terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PREVISÕES 2015

Graças a fortes influências político-econômicas conseguimos ser recebidos por Roniclévio da Jurema - o TSTV (Tudo Sabe, Tudo Vê) mais poderoso do nordeste.

Adentramos sua tecno-tenda e logo percebemos a presença de algo diferente no ar: um cheiro de suvaco que quase nos faz desistir de tão importante experiência científica.

Na parede símbolos variados e uma foto dele, mais jovem, abraçado com o Collor.
(Uma montagem descarada que ele devia substituir por uma abraçado com o boneco de papelão do Aécio. Embora ele tenha previsto a vitória do playboy no segundo turno - já estamos no terceiro - e até agora nada, ficaria menos ruim.)

O astro-vidente, em evidente mau humor, vai direto ao ponto:
-O que desejam?
Quase respondo que um "glade sachet" viria bem, mas me contenho.

Meu amigo, mais comedido, fala que gostaríamos de saber as previsões para o Brasil e o Mundo no ano que vem.
Ele retruca dizendo que Brasil ainda vai mas, Mundo custa caro e como não estamos pagando...

Então, vamos lá:
Política -
Os mesmos de sempre e os novatos da vez continuarão a aprimorar suas falcatruas e o povão conquistará, mais uma vez, o cobiçado troféu "Hiena Feliz".
Os coxinhas serão alçados a empadões e, a contragosto, regressarão de Miami mais enojados do que nunca com "tudo que está aí".
Os petralhas serão reconduzidos à senzala, de onde nunca deviam ter saído. (Como dizia minha avó, Roniclévio dá uma no cravo e outra na ferradura.)
Economia -
Jogando jujubas coloridas sobre a mesa ele vê um grande lançamento que irá sacudir a indústria automotiva: a Ford, após estudos profundos, lançará o Siesta. Um veículo equipado com rede que será o maior sucesso da história da montadora. Todos os fornecedores de serviços no país farão filas nas concessionárias para adquirir o seu sonho de consumo e a Europa, mais uma vez, se curvará ante a malemolência tupiniquim.
Futebol -
Em transe profundo, o TSTV declara que o céu continua azul mas, chuvas e trovoadas poderão ocorrer até dezembro.
Pergunto sobre o Flamengo e ele, ainda em transe, murmura que craque a gente faz em casa. (Pô, Roniclévio, assim até eu.)

Desisto e já levantando em busca de ar puro, faço a pergunta derradeira:
-E quem vai ganhar o Big Brother?
Roniclévio suspira, sai do transe e, delicadamente, me manda à merda.

Virei fã do Roniclévio. 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

JINGLE BELL


Duas da tarde, passeando na praia (pra variar) quando vem um garotinho correndo e tocando uma bola na minha direção.
Chega perto, toca a bola de canhota na minha direita e passa pela esquerda fazendo som de torcida ("ééérhrhrhr", ou coisa parecida).
Acho engraçado, simpatizo por ele ser canhoto e sigo em frente.

O hiperativo volta por trás de mim, bola na esquerda, passa pela direita e... "ÉÉÉRHRHRH! Lá vai Doda!!"
Acho legal a vibração e fico pensando se Doda é ele mesmo ou algum ídolo local.

Não satisfeito, ele dá um drible imaginário em mais um adversário, vira e vem de novo pra cima de mim.
O canhotinho chega perto, me olha no olho, toca a bola na direita, passa pela esquerda e sífu.
Tomo a bola e escuto: "UUUUHHHH!! Pegou Genivaldo!!"
O pentelhinho é jogador, narrador e torcida.
(Como todos já fomos um dia mas, esse é dos bons.)

Ele chega pra recuperar a bola e eu pergunto:
-De onde você é?
-Da minha casa.
-Arrã. E onde é sua casa?
-Lá. (Balançando o braço em direção a estibordo.)
-Arrã. Você é o Doda?
-Não! (Me olhando como se eu fosse um ET.)
-E quem é o Doda?
-É do Belo.
-Arrã. E o Genivaldo?
-Também.
-Arrã. Então corre lá que eu vou lançar pra você.
Não dá nem tchau e sai correndo.
Mando um lançamento longo e vou pra água dar um mergulho.

