sábado, 30 de abril de 2016

LÍNGUAS!


Seguem alguns milhares de caracteres sobre línguas - no sentido fonético (a imagem enganou vocês - confessem seus sexopatas!) - textão este que, pra quem gosta, certamente proporcionará grande prazer na leitura desse delicioso artigo sobre a eterna magia que é, no final das contas, a comunicação.


Marco Neves é tradutor, professor e escritor português, autor do livro "Doze Segredos da Língua Portuguesa", pela Guerra e Paz Editores de Lisboa. É também autor do blog Certas Palavras

Alguns livros são como barras de chocolate: apetece comê-los duma vez, mas com alguma força de vontade conseguimos ir deixando uns pedaços para depois. Há um livro que é uma tentação para os meus olhos: A Mouthful of Air, de Anthony Burgess.

Burgess é um dos meus autores favoritos. O livro é sobre línguas. Junta-se o agradável ao apetitoso, e fico maravilhado a ler sobre línguas, sobre literatura e tudo com aquela voz inconfundível de quem faz o que quer com a coitada da língua inglesa, que no fim nem sabe de que terra é.

Assim, com muita força de vontade, vou lendo o livro devagarinho, ao longo de muito tempo. Sim, às vezes consigo fazer isso mesmo. Ora, há pouco apeteceu-me ler mais um pouco. Foi assim que, enquanto ao meu lado o meu filho seguia uma história de lobos e tigres, li sobre aquilo que se sabe da pronúncia de Shakespeare.
Burgess lá explicava, divertido, que se os nossos ouvidos de hoje em dia aterrassem na Londres isabelina e ouvissem o próprio do Shakespeare a declamar os seus sonetos ou a representar alguma das suas peças, ficariam admiradíssimos com o sotaque que hoje diríamos bem provinciano. Só como exemplo, «lust» seria lido com um «u» à portuguesa, «shame» seria algo como «shéme», «so» seria «sô», tal como «to go» («to gô»), «to know» («to nô»), etc.
Ora, o mesmo aconteceria se nós, portugueses de agora, nos víssemos transportados para a Lisboa quinhentista e encontrássemos Camões na rua. A sua pronúncia estaria cheia de características que hoje diríamos ser nortenhas, ou talvez agalegadas ou — caia então o Carmo e a Trindade — brasileiras!
Não estou a dizer que Camões falava como um brasileiro de agora. Estou apenas a dizer que a pronúncia seria tão diferente da nossa que teríamos dificuldade em localizá-la — e algumas das suas características (as vogais bem mais abertas, por exemplo) são hoje típicas do português do Brasil e não do nosso português de Portugal.
Para quem tem da língua a visão de qualquer coisa de imutável que alguns safados andam a mutilar, isto fará muita confusão. Mas, não: a língua muda mesmo muito ao longo dos séculos: as vogais mudam, as consoantes também, as palavras perdem e ganham sentidos de forma imprevisível, a sintaxe também tem as suas danças. (A ortografia, se formos a ver bem, até acaba por ser dos aspectos da língua que menos muda…)
Algumas das características do português-padrão que damos por adquiridas e que fazem parte integrante do «falar bem» de hoje em dia começaram como modas ou como maneiras de falar que os bem-falantes da época desprezavam activamente. Tudo isto tem muito de aleatório — e pouco de consciente.
Podemos analisar as mudanças e até combater algumas delas. Agora, o que não é verdade é que a língua exista imutável e pura, fora da boca dos seus falantes. E, sim, temos mesmo de admitir: a língua portuguesa, como qualquer outra, é um bicho difícil de apanhar e de compreender — mas, como um tigre, é um bicho perigoso, mas muito belo.
Sim, Camões falava um português diferente do nosso: e eu, por mim, gostava de poder ouvi-lo — não sendo possível, podemos tentar reconstruir a sua pronúncia através dum estudo aprofundado da sua escrita: olhando, por exemplo, para certas características ortográficas, para os erros que denunciam determinada forma de falar ou para as rimas, que mostram como o final das palavras soava na época (são algumas das técnicas dos linguistas históricos).
Enfim, é assim que sabemos que, provavelmente, Camões soaria, aos nossos ouvidos, um pouco a nortenho com travos de brasileiro. Tudo isso faz parte da nossa língua — tal como a estranha pronúncia de Shakespeare também faz parte do inglês.
Ora, longe de me horrorizar, pensar nisto põe-me um sorriso na boca.

