segunda-feira, 30 de maio de 2016

Whole Lotta Helter Skelter

Se estiver chovendo no sertão a metade do que chove aqui em JP, a seca vai ser menos um problema nesse ano. (Como diria o poeta, "Vai chover assim na póta-quil-paril!" No que seria imediatamente contestado por Noé...)

E o que isso tem a ver com esse sensacional "mash-up" ("montagem" em linguagem frescurítica)?
Nada! Ou tudo, como diria Tim Maia.

É só a comprovação que os caras faziam chover quando queriam.
Os Beatles lançaram Helter Skelter em 68
e o Led Zeppelin detonou Whole Lotta Love no ano seguinte.
E, mais de 40 anos depois, graças à tecnologia, temos esse espetacular resultado.


(Capturei isso no facebook.com/Soprafalardemusica - uma página muito legal que eu 'recomeiindo'.)

domingo, 29 de maio de 2016

DOMINGÃO NOSTÁLGICO (E ATRASADO)

Diga lá, antenado leitor: quantas vezes você já acordou num domingão (ou chegou depois de uma bela noitada) escutando essa música na televisão já ligada nessa hora imprópria?

O cidadão Rolando Boldrin, prestes a completar oitentinha, é um exemplo de autêntico defensor da música brasileira - seja lá de qual região seja.


NÃO QUERO PAPO! QUERO PAPO!


O Papa não quer papo com o Macri.
Obama quer papo com o Brasil. E, muito mais, com a Petrobras.

A LASA não quer papo com FHC.
FHC tem papo com a Folha, Estadão, rêdigrobo, na hora que quiser.

O Gilmar quer papo com o Temer.
Marca dia, hora e é prontamente atendido.

A galera, em geral, não quer papo com a Globo.
A galera, em geral, quer papo com Merval, Azevedo, Mainardi et caterva.

Ninguém mais quer papo com Aécim.
Renan quer papo com todo mundo.
Cunha não quer papo com ninguém.
A corja é que quer muito papo com ele. E como tem(er) quem queira!

A galera quer papo sobre a garota estuprada outro dia.
A galera não quer papo sobre as milhares de estupradas todo dia.
A grande mídia só quer papo sobre isso enquanto vender jornais.
Ou "clicks".

A galera não quer papo com checar as informações que invadem as telas. Bastam as que agradam. Verificar a fonte, a veracidade, nem pensar.
A galera está muito ocupada não querendo papo com quem não concorda.

Que tempos vivemos, hein?

sábado, 28 de maio de 2016

TEXTINHO!

Após postar o artigo do Xico Sá (abaixo), abro uma cerveja, vou pra varanda e sou premiado com um mar azul indescritível acompanhado de um por do sol com uma variedade de cores que desafiam - e vencem - o pantone.

Com um visual desse, embalado por Gonzagão ("De onde vem o baião", "Qui nem jiló", etc), mais Bebé de Natércio e Marcos Maia ("Coisas da Mente) e David Gylmour (Wish You Were Here),
a vida até ameaça ficar boa.

Mas, várias chaturas insistem em povoar a conturbada mente do locutor que vos fala.

Devo confessar que sou dependente da internet.

É aqui que me informo (lendo regularmente à esquerda e à direita),
é aqui que mantenho esse blog (sabe-se lá por que [diga aí, Freud].)é aqui que me divirto e me irrito (30/70%) no fêicibúqui,
é aqui que vejo shows maravilhosos de todas as tendências musicais, é aqui que assisto jogos que não passam na televisão,
é aqui que esqueço da vida me debruçando no poker,
é aqui que vejo sacanagens incríveis em alta definição (sou, mas quem não é?), enfim, é aqui que as coisas estão acontecendo.

Normal, né?
Sei que vou desapontar os milhares e milhares de leitores deste blog mas, pra mim, não é normal não!

Sinto uma falta danada da conversa olho-no-olho.
Porque é aí que você, realmente, alimenta suas amizades.