Dúvidas e certezas boiam comigo entre as ondas.
• Sei que "Belo" é o Botafogo da Paraíba, mas nunca ouvi falar de Doda nem de Genivaldo; que tanto podem ser os caras do momento quanto ídolos do passado.
• Praia vazia, onde estão os pais desse menino?
• Pela expressão, atitude, disposição, confiança e pelas respostas minimalistas, esse carinha parece ser daqueles que cedo chegarão a seu objetivo. Cujo, tomara que seja inversamente proporcional ao seu tamanho.

Em tempos natalinos, essas ocorrências podem se tornar extremamente perigosas por serem um terreno fértil para pensamentos piegas.
Graças ao bom Deus, uma onda inesperada me presenteia com um jacaré que afasta, definitivamente, o perigo.

Ou não?

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

CURIOSIDADE GEOGRÁFICA


Nada como acordar cedo e ficar à toa.
Preguiça total, ligo a televisão e dou de cara com um doidão que vai surfar a pororoca do Rio Araguari no Amapá - a onda que avança rio adentro a 40 quilômetros por hora e pode quebrar por mais de duas horas - apontada pelo “Guiness”, como a mais longa do mundo.
E, segundo notícias alarmantes, correndo perigo de extinção por causa do assoreamento provocado pela criação de búfalos na região.
(Oh! Onde está o Greenpeace?)

Resumo da ópera, o cidadão apronta um escarcéu danado, é auxiliado por bombeiros, jetski, barcos de resgate, chega lá, surfa a onda durante uns 30 segundos, acaba o programa e eu fico querendo conhecer o local.

Num engano comum a ignorantes geográficos, acho que por estar no nordeste, tudo que se relaciona com a parte de cima do país é logo ali. O google me mostra o tamanho do erro: 1.980 km!

A distância entre João Pessoa e Macapá é a mesma entre João Pessoa e o Rio de Janeiro. Em linha reta.
Se for por terra, a coisa complica um pouquinho mais.
Do Rio a JP você vai rodar cerca de 2.400 km.
De JP a Macapá são cerca de 7.700 km passando por Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas, Roraima, Guiana Francesa, voltando ao Brasil pelo norte do Amapá para chegar a Macapá. Quando ainda faltarão uns 150 kilometrinhos para chegar à foz do Araguari.

Claro que desisto da ideia mas, pelo menos arrumo assunto pra essa véspera da data magna da cristandade.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

CADA DOIDA COM SUA MANIA

Eu caminho no calçadão porque meus joelhos se revoltam com pisos desnivelados. Assim, areia é só pra passear e calçadão pra exercit(argh!).

E, do calçadão, vejo coisas engraçadas e também assustadoras.
Nessa hora da madrugada as mulheres que caminham na areia são sempre mais velhas e mais trubufus, claro. As mais novas e bonitinhas ou estão patinando em alta velocidade ou, mais espertas, em casa dormindo.

Dentre as caminhadoras da areia, algumas categorias se destacam:

1. As "transportadoras" - caminham na beira d'água com os braços levantados carregando sandálias, bolsa, canga, chapéu e sabe-se lá mais o que. São loucas as transportadoras.

2. As "garis eco-pentelhas" - caminham mais para cima, carregando sacos plásticos e vão catando objetos ecologicamente incorretos. Quando dão de cara com algum desavisado costumam fazer discursos cujos, pela distância, ainda bem que só posso imaginar.

3. As "devagar-eu-chego-lá" - correm em passinhos curtos e lentos na areia fofa! Normalmente estão em roupas colantes e são parrudas. Só de ver esse esforço absurdo meus pulmões berram por um aerolin.

4. As "esotéricas" - caminham, param, abrem os braços em direção ao sol, inclinam a cabeça, tremulam as mãos em direção ao mar, enfim, certamente se sentem responsáveis pelas marés e pelas migrações dos peixes.

5. As "comunicadoras" - essas são de matar. Elas andam na areia fofa berrando no celular. Putz! São seis horas da madrugada e essas criaturas já têm assunto. E pior: teoricamente do outro lado da linha existe um ser humano, tão ou mais idiota, que está ouvindo as imbecilidades gritadas ao vento.

Em resumo, esse negócio de caminhar em horários obscenos serve também para comprovar a frase do imortal Millôr: "O ser humano é inviável".