(Via Gilberto Cruvinel no GGN)

sexta-feira, 29 de abril de 2016

MUJERES E HOMBRES!


Penso que as mulheres devem, é claro, ter os mesmos parâmetros sociais, profissionais, constitucionais, etc e tal, dos homens em todas as situações.

A perpetuação da espécie, logicamente, não é exclusividade feminina.
Mas, o cinismo de definir o papel da mulher como "criatura a ser cuidada, protegida, amparada" numa pessimamente disfarçada atitude patriarcal e escravagista que vem de nossos ancestrais, é uma das muitas coisas a serem expurgadas de nosso cotidiano.

Arrã... Mas como fazer isso virar realidade?

Passeatas, gritaria, abaixo assinados internetianos (que dificilmente chegam a algum resultado real), artigos inflamados, etc, tá legal:
são importantes para manter a chama acesa.

Entretanto acho que, paralelamente, se os casais (não importando o estado civil) cultivassem, antes de tudo - a amizade -, as coisas poderiam caminhar mais rapidamente.

Claro que é uma tarefa de extrema dificuldade.
Imaginemos duas situações paralelas entre dois casais:

1. Os dois amigos estão na borracharia para trocar as rodas de seus carros. Enquanto a função se desenrola, a conversa flui entre eles sobre a vida em geral, a crise, os motores dos carros, etc. O borracheiro dá pitaco nos assuntos e tudo segue num clima ameno e divertido. Terminada a tarefa, conversam mais um pouco e vão embora se sentindo bem. Tanto os amigos quanto o borracheiro.

2. Ao mesmo tempo suas esposas, namoradas, ficantes, (escolhaí) estão numa loja para comprar sapatos. Enquanto a função se desenrola, a conversa flui entre elas sobre a vida em geral, a crise, sabe-se lá mais o quê, etc, etc, etc, a vendedora dá pitaco em todos os assuntos e tudo segue num clima ameno e divertido. Terminada a tarefa, conversam mais um pouco e vão embora se sentindo bem. Tanto as amigas quanto a vendedora.

Pois bem. Misturemos as situações.

Um casal na borracharia e o outro casal na loja de sapatos.
Duvido que Hum (01) dos milhares e milhares de leitores deste blog vá discordar: All In que vai dar merda. Ou algo próximo.

Aí é que entra a Amizade!

Cuja, na minha utopia, pode ser resumida em cada um(a) respeitar o(a) outro(a) e "Voar além do mar, Além do som, Além da luz... Sentir o céu se transformar num lindo blue" nas imortais palavras do Walter Franco - meu doidão favorito.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

A ADEG INFORMA


“Substituição no Flamengo; sai Zico, entra Tita.”

Era assim que os alto falantes do Maracanã anunciavam as substituições.
Lembrei disso ao constatar que, nesses esquisitíssimos dias em que vivemos, tenho visto substituições instantâneas no gosto de muita gente. Cujas, pra mim, são impressionantes.

Se não, vejamos:

Sai Jô Soares, entra Danilo Gentili.
Sai Chico Buarque, entram Lobão e Roger.
Sai Luis Fernando Veríssimo, entram Merval Pereira e Arnaldo Jabor.
Sai Leonardo Boff, entra Silas Malafaia.

E, o que mais me impressiona é ver, nos botecos e fêicibúquis da vida, todos felizes com essas substituições, pois o importante é que saiam Lula, Dilma e o PT.
E entrem Eduardo Cunha, Temer, Aécio, Bolsonaro, Feliciano, etc!!!

Mas, futebol é assim mesmo, o importante é a vitória a qualquer custo e a merda que virá... “Não vem ao caso”.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

UM TANTO OU QUANTO ATRASADO...

Segue minha humilde contribuição para a babaquice do momento:

Bela, Recatada e do Lar

domingo, 24 de abril de 2016

SUPERPODER

A idade confere - a alguns - um interessante superpoder: o da invisibilidade.
Sou um dos aquinhoados (boa essa, hein) como pude, mais uma vez, comprovar hoje andando na praia cheia.
Se eu não me desvio, esbarro nas pessoas que tomariam um puta susto. Como detesto sustos, consequentemente não acho graça em assustar ninguém.

