domingo, 30 de novembro de 2014

AGRURAS DE UM PAI SEPARADO


Domingão, fim de tarde, por do sol, atravesso a rua e vou pra praia degustar esse visual aí da foto. Só que por pouco tempo.

À minha esquerda desembarcam pai e filho.
O filho, gurdim desajeitado, mostrando empolgação zero, pula na areia com uma bola debaixo do braço. O pai, se desvencilha de tênis, meia, etc, e vai para a peleja.
O gurdim é dar dó. Começa querendo jogar vôlei. No primeiro toque a bola resvala entre as mãos, areia nos olhos e o pai observando as mulheres que passam pelo calçadão.

Passam para o futebol.
O pai, dono de uma canhota certeira, põe todas as bolas na frente do gurdim. Cujo tropeça, bate de canela, de joelho, de bochecha, um inferno. O pai segue de olho no calçadão enquanto aguarda o filho buscar bola após bola.

O gurdim cansa e senta na bola. Após uma rápida reunião onde ambos parecem tratar da imensidão do universo relacionada aos grãos de areia, acabam por concordar e vão correr em círculos. Com raios relativamente grandes. O gurdim se esforça durante quase duas voltas, tropeça nas pernas e cai. O pai desiste, eles pegam a bola, sandálias, tênis, camisetas, etc e vão embora.

Passam por mim sem conseguir disfarçar o alívio que ambos estão sentindo. Enquanto eu, de minha parte, espero ter conseguido disfarçar a tristeza que estava sentindo por ambos.

OBRIGAÇÕES


Palavrinha excomungada mas, inevitável.
Nossa vida é repleta de obrigações, a maioria delas sociais e, pior, muitas delas são perfeitamente dispensáveis uma vez que são criadas por nós mesmos.

Ocorre que, se encaramos essas obrigações como uma forma de tentar viver em harmonia com o restante dessa coisa esquisita que chamam de humanidade, elas, as obrigações, podem se transformar em um agradável exercício de convivência.

Lindo isso, né?
Mas, tenta por em prática. É pra lá de complicadinho.

Por exemplo, pra mim é natural dar bom dia às pessoas quando entro num elevador. As reações a esse simples comportamento são tão reveladoras que se transformariam em fonte de renda se fossem as mesmas numa mesa de poker.
As pessoas se dividem entre as francamente compungidas olhando para o nada e as que simplesmente respondem ao cumprimento.

Por outro lado, aposto que, como vocês, tenho várias obrigações sociais - mais uma vez - que são perfeitamente dispensáveis.
A confirmação disso veio da minha adorável primogênita que, essa semana, me declarou: "Depois de um tempão de terapia cheguei à conclusão de que não tenho que me preocupar com que as pessoas pensam de mim. Eu sei quem eu sou e basta."

Isso pra mim não significou, em nenhuma hipótese, uma atitude "foda-se o mundo" mas sim uma atitude completamente pacífica e equilibrada.
O complicado é chegar ao "Sei quem eu sou"!

Você sabe como, antenado leitor?
Se sim, sinta-se à vontade para contribuir.
Se não, benvindo à turma.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O QUE EXPLICA ESSA ÂNSIA?


Antes de considerar uma imensa babaquice, acho que essa história de "black friday" é, no mínimo, preocupante por ser uma demonstração monumental de "êêôô, vida de gado, povo marcado, povo feliz".

E é engraçado ver um monte de gente caindo de pau e, na encolha, checando as ofertas. Incluindo o locutor que vos fala.
Mas, tenho um atenuante: era pesquisa de preços com intuito totalmente profissional. E também importante: não comprei nada por não ter visto nenhum preço que justificasse essa pseudo histeria.

Fica o registro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

OS REIS DO TROCADILHO


Segundo informações colhidas, já existem mais pet shops do que padarias em terras tupiniquins.

De minha parte, excetuando-se os humanóides, não tenho nenhuma admiração ou paixão por animais em geral.
Mas, não posso deixar de admirar a criatividade dos empresários de pet shops Brasil afora.