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

2014 NÃO ACABA!


Lá se foi Joe Cocker.
Pelo andar da carruagem, em breve só teremos música boa acompanhada de necrológios.
Que bosta!

HANG TEN


Agora que toda a mídia é fã de carteirinha do Gabriel Medina e todo mundo é apaixonado por surf desde criancinha, deixa eu dar o meu pitaco.

Quando, muito lá no século passado, o surf começou a aparecer no Leme, o rei do rock era o Juba.
Dono de uma prancha grande que não acabava mais, quando ele entrava na água a gente saía para apreciar.
Foi o primeiro surfista que vi fazer um "hang ten" além de várias outras manobras impressionantes.

Babei de vontade, mas já não tinha pulmão para nada além dos meus jacarezinhos. Então fiquei só na admiração.

Claro que acho espetaculares as manobras dos Medinas, Slaters e tantos outros mas, os caras caminhando no pranchão, o desenho clássico, as manobras largas, a elegância e muito mais, são pra mim, a alma do surf.

(Já sei, já sei: velho é chato. Mas, lembrem-se que vocês, se já não estão, também vão ficar...)

domingo, 21 de dezembro de 2014

CERTEZAS

Assim como as opiniões, as certezas devem durar até que mudem.
A qualquer momento, por qualquer razão.

Acordo, vejo a hora e constato que já perdi o horário da caminhada matinal. Tudo bem. Amanhã levanto na hora.

Consulto meu bloquinho de anotações (não vivo sem ele) para ver as tarefas do dia. Pagamentos vários, entro no site do banco e tome de "docs", transferências, etc.

Esquisito. O banco está programando os pagamentos para amanhã.
Ok, tanto faz.

Envio os e-mails necessários, checo as notícias e venho ao blog postar essa foto natalina aí de baixo. A postagem aparece com data de 21/12/2014. Esse computador deve estar doidão mas, vida que segue.

Nescau no bucho, banho tomado, lá vou eu fazer a fezinha na loteria que, nove da manhã, ainda deve estar vazia. Chego lá, fechada.
E, estranhamente, o shopping em que ela se localiza já está aberto.

Volto, passo por um segurança e pergunto sobre o horário.
-"É. De hoje até o fim do ano o shopping está abrindo mais cedo."
-"Mas a loteria está fechada!"
-"Claro, senhor. Hoje é domingo."
-"Ah..."

Katzo! Hoje é domingo! A praia me aguarda! Que felicidade!
(E eu nem bebi tanto assim ontem.)

FELIZ NATAL


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

PLEASE STAND BY.

We're experiencing technical difficulties.

Foi isso que fiquei vendo por mais de meia hora durante a transmissão, via internet, das finais do mundial de surf.
Imagens maravilhosas que são - quase - derrubadas não só pelas "technical difficulties", mas, principalmente, pelos narradores e comentaristas que perpetram pérolas desse naipe:
-"Os três surfistas desta bateria estão usando camisetas de cor azul, branco e vermelho que são as cores da bandeira havaiana!"
-"Oh!"
-"Impressionante a torcida brasileira presente. É um mar verde e amarelo!" (Vi uns quatro ou cinco.)
E, claro, não pode faltar a indefectível -"É-mui-ta-dre-na-li-na!"

Acho que mais doidos do que os competidores são os fotógrafos dentro d'água, de capacete, pés de pato, câmera na mão, tomando caixotes seguidos na cabeça e captando imagens inacreditáveis.

Tão impressionante quanto as emoções da final, foi ver que Pipeline também pode apresentar ondinhas safadas quebrando quase na areia. (Certamente é culpa do aquecimento global ou da Dilma.)

No final das contas, dá Gabriel Medina, os narradores e comentaristas se derramam em elogios babacas mas, é muito legal ver o local de Maresias ser o primeiro campeão mundial brasileiro depois de 38 anos de participação tupiniquim nesse esporte.

Pra finalizar, o comentarista tem a coragem de declamar emocionado: -"Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor."

Onde está a chibata?!

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

BAGÃO SABE TUDO!

Segue mais um primoroso artigo do António Bagão Félix - hoje no Público de Lisboa:


Comentário sobre comentários (futebolísticos)

Como em quase tudo na vida, o resultado condiciona a apreciação do que a ele conduz.