Mas, é um superpoder instável.
Primeira instabilidade: se uma bola de frescobol escapa em sua direção, imediatamente você se torna visível. É a oportunidade de uma pequena porém doce vingança: cara de paisagem, a bola passa ao lado e, retornando à invisibilidade, sigo em frente.

Segunda instabilidade: quando você cruza com um cidadão portando o mesmo layout - os poucos cabelos que restam são brancos e "as rugas fizeram residência no meu rosto" nas palavras do imortal Nelson Cavaquinho.
Pois bem. Invariavelmente o cidadão vai te olhar com cara de quem está googlando a mente à procura de identificação. Nessas horas dou bom dia e sigo com a certeza de que ele ficou mais confuso ainda.

Terceira instabilidade: os shoppings. Você andando nos corredores é pior do que praia. Mas, dê um micropasso em direção a qualquer loja e vupt! -"Posso ajudar..."

É chato não poder controlar o superpoder. Então, o jeito é tentar me divertir com ele. (Até agora, acho que estou conseguindo.)

sábado, 23 de abril de 2016

DESAFIO

Googlei durante loongos 5 minutos e não consegui achar a letra dessa deliciosa "No meu Chevette, Não!"
do Xisto Medeiros e Astier Basílio.

Como não tenho a menor chance de entender 'lo que se pasa', fica o desafio/caridade aos milhares e milhares de leitores: A Letra!




Obs. 1: O cara é baixista!
Obs. 2: A Lucy Alves pré-globo, acho bem melhor.
Obs. 3: A irmã dela, na ponta tocando tambor (ou algo que o valha), também arrebenta no violino.

CHAMADA NOTA 10


Assistindo 'Angie Tribeca', intervalo, vou fazer xixi e escuto essa chamada com locução em tom tenebroso.

"Todos nós os conhecemos. Todos nós os admiramos.
Mas, só temos uma dúvida: De quê eles se vingam?"

sexta-feira, 22 de abril de 2016

O TEMPO PASSA, O TEMPO VOA...

E a Betinha Duracell continua numa boa!

quinta-feira, 21 de abril de 2016

E LÁ SE FOI MAIS UMA FIGURAÇA!

Quem era "djóvem" na década de 80 certamente tem o Prince entre suas maioneses e ketchups na geladeira.
(Explicando: "maioneses e ketchups" são coisas que você não presta muita atenção mas que, quando abre a geladeira, estão sempre lá; Pet Shop Boys, por exemplo.)

Pra mim o Prince era essa categoria.
Um tremendo músico, um tremendo guitarrista, em resumo, uma figuraça.

Dinner with Delores, acho uma obra prima.
Como não achei nos iútubes da vida, segue esse vídeo em homenagem ao George Harrison onde ele arrebenta la bouche du balon.
(Os apressadinhos devem ir direto pra depois dos 3:20)


Em tempo: tenho a impressão que os "rockstars" das antigas devem, discretamente é claro, rezar diariamente pela morte de algum contemporâneo. É a chance deles aparecerem de novo em um "concerto pela memória" e faturar mais algum.
No caso do Prince acho que vai ser complicado mas, aguardemos.

Em tempo 2: dá até nervoso o tanto que o filho do George Harrison parece com ele, né não?

quarta-feira, 20 de abril de 2016

MISTÉRIOS A SEREM DESVENDADOS

A música nordestina é de uma gostosura maravilhosamente única.
Tanto pelo ritmo quanto pela qualidade dos instrumentistas.
Tanto pela sonoridade quanto pela qualidade dos arranjos.

Mas, a velocidade com que as letras são cantadas, aliadas ao sotaque, fazem com que o locutor que vos fala, recém-chegado, tenha que recorrer regularmente ao google para ler e entender as letras.
Aí é um raro prazer: -Putz! Então era isso que eles estavam dizendo!