Fêicibúqui, zapzap, instagram, snapchat, e-mail (alguém ainda abre?), tudo muito moderninho mas, manja conviver com um "ser humano"?
Você pode achar ultrapassado mas, pensa bem, o olho-no-olho ainda é tudo o que podemos ter de melhor.
Ou não?

(Em tempo: é difícil mas, estupro puro e simples, posso até tentar entender. O cara tá doidão, etc e tal.
Mas, estupro coletivo vai além da minha imaginação. Os caras, além é claro, de nenhum valor moral, não têm um mínimo de higiene? 
"Acabou aí, mermão? Sai pra lá, agora é minha vez."
Pocinha!
Bleargh!)

TEXTÃO!

Nos dois sentidos.

Claro que o sentido da grandeza das palavras dá de dez a zero na quantidade de caracteres.
Esse texto é pra ler, arquivar e deixar como legado para nossos descendentes tentarem entender o Brasil desses tempos.
E... Que tempos vivemos!
E... Há quanto tempo vivemos!

Reflita sobre estupro, se for homem
Por mais que você, homem sensível, diga que sente na pele, jamais sentirá o pavor de vislumbrar no beco a ameaça do estupro que ronda as mulheres no Brasil

XICO SÁ

27 MAI 2016 - 15:50 BRT

Por mais que a gente se diga envergonhado, por mais que você, homem sensível, diga que sente na pele, por mais que esteja indignado e solidário, por mais que tente eliminar o machismo em atos e palavras, por mais que faça sua parte, por mais que não entenda a covardia e monstruosidade dos seus semelhantes, por mais que peça punição contra a barbárie na zona sul ou no Morro São José Operário, zona oeste do Rio de Janeiro...
Jamais sentirá o pavor de vislumbrar no beco, na próxima esquina, a sombra do inimigo, a ameaça do estupro que ronda as mulheres no Brasil cada vez que o relógio corre 11 minutos.
Por mais que você até arrepie os pelos, jamais sentirá na carne.

Por mais que você não entenda os machos que sempre buscam culpar as “vadias”, por mais que você condene o discurso na linha “Bolsomito”, por mais que você julgue importante ter mulheres nas equipes de governo, por mais que você vá à passeata feminista, por mais que você ache bizarro o ator Alexandre Frota — o piadista da cultura do estupro — em confraria com o ministro interino da Educação em Brasília...
Por mais que você se ponha no lugar da vítima, nunca saberá o terror que se instala no cérebro como um pesadelo interminável.

Mea culpa
Por mais que você resolva deixar de ser reaça e retire o seu apoio aos projetos-de-lei homofóbicos do Congresso, aos projetos anti aborto etc.
Por mais que você esqueça o passado de porco chauvinista.
Por mais que você cresça e deixe de puxar os cabelos das meninas nos bares, festas e boates.
Por mais que você saque e nunca mais caia na besteira de achar que existe “vadia para transar e santinha para o casamento”.
Por mais que tudo isso seja um avanço, ainda é pouco, muito pouco, pouco mesmo para sentir o drama que apavora as mulheres no vagão do trem, na rua escura, no parque...
Por mais que ampliamos a vergonha para todos nós que fomos ou somos machistas, por mais que façamos um mea culpa histórico, por mais que o crime hediondo seja punido exemplarmente, por mais que tenhamos uma ideia da maldade humana nos livros de ficção e na realidade...
Por mais que tudo isso aconteça, estamos ainda muito distante deste horror inominável.
Por mais que ralamos as nossas rótulas da culpa no “Ajoelhaço” anual da Cooperifa — pedido de perdão coletivo de homens na zona sul de São Paulo por erros e maus-tratos às mulheres —, por mais que a reeducação de hábitos e atitudes surta algum efeito... Mesmo assim, sinto muito, estaremos apenas começando a entender o desastre da “cultura do estupro”.
Por mais que sonhemos com outro tempo, o tempo da delicadeza, o implacável relógio nos despertará, daqui a 11 minutos, para mais uma ocorrência.