No desporto, esta regra é quase levada ao estatuto de universal.
Os comentários sobre um jogo acabam sempre por dar razão ao resultado.
À falta de melhor conclusão, há sempre a velha frase “não obstante, o resultado acaba por justificar-se”. Como se vê pelo uso do verbo reflexivo, o dito resultado contém em si a justificação.

Vejamos o clássico de domingo. O Benfica venceu por 2–0 (como benfiquista estou muito contente, o que certamente não acontecerá com os portistas que fazem o favor de me ler). Os jornais e comentadores não pouparam elogios aos encarnados, no plano táctico, na inteligência de jogo, na eficácia letal.

Qualquer coisa como isto: “Jogando com paciência e cinismo, o Benfica acabou por ver premiada a sua inteligência táctica e o rigor posicional. Foi cirurgicamente venenoso nos seus rápidos contra-ataques que abalaram a defesa portista. Uma vitória do carácter, da persistência e da ousadia”.

Mas, como a contingência é a vida no jogo jogado, poderia ter acontecido um resultado favorável ao Porto.
Ora, neste caso, e tudo o resto igual (ou como se usa muito em economia “ceteris paribus”), dir-se-ia categoricamente: “O Porto foi um justo vencedor. Teve mais bola, foi inteligente na ocupação do espaço, o Benfica esteve quase sempre manietado por uma defesa alta dos portistas, e não teve antídoto sempre que o Porto acelerava e flanqueava o seu jogoUma vitória do colectivo alicerçada em valores individuais de classe.

Que me perdoem os bons profissionais, mas percebe-se por que razão o som da minha televisão vai ficando imperceptível quando vejo um jogo…

domingo, 14 de dezembro de 2014

TÁ TUDO PERDIDO


Domingão, fim de tarde, lá vou eu para um rápido "pps" - passeio ao por do sol.
Na areia alguns poucos remanescentes do praião que rolou hoje e, claro, a garotada jogando pelada de gol pequeno - maré baixa, areia plana, uma delícia.

Calçadão lotado, tem de tudo. Ciclistas e skatistas serpenteando entre as pessoas, casais de muito velhos, casais de velhos, muitos turistas, alguns gays e casais jovens.

Acho curioso é que a maioria senta na mureta de costas para o mar que oferece esse visual inacreditável aí da foto. Pelo sotaque das conversas dá pra perceber que são locais. Ou seja, já estão mais do que acostumados com o espetáculo. O que não desculpa, mas justifica.
Os velhos, os muito velhos e os gays estão sempre conversando, de mãos dadas ou se beijando ou se abraçando ou os dois.

Dentro dos carros estacionados de frente para a imensidão verde azulada está a maioria dos casais jovens.
E é aí que a coisa pega. Estão todos, sem exceção, com os pescoços inclinados agarrados a seus celulares. Não conversam, não se beijam, no máximo mostram um para o outro alguma idiotice estampada na tela. Às vezes dão uma risadinha e seguem em seus mundos particulares.

Seria ridículo se não fosse trágico ou cômico se não fosse ridículo.

sábado, 13 de dezembro de 2014

OH!


Após profundos estudos, análises e reflexões, especialistas afirmam que 2015 vai ser um ano difícil para a hotelaria nas cidades sede da Copa 2014. O caso mais problemático é o de Belo Horizonte.

Oh! Que surpresa!

Os profundos estudos afirmam ainda que Belo Horizonte, beneficiada por uma lei municipal de isenção fiscal, foi a que mais inaugurou hotéis em 2014.

Assim, aproveitando a boquinha da isenção, um punhado de hotéis foram erguidos para receber o fantástico contingente de turistas-torcedores para os 6 (seis) jogos no Mineirão.

Diga lá, antenado leitor empreendedor: você empataria sua grana na construção, manutenção, etc, de um hotel com essa perspectiva?
6 (seis) jogos da Copa?
Ah, mas tem o "turismo de negócios".
Arrã...
Qualquer pessoa que passar meia hora na capital mineira sabe que a cidade serve para o turista descer em Confins, bater pique e se mandar pra Ouro Preto e adjacências.

A taxa prevista de ocupação hoteleira para 2015 em BH é de 40%.
O que gera ansiedade no setor. Segundo a presidente da ABIH-MG, "Estamos muito preocupados. Os hoteleiros começaram a conversar e a informar a ocupação para evitar uma guerra de tarifas baixas."