Exemplos vários já postei por aqui. É só pesquisar "Clã Brasil" que vocês vão comprovar o que estou dizendo.
Entretanto, não importa a região, as letras de difícil entendimento - não da pronúncia mas do significado - são uma constante na MPB.

Vide os versos dessa pérola a seguir, de autoria do excelente Chico César:

Paraíba meu amor
Eu estava de saída
Mas eu vou ficar
Não quero chorar
O choro da despedida
O acaso da minha vida
Um dado não abolirá
Pois seguirás bem dentro de mim
Como um são joão sem fim
Queimando o sertão
E a fogueirinha é lanterna de laser
Ilumina o festejo do meu coração

Então vamos lá: o cidadão desistiu de ir embora por não querer o drama da despedida (?!).
Até aí, tudo bem.
Mas, what porra significa "O acaso da minha vida, Um dado não abolirá"?
E, se ele resolveu ficar, por que ... "seguirás bem dentro de mim, Como um são joão sem fim, Queimando o sertão"?

Em consonância com os dias de hoje, fiquei logo pensando em implicações políticas mas, segundo profundas pesquisas do DataHaja, Elba Ramalho gravou essa música em 1998 no disco "Flor da Paraíba".
E o cidadão compositor, ainda segundo o DataHaja, só foi se envolver na política em 2009 quando "tomou posse na presidência da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). De janeiro 2011 a dezembro de 2014 foi Secretário de Cultura do estado da Paraíba".

Danou-se a teoria e aguardo sugestões dos criativos amantes de lendas urbanas que se fartam de teorias mirabolantes sobre, entre vários exemplos, as letras do Djavan.
Cujo, convenhamos, é um convite a interpretações estapafúrdias coerentes com "açaí guardiã zum de besouro um imã"...

terça-feira, 19 de abril de 2016

SIM! SIM! SIM! SIM! SIM!

Pra mim essa infeliz, que horas depois de dar esse patético espetáculo, viu seu homenageado ser preso, é o retrato acabado do vexame coletivo de domingo.

Vexame este que já corre mundo e revive o eterno Bussunda:
“Ô povinho bunda!”

Em tempo 1: por “povinho bunda” entenda-se os frequentadores atuais dessa coisa envergonhante denominada câmara dos deputados.

Em tempo 2: alguém sabe quem é esse gordinho papagaio de pirata que ficou plantado ali horas e horas, fazendo caras e bocas?

domingo, 17 de abril de 2016

PROFESIONAL!

Muito lá no século passado entrei, pela primeira vez, num cassino em Ciudad del Este, esquina de Foz do Iguaçu.
E, após ganhar uma graninha cercando o 22, ao me entregar as fichas ouvi do crupiê o falso elogio: "Pro-fe-sio-nal..."

Lembrei disso após ver, nesse deprimente espetáculo de hoje, o Eduardo Cunha ser xingado, pelo menos umas cinquenta vezes, de gangster, ladrão, safado, corrupto, etc, etc. E ele não mexeu um músculo!
"Pro-fe-sio-nal!"

Assisti do início ao fim.
(Continua chovendo pracacete na capital paraibana.)

As inacreditáveis declarações dos nobres representantes do povo, recheadas de "Voto em homenagem à Deus, a meus filhos, Andrezinho, Mariazinha e aquele outrinho... Ah! Paulo Henrique!, mais a minha Tia Geni que me criou, Tia Eurídes que me educou e a todos os meus eleitores.", tristemente escancaram o nível de nossos políticos.

E o melhor resumo da ópera veio de uma deputada, cuja infelizmente esqueci o nome, que definiu com perfeição:
"Nunca vi tanta hipocrisia por metro quadrado!"

sábado, 16 de abril de 2016

E VOCÊ LÁ VIU CHUVA, MININO!


Como podemos constatar pelas fotos tiradas agorinha, chove pracacete na capital paraibana.
O que me lembrou uma piadinha velha (como nós, colecionadores, sabemos que todas são), mas que gosto muito.

O sujeito morre tragicamente e, chegando no céu, Deus começa o interrogatório:
- Do que você morreu, meu filho?
- Ah, senhor... Foi por causa da enchente!

