domingo, 31 de agosto de 2014

RODA, RODA, RODA E AVISA...

UM MINUTO PRO COMER-CI-ÁU!


Este selo aí em cima, você pode encontrar na coluna direita do blog.
Clicando nele você irá direto ao encontro da fantástica produção literária – Impressa! - do locutor que vos fala.

Mas, não é só isso!

Comprando um ou mais livros você será alçado à categoria de “colecionador de peças raras”!

CLIQUE DJÁ!

PARA QUEM TEM MAIS DE 65 ANOS

Em 2012 publiquei um texto com o título: Para Não Ficar Uma Velha "Sem Noção".
E ontem recebi o comentário que se segue:


Meu texto foi postado aqui no seu Blog com o título alterado para PARA NÃO FICAR UMA VELHA “SEM NOÇÃO”
e o conteúdo alterado não sei por quem. Pior, está como anônimo. Solicito providências para corrigir o equívoco.
O texto original é Para quem tem mais de 65 anos e pode ser visto em dezenas de sites e nestes abaixo:

http://www.paralerepensar.com.br/paralerepensar/texto.php?id_publicacao=32923

Ivone Boechat


Prezada Ivone,
recebi, de uma amiga, este texto por e-mail.
Nunca tinha visto, não sabia da procedência nem das alterações.
Penso que é mais um exemplo dos milhares de textos e frases que pululam na internet com autorias duvidosas ou pior, como no seu caso, transformados em "anônimos". 
Receba minhas desculpas e meus parabéns pelo ótimo texto - alterado ou não.

Obs.: O fato de você ter levado somente 2 anos, 3 meses e 23 dias para se encontrar aqui comprova o sucesso, relevância e alcance deste blog, né não?

 
 


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

10 X 0 PARA A IMPUNIDADE


Aos seis anos de idade entrei no Maracanã pela primeira vez para ver o Flamengo perder para o Botafogo.
Quer dizer, para o Garrincha.
Em mais de vinte anos seguintes fui frequentador assíduo do “maior do mundo”.


O xingatório sempre fez parte da arquibancada.
Desde o juiz, passando pelos adversários e o próprio time.
Juiz era, preferencialmente “fi-lha-da-pu-taaa” ou, no caso do Armando Marques, “biii-chaaa” e os adversários eram tudo isso e muito mais: “Re-na-tooo, viii-aaa-dooo” e por aí afora.
(Em tempos mais modernos apareceu o ótimo “Ei, fulano, vai-to-má-no-cuuu” além de corinhos estilo “Ei fulano, tua mulher deu pra beltrano.)

Mas, nunca vi nenhum torcedor xingando um crioulo de macaco ou afins. Até porque a maioria no campo sempre foi preta, na arquibancada era quase meio a meio e na geral a proporção de pretos e brancos era 75X25. O que não significa ausência de racismo. Mas, era na encolha.

Elitizaram os estádios, globalizou-se a comunicação e começaram a pipocar casos de racismo escancarado nos campos da Europa.
Claro, colonizados que somos, aderimos logo.
E aí, tome de mídia horrorizada, tome de entrevistas, tome de chororô, tome de “medidas rigorosas” que nunca são cumpridas.
A garota que ontem foi flagrada, em close, na arquibancada do Grêmio gritando “ma-ca-cooo”, dizem que foi despedida do emprego; o xingado Aranha fez um B.O. e vida que segue.

Acho escrota a atitude da torcida (ou dos poucos torcedores que não representam a valorosa torcida gremista e blgrghfghsss...) mas, também desconfio desse horror escandalizado e midiático dos analistas de plantão.

É crime? Claro que é, tá na lei.
(E como tem crime na lei! E como tem lei pra abafar tantos crimes!)
Mas, acho que, muito mais do que um crime, essa atitude é reflexo da sociedade brasileira de hoje. Que, acobertada pelo anonimato - seja da arquibancada seja das redes sociais, se entrega a esses desfrutes.
E isso não é apresentado nem comentado e muito menos solucionado.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

SIMPLES ASSIM


Embora alguns, muitos, não pretendam - ou ainda não tenham percorrido esse caminho -, essa letra do Erasmo Carlos é, pra mim, a síntese mais primorosa da dura jornada da adolescência para a pretensa maturidade.