Oh! Que maçada hein, Batman?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

SEM FIO


Acho muito doida a forma como todos nós, sem exceção, assimilamos as notícias. As mesmas notícias são vistas de maneiras totalmente assimétricas e, perigo, transmitidas ao próximo desavisado tal e qual um telefone sem fio (lembra dessa brincadeira?) sofrendo deturpações incríveis pelo caminho.

E ainda; a grande maioria das pessoas que se entrega a essa prática não faz por mal. É que nós assimilamos e interpretamos da maneira que fomos criados, da forma que nosso conjunto social reage, a partir da empatia - ou falta de - que sentimos pelo emissor da notícia, seja qual for. Pela televisão, rádio, internet, jornal ou o vizinho, a carga inconsciente de simpatia ou antipatia vai ter um peso danado no julgamento do fato.

Claro que nessa equação participam também a quantidade brutal de informações que nos são bombardeadas, a velocidade com que precisamos reagir (vício novo criado e alimentado pela internet) e o grau do nosso interesse na coisa.
Assim, se eu escuto que "Em Belo Horizonte um viaduto está com a estrutura trincada", dependendo do meu grau de pressa e de interesse, além da ligação com fato recente, essa notícia pode ser registrada como "Caiu mais um viaduto em BH."

Que foi o que escutei ontem de um cidadão que comandava a complexa instalação de um papel de parede.
-Quêisso??
-Pois foi... Vi na hora do almoço.

Fim do dia, chego ao cubiculum e vou checar. A notícia era quase essa (o viaduto é em Contagem) e terminava dizendo que o "caído" seria liberado para o trânsito.

CQD.

É TUDO IGUAL, MAS É DIFERENTE


Começa hoje, no Espaço Cultural José Lins do Rego, o 9o. Fest Aruanda do Áudiovisual Brasileiro.

Que vem a ser, nas palavras dos organizadores:
"... A celebração do Cinema Brasileiro com sotaque paraibano-nordestino está de volta. O Fest-Aruanda pede passagem para ficar mais uma semana em cartaz, embalado alegoricamente por um personagem sem rosto a capturar o real, sua estética e sua verdade, espelhando simbolismos diversos de nosso ethos cinematográfico que parece oscilar instantes de calmaria e embates, conformismos e resistências. Do alto de sua dimensão metafórica, exacerbada por fios desencapados de uma 'câmera' em estado bruto, as vitrines parecem muitas, mas pouquíssimas são as telas a serem iluminadas por suas próprias imagens em movimento. 'Imagens amadas', porém, órfãs de telas, padecendo de paradoxal invisibilidade é um dos pontos de inflexão da identidade visual desta edição..."

O que, pra mim, significa a mesma churumela presente em todas as manifestações artísticas - tupiniquins ou não.
Por que as pessoas têm que complicar as coisas?
Por que essa mania de embolar palavras que acabam não dizendo nada? Ou será que algo de mais profundo me escapou nessa preciosidade? "... sua dimensão metafórica, exacerbada por fios desencapados de uma 'câmera' em estado bruto..."

O diferente fica por conta do Espaço Cultural que é surpreendente e, definitivamente, espetacular.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

ESPORTE DA MENTE(CAPTA)!

2a. feira feriado, jeitão de domingo, me entrego ao poker vespertino.

Junto com mais 14.999 otimistas vou jogar um torneio que, caso eu chegue entre os 100 primeiros, me dará a chance de participar de outro torneio cujo fabuloso prêmio é de US$ 200 para o anormal que chegar em primeiro entre outros 14.999.
Como pratico a filosofia de que, para ganhar, a primeira coisa que você deve fazer é concorrer, lá vou eu para a mesa.

E na minha esquerda aparece "Elena_Roxana_"!
Danou-se. Minha vida virou um turbilhão de emoções.
Tudo adquiriu um novo sentido.
Seus olhinhos inexpressivos, seus cabelos negros como a asa da graúna, seu sorriso idiota e seu nariz achatado fazem com que eu pare de raciocinar com clareza.

Começa o jogo e "Elena_Roxana_" está ausente.
Tudo perde o sentido.
Desisto com rei e dama de ouros.

Próxima mão, sou premiado com um par de ases.
"Elena_Roxana_" entra no jogo e manda "all in" com rei e seis (?!).
Pobre "Elena_Roxana_"­...

