos criaturas que quando confrontadas com questões fundamentais como por exemplo: -"E aí, tudo bem?",
te devolvem um olhar perdido nas brumas cibernéticas?

Invariavelmente essas situações acontecem quando você comete a suprema heresia de interromper esses seres em sua permanente contemplação celular.
Eles(as) te olham como se você fosse um ectoplasma e, sem disfarçar o incômodo, começam a carregar seus conteúdos interativos.

São longos segundos que me fazem duvidar da evolução da espécie.

Após a espera, -"Arrã" é o murmúrio recorrente e só resta a vã esperança de, quem sabe, receber a resposta num "zapzap" - qualquer que tenha sido a questão.

Quer saber? Haja muitíssimo saco pra essa galera!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A FAXINEIRA FOTÓGRAFA


Lucimar ganhou um celular e, mais do que falar, se pôs a fotografar.
(Parece frase de música do Skank ou afins, mas é a 'realidade'.)

Lucimar começou vivendo a vida a que estava predestinada: filha de família pobre, trabalhando desde cedo, primeiro grau vencido à duras penas;
dividida entre o pagode e o trampo, paixão instantânea, mãe adolescente;
casamento apressado, marido logo descartado, solitária com um filho a ser amamentado;
emprego temporário num supermercado, filho pela avó sendo cuidado, dinheirinho contado, futuro desamparado.

Tal como Joseph Climber, nessa situação qualquer uma ficaria desanimaada, chateaada.
Mas, não Joseph Climber e, muito menos, Lucimar.

Esperta, inteligente, bonita e simpática, rapidamente aprendeu a se defender nesse mundão esquisito e agressivo sem perder as bases incutidas pela família: "Sou pobre mas sou honrada".
(Bases essas que, como sabemos, até pouco tempo faziam as delícias da Casa Grande cuja, hoje, anda importando filipinas ou propondo "adoções" para suas necessidades já não supridas pelas Lucimares de antigamente.)

Mas, não Lucimar.
Ela não sabia explicar o que sentia quando andava pela rua.
Era uma coisa estranha, como se estivesse vendo tudo com olhos de outra pessoa. Ou como se fossem fotografias.

Apareceu um emprego de faxineira numa Casa Grande - mole pra ela que cresceu limpando, esfregando e reluzindo.
Caiu nas graças do Senhor e da Senhora que, num gesto magnânimo, a presentearam com um celular.
(Como sempre, os gestos magnânimos da Casa Grande disfarçam o verdadeiro objetivo: manter os serviçais sob controle.)

Mas, não Lucimar.
Ela descobriu que o celular tinha uma câmera e entendeu que aquela antiga sensação esquisita estava explicada. Desandou a fotografar tudo que via e estava feliz sem saber bem por que.

Wellington, o dono da lan-house que ela passou a frequentar, cheio de amorosas intenções, a presenteou com um pen-drive recheado com os arquivos das visões que a cercavam.
Deixando no ar uma indisfarçável nuvem de promessas, ela agradeceu e saiu correndo para um fazer um bico numa recepção chique promovida pelos Senhores da Casa Grande.

Servia drinques, salgadinhos e chamava atenção por seus predicados explicitados numa calça justa mal disfarçada por um avental inconveniente. E foi do bolso traseiro (e que traseiro!) que caiu o pen-drive.

Johnny Rivers fazia a burguesia se balançar ao som de It's Too Late e Lucimar, tentando disfarçar seu desespero com um olho na bandeja e outro no chão, esbarrou numa gravata borboleta. Acima dela um rosto vermelho sorridente perguntou: "This is yours?"
Claro que ela não entendeu mas o pen-drive estava nas mãos sardentas do gringo e ela pegou direto.
Ele, num português macarrônico, tentou de novo: "Ser important?" Ela, sorridente, respondeu: "Muito".
O sorriso franco foi suficiente para derreter o gringo que passou o resto da noite cercando a "hot brunette".

Mas, não Lucimar.
Ela não se casou com o gringo, não foi morar em Miami, não virou uma fotógrafa cult, não foi descoberta pela mídia ávida de celebridades instantâneas, bem como não passou a postar fotos autopromocionais no fêicibúqui.

Ela se casou com o Wellington, teve mais três filhos e continua sendo uma fotógrafa compulsiva. E, caso seus descendentes tenham sorte, sua arte vai ser descoberta e incensada depois de sua morte.

(Valeu sua sugestão, Cláudia Castro?)

domingo, 10 de maio de 2015

HOMENAGEM SINCERA...