Exemplos como "Homeo Patas", "Cãopacabana", "Cãopanhia", "Gato Ponto Cão", "Ki-late", "Whoof" e vários outros, mostram a criatividade e malemolência do segmento em geral.

As pet shops, depois de ultrapassarem as padarias, já devem estar concorrendo com as óticas e aí o buraco vai ficando cada vez mais embaixo.

Assim sendo, minha campeã do mês, com muitas chances de levar o Oscar de "pet-marcas" seria essa da foto.

Só que, cruel oportunidade perdida, trata-se de uma rede de lanchonetes de hot-dogs! 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

VOOU!


Dono de um humor fino e sempre direto ao ponto, fruto, certamente, de sua apurada visão de fotógrafo, lá se foi Rogério Franco.
Tremendo profissional com quem tive o prazer de trabalhar em duas ou três campanhas, apenas.

Mas, o suficiente para constatar que o aparente cidadão estiloso tinha estilo de verdade. Cheio de charme, rápida e simplesmente conseguia o clima, pose, olhar, etc, das modelos que, por supuesto, estrelavam suas fotos.

Grande cara cujo, tenho certeza, vai permanecer vivo nas lembranças de todos.

domingo, 23 de novembro de 2014

NÃO HÁ COMO NEGAR


Para desespero da rêdigrôbo, o futebol brasileiro, hoje, tem seu centro em Minas Gerais.
Cruzeiro tetra, podendo ter outra tríplice coroa (difícil, mas não impossível) e o Atlético chegando junto.

O Cruzeiro pelo que vem jogando nos últimos dois anos, tranquilamente, poderia estar numa champions league da vida sem fazer feio ou, ainda, brigando pelas primeiras posições.

São Paulo e Rio (leia-se SPFC, Corinthians, Palmeiras e Flamengo) mostram que a irresponsabilidade cobra e pune.

Obs. 1: nem cito aquele time de ácaros porque eles deveriam estar pelejando com o eterno vice na segundona.

Obs. 2: e lá vai indo o Botafogo, de novo, pro saco.

Obs. 3: haja muito saco pros jogadores do Cruzeiro respondendo a qualquer pergunta com "Glória a Deus!", "Jesus está conosco!"  e por aí afora.
(Creio firmemente que esse tal de Deus, caso exista como eles propagam, deve ter bem mais o que fazer do que se ocupar de um reles campeonato de futebol.)

Obs. 4: Time grande não cai...

CHEGA OU QUER MAIS?


Filha de uma pianista chinesa com um empresário tailandês, nasceu em Cingapura, foi criada em Londres e mora na Suíça.

Guiness Book of Records aos 13 anos como a mais nova intérprete de concertos de Beethoven e Tchaikovsky no mundo, alguns anos depois, com mais de 10 milhões de CD's vendidos, resolveu combater o tédio competindo pela Tailândia nos Jogos Olímpicos de Inverno - Sochi 2014.

Fica a pergunta do título.

(No vídeo abaixo, a bonitona se dando ao desfrute com o Hocus Pocus, Minsk, 2013.)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

NUNCA SE ROUBOU TÃO POUCO

Ricardo Frank Semler, em 1988, aos 29 anos, escreveu "Virando a própria mesa"
onde apresentava ideias revolucionárias
sobre gestão empresarial da época que,
se bobear, valem até hoje.

Segue um artigo dele pra se guardar:

Não sendo petista, e sim tucano, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.

Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.

Não há no mundo dos negócios quem não saiba disso. Nem qualquer um dos 86 mil honrados funcionários que nada ganham com a bandalheira da cúpula.

Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos "cochons des dix pour cent", os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.

Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão --cem vezes mais do que o caso Petrobras-- pelos empresários?

Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?

Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.

Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.

É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo.

Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.

Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.

A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.

O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras.

É lógico que a defesa desses executivos presos vão entrar novamente com habeas corpus, vários deles serão soltos, mas o susto e o passo à frente está dado. Daqui não se volta atrás como país.

A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.

Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.

Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor?

Deixemos de cinismo. O antídoto contra esse veneno sistêmico é homeopático. Deixemos instalar o processo de cura, que é do país, e não de um partido.