Pago, vem o flop com seis, valete e dez.
Poobre "Elena_Roxana_"...

Vem o turn, dama.
Pooobre (com 11 "outs"?) "Elena_Roxana_"...

E vem o river: seis.
Tenho dois pares e essa vaca dessa bingo player, que dá "all in" de rei e seis, me leva com trinca no river!

Odeio poker.

sábado, 6 de dezembro de 2014

ESCURIDÃO, FUMAÇA, DESAPEGO

Como já devo ter dito várias vezes, da janela do meu cubiculum vejo o mar.
Assim sendo fico sempre caçando desculpas pra chegar na janela e ver a altura da maré, a cor, o horizonte, como estão se comportando as ondas, enfim, com qual jeitão está se apresentando essa entidade difícil de se explicar.

Então, cada cigarrinho é degustado na janela.
Depois de checar todos os itens marítimos constato que, além do marzão tenho também a paisagem humana - passeando no calçadão. É desanimador mas, por mais que se esforcem, não conseguem atrapalhar o conjunto.

Findo o adorável vício fecho a cortina, olho para dentro e três palavras invadem minha cabeça: "escuridão, fumaça, desapego".

Escuridão e fumaça, tudo bem. Mas, "desapego"? A troco de quê?
Eu, hein? (Última cerveja da tarde).

(Aviso a um possível desavisado leitor: caso você resolva me enviar pps's ou links de autoajuda ou algo no gênero, será sumariamente deletado e pior: sofrerá com as sete pragas do Egito.)

MINIATURA

Você aí, antenado e conturbado leitor por tudo o que está vendo n(argh!) "política brasileira"
(obs.: Política Brasileira está em minúsculas e entre aspas porque é o máximo de elegância que consigo alcançar ao mencionar essa realidade surrealista em que vivemos desde 1501.), quer entender o Brasil sem fazer muita força?

João Pessoa é, como muitas outras cidades devem ser nesse nordeste incrivelmente doidão, um resumo do Brasil.

Desigualdade Social - está estampada na sua cara 24 horas por dia. Nos sinais de trânsito mendigos pedem esmolas a motoristas de Land Rover (tem mais do que Palio), Mercedes, BMW (Bebo Muito Whisky) além de várias Porsche's, Maseratti's, Ferrari's e por aí afora.

Gente - como em quase qualquer outra cidade, aqui coexistem os Pessoenses e os Peçonhentos. E, sem sombra de dúvida, os Pessoenses são maioria absoluta.

Praias - são tão boas como as outras desses aproximadamente oito mil quilômetros de litoral tupiniquim. Mas, para quem como eu esgotou sua cota de água fria no Leme-RJ, não existe nada no mundo igual às praias do nordeste.

Interior - cheio de pobreza material e riqueza cultural. O que sempre foi, e continua sendo, uma grande sacanagem presente em todos os estados da nação.

Mulher Pelada Correndo na Rua - agora elas buscam os 15 minutos de fama e os 15 milhões de acessos na internet correndo peladas pelas ruas. Começou no Rio Grande do Sul (acho) e já chegou a Arapiraca-AL - como comprova a foto. (Estima-se para março a ocorrência real em JP - 'real' porque, principalmente no verão, turista não vale.)

Tradição e Religiosidade - aparentemente mais fortes no nordeste do que em outras regiões mas, há controvérsias!
E aí, não resisto a contar mais uma rápida historinha colhida numa das muitas conversas que ando tendo por aqui.
Nas palavras (aproximadas) do narrador:
-"Imagine que acertei com a rapariga, chegamu no motel e tinha uma iscadinha da garage para o quarto. Pois, acridite: ela desceu do carro, deu uma alongadinha, se benzeu e subiu o primeiro degrau com o pé direito!
E eu: Ôxe! Ô minina, cê num vale esse campeonato todo nããão..."

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

QUE SINA!


Povo bom de conversa o nordestino. Tanto que já estou me acostumando ao fato consumado: não existem conversas rápidas, diretas ao ponto.
Ou, por outro lado, até existem; mas, quando ocorrem, o assunto principal é resolvido em segundos e a conversa segue por vários minutos.