PALAVRAS AO VENTO GERAM NÚMEROS RASTEIROS

 
O debate dos presidenciáveis na madrugada de terça para quarta foi, como sempre, uma enxurrada de mesmices entre os favoritos, contrastada pelas falas dos “nanicos” que variaram entre o absurdo completo e as tiradas bem humoradas do Eduardo Jorge.

A audiência ficou, em média, nos 5%. O que significa, em números redondos, cerca de 10 milhões de espectadores assistindo essa “festa da democracia” que mais parece uma Vila Sésamo com personagens bem menos interessantes e muito mais cínicos.

Um dado chama a atenção: foram geradas, durante o programa, 5,1 milhões de interações (curtidas, compartilhamentos e comentários) no fêicibúqui, segundo informações do próprio site.
Os nomes mais citados foram, pela ordem: Dilma Rousseff, Marina Silva, Pastor Everaldo, Eduardo Jorge, Luciana Genro, Aécio Neves e Levy Fidelix.
E o perfil mais destacado foram mulheres e homens entre 18 e 34 anos.

Prato cheio para os analistas de plantão...

Obs.: as perguntas dos jornalistas foram, no mínimo, uma falta de respeito à inteligência dos espectadores e ao jornalismo em geral.

sábado, 23 de agosto de 2014

PROGRAMAÇÃO BIZARRA

Lendo hoje mais um excelente artigo do Sakamoto - que quem quiser pode ver aqui:

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/08/23/quem-nao-sabe-votar-nao-deveria-ter-o-direito-de-eleger-alguem/

- me espantou o seguinte trecho:
“Todos nós que fomos criados em uma sociedade racista, machista, homofóbica e elitista temos que percorrer um longo caminho para abandonar a programação bizarra a que fomos submetidos.”

Sempre achei que isso era “privilégio” da minha geração “classe 52”, mas o cara é “classe 77”: tem 37 anos!
Ou seja, pelo visto as coisas demoram muito para mudar ou, simplesmente, não vou viver para ver a mudança!

Como também sempre achei que essa programação (cuja muitos de nós não abandonamos jamais ou temos muita dificuldade em), é responsável pelas abominações que vemos hoje potencializadas pela “mudernidade” dos meios de comunicação.

Nunca vou esquecer a seguinte historinha: festival da MPB, 1967, família reunida na sala assistindo pela televisão.
Gilberto Gil defendendo “Domingo no Parque”, a câmera enquadra os bastidores e a Nana Caymmi (que na época estava com o cidadão), um segundo antes dele entrar no palco, sapeca-lhe um beijo na boca. (Que não adiantou muito; ele acabou perdendo para “Ponteio” do Edu Lobo e Capinam.)
Mas, o incrível foi o pulo que meu avô deu da cadeira:
-“Ela beijou o crioulo!!!”
Meu pai (que hoje entendo ter vivido antes de seu tempo), fez que não ouviu enquanto minha mãe, avó, tio e primos concordaram em tom compungido: -“Que horror!”
Fiquei na minha e não ousei olhar para meu pai pela certeza que ele iria fazer alguma gracinha fora de hora.

Uns vinte anos depois, quando eu tinha mais ou menos a idade que o Sakamoto tem hoje, numa agradável conversa de boteco, um amigo me fez a terrível confidência: -“Quer saber? Eu hoje não enfio mais o meu pau em qualquer lugar...”
Horror 1: Fomos criados para comer até papel de bala rasgado!
Horror 2: Concordei! Eu, que até então não ousava confessar, também já tinha parado com isso; a mulher que estivesse comigo me bastava.
Fui pra casa feliz carregando, no meu otimismo incurável, a certeza de que a tal “programação bizarra” estava sendo rompida!

Entretanto, pelo que se vê hoje, mais uma vez, me enganei redondamente.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

DO QUE NOS É DADO A VER E OUVIR


Nada como u’a madrugada insone para despertar observações irritantes.

Zapeando pelas séries americanas que dominam o horário, evito os “Crepúsculos”, “Teen Wolf’s” e afins. (Esse negócio de mordida no cangote, banho de sangue e gritaria não é comigo.)

