terça-feira, 29 de setembro de 2015

EMPODERANDO

Entre as incontáveis bobagens e 'mudernidades' perpetradas pelos nossos analistas de plantão, a da moda agora é o verbinho "empoderar".

Da política ao sexo, qualquer assunto é motivo para o uso do pedante "empoderamento".

E já estou estocando plasil porque está vindo aí o mais do que pedante "edulcorar".

Bleargh!

domingo, 27 de setembro de 2015

POESIA NEOLIBERAL?

O vídeo abaixo foi extraído de "Free to Choose", uma série americana dos anos 80 estrelada pelo Milton Friedman (1912/2006) - prêmio Nobel de economia em 1976.

Sou, e pretendo continuar sendo, um absoluto ignorante dos intrincados meandros das ciências (?) econômicas mas, esse vídeo me deu o que pensar:

Sob um ângulo, apesar de um certo excesso de "acho que..." e "me parece que...", ele me passou a sensação de ser lógico, concatenado e preocupado com o bem estar da humanidade.

Sob outro ângulo, me passou a sensação de ser apenas uma poesia bem recitada (e politicamente direcionada) no clima pseudo soft dos exaustivamente copiados talk shows americanos.

Vai que é sua, leitor!


sábado, 26 de setembro de 2015

PAPO DREK


Muito lá no século passado, um grande amigo
(daquele tipo que nem o tempo, as curvas da vida
e a consequente pouca convivência conseguem distanciar) usava essa expressão que era a sentença de morte para qualquer tentativa de narração ou conversa mais atravessada:
-"Pô, mas que Papo Drek!"

Para minha tristeza, tenho lembrado do Papo Drek em quase todas as vezes que abro o fêicibúqui e me deparo com pratos de comida, frases pseudo inspiratórias e xingatórios do fla-flu político.

Mas, para minha alegria, por aqui as ocorrências passíveis dessa sentença têm sido muito próximas de zero.
O que é perfeitamente explicável pela incrível novidade que é, para mim, acostumado aos tortuosos labirintos das conversas mineiras,
a maneira simples e direta desse povo paraibano doidão.
Ou seja, normalmente a mais corriqueira conversa se transforma em diversão e, várias vezes, em aprendizado do cultivo da gentileza.

Se não, vejamos: fila de idosos no supermercado, o locutor que vos fala porta uma mísera caixa de cervejas atrás de uma caricatural matrona nordestina atarracada, sem pescoço, com um carrinho abarrotado de compras e uma simpatia inversamente proporcional a seus atributos físicos.

Na frente da matrona está um casal de portugueses com dois carrinhos abarrotados.

E na frente deles, parecendo recém chegado da figuração de um filme de caubói, está um cidadão de quase dois metros de altura, óculos escuros, chapéu preto, bengala e luvas pretas. (Juro.)

A fila não anda.
Todo mundo quer pagar com cartão e o sistema não está sistemando.

A matrona vira-se pra mim e começa a conversar.
(Atenção, leitor: as intervenções 'matronais' devem ser lidas com sótáqui).
-Tá assim a semana toda. E eles não providenciam...
-É... Chato, né?
-É só essa cervejinha que o senhor vai levar? Se for pagar com dinheiro dou-lhe meu lugar.
-Vou sim, muito obrigado.
-Pois fique à vontade... Vou sentar no banquinho porque tá demorando mesmo!

Avanço e apelo para o português que, com a gentileza da raça (ou, quem sabe, adquirida por aqui) também me cede a vez.

O sistema volta a sistemar, o caubói estratosférico consegue pagar e eu chego à pole position. A tempo de ouvir da matrona sentadinha:
-O senhor com esse cabelinho branco tá enganando todo mundo, hein?
-Quêisso, minha senhora, eu sou bem idoso...
-Pois num parece, viu? Deus conserve.
-Amém!

E vou embora com o dia ganho.

CONFLITO DE EMOÇÕES


O ilustrado leitor certamente já passou por isto: o livro é tão bom que você começa a dosar a leitura para retardar o final.

É o que estou fazendo com o "Futebol ao Sol e à Sombra" do Eduardo Galeano.
Pra quem ainda não leu (e pra quem já leu se divertir de novo), segue um capítulo:

Pobre Mãezinha Querida

No final dos anos sessenta, o poeta Jorge Henrique Adoum voltou ao Equador, depois de longa ausência. Nem bem chegou, cumpriu o ritual obrigatório da cidade de Quito: foi ao estádio, ver jogar o time do Aucas. Era uma partida importante, e o estádio estava repleto.