E foi numa dessas que um cidadão me saiu com essa pérola:
"O carrinho até que é bom, mas é mais roubado do que máquina de fotógrafo."

Aí, parei de prestar atenção pois... É verdade!
Tenho bons amigos fotógrafos (um deles, inclusive se mandou há pouco tempo) e acho que todos eles já foram roubados.
Se não todos, all in que eles conhecem vários que já foram.

Vai ver é pré-requisito para ser um bom fotógrafo ou, mais provável, pode ser fruto de mentes que viajam além dessas pequenezas terrenas e não tomam o cuidado devido aos tempos em que vivemos.

Resumindo, como diria Obelix: "São loucos esses fotógrafos!"

ZICO


O Natal rubro negro é comemorado em 3 de março - nascimento de nosso ídolo maior. Mas, não dá pra esperar. Esse vídeo é histórico, maravilhoso, etc e coisa e tal.

E o mais importante: reparem, rubro negros ou não, que ele, no Maracanã, primeiro corria para a torcida e em seguida abraçava os companheiros. Tem um gol que ele faz à direita das tribunas e atravessa o campo para vibrar conosco.

Tão diferente dos dedinhos para o alto, dedões na boca, corridas para as câmeras, coraçõezinhos (argh!) e tantas outras manifestações idiotas e egoístas que não combinam com o futebol que conheci.

Mas, isso é tudo bobagem, né?
Importante é que o empresário está conversando com qualquer time cujo vai se tornar, em 15 minutos, paixão eterna do cara de pau que vai tirar foto beijando o escudo, etc.

Saudosista, ultrapassado, pode falar o que quiser. Ninguém vai me convencer que Diegos Tardelis, Freds ou mesmo Neymares, cheguem perto da lateral do campo em que Zico jogou.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

TEMPO, TEMPO.


Nós, estranhos seres que cultivamos o estranho hábito da pontualidade, certamente sofremos mais do que os outros com o controle do tempo.
Não adianta dizer que ninguém liga pra horários. Nós, os pontuais, não só ligamos como somos obcecados com eles. Tudo bem, somos uns chatos, deveríamos morar em Londres, e o bla-bla-bla de sempre.

Mas, o buraco é mais embaixo.
Já desisti de me chatear ou chatear os outros por essa coisa ridícula e insignificante que é chegar na hora combinada.
Por vezes me divirto com as desculpas esfarrapadas e, mais ainda, com a absoluta indiferença que a grande maioria ostenta ao se atrasar apenas 20 ou 30 ou 40 ou sei lá mais quantos minutos.

É que a sociedade tupiniquim desenvolveu uma curiosa discriminação: quem chega na hora, seja para um jantar, para um chopp no boteco, para uma festa ou mesmo para uma reunião de trabalho, é meio bastante brega, sabe assim?
(Desde que as reuniões não sejam com gringos. Quando são, os tupiniquins chegam meia hora antes e ficam nervosinhos andando prum lado e pro outro.)

É o nosso jeitinho escroto de ser, né?
Cheguei à triste conclusão que é, sim!
Então venho tentando, bravamente, me adaptar.
E aí é que mora o ridículo da coisa: pontual incorrigível que sou, planejo o atraso! (Vou chegar 20 minutos atrasado. Não. 20 é demais; 10. 10 não é atraso! Vou atrasar meia hora. É chique e vou chegar com cara de paisagem - não adianta - acabo chegando sempre 5 minutos antes. Puto da vida.)
Como não venho conseguindo sucesso no empreendimento e estou é sofrendo mais ainda, resolvi ligar o foda-se.
Vou continuar chegando 5 minutos antes do combinado, vou esperar o tanto que suportar e tentar achar algo útil para fazer no período de espera.

E, nesse período, já comprovei: o horror dos horrores é se entregar a jogos no áifone. É batata: basta você estar ganhando para o pentelho atrasado aparecer cheio de alegria.

Melhor ler jornal ou revista. Eles andam tão ruins que nenhuma interrupção vai ser digna de maiores emoções.

domingo, 30 de novembro de 2014

AGRURAS DE UM PAI SEPARADO


Domingão, fim de tarde, por do sol, atravesso a rua e vou pra praia degustar esse visual aí da foto. Só que por pouco tempo.