Enquanto o recém-chegado contava como foi sua morte, um outro cidadão do céu interrompeu:
- Enchente o cacete! Deve ter sido uma chuvinha bem mixuruca!
- Não! Foi enchente mesmo - disse o novo hóspede, indignado.
A cidade toda ficou debaixo d'água!
- O quê?! Você não sabe o que é uma chuva de verdade!
- Como não? Perdemos o carro e a casa por causa da enchente!
- Deixa de ser frouxo, rapaz. Chuvinha de bosta...

Aí, Deus não se conteve e interveio:
- Porra, Noé, deixa o cara contar a história dele em paz!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

INTERMARES


É um bairro de Cabedelo (parte da Grande João Pessoa)
cujo, o locutor que vos fala, escorado em mais de 60 anos de praia, declara possuir uma das mais bonitas do planeta.
E tenho dito.

Além de ser considerado um dos mais importantes berços das tartarugas marinhas paraibanas, toda a região é envolta de áreas de proteção ambiental como Mata Atlântica, manguezal e barreiras de corais.

E aqui cabe uma divagação: não mantenho nenhum tipo de relacionamento com quaisquer espécies animais.
Me bastam, parcamente, as espécies ditas humanas.
Mas, quando você vem andando na praia e se depara com uma enorme tartaruga afogada (sim, as tartarugas se afogam) por sacos plásticos ou redes, dá vontade de largar tudo e se alistar no Greenpeace.

Back to the cold cow, o bairro de Intermares, além de tudo isso, tem uma característica que acho espetacular: os nomes das ruas e avenidas.

As três avenidas paralelas à orla são, respectivamente, Oceano Atlântico, Oceano Pacífico e Oceano Índico.
As principais perpendiculares atendem por Mar Cáspio, Mar Vermelho, Mar da Sibéria e Mar Báltico.
Além de inúmeras ruas batizadas com nomes de Golfos tais como Guiné, Danzig, California, Amündsen (que fico imaginando a pronúncia local) e, no final, a resumitiva Rua Golfo de Éden.

-"Onde você mora?"
Imagina que delícia poder responder: -"Na Avenida Mar das Antilhas."

Resta torcer para que nossos probos, valorosos, sábios e cultos políticos não resolvam rebatizá-las com insultuosas homenagens de ocasião como tantas que vemos por aí.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

FALTA POUCO!

Enquanto jogo um relaxante poker rola um empolgante jogo entre Sei Lá Quem X Nem Tenho Ideia pela Copa do Brasil.
Escuto a televisão. Mau hábito que provoca irritações diversas divididas entre os comentários inacreditáveis e as chamadas comerciais.

Entre estas, sei lá qual banco lança uma que me causa extremo desconforto: "Você Em Primeiro Lugar!"

Certamente os milhares e milhares de leitores deste blog, donos de polpudas contas bancárias, desconhecem as agruras que, nós, pobres mortais, passamos nessas trilhardárias instituições.

Vá você ("Em Primeiro Lugar!"), munido de uma senha, sentado num cenário digno de Stanley Kubrick não fossem as dezenas de estranhos seres humanos que se dedicam a falar alto, xingar o governo, o banco e a vida em geral enquanto aguardam a suprema honra de serem recebidos por um atencioso gerente que, numa fração de segundo após checar a sua conta, se transforma num entediado atendente sempre pronto a lhe complicar em todas as suas necessidades. E ele, que vive do seu dinheiro, te despacha rapidamente sem a menor cerimônia.

Mas, é isso aí, né? Deve ser a tal da meritocracia.

Domingo está chegando e tudo isso será relevado pelo bem da nação.

Os homens de bens voltarão a ser governados pelos probos políticos que realmente representam nosso Brasil varonil: Eduardo Cunha, Temer, Renan, Aécio e tantos outros que, adaptando os dizeres do Fraguinha, grande filósofo da Barra da Tijuca, "Nos trarão mais alegrias engavetando tudo e viveremos sem corrupção e felizes para sempre."

quarta-feira, 13 de abril de 2016

ARRÃ!

Cantei a pedra a menos de 15 dias, aqui: JÁ COMEÇOU!

E agora vem essa no impoluto Estadão.