O que resta é “Unforgettable” – protagonizado por uma demente que lembra de tudo que aconteceu desde o útero materno e usa suas habilidades (?!) para resolver crimes absurdos;
e “Intelligence” – protagonizado por um demente que tem um chip implantado no cérebro, navega por toda a internet, congela cenas e investiga detalhes quando lhe é conveniente, tem problemas existenciais, uma coadjuvante gostosa e imbecil, chefiados por outra imbecil egressa do CSI que devia ter ficado lá.

Fiquei com o segundo por uma razão singela: logo no início o demente se “conecta” e inúmeras telas sobrepostas vão surgindo. Quando eu comecei a xingar a Net descobri que não era problema de sinal; eram os (d)efeitos especiais.

Segue o baile, não preciso prestar muita atenção no roteiro uma vez que na maior parte do tempo eles falam coisas ininteligíveis e
- como em todas as séries, absolutamente todas - resolvem as charadas em jogral! (Manja jogral?)

Aí, chega a hora em que sou atacado pela maldição da insônia. Explicando: paro de prestar atenção nas legendas, concentro nos atores e chego à triste conclusão de que, realmente, é dura a vida de ator.
Os (as) caras ficam lá falando coisas inacreditáveis com carinhas sérias e compungidas, mas, por mais que se esforcem (e alguns, notadamente, não fazem nenhum esforço) não conseguem esconder a imensa imbecilidade da história.

Desisto, desligo, a meu lado a sábia que me acompanha ressona docemente e, cheio de inveja, vou em busca de um passiflorine da vida.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A CONTA NÃO FECHA

Segundo o TSE, o total de eleitores em 2014 é de 142.822.000 e o total de filiados a partidos políticos é de 15.329.000 (10,7%).

Qualquer pesquisa política confirma que mais de 50% dos entrevistados declaram não ter simpatia por nenhum partido político.

Considerando que cada filiado a um dos 32 (Trinta e Dois!) partidos políticos brasileiros consiga converter, firmemente, 3 eleitores
(a média de moradores por domicílios brasileiros é de 3,2 e vem caindo), teríamos aproximadamente 46.000.000 (32%) de votos gerados a partir dos ideários e programas dos partidos.

Considerando ainda que as convenientes coligações dividem em múltiplas fatias esses pretensos votos “partidários”, o percentual de importância desses votos despenca.

Mesmo se imaginarmos que algum partido brasileiro tenha um programa claro, que siga à risca esse programa, que seus filiados o conheçam a fundo e sejam fiéis como cães pastores, não consigo aceitar essa importância toda que os famigerados analistas e cientistas políticos de ocasião conferem aos apoios ou traições dessas siglas que deveriam ser reunidas em uma só:
OUJSV (Oportunistas Unidos Jamais Serão Vencidos).

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

SUPLANTANDO O RIDÍCULO

Considerando que a chamada grande mídia (globo, folha, etc) não me inspira nenhuma confiança, nesse FlaXFlu rasteiro em que se transformou a eleição, tenho por hábito ler, com certo cuidado, o noticiário fornecido pelos blogs e colunistas da esquerda e, com certo asco, não posso negar, os da direita.

Desde 2010 que a direita se esmera em fabricar coisas inacreditáveis como o perigo do comunismo, dilma é búlgara, lésbica e terrorista e outras imbecilidades no gênero.

Mas, essa de pegar uma foto da Marina no velório sorrindo para um dos filhos do falecido e transformar a criatura num ser desalmado foi de dar vergonha em qualquer "canhoto" que se preze.

Como todos sabemos, vergonha é um artigo que nunca se encontra disponível nos políticos.
E sua ausência está, infelizmente, se alastrando pelo eleitorado.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

BOM PARA BIAS?


Sebastião Nery conta, em seu Folclore Político, a seguinte história:

Juscelino, em campanha presidencial, estava em Campina Grande quando chegou a notícia da morte de Lúcio Bittencourt, candidato ao governo de Minas, em desastre de avião.

Juscelino arregalou os olhos, fechou-os, baixou a cabeça, ficou um instante em silêncio como se estivesse rezando e murmurou:
-Bom para Bias.
Foi a maldição de Bias.

Essa tragédia do Eduardo Campos pode ser a maldição para um de seus concorrentes.
Ou os dois, se formos considerar os comentários que pululam nos fêicibúquis da vida: parece que todo mundo ia votar nele!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

SABER CONTINUAR É UMA DÁDIVA


Da mesma época do Christophe, Michel Polnareff, 70, segue na ativa.