À todas essas chatas maravilhosas!


PARA ARRUMAR O MUNDO

Dom Lucas Moreira Neves (São João Del Rey, 1925 / Roma, 2002), pra mim era o Frei Lucas - amigo de meus pais e de quem fui coroinha na Igreja do Leme. Gente boa, sempre bem humorado, um mineiro tranquilão.

Fazendo jus à terra natal, era também um tremendo político (no bom sentido da palavra)
e foi longe na carreira.
Se alguém tiver curiosidade, (coisa que duvido muito), esse link conta um pouco da história: http://www.memorialdomlucas.org.br/

Segue um ótimo artigo dele publicado no Jornal do Brasil em janeiro de 1997:

“Não boto a mão no fogo pela autenticidade da história que estou para contar. Não posso, porém, duvidar da veracidade da pessoa de quem a escutei e, por isso, tenho-a como verdadeira.
Salva-me, de qualquer modo, o provérbio italiano: 'Se não é verdadeira… é muito graciosa!'

Estava, pois, aquele pai carioca, engenheiro de profissão, posto em sossego, admitido que, para um engenheiro, é sossego andar mergulhado em cálculos de estrutura.
Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava de atormentá-lo com perguntas de todo jaez, tentando conquistar um companheiro de lazer.
A ideia mais luminosa que ocorreu ao pai, depois de dez a quinze convites a ficar quieto e a deixá-lo trabalhar, foi a de pôr nas mãos do moleque um belo quebra-cabeça trazido da última viagem à Europa. 'Vá brincando enquanto eu termino esta conta', sentencia entre dentes, prelibando pelo menos uma hora, hora e meia de trégua.
O peralta não levará menos do que isso para armar o mapa do mundo com os cinco continentes, arquipélagos, mares e oceanos, comemora o pai-engenheiro.

Quem foi que disse hora e meia?
Dez minutos depois, dez minutos cravados, e o menino já o puxava triunfante: 'Pai, vem ver!' No chão, completinho, sem defeito, o mapa do mundo.
Como fez, como não fez? Em menos de uma hora era impossível.
O próprio herói deu a chave da proeza: 'Pai, você não percebeu que, atrás do mundo, o quebra-cabeça tinha um homem? Era mais fácil. E quando eu arrumei o homem, o mundo ficou arrumado!'"

“Mas esse garoto é um sábio!”, sobressaltei, ouvindo a palavra final. Nunca ouvi verdade tão cristalina: "Basta arrumar o homem (tão desarrumado quase sempre) e o mundo fica arrumado!".

Arrumar o homem é a tarefa das tarefas, se é que se quer arrumar o mundo.”

sábado, 9 de maio de 2015

A RECEITA DO HORROR

Meia hora e está pronta a iguaria com a qual irei me deliciar no fim de semana: arroz em saquinhos (Tio João), feijão pronto (Camil), atum ralado ao molho de tomate picante (Gomes da Costa) e miojo (qualquer um). Junte farofa (Yoki) e o azeite da sua preferência.
Acompanha coca-cola e, de sobremesa, eskibonzinho.

Certamente os exigentes e salivantes leitores estão tendo engulhos com essa singela receita.

É que, segundo o HajaData, 99% dos meus contemporâneos se transformaram em refinadíssimos gourmets e, convenientemente, deletaram os prazeres indescritíveis que sentíamos ao saborear os PF's e Kaóis da adolescência.

Hoje preferem discorrer sobre talos de shitake, soufflés, minestrones e já não juntam farofa à comida. Revirando os olhinhos em euforia gastronômica, salpicam kanis desfiados nos seus delicadíssimos rangos.

Se acontecer o improvável e você for um integrante do meu time do 1%, vamos trocar receitas livres de frescurites.

Se não, saiba que, quando tenho tempo e paciência, me delicio também com lagostas, camarões, lasanhas de siri, fritadas de caranguejo e muitas outras opções que me são apresentadas - de frente pro mar - em cada esquina de João Pessoa.

(Tomaram, papudos?)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

POEMA


Você é meu amorzinho,
Você é meu amorzão,
Você é o tijolinho que faltava na minha construção.
É verdade! É verdade! Ih, ih, ih-ih-iiih!

Com certeza essa é uma das músicas mais idiotas da Jovem Guarda mas, é inegável, também é um chicletão que ninguém esquece.

Roberto Caldeira dos Santos - 30/06/1945, São Paulo - com o pseudônimo de Bobby de Carlo, teve na música “Tijolinho” (o poema definitivo de Wagner Benatti), seu grande sucesso na Jovem Guarda.