Operação Lava Jato
Moro sonha com fim da Lava Jato até dezembro
POR FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO E ALEXANDRE HISAYASU
13/04/2016, 17h25
Juiz federal que conduz maior investigação sobre corrupção no País avalia a interlocutores que sucessão de operações pode provocar desgaste até mesmo na opinião pública
O juiz federal Sérgio Moro gostaria que a Lava Jato chegasse ao seu fim até dezembro. Ele tem dito a interlocutores que esta é a sua ‘expectativa’. Considera que a sequência de desdobramentos da grande investigação pode provocar um desgaste até mesmo na opinião pública que, hoje, presta apoio maciço à força-tarefa da Lava Jato.
“Terminar até dezembro a parte da primeira instância é uma expectativa ou um desejo”, disse Moro a uma pessoa próxima, nesta quarta-feira, 13.
Mas ele próprio admite que essa é uma meta ‘imprevisível’. A cada desdobramento da Lava Jato surgem indicativos de outras tramas ilícitas envolvendo outros agentes públicos e políticos. O que força a abertura de novos procedimentos no âmbito da Polícia Federal e da Procuradoria da República.
Apesar das declarações de solidariedade que têm recebido nas redes sociais e em eventos dos quais participa, o juiz da Lava jato tem dito a interlocutores que ficou ‘consternado’ com o que chama de ‘manifestações de raiva e intolerância’ registradas nas últimas semanas.
Tais manifestações ganharam força sobretudo depois que a Lava Jato conduziu coercitivamente o ex-presidente Lula, no dia 4 de março, para depor nos autos da Operação Aletheia – fase da Lava Jato que investiga o sítio Santa Bárbara, de Atibaia, cuja propriedade é atribuída ao ex-presidente.
A condução coercitiva do petista foi decretada por Moro que, em sua decisão, destacou que não se tratava de uma antecipação de condenação, mas apenas de uma medida necessária para a investigação.
Moro também tem insistido na linha de que a Justiça sozinha não pode ser a solução para a crise política e ética que o País atravessa. Ele acredita que chegou a hora de outras instituições, e também a sociedade, se empenharem para alcançar mudanças importantes que possam levar a um combate mais eficaz à corrupção e à redução do quadro de impunidade.
O juiz considera que um primeiro passo nessa direção foi dado pelo Supremo Tribunal Federal – em recente decisão, a Corte admitiu execução de prisão de condenados em ações penais quando a sentença é confirmada por colegiado de segundo grau.
A Lava Jato está em sua 28.ª etapa ostensiva – a primeira foi deflagrada em março de 2014. Desde então, vem sendo mantida média superior a uma operação por mês.
A investigação, que inicialmente mirava em quatro grupos de doleiros, desvendou um esquema complexo de corrupção, propinas e cartel de empreiteiras na Petrobrás.
Com a descoberta sobre supostos pagamentos a deputados, senadores e governadores a Lava Jato chegou ao Supremo Tribunal Federal, instância máxima que detém poderes para processar políticos com foro privilegiado.
Delações premiadas, quase cinquenta, são o grande aliado da Lava Jato, mas recebem pesadas críticas de advogados e juristas.
Todas as ações penais da Lava Jato na primeira instância estão sob responsabilidade do juiz Moro.
Em uma atuação incomum para os padrões da Justiça brasileira, Moro tem conduzido em ritmo acelerado os processos criminais, impondo pesadas condenações a políticos, doleiros, empreiteiros, operadores de propinas e ex-dirigentes da Petrobrás.
As decisões de Moro têm sido confirmadas pelas instâncias superiores do Judiciário, a partir do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4).

terça-feira, 12 de abril de 2016

POLÍTICA BRASILEIRA...


Hoje e, infelizmente, sempre.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

E NUM É QUIÉ MESMO?


(Valeu, Valverde!)

domingo, 10 de abril de 2016

UM HOMEM ZANGADO


É um ótimo site português (http://umhomemzangado.com/) do qual copiei o texto abaixo.
(Cujo, óbvio, deve ser lido com s'táque.)