Xico Sá, escritor e jornalista, é autor do romance “Big Jato” (ed. Companhia das Letras”, e comentarista dos programas “Papo de Segunda” (GNT) e “Redação Sportv”.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

PI-RI-GO!


Do jeito que as coisas andam isso pode virar história oficial em futuro muito próximo.
Mas... Que é bom, é!


ARIANO SUASSUNA

Feriadão, alguma complexa conjunção cósmica faz com que toda vez que chego na varanda eu seja premiado com a visão de casais gordos se beijando apaixonadamente (lóvisindiér...), desisto, vou pro youtube, acho essa palestra de 2004 (!) e mais uma vez comprovo que o Ariano é o "Rei do Rock".

Alcunha que, só de sacanagem, utilizo com a certeza de que, caso ele, mediunicamente, seja um dos milhares e milhares de leitores deste blog, estará dando revoltadas voltas no túmulo.

Seguem algumas - muito poucas - pérolas colhidas nessa palestra que, entre outras 'personalidades', contou com Nelsinho Motta e William Bonner na plateia. Cujos, duvido muito que tenham "captado as mensagens"...

Prefiro ter 10 leitores que me leram 100 vezes do que ter 100 mil leitores que me leram uma vez.

Em arte não existe nada pior do que "gosto médio". Mau gosto é melhor do que "gosto médio". Ou a gente faz arte da melhor qualidade ou a gente - pelo menos - tenta ou a gente não faz nada que preste.

Eu sou muito contra as pessoas falarem mal dos outros pela frente. Acho que é uma falta de educação muito grande, constrange quem ouve e constrange quem fala. Não custa nada a gente esperar a pessoa dar as costas e aí...

Todos nós sofremos lavagem cerebral...
Machado de Assis dizia que no Brasil existiam dois países: o real e o oficial.
O país real é bom, revela os melhores instintos.
Mas, o país oficial é caricato e grotesco.
Hoje ele veria que a única coisa que mudou é que no século 19 a gente queria ser francês e atualmente a gente quer ser, caricatamente, grotescamente, americano.
Antigamente, quando os Estados Unidos queriam dominar algum país, mandavam um ou dois porta-aviões e ameaçavam com invasão, etc.
Hoje eles mandam Michael Jackson e Madonna.
É muito mais barato e muito mais eficiente.
O caminho pra gente enfrentar essa invasão solerte é a cultura local.

A cultura é o primeiro caminho da nossa independência, da busca da nossa identidade, da afirmação do nosso país como uma nação verdadeira e peculiar.

(Deu vontade de ver? É só dar 'Ctrl C / Ctrl V' no youtube:
"ariano suassuna 2004 canal brasil".)

RENT-A-DOG

Andando na praia, vejo um cidadão saradão sair da água. Ele, ao ver duas gatinhas se aproximando, deita-se na areia e começa a fazer flexões olhando para elas.

Elas passam por ele, e depois por mim, sem conter o riso.

Com certeza se lembraram da mesma piada que eu:  Um bêbado, vendo um cara nessa mesma situação, chega pra ele e diz -"Para com isso, ô bobão. A mulher já foi embora."

Pois bem. Essa cena ridícula me provocou 'profundas reflexões' e 'considerandos' que passo a dividir com vocês.

1. Considerando que nós homens, desde os primórdios, nos propomos a fazer coisas ridículas com a finalidade única de cravar mais uma marquinha na guarda da cama;

2. Considerando que as mulheres, desde os primórdios, fazem charminho mas, na grande maioria das vezes, embarcam nas babaquices apresentadas;

3. Considerando que nos dias de hoje as pessoas conversam
"kda X -" e digitam "kda X +";

4. Considerando as oportunidades mercadológicas que essa situação apresenta...

Vou montar um "Rent-A-Dog" à beira mar!

O bobão, em vez de ficar fazendo força à toa, aluga um cãozinho gúti gúti, bota o celular no bolso da bermuda ridícula e vai passear.
Claro, de tempos em tempos, checando seu zapzap, fazendo selfies e todas as babaquices inerentes.
All in que ele vai alcançar seu objetivo muito mais rapidamente e, importante, sem fazer tanta força inútil.