Barangão também, mas num show à altura do que foi (ou ainda é): com direito ao abominável coro, grande palco, plateia delirando, etc e coisa e tal.



domingo, 10 de agosto de 2014

SABER PARAR É UMA DÁDIVA


Daniel Bevilacqua, conhecido como Christophe, fez um tremendo sucesso na década de 60 com as melosas Aline e Les Marionettes.

Hoje, beirando os 70 anos, sem voz, brega, se apresentando num programa de segunda e tentando fazer um estilo “cult”, dá dó de ver.





Pra quem quiser conferir o original: http://youtu.be/GIqamH7FQwo

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ABERTA A TEMPORADA

 
Estão de volta os programas tragicômicos na TV.

A Bandeirantes deu a largada ontem em BH com os quatro humoristas (candidatos ao governo estadual) do momento em Minas: Tarcísio Delgado (PSB), Pimenta da Veiga (PSDB), Pimentel (PT) e Fidélis Alcântara (PSOL).

Cheio das regras, sorteios e tempos marcados como convém à “festa da democracia”. (Tem coisa mais ridícula do que batizar assim essa orgia de hipocrisias?)

Mas, para quem, como eu, teve estômago para assistir toda a baboseira, algumas coisas foram interessantes.

Os principais candidatos – os pimenteiros – ocuparam a maior parte do tempo fazendo campanha para seus candidatos à presidência. Certamente por considerarem que os outros dois adversários estavam lá só pra fazer número.
Quando eles se dispuseram a falar sobre projetos de governo,
o grande nada pairou no ambiente. Como sempre.

O Fidélis é contra tudo e todos, nada presta, só o povo resolve. Como que resolve, não fiquei sabendo.

E o Tarcísio, pra mim, foi o dono da noite. Deitou e rolou em cima dos pimenteiros com um argumento singelo mais ou menos assim: “Um fica falando que a culpa é do outro mas, proposta mesmo quem tem sou eu. Vou fazer tudo diferente!”

Não vai adiantar nada, mas vou votar no Tarcísio.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

SOBRE "BURRICES"...

... Discorre, com a competência de sempre, o Sakamoto:

Burro não é quem escreve “errado”. Burro é quem discrimina 

Leonardo Sakamoto

05/08/2014 17:48

Algumas das pessoas mais sábias que conheci são iletradas. E alguns dos maiores idiotas têm doutorado. Às vezes, mais de um.
Significa que os iletrados são melhores que os doutores? Não.
Então, o contrário? Também não.
O nível de escolaridade e a forma através da qual uma pessoa se expressa muitas vezes é irrelevante frente ao conteúdo que pode agregar a uma discussão.
Se ela conseguiu fazer com que os outros a entendessem, ótimo, fez-se a comunicação.
Muita gente não entendeu isso ainda e desvaloriza a opinião do outro porque este separou sujeito e predicado com vírgula. Mesquinhos, sabe? Isso quando não oprimem quem não sentou em bancos de escola.
Mas o que esperar de uma sociedade em que pipocam pessoas que desconsideram o interlocutor por não saber acertar uma concordância verbal ou conjugar um verbo?
- Meu Deus! Você não sabe flexionar o verbo “funhunhar” no futuro do subjuntivo? É um desqualificado ignorante que merece meu desprezo…
E na qual o domínio da norma culta (que, convenhamos, é um porre) é alçado à condição de passaporte para a participação nas discussões sobre o destino do mundo.
A língua é construída pela boca das pessoas no dia-a-dia e não por meia dúzia de iluminados. É dinâmica, em constante mutação e, para sobreviver, não precisa de formalismos – que são exatamente isso, construções, muitas vezes definidas pelo grupo hegemônico.
Como dizer que uma pessoa que nasceu e cresceu falando português e sempre se fez entender está errada ?
Dizer que um pescador, um vendedor ambulante, a vendedora do tabuleiro de doces, uma quilombola ou ribeirinha ou um operário da construção civil que não usem a norma culta “desconhecem a própria língua” não é um ação pedagógica e sim um ato político.
Excludente.
Que usa uma justificativa supostamente técnica para manter do lado de fora dos debates sobre o futuro a maior parte da sociedade brasileira.
A quem interessa a manutenção desse comportamento? A quem está no poder e, muitas vezes, usa a língua como instrumento de coerção.
Que faz o restante – que não foi chamado para Grande Rega-Bofe – acreditar que política é coisa de gente culta e estudada. E, portanto, melhor eles ficarem de fora e só entrarem para para encher as taças de vinho ou trazer os canapés.
No sufrágio que se aproxima, não seja niilista: defenestre – de forma paradigmática – quem maquiavelicamente oblitera a democracia por diletantismo ou dolo. Traduzindo: dê uma banana a quem não quer que você entenda nada.