10 expressões que dizes e nem sabes o que significam
Olá, sê muito bem-vindo/a a mais um espaço “o Zangado Ensina”. Esta semana vamos debruçar-nos sobre expressões que todos nós usamos mas, para não variar, não fazemos a mínima ideia do que querem realmente dizer.
QUEIMAR AS PESTANAS
Usada para dizer que se lê/estuda muito, a expressão teve a sua origem em tempos onde não havia electricidade. Usavam-se por isso pequenas velas que por terem luz muito fraca… queimavam as pestanas.
GATOS PINGADOS
Muitas vezes precedida de “meia-duzia”, a expressão gatos pingados tem muito que se lhe diga. A expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Como o evento tinha uma assistência reduzida, tal a sua  crueldade, a expressão “gatos pingados” passou a denominar pequena assistência sem entusiasmo ou curiosidade.
DAR PÉROLAS A PORCOS
Entre as muitas expressões de origem bíblica, esta é bem capaz de ser das minhas preferidas. Pretende dizer quando se oferece algo de grande valor a alguém incapaz de apreciá-lo; dizer preciosidades a quem não é capaz de as entender. Está numa passagem do Evangelho de São Mateus que reza, salvo seja, assim: “Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão, e aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão.”
“O que é sagrado” refere-se aos alimentos consagrados a sacrifícios, que só os sacerdotes podiam comer. Antes tivesse continuado assim, já que hoje em dia, como sabemos, os padres preferem comer coisas bem piores.
RÉS-VÉS CAMPO DE OURIQUE
Ou seja, ficar muito perto de alcançar algo. A expressão “rés-vés Campo de Ourique” remonta a 1755 quando o terramoto assolou Lisboa tendo destruído a cidade até à zona de Campo de Ourique, que ficou intacta.
ERRO CRASSO
Outro erro que cometemos bastante. Crasso tem origem nos tempos dos romanos. Marco Licínio Crasso era um aristocrata, general e político romano, que comandou a vitória da batalha da Porta Colina e esmagou a revolta dos escravos liderada por Espártaco.
No entanto, em campanha contra os Partos, apesar da enorme superioridade numérica, sofreu uma desastrosa derrota na batalha de Carras, em 53 a.C.
Mais de 20 000 soldados perderam a vida e cerca de 10 000 foram feitos prisioneiros, quem é como quem diz, cometeu um erro crasso.
FICAR A VER NAVIOS
Acontece-me bastante. Quer dizer ficar frustrado ou desiludido. Alusão aos armadores portugueses, ou aos parentes de marinheiros, durante a época dos descobrimentos, que ficavam no alto das colinas de Lisboa, esperando avistar as caravelas que deveriam chegar das Índias, de África ou do Brasil. Alguns, até por D. Sebastião esperavam, os tolinhos.
MAL E PORCAMENTE
Outra expressão que uso bastante. Refere-se a fazer algo de modo imperfeito, descuidado. Inicialmente, a expressão era “mal e parcamente”. Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento do povo, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou assim, que sempre era mais fácil.
JURAR A PÉS JUNTOS
A expressão surgiu através das torturas executadas pela Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para lhe arrancarem a verdade ou o que quer que fosse. Bons tempos.
LÁGRIMAS DE CROCODILO
O crocodilo, quando ingere a sua refeição, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima e daí, lágrimas de crocodilo.
À GRANDE E À FRANCESA
Relativa aos modos luxuosos do general Jean Andoche Junot, auxiliar de Napoleão que chegou a Portugal na primeira invasão francesa, e dos seus acompanhantes, que se passeavam vestidos de gala pela capital. Ainda hoje é usada para descrever ostentação, luxo exagerado e afins.

CAVALEIROS E MOINHOS

"Já não há mais moinhos
como os de antigamente."

Frase porreta que define os tempos em que vivemos - amigos virando a cara por posições políticas que ambos não sabem bem quais são.
Mas, as colocam com uma (in)certeza olímpica.

João Bosco (um tremendo músico e violonista por quem não tenho lá grandes empatias) e Aldir Blanc (por quem tenho total respeito e admiração) cometeram, na década de 70, essa pérola relembrada hoje pelo Fernando Brito.

Fica pra pensar que tempos melhores só virão quando conseguirmos voltar à civilização.