Outras vantagens: ele não precisa sustentar o animal, não precisa sofrer quando o amado gúti gúti se manda desta para melhor, não precisa gastar uma grana pra tentar tirar o budum que fica no carro.

(Já vejo, se formando no horizonte, a linda nuvem da fortuna.)

BLOODY MARY

Segundo a Wikipedia, há mais de uma versão acerca de quem e onde teria sido criado o coquetel.

• O francês Fernand Petiot, barman do "Harry's Bar" de Paris, teria criado o coquetel em sua primeira versão na década de 20, mas teria lançado no bar do "Hotel Saint Regis" em Nova Iorque, tendo denominado o mesmo de "Red snapper", nome que foi depois abandonado.
A pedido do príncipe russo Serge Obolensky foi incluído o tabasco na receita. Ambos os locais reivindicam o posto de local da criação da bebida.

• No final dos anos 30, o ator e produtor George Jessel teria sido o criador, também em Nova Iorque conforme o New York Herald Tribune, sendo que Jessel aparecia em propagandas da Vodca Smirnoff.

• Uma terceira versão, essa com menos defensores, atribui a Bertin Azimont, do Hôtel Ritz Paris, a criação especial para o escritor Ernest Hemingway que queria uma bebida que não deixasse odor, para que a esposa dele não percebesse.

Feitos os devidos esclarecimentos históricos, vamos ao que importa:
Trata-se aqui de uma escrachada declaração de amor à sábia-que-me-acompanha (que de "bloody" não tem nada), devidamente embalada por Lulu Santos cujo, devo também declarar, não acho esse futebol todo, mas se encaixou perfeitamente a tudo que sinto nesse momento.

Seguem extratos do pupurrí:

-Toda Forma de Amor-
Às vezes eu me sinto como uma bala perdida...
E a gente vive junto
E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém

-Um Certo Alguém-
Chego a ficar sem jeito
Mas não deixo de seguir a tua aparição...
Quando um certo alguém
Desperta  o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar

-Último Romântico-
Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais desse oceano Atlântico...
Me dá um beijo, então
Aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser, pelo coração
Se é loucura então melhor não ter razão


quarta-feira, 25 de maio de 2016

EXPECTATIVA NACIONAL!

Depois de Alexandre Frota apresentar,
para o sei-lá-quem-interino da Educação, propostas para o Ensino do Brasil, espera-se para a semana que vem (porque, afinal, amanhã é feriado e ninguém é de ferro)
mais algumas importantíssimas, fundamentais, definitivas propostas:

• Eike Batista apresentará, ao sei-lá-quem-interino do Planejamento, seu programa "Uma Cancela Para Ontem";

• Marco Polo Del Nero apresentará, ao sei-lá-quem-interino do Esporte, sua visão sobre a correta relação que o governo deve ter para com a CBF - com pareceres de Ricardo Teixeira, Havelange, rêdigrobo, etc;

• Bruna Surfistinha, ressuscitada pela mídia, apresentará, ao sei-lá-quem-interino da Cultura, suas ideias sobre o conteúdo didático de livros e vídeos para a criançada.

Possíveis outras opções ficam por conta da fértil imaginação dos milhares e milhares de leitores...

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O BRASIL É INTERINO

Encaremos a realidade: estamos vivendo num país interino.

O presidente é interino, o ministro do planejamento agora é interino, o presidente da câmara é interino, enfim, todos os políticos seriam interinos caso ainda tivéssemos um judiciário (risos) com alguma credibilidade.

Do mesmo modo, caso tivéssemos uma grande mídia isenta (gargalhadas), a situação não teria chegado a esse ponto.

Até aqui tudo bem - como diria o suicida ao passar pelo quinto andar.
O ruim é não ter perspectiva razoavelmente aceitável da substituição dessa interinidade infinda.

E enquanto a corja se debate em artimanhas cinicamente manipuladas pelas rêdigrobo da vida, vamos todos ficando aqui quietinhos, seguindo a filosofia do imortal Costinha:
"Ignora, finge que não é com você..."

domingo, 22 de maio de 2016

PERFEITO!