domingo, 3 de agosto de 2014

FALSIDADE IDEOLÓGICA OU...

... Simples “aproveitamento comercial”?

Na primeira metade dos anos 70, surgiu uma leva de cantores e grupos brasileiros que adotaram pseudônimos estrangeiros e passaram a gravar músicas em inglês. Na época, a música internacional no idioma inglês tomava conta do mercado fonográfico, muito por conta das trilhas sonoras das novelas televisivas. O sucesso das novelas e das trilhas contribuiu para difundir este movimento "made in brazil".

Fábio Júnior, por exemplo, tinha dois alteregos: Mark Davis e Uncle Jack. Como Mark Davis, emplacou o sucesso "Don't Let Me Cry", como Uncle Jack, fez sucesso com a música "My Baby".

O falecido Jessé também usava dois pseudônimos: Christie Burgh e Tony Stevens (com este alterego emplacou em todo o Brasil as baladas "If You Could Remember" e "Flying High").

As trilhas sonoras das novelas impulsionaram este movimento de cantores brasileiros com pseudônimos estrangeiros a gravarem músicas em inglês. Boa parte destes artistas eram músicos e cantores competentes. A maioria vinha do circuito de bailes, como Os Pholhas, Sunday, Light Reflections (ex-Os Bruxos, da Jovem Guarda) e o Lee Jackson.



Para não serem desmascarados, os artistas evitavam fazer espetáculos e se apresentar na TV, o que os prejudicava bastante do ponto de vista financeiro. "Em 1973, eu estava estourado em todo o Brasil com a canção Dont't Say Goodbye. Podia ter ganho um bom dinheiro, se não fosse tão difícil encarar um show ao vivo", diz Chrystian, pernambucano radicado no Rio de Janeiro.

Michael Sullivan (nome verdadeiro, Ivanilton), estourou com dois grandes sucessos: "My Life" e "Sorrow". No final dos anos 80, fez muito sucesso como compositor e produtor em dupla com Paulo Massadas.

Um fato curioso ocorreu com o cantor Ivanilton de Souza Lima: em 1975 ele compôs uma linda balada e a intitulou de "My Life". Na hora de lançar o disco pelo selo Top Tape, teve de escolher um nome internacional. Abriu a lista telefônica de Nova York e escolheu Michael Sullivan. "My Life" entrou na trilha sonora da novela O Casarão, mas Michael continuou a faturar como Ivanílton – ele era vocalista da banda Renato e Seus Blue Caps.
"O chato é que eu cantava My Life com o grupo e tinha de ouvir das pessoas que a versão da novela era melhor".

Muitos desses artistas sonhavam em fazer sucesso em outros países. Apenas um deles conseguiu: o carioca Maurício Alberto Kaiserman, aliás, o “Mr. Morris Albert”. "Feelings", canção que compôs e gravou em 1973, está entre as músicas mais executadas em todos os tempos. Chegou a ganhar versões de Frank Sinatra e Julio Iglesias. Hoje, ele vive em Toronto, no Canadá, onde dirige um estúdio de gravação.

Em geral, os artistas aprendiam a pronunciar palavra por palavra das letras em sessões de gravação que duravam até quinze horas. "As letras eram compostas por quem não sabia nada de inglês e corrigidas por quem tinha alguma noção", diz Hélio Costa Manso, ou melhor, Steve MacLean, que fez sucesso numa carreira solo e como integrante do conjunto Sunday.

Os Pholhas tinham um método original de compor. Eles tiravam os versos de suas canções de um livro dos anos 30 chamado "Inglês Como Se Fala".
"A gente achava uma frase legal, copiava e depois tentava emendar com outras do mesmo livro", confessa Oswaldo Malagutti, ex-baixista do grupo.