O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas. Não sejamos o volume morto, não permitamos que o barro triunfe novamente. Ninguém precisa ser alertado, cada de nós sabe o que precisa fazer em vez de resmungar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

TOMA, DISTRAÍDO!

Em diversos "momentos-conselhos-inúteis"
já falei aqui sobre os perigos tenebrosos de escutar a televisão.
E agorinha, mais uma vez, minha tese se comprovou.

Jogando poker na internet enquanto, na televisão, rola Botafogo X Figueirense.
(O Botafogo tinha que vencer pra continuar perigando a segundona e perdeu. Agora só a matemática salva. Ou seja, foi pro saco.)

Durante o jogo, olho no poker e orelha na Tv, o narrador começa a me sacanear: -"O time do Botafogo é heróico, mas só isso não basta!"

Dããã...

Pênalti para o Botafogo, o famoso quem manda longe do gol.
Na volta o Figueirense marca 1X0.

Ainda estou vivo no poker, o jogo já está pelos 40 minutos do segundo tempo e o cidadão narrador solta a pérola final:
-"A torcida do Botafogo está vi-si-vel-men-te irritada."

Desisto. Tiro o som e vou esperar Flamengo X Atlético, torcendo para permanecer vivo no poker. Que está bem melhor e é mudo.

domingo, 16 de novembro de 2014

A (DES)IMPORTÂNCIA DE UM TOQUE

Sempre que você anda na praia, situações vão se sucedendo. Uma das mais recorrentes é passar por quatro ou mais carinhas jogando uma pelada de gol pequeno - marcado com côcos, é claro.

Já passei por inúmeras dessas e, todas as vezes, rola um C.I.E. (Conflito Interno de Emoções): ao mesmo tempo que fico babando por uma bola perdida na minha direção, fico preocupado pelo fato de a última vez em que chutei uma bola ter sido por volta de 1984.
Ou seja, alta possibilidade de vexame.

Até que hoje aconteceu o inevitável. O cara chuta errado, a bola vem na minha direção, à direita está o parceiro dele, a bola vem rasteira, toco de primeira com o lado de fora do pé e a bola chega, cravada, nos pés do cidadão. Finjo normalidade, o carinha que chutou "pra mim" faz um sinal positivo e sigo em frente como se isso fosse uma coisa corriqueira.

Me sentindo um craque, assim que alcancei uma distância digna fui comemorar no marzão. Com direito a um "fióte" - já adolescente - de jacaré. Ganhei o dia.

Rápido comentário autocrítico: é muita prosopopeia pra pouco conteúdo, né não?
Mas, espero que entendam: depois de 34 anos contemplando montanhas com ondas que nunca quebram, o retorno ao marzão provoca essas viagens.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

MERECIDO

terça-feira, 11 de novembro de 2014

JUANITO CAMIÑADOR INCORPORA MÃE DINÁ



Muito ridículo!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

CLAREANDO AS IDEIAS


Já tratamos do assunto aqui:
mas, claro, sem a mesma agudeza desse cidadão.


Declaração de não voto

Por Clóvis Rossi

Como diria Dilma Rousseff, estou estarrecido com a quantidade de amor e ódio que vertem sem parar as redes sociais e alguns colunistas.

Não é apenas que não me comovem. É que não entendo como seres racionais podem ter o cérebro dominado pelo fígado, em relação aos adversários, ou pelo coração, em relação a seu próprio time.

Sou bicho raro a quem não assustava minimamente a possibilidade nem de reeleição de Dilma nem de vitória de Aécio Neves.

Antes de mais nada porque acho que os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva foram os melhores - ou, no mínimo, os menos ruins - de toda a minha vida adulta, os últimos 50 anos.

Tiveram defeitos? Incontáveis. Espero tê-los apontado todos no devido momento. Os méritos, estes sim deixei de apontar pela simples e boa razão de que fazer bem as coisas é a obrigação de quem governa.

Elogiar o mero cumprimento da obrigação seria aceitar a mediocridade como regra. Não dá.

Por tudo isso, me estarrece que haja adultos, alguns deles veteranos na observação da cena política, capazes de enrolar-se na bandeira de um partido e de deixar que ela os cegue em relação aos seus defeitos.