Nunca tinha ouvido falar desse cidadão.

Mas, pelo menos nessa, ele mandou muito bem!

Tomara que siga em frente.


Ê MUNDINHO PEQUENO...

Vocês certamente não vão concordar mas, pra mim, esse vídeo do Négresses Vertes tem tudo a ver com o clima do vídeo que postei quinta-feira passada: "Numa Sala de Reboco" com o Alceu Valença e a Lucy Alves. http://hajamuuitosaco.blogspot.com.br/2016/05/mudando-de-opiniao.html

(Cartas para a redação.)


sábado, 21 de maio de 2016

SE BEBER, NÃO DIGITE

Sábio conselho do Miro Borges emitido durante o 5o. Encontro Nacional de Blogueiros que está acontecendo em Belo Horizonte.

Em contraponto, digo eu:
-"Se Pitar, Deite e Role".

Principalmente se você, como o bobo que vos fala, se dedica a perpetuar suas impressões, opiniões, achismos, enfim, tentativas (na grande maioria das vezes, vãs) de conversas (lembra conversa?) que, nos dias de hoje, cada vez mais raramente acontecem ao vivo.
O que, penso eu, é um enorme prejuízo para os seres humanos com QI acima de 12. Porque o "olho no olho", na maioria das vezes, diz tanto ou mais do que as palavras.

Assim sendo, vamos nós num 4:20 atrasado. Ou adiantado...

Cada vez que chego na varanda e olho pro marzão, seja no nascer ou no por do sol, seja no meio da tarde - com cores que variam a cada 15 minutos - seja com a Lua dourando as ondas, seja com a chuva doidona que vem e vai numa velocidade inacreditável, fico com as seguintes dúvidas:

• Demorei demais pra chegar aqui!
• Ou será que - como dizem as eternas frasezinhas fêicibuquianas -, tudo acontece no tempo certo, cujo é regido por essa entidade salvadora (ou sádica) denominada 'Deus'?
• Ou ainda: cheguei, gostei e foda-se. Vou aproveitar o melhor que puder essa delícia de cidade nessa vidinha que ainda me resta.

Fico com a última opção, é claro.

Perguntará o atento leitor: -O que isso tem a ver com o tal do Encontro dos Blogueiros?
Respondo: -Porra nenhuma! Foi só a deixa pra essa conversa (?) fiada.

(Em tempo: estou assistindo o tal do Encontro e estou achando muito du-caralho!)

COM UM CERTO ATRASO


Mas, fica o registro do artigo, 'directo' pra variar, do Francisco Louçã em 'Tudo Menos Economia' do Público de Lisboa.


Só um porém quanto à última afirmação "As eleições directas para a presidência são portanto a única solução."

Também acho que eleições possam ser uma solução.
Mas, dado o panorama atual, votar em quem? Quem? QUEM?
Raimundo Nonato!?