No vídeo abaixo, apresentado num 'revival' há uns dez anos, ele aparece bem mais simpático do que nos tempos de glória (!?).


quinta-feira, 7 de maio de 2015

ESQUISITO


Jogão esse São Paulo 1X0 Cruzeiro.
Deu São Paulo, mas o que me chamou a atenção foi o Fábio cujo, na minha opinião, é disparado o melhor goleiro do Brasil hoje.

Tudo bem, vivemos uma época de grandes goleiros: Paulo Vítor (seleção já!), Rogério Ceni, Jefferson, Fernando Prass e mais um monte.
Mas, o Fábio não ser nem cogitado para a seleção me deixa com a velha pulga atrás da orelha.

O cidadão teve sua primeira convocação em 1996 na Sub-17, em 1997 foi titular na seleção campeã mundial, titular na Sub-20 em 1999 e seleção principal em 2003 e 2004.
Em 2011 foi convocado para partidas amistosas e... Bái-bái.

É proprietário de inúmeros recordes e, principalmente, inúmeras defesas impressionantes e decisivas como todo grande goleiro que se preza deve colecionar. Uma carreira retilínea e consistente.

Então, por que ele é ignorado pelos técnicos da seleção?
Será porque ele é chato, evangélico, maquiavélico ou porque seu empresário não tem boas rela$$ões?

Prefiro acreditar que ele é uma vítima dos tempos como foram Dirceu Lopes, Ademir da Guia e tantos outros.

(Tô parecendo a velhinha de Taubaté, né não?)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

GALHOFA


s.f. Zombaria; expressão de deboche, de escárnio explícito.

"Marco Polo del Nero, presidente da CBF fez um convite inusitado para chefe de delegação da Seleção na Copa América de 2015. O representante nacional no torneio será João Dória Jr."

Perguntas básicas:

1. O que faz - ou deveria fazer - um 'Chefe de Delegação da Seleção Brasileira de Futebol'?

2. O que fez - ou faz - esse cidadão para ocupar tal cargo?

3. Será que o convite - prontamente aceito - foi pelo "Cansei" (um "movimento" que virou chacota em tempo recorde)?

4.Ou terá sido pelos convescotes para ricos proeminentes e políticos adesivos que ele promove regularmente na ilha de Comandatuba?

5. Ou ainda pelos jantares (lautos regabofes devidamente noticiados pelos mesmos de sempre) servidos aos representantes das necessidades políticas da hora?

6. Que diálogo esse tão preparado dirigente terá com a boleirada (ridículo codinome com que ex-jogadores, agora "comentaristas", gostam de se referir a seus colegas - em cínica forma de mostrar intimidade com a classe)?

Cartas para a redação.

domingo, 3 de maio de 2015

PROCEDE!


(Valeu, Soren.)

sexta-feira, 1 de maio de 2015

BOM É MARÉ BAIXA


Literalmente.
Porque a maré baixa proporciona um assoalho plano de areia com o mar se espalhando mansamente.
Então, sou fã e vigia de maré baixa.
A de hoje foi cedo mas, às 9h15, lá estava o locutor que vos fala.

Nessa hora a praia é outra.
Cheia de menino pequeno, de famílias saudáveis e de jovens, muito jovens casais de namorados sarrando na água ou praticando esportes praianos - principalmente frescobol e futebol (sim, as meninas andam batendo um bolão em todos os sentidos).

Numa dessas cenas, um casalzinho tentando jogar frescobol me chamou a atenção. Ambos sérios, o carinha mandava a bola e a menina, quando conseguia rebater, devolvia a bolinha longe.
Ele, com uma expressão resignada, buscava a bola e tentava de novo. E de novo. E foi ficando de saco cheio. E fazendo cara feia.
E ela, segurando a raquete como se fosse de pingue pongue, nem aí. Ele se encheu de vez e melou a coisa. Ela nem ligou.

Ficou claro que ambos estavam fazendo por fazer. O que me gerou profundas reflexões (porque intelectual não pensa - reflete):
1. Por que ele nem tentou ensinar o básico à criaturinha?
2. Se ele já sabia que ela não levava jeito, por que insistir?
3. Por que, apesar da claríssima atitude denunciadora de que nenhum dos dois queria estar jogando, mesmo assim continuaram por um bom tempo?

Resposta única: porque os dois já estão trilhando o caminho comum à grande parte dos casais. "Vamos levando porque é assim mesmo..."

Conclusão: Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Ô vidinha besta!