O Cavaleiro e os Moinhos

Acreditar na existência dourada do sol
Mesmo que em plena boca
Nos bata o açoite contínuo da noite

Arrebentar a corrente que envolve o amanhã
Despertar as espadas
Varrer as esfinges das encruzilhadas

Todo esse tempo foi igual a dormir no navio
Sem fazer movimento
Mas tecendo o fio da água e do vento

Eu, baderneiro, me tornei cavaleiro,
Malandramente, pelos caminhos

Meu companheiro tá armado até os dentes
Já não há mais moinhos como os de antigamente

sábado, 9 de abril de 2016

DISTÂNCIAS

Da Ponta do Seixas, o ponto mais oriental não só do Brasil como da América continental, ao Senegal - ponto extremo do continente africano -
a distância em linha reta é de, aproximadamente, 2.880 km.

Considerando que um transatlântico faça uma média de 60km/h, sem nenhum percalço faria o trajeto Ponta do Seixas / Senegal em 48 horas.

E é aí que está o "pobrema": considerando que nosso alcance de visão da terra à linha do horizonte é de 32km, significa que em pouco mais de meia hora de viagem só veremos mar.
Nadica de terra.
E isso seguirá pelas próximas e intermináveis 47 horas, caso tudo corra bem.

Adoro ver o mar.
Mas, só ele e eu sem uma terrinha por perto, nem pensar.
Criaturas inenarráveis habitam o seu interior, seu poder é indescritível e seu humor é inconstante.

Tal e qual meu cérebro.
Por isso, nas horas em que sou forçado a ficar a sós com ele, vou ouvir música, jogar poker ou escrever bobagens num blog.

Melhor que ver televisão, acho eu.
(Embora daqui a pouco vá começar uma imperdível reprise das semifinais do mundial de Curling que eu não vou perder de jeito nenhum.)

sexta-feira, 8 de abril de 2016

QUEM? QUEM?? RAIMUNDO NONATO!!!

Perguntinha instigante para os milhares e milhares de engajados leitores desse blog:

Em quem você votaria hoje para qualquer cargo no governo desse país grande e bobo?

Pensei, pensei e cheguei, até agora, a dois (02) nomes:
Patrus Ananias e Roberto Requião.
Pela simples e singela razão de ambos me transmitirem integridade.

A que ponto chegamos!

Espero que vocês tenham mais opções e que as façam valer nas próximas eleições que vierem a acontecer.

Se é que vão acontecer...

ANÚNCIO REVISITADO


quarta-feira, 6 de abril de 2016

ONDE ESTÁ O NÓ?


Que a tal da cultura está em estado deplorável nos conturbados tempos em que vivemos, não é novidade.
Pensando bem, esses 'conturbados tempos' já se arrastam muito além do que seria civilizado. Mas, isso é coisa de velho.

O "Verdades Ocultas" (http://verdadesoccultas.blogspot.com.br/), certamente um 'blog sujo', publica um texto sobre a Lei Rouanet que dá o que pensar:

"Desde 23 de dezembro de  1991, a produção cultural no Brasil ganhou um apoio fixo. É a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Nº 8.313), conhecida como Lei Rouanet, por causa do então ministro da Cultura Sérgio Paulo Rouanet.

... Os agentes incentivadores que apoiarem o projeto poderão ter o total do valor desembolsado deduzido do imposto devido (artigo 18), dentro dos percentuais permitidos pela legislação tributária.
Empresas, até 4% do imposto devido;
Pessoas físicas, até 6% do imposto devido.

... A lei, segundo os críticos, ao invés de investir diretamente em cultura, começou a deixar que as próprias empresas decidissem qual forma de cultura merecia ser patrocinada."

As empresas decidem??
Pra mim o nó está aí.
É aí que a tal da cultura flutua ao sabor das ondas de ocasião.

Porque, a meu ver, ambos - governo e empresas - não podem decidir, com imparcialidade, quais manifestações culturais são mais valiosas que as outras.

Solução democrática: o 'crowdfunding'!
Será?
Para as pessoas físicas o desconto permanece em 6%.
Para as jurídicas, cai dos 4 para 1%.
'All in' que, em quase 15 minutos, tanto o governo quanto as empresas consigam burlar a regra, inventando variantes 'democráticas' ou 'artimanhas contábeis'  e fica tudo como dantes no quartel de Abrantes.

(Tá ruim de acreditar em alguma coisa, né não?)