Antes do início, fez-se um minuto de silêncio pela mãe do juiz, morta na véspera. Todos se levantaram, todos calaram. Em seguida, um dirigente pronunciou um discurso destacando a atitude do esportista exemplar que ia apitar a partida, cumprindo com seu dever nas mais tristes circunstâncias. No meio do campo, cabisbaixo, o homem de preto recebeu o denso aplauso do público.

Adoum piscou, beliscou um braço: não podia acreditar. Em que país estava? As coisas tinham mudado muito. Antes, as pessoas só se ocupavam do árbitro para gritar filho-da-puta.

E começou a partida. Aos quinze minutos, explodiu o estádio: gol do Aucas. Mas o árbitro anulou o gol, por impedimento, e imediatamente a multidão recordou a finada autora de seus dias:
- Órfão da puta! – rugiram as arquibancadas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

GRANDE VERDADE


Vem aí o fim de semana e, pra variar, o Meia Hora acerta na veia!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

"QUEM SABE, SABE!"


Esse era o mote-referência do saudoso Toninho Carvalho, carioca, um dos pilares do boliche brasileiro. E foi dele que me lembrei hoje ao ter a feliz ideia de checar o Rock In Rio.

É que estava no ar o Hollywood Vampires, cujo nunca tinha ouvido falar. Pra minha surpresa, a música me pareceu conhecida, o vocalista me pareceu conhecido, o guitarrista também...
Katzo!
É o Alice Cooper do alto de seus 67 anos de doidera!
E o Johnny Depp!
What porra is that?

Direto pro google, descubro que essa banda, formada há pouco, conta ainda com Joe Perry do Aerosmith, mais um monte de 'famosos quem' e estão estreando hoje, à frente de umas cem mil pessoas.

Os caras são muito bons, o Johnny Depp é também e a impressão que me fica é que 90% da plateia - que delira - está mais ou menos na situação de Robert Redford e Paul Newman naquela cena antológica da perseguição em Butch Cassidy: "Quem são esses caras??" Que estão tocando Brown Suggar, Whole Lotta Love, School's Out e tantas outras velhas de guerra com tanta competência?

(Era só o que faltava: reminiscências provocadas pelo "Rock In Crise"!)

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

TENTAÍ!


Nesta quarta-feira de "futebol pelo puro prazer" (uma vez que o Flamengo 'declinou' da Copa do Brasil), atinei para a seguinte situação: não me lembro de ter tido a oportunidade de escalar um time - brasileiro e em atividade - com 11 (onze) goleiros da melhor qualidade.

Se não, vejamos - em ordem alfabética:
Alisson (Inter), Danilo (Chapecoense), Diego Cavalieri (Fluminense), Fábio (Cruzeiro), Fernando Prass (Palmeiras), Jefferson (Botafogo), Magrão (Sport), Marcelo Grohe (Grêmio), Paulo Victor (Flamengo), Renan (Goiás), Vitor (Atlético MG).
Na reserva de luxo, Rogério Ceni (São Paulo).

E, certamente, entre os que ainda não vi jogar, deve dar pra formar mais meio time. No mínimo.

E aí eu te pergunto, escolado leitor:
Você consegue escalar um time - brasileiro e em atividade - com
11 atacantes tão destacados quanto esse time dos goleiros?

(Tá feia a coisa, né não?)

domingo, 20 de setembro de 2015

FLAMÃE


Não satisfeito em botar o Coritiba pra respirar na semana passada,
o Flamengo ressuscita o galinho.

Pênalti perdido, gol contra (o quarto), tomou mais dois de cabeça (que já somam dez ou onze), Guerrero mal, Cirino apagado, Paulinho sozinho e goleada na orelha.

Minha única alegria é estar longe de BH.
Os caras lá, quando ganham apertado do Prixoxó do Monte, passam a noite inteira berrando.
Imagina hoje.

sábado, 19 de setembro de 2015

VAI PAULÃO!


Futebol e propaganda são partes importantes do reduzido (ou vasto?) elenco de coisas que adoro odiar.

É que gosto muito de ambos e, consequentemente, ver um jogo ruim recheado de comentários no mínimo assombrosos intercalado por pérolas publicitárias dignas de chibatadas em praça pública, me faz diminuir a crença na viabilidade do ser humano.