17 de Maio de 2016, 08:27
Por
A inauguração da quadrilha

        Uma quadrilha, dizia um jornal norte-americano, se não foi mal citado. Não é para menos. Michel Temer formou o seu governo e está à vista de toda a gente. Peço por isso um pouco de indulgência para o feito: o presidente interino até desconvidou um bispo de uma seita, que tinha sido indigitado, como não poderia deixar de ser, para ministro da ciência, onde poderia promover a defenestração de Darwin. Neste afã de conseguir respeitabilidade em modo de arrependimento pelos primeiros convites, Temer lá constitui então a sua equipe dispensando o dito bispo.
  Mas, ainda assim, a fotografia não ficou nada bem. Só homens num país em que as mulheres são a maioria da população, todos brancos, todos empresários ou gestores (há de tudo, empresários do agro-negócio, empresários da finança e mesmo empresários da religião, que não podiam faltar, outro bispo veio colorir o governo). Mono-étnico, mono-género e mono-social, este é o governo para começar a recomposição do poder da elite brasileira que, malgrado as cedências dos governos anteriores, deu uma lição solene a todos os adversários: nunca se distrai, nunca recua enquanto não tiver o poder todo e com gente de toda a confiança.
  Mas os ministros têm outra característica em comum. Treze são investigados em diversos casos de corrupção e lavagem de dinheiro ou outras tropelias, seis dos quais em fase final do processo; sete estão na lista de pagamentos da Odebrecht. O presidente interino é um dos investigados. Pode-se então perguntar: não era golpe político e saiu este governo? Era combate à corrupção e foi empossado um gabinete de desavindos da investigação judicial? Era tudo democracia e a primeira reunião do ministro da saúde é com uma empresária que quer vender a “cura para a homossexualidade”? Era tudo resposta à crise económica e a primeira medida anunciada é a privatização dos Correios e da Casa da Moeda – a venda a privados da instituição que imprime as notas da moeda soberana do Brasil?
  Já aqui questionei onde estão agora as vozes dos moralistas que asseguravam que tudo isto era justiça e não era jogo político, ou que era combate à corrupção doa a quem doer, fosse “de esquerda ou de direita”. Não creio que valha a pena voltar a perguntar, o silêncio é mesmo a melhor resposta que se pode esperar desses eflúvios de entusiasmos de há tão poucas semanas.
  Há no entanto outra pergunta mais pertinente: isto é governo para dois anos? Muitos comentadores e analistas apontam para a inviabilidade de uma solução que se baseia no poder de um presidente que é quase unanimemente detestado no país (tem menos de 2% de intenções de voto, ou seja, nem os apoiantes do impeachment o suportam). Um governo sem legitimidade, suspeito pela formação golpada, cuja composição é irreconhecível e que vive à margem da justiça não pode ser solução para a crise gravíssima que o golpe palaciano desencadeou no Brasil.
As eleições directas para a presidência são portanto a única solução.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

MUDANDO DE OPINIÃO


Assisti, acho que lá pela metade da longínqua década de 80, o Alceu Valença se apresentando no Palácio das Artes em Belo Horizonte.

Saí antes de acabar pela simples razão de constatar que ele devia estar com uma preguiça danada. Dava o refrão, mandava "Agora Vocêis...!!!" e a plateia, já devidamente globalizada, obedecia.
("Êêôô, vida de gado..." Que ele não cantou porque é do Zé Ramalho, mas se encaixaria perfeitamente.)
Meu saco estourou, me mandei no primeiro intervalo e tomei implicância do cidadão.

Mas, não de suas músicas.
O que sempre me provocava sensações conflitantes.
Tanto pela implicância quanto pela capacidade dele de produzir chicletes mentais como Morena Tropicana.
Cuja habitou minha mente por longos meses até ser substituída por Shine com David Gylmour, depois por Love Me Tender com Elvis, depois por mais um monte de músicas que, adoravelmente, me atormentam de tempos em tempos. (Hoje ando revezando entre o "Meu Chevette" e "Coisas da Mente" - o que comprova a força da música nordestina.)

Entretanto, depois desse vídeo, exerci o direito divino de mudar de opinião e voltei a admirar o cara.
Cujo, inteligente que é, chamou minha atual musa musical para (en)cantar esse arranjo fantástico e me cooptar de vez.

Obs.: música do Gonzagão. (Só podia ser!)
ATUALIZAÇÃO
Segundo informações colhidas, essa música é do Zé Marcolino - o poeta do Sumé - que a teria 'cedido' ao Gonzagão.
Tchan!
(Aguardo as controvérsias.)

OUTRA ATUALIZAÇÃO:

A cena dos meninos olhando o sarro do casal, pra mim, é antológica.


PARADOXO


substantivo masculino
1. pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano, ou desafia a opinião consabida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria.
2. aparente falta de nexo ou de lógica; contradição.

Falar em Comissão de Ética na política já é um paradoxo completo.