À minha esquerda desembarcam pai e filho.
O filho, gurdim desajeitado, mostrando empolgação zero, pula na areia com uma bola debaixo do braço. O pai, se desvencilha de tênis, meia, etc, e vai para a peleja.
O gurdim é dar dó. Começa querendo jogar vôlei. No primeiro toque a bola resvala entre as mãos, areia nos olhos e o pai observando as mulheres que passam pelo calçadão.

Passam para o futebol.
O pai, dono de uma canhota certeira, põe todas as bolas na frente do gurdim. Cujo tropeça, bate de canela, de joelho, de bochecha, um inferno. O pai segue de olho no calçadão enquanto aguarda o filho buscar bola após bola.

O gurdim cansa e senta na bola. Após uma rápida reunião onde ambos parecem tratar da imensidão do universo relacionada aos grãos de areia, acabam por concordar e vão correr em círculos. Com raios relativamente grandes. O gurdim se esforça durante quase duas voltas, tropeça nas pernas e cai. O pai desiste, eles pegam a bola, sandálias, tênis, camisetas, etc e vão embora.

Passam por mim sem conseguir disfarçar o alívio que ambos estão sentindo. Enquanto eu, de minha parte, espero ter conseguido disfarçar a tristeza que estava sentindo por ambos.

OBRIGAÇÕES


Palavrinha excomungada mas, inevitável.
Nossa vida é repleta de obrigações, a maioria delas sociais e, pior, muitas delas são perfeitamente dispensáveis uma vez que são criadas por nós mesmos.

Ocorre que, se encaramos essas obrigações como uma forma de tentar viver em harmonia com o restante dessa coisa esquisita que chamam de humanidade, elas, as obrigações, podem se transformar em um agradável exercício de convivência.

Lindo isso, né?
Mas, tenta por em prática. É pra lá de complicadinho.

Por exemplo, pra mim é natural dar bom dia às pessoas quando entro num elevador. As reações a esse simples comportamento são tão reveladoras que se transformariam em fonte de renda se fossem as mesmas numa mesa de poker.
As pessoas se dividem entre as francamente compungidas olhando para o nada e as que simplesmente respondem ao cumprimento.

Por outro lado, aposto que, como vocês, tenho várias obrigações sociais - mais uma vez - que são perfeitamente dispensáveis.
A confirmação disso veio da minha adorável primogênita que, essa semana, me declarou: "Depois de um tempão de terapia cheguei à conclusão de que não tenho que me preocupar com que as pessoas pensam de mim. Eu sei quem eu sou e basta."

Isso pra mim não significou, em nenhuma hipótese, uma atitude "foda-se o mundo" mas sim uma atitude completamente pacífica e equilibrada.
O complicado é chegar ao "Sei quem eu sou"!

Você sabe como, antenado leitor?
Se sim, sinta-se à vontade para contribuir.
Se não, benvindo à turma.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O QUE EXPLICA ESSA ÂNSIA?


Antes de considerar uma imensa babaquice, acho que essa história de "black friday" é, no mínimo, preocupante por ser uma demonstração monumental de "êêôô, vida de gado, povo marcado, povo feliz".

E é engraçado ver um monte de gente caindo de pau e, na encolha, checando as ofertas. Incluindo o locutor que vos fala.
Mas, tenho um atenuante: era pesquisa de preços com intuito totalmente profissional. E também importante: não comprei nada por não ter visto nenhum preço que justificasse essa pseudo histeria.

Fica o registro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

OS REIS DO TROCADILHO


Segundo informações colhidas, já existem mais pet shops do que padarias em terras tupiniquins.

De minha parte, excetuando-se os humanóides, não tenho nenhuma admiração ou paixão por animais em geral.
Mas, não posso deixar de admirar a criatividade dos empresários de pet shops Brasil afora.

Exemplos como "Homeo Patas", "Cãopacabana", "Cãopanhia", "Gato Ponto Cão", "Ki-late", "Whoof" e vários outros, mostram a criatividade e malemolência do segmento em geral.

As pet shops, depois de ultrapassarem as padarias, já devem estar concorrendo com as óticas e aí o buraco vai ficando cada vez mais embaixo.

Assim sendo, minha campeã do mês, com muitas chances de levar o Oscar de "pet-marcas" seria essa da foto.

Só que, cruel oportunidade perdida, trata-se de uma rede de lanchonetes de hot-dogs!