E como ultimamente ando tentando ficar mais ligado em futebol do que em falcatruas, crimes, delações, financiamentos de campanhas, refugiados, etc, minhas oportunidades de amor e ódio se multiplicam.

Assim sendo, segue uma ótima que pesquei no fêicibúqui:

Se os Flamenguistas gritam: "VAI MENGÃO!",
os Corinthianos gritam: "VAI TIMÃO!",
os Fluminenses gritam: "VAI FLUZÃO!",
os Palmeirenses gritam: "VAI VERDÃO!",
os vascaínos sussurram: "vai vascão!"...
Que diabos os São Paulinos gritam?

Obs.:
Essa bobajada toda foi embalada por Royal Blood.
Uma dupla - formada por um baterista doidão (redundância) e um guitarrista/baixista/vocalista - que está no Rock in Rio.
São, grata surpresa, muito bons!

Mas, para meu desespero, ao final da apresentação (com direito a todos os "I love you Rio!" de praxe), corte direto para os comentaristas de rock!
Agora tem isso também!
Uns caras esquisitões (claro) emitindo profundas considerações tais como: -"Eles jogaram para a galera... Quando estava na guitarra ele aumentou o amplificador do baixo pra dar aquela distorcida..."

É mais ou menos como o apoio decisivo da torcida, recomposição compacta, fazer a diagonal, etc.

Desligo a máquina de fazer doido e vou ler "Futebol ao Sol e à Sombra" do Eduardo Galeano.
(Ainda estou no comecinho, mas já recomeindo!)

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

TAVA INDO TÃO BEM...


Flamengo 0 x 2 Coritiba.

Oswaldo de Oliveira deve estar se sentindo o próprio Sandoval Quaresma (legendário personagem da Escolinha do Professor Raimundo).

O Coritiba não fez nada demais.
Teve as chances, aproveitou e ganhou.

E o Flamengo, hoje, me fez lembrar a recente época do 'profexô': criatividade zero, uma infinidade de passes errados, não fez a recomposição compacta e volumétrica, não fez a diagonal...
Opa! Me embalei nos famigerados comentaristas.

Ô vida!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

NÓS 'TÃO' FUDIDO!

(Importante: caso o amável leitor pense que vou falar de Brasil, pode voltar pro fêicibúqui.)

É que, por absoluta falta de opções, me peguei a torcer pelo rubro negro Oeste contra o Botafogo em empolgante pugna da série B.

E como tenho o péssimo hábito de escutar a televisão, em míseros dez minutos de jogo a vontade de chutar o aparelho (tarefa difícil uma vez que a máquina de fazer doido está grudada no alto da parede) provocada pelas mesmices e babaquices do narrador e do comentarista, foi suplantada pela saudade de um amigo de infância muito mais ranzinza do que eu.

Assim sendo, liguei para o distante cidadão e comentei minhas irritações sobre o comentarista - cujo foi nosso contemporâneo de praia fato que, consequentemente, sempre me deixa numa mistura de raiva e pena.

A resposta foi definitiva:

"Caríssimo!
(Nós, velhos, às vezes usamos expressões muito mais velhas do que nós. É uma forma sutil de autoironia, entende? [Tomara!])

Nós 'tão' fudido! Não dá mais pra aguentar esse padrão plastificado. Pra você ver a que ponto chegamos, pra mim, hoje só tem um cara que fala alguma coisa que preste. O Casagrande!
(Concordo.)

E, passando pro cotidiano, não tá dando mais pra conversar com quase ninguém! Precisamos tomar todas na Fiora!"
(Concordo muito!)

Obs.: claro que a conversa foi muito além disso.
Mas, como diz nosso GGM (Grande Guru Moro), "Não vem ao caso."

ME ENGANA QUE EU GOSTO

Principalmente nos dias de hoje, o excelente artigo de Guilherme Ravache - “Por que somos vítimas do 'me engana que eu gosto'. E como um chato pode te salvar”, dá o que pensar.

Seguem alguns trechos:

Filtramos as informações de maneira a selecionar apenas aquelas que confirmam o que acreditamos.
A ciência chama isso de viés de confirmação (confirmation bias).

Como disse o megainvestidor Warren Buffett, “O que as pessoas mais sabem fazer é filtrar novas informações de tal forma que as concepções existentes permaneçam intactas”.