Ouvir Eduardo Cunha e seus miquinhos ame$trado$ falando na dita comissão deveria ser proibido para menores, maiores ou qualquer ser humano com um mínimo de decência.

terça-feira, 17 de maio de 2016

PALESTRA

Segue uma palestra que, graças à Buda, Shiva, Zeus, Odin, Alá, Maomé, Xangô, (e mais uma infinidade de deuses conforme a preferência dos amáveis leitores), nunca aconteceu:

"Boa tarde, sou Tiago Cruz.
(Com certeza o 'Tiago' mais velho que vocês já conheceram...)

Estou aqui pra falar coisas que não têm nada a ver com todas essas modernidades, cujas, adoraria que vocês já estivessem perto da saturação.
(Doce e sexagenária ilusão.)

Sou discípulo do Tim Maia. Sabem quem é? -"Tudo é tudo e Nada é nada"Assim sendo, me resta discorrer sobre minha vasta experiência e especialização em... Nada!

Considerando que o tema desse encontro é a colocação profissional, vou tentar explicar como vocês podem aplicar o 'Grande Nada' ao seu momento.

Pois bem.
Lá vai você a uma entrevista de emprego.
(E vou logo avisando que, na condição de postulante, nunca participei de nenhuma. Meu pai era influente, me colocou em meu primeiro emprego e daí fui...)

Mas, já estive do lado contratador.
E aí, é o seguinte: alguns pontos são fundamentais e vocês precisam estar atentos à sua identificação para com eles.

(Só faltava agora um powerpointzinho, né não? Vou ficar devendo.)

Então, vamos lá. São somente três opções.

Opção Um - O 'Enganador Engajado'.
Ignore todas essas regras que tornam as tais das entrevistas em um grande teatrinho com roteiros pré-estabelecidos no qual o ator mais carismático vence o concurso.
Ou melhor, como elas já devem estar entranhadas em suas cabeças, façam um esforço para deixá-las em segundo plano e tenham em mente que o importante é: Mentir!
Minta sempre.
Mas, aproveite todas as regras entranhadas e minta com competência.
Suas mentiras devem sobreviver por um tempo razoável que garanta estabilidade após a sua contratação.
Caso não, você certamente vai voltar para a fila das entrevistas.

Opção Dois - O 'Quero Agora'.
Cague solenemente para tudo. Valores da empresa, crescimento profissional e qualquer coisa que impeça sua contratação. Com a desculpa da 'necessidade' aceite tudo, faça qualquer mutreta.
O importante é se dar bem agora. Depois você dá jeito.

Opção Três - O 'Sonhador'.
A meu ver é a mais difícil e a mais arriscada: seja totalmente honesto com você mesmo.
O mais provável é que você se torne um frequentador assíduo das filas. Mas, não abandone sua coerência: você vai batalhar, correr, suar, compartilhar (espero que não!) todas aquelas correntes fêicibuquianas dos 'milagres que te aguardam no quarto dia', mas certamente vai conseguir se colocar no lugar de seus sonhos (ou muito próximo deles) e seguirá uma carreira que vai te fazer crescer profissionalmente, intelectualmente, financeiramente e, mais importante, te fará feliz.

Resumo da ópera:

O 'Enganador Engajado' - e esperto - pode até se aposentar no mesmo emprego. Mas, não será feliz.

O 'Quero Agora' vai pular de galho em galho até arrumar uma boquinha que lhe dê a falsa sensação de 'dever cumprido'.

O 'Sonhador' vai, alegremente, se torturar enquanto viver. Pela simples razão de sempre vislumbrar novos desafios à frente.

Aí a escolha é de vocês.

E, antes de terminar, quero deixar claro que: caso algum de vocês saia daqui concordando totalmente comigo, vou ficar muito decepcionado.
Afinal, onde já se viu seres humanos não discordarem de tudo?

E só mais uma emendadinha: tenho pra mim que a preguiça é a alavanca da humanidade. Sem ela não teríamos carros, elevadores, aviões, controles remotos e tantas outras invenções geniais.

Grudada na preguiça está a discordância. Responsável, entre incontáveis benefícios, pelo eskibonzinho, pelo miojo, pela luz elétrica e pela democracia."