O viés de confirmação está em todo lugar.
Um jornalista que usa somente a parte da entrevista que confirma sua teoria inicial.
O chefe que descarta uma pesquisa por não apoiar a expectativa inicial.
O diretor que não gosta dos números do relatório e pede para que sejam reavaliados.
Eleitores que votam novamente em um candidato mesmo diante de indícios de má administração.
Um relacionamento problemático e que você insiste em manter se esforçando para ver “o lado bom” do outro.

Aliás, conhecer o viés de confirmação faz com que o seu viés de confirmação demonstre ainda mais casos para você!
E o pior é que mesmo os especialistas em viés de confirmação não conseguem evitá-lo, pois fazemos sem ter consciência de que estamos fazendo.

E como combater o viés de confirmação? 
A melhor resposta encontrei no livro A Arte de Pensar Claramente, de Rolf Dobelli. 
“É melhor ater-se a Charles Darwin, que, desde a juventude, se preparou para combater de maneira sistemática o viés de confirmação. Quando as observações de sua teoria se contradiziam, ele as levava especialmente a sério. Carregava sempre um caderno de apontamentos consigo e obrigava-se a anotar, dentro de trinta minutos, as observações que contradissessem sua teoria. Sabia que, após trinta minutos, o cérebro “esqueceria” ativamente a evidência desconfirmatória. Quanto mais sólida ele estimasse sua teoria, mais ativa era sua busca por observações contraditórias”

Outra alternativa é manter os irritantes por perto.
Como disse Voltaire, “o segredo de ser chato é dizer tudo”.

Mas, lembre-se: evite os engenheiros de obra pronta, os chatos que dizem “eu te avisei” ou “deveria ter feito isso ou aquilo”. Prefira os que falam antes.
Portanto, questione-se o tempo todo. Duvide das métricas. Ouça seus críticos. Anote suas observações e consulte-as no futuro.


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

HENFIL...

... Mais atual do que nunca!


domingo, 6 de setembro de 2015

VÍRUS!

Acho que meu celular está com vírus.

Escrevo Vasco, ele acende a lanterna;

escrevo Cunha, ele rouba crédito;

escrevo Lula, aparece o calendário de 2018;

só falta eu escrever Aécio e ele virar pó...


(Valeu, Djair.)

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

FICA POR AQUI, MENGÃO!


O Flamengo encaçapou o Sport em Recife e o Avaí em Natal.

Chegou ao nordeste olhando para baixo, está indo embora olhando para cima e o mais importante: jogando bem e sem tomar gol de bola levantada na área.

Agora é torcer para que a brisa continue soprando.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

COISAS DE VELHO


Peraí.
"Coisas de velho" é o cacete (também é, mas entendam que a intenção é outra)!
Nós, os velhos, temos um handicap imbatível: o tempo.
Que permite comparações e análises entre o que já foi e o que está acontecendo. Assim, teoricamente, temos mais chances de errar menos.

Me parece muito provável que quando o primeiro primata colunista social rosnou para o outro uma fofoca sobre a peludinha da caverna vizinha, a comunicação, desde então dominada pelos velhos, tenha se voltado para os jovens.

É a lógica da preservação da espécie: imagina você, desde que se entende por gente, sendo bombardeado de todos os lados com
"Velho é Bom! Velho é Tudo!".
Pô! Considerando a preguiça humana, qualquer um senta nas fichas e espera chegar a velhice.
Aí a tal da humanidade não progride e vai pro saco.
Então, "Jovem é Bom! Jovem é Tudo!".

(Ok, mas não precisava exagerar...)

E esse bla-bla-bla todo me veio ao ligar a "mardita máquina" e dar de cara com o doodle do google.
Gostei muito!

Da marca gostei também mas, convenhamos, podia ser até em Comic Sans que a gente ia se acostumar. Ou, mais provável, entranhar rapidinho.
O que, convenhamos de novo, é o nirvana de qualquer marca.

Mas o doodle tem uma coisa que gosto: o "gracejo" da mãozinha apagando o último rabisco e consertando o "e" no final.
Eu sei que é mais do que manjado mas, quando bem usado, sempre me agrada.
Coisas de velho.

(Obs.: o Guardian publicou hoje uma matéria sobre a nova marca que, incrível coincidência, poderia ser assinada por qualquer publicitário tupiniquim. Ou seja, um emaranhado de lugares comuns enxertados no release: http://www.theguardian.com/technology/2015/sep/01/google-logo-history-new-doodle-redesign)