Como me estarrece que se tornem em uma espécie de "black-blogs", empenhados em destruir o inimigo, que deveria ser só adversário, se o combate político fosse civilizado.

Nada contra a paixão, fique claro. Mas quem ama não mata. Nem fica cego. Ainda mais que paixão e ódio giram em torno de agendas vencidas.

Está vencida a agenda da estabilização econômica, a grande marca do tucanato, conforme reconheceu Dilma, na carta em que cumprimentou FHC pelo 80º aniversário.

Está pelo menos iniciada a inclusão social, a grande marca de Lula, internacionalmente reconhecida.

O que deveria, agora, despertar paixões incontroláveis é a a agenda das revoluções que o Brasil necessita. Não deixo por menos: revoluções, sim, não meras reformas.

Revolução política, porque não há um único país minimamente sério que tenha 28 partidos representados na Câmara de Deputados, como ocorrerá no Brasil em 2015.

Não é sério um país em que quase dois terços são pobres (24,5%) ou vulneráveis (37,5%).

Não é sério um país que passa tremenda vergonha em rankings internacionais de educação, de competitividade ou de corrupção.

Não é sério um país cujos habitantes sufocam no trânsito cada vez que saem de casa. Não é sério um país em que a atenção à saúde é o que todos sabemos.

Não é sério um país cujos habitantes são submetidos diariamente a uma roleta russa, porque não sabem se a bala que lhes está destinada chegará hoje ou amanhã.

Há alguém aí que acredita de verdade que o PT ou o PSDB, os partidos em que a maioria dos brasileiros depositou suas esperanças, é capaz de resolver essa ampla agenda?

Ou a sociedade se mobiliza para empurrá-la para a frente ou acabará se afogando em fel.

domingo, 9 de novembro de 2014

PASSEIO DOMINICAL


Domingão 10h, maré cheia, ruim de andar na areia, essa não é hora de caminhar no calçadão, vou passear.

Vou pra Tambaba, Coqueirinho, Praia do Sol e o que mais aparecer.
Erro o caminho uma ou duas vezes, vou parar em Jacumã, pergunta daqui, pergunta dali, me dão o rumo e sigo tentando.

Na estrada uma placa: "Mussulo Resort a 500m" - é o resort que minha caçula e o namorado andaram ameaçando de ir.
Vou lá checar.
Ainda bem que eles não vieram. Achei uma bosta.
Longe da praia, longe de tudo.

Sigo em frente e chego a Tambaba.
É de babar.
Chegando no mirante, a entrada da praia está lá embaixo.
Você só vai para a direita se estiver pelado.
E se você for para a esquerda pode dar de cara com essa foto que, pra mim, é top 5 de todas as que já fiz.
Nem desci. Entupido de gente.

Coqueirinho a mesma coisa, além do caminho de chegada à praia ser um caminho de boi. Boi novo, bem entendido.

Praia do Sol, nem tentei.

Parada num mini-mercado para comprar acessórios indispensáveis ao Flamengo X Sport Recife de hoje (cerveja), chego de volta feliz e jurando que nunca mais saio sem óculos escuros.

sábado, 8 de novembro de 2014

ELES NÃO ACHAM. ELES TÊM CERTEZA.

"A história da agente de trânsito condenada por danos morais após abordar um juiz em uma blitz da Lei Seca, na zona sul do Rio de Janeiro, demonstra que alguns magistrados brasileiros parecem pensar que são deuses – e que muitos têm a certeza de que são."

E tem muito mais na excelente matéria de Claudia Wallin - de Estocolmo para o Diário do Centro do Mundo - onde podemos ver claramente a diferença entre as culturas brasileira e sueca.


Acho que o resumo é simples: toda essa corja que vive à custa do dinheiro público simplesmente não dá a menor bola pro patrão.
Como diz o texto, "na Suécia não existe autoridade pública. O que existe é servidor público."
Enquanto por aqui o público é que serve para as otôridades reinarem acima do bem e do mal.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

FILAS


Sempre falei que odeio fila. Até a página dois.
E é essa página dois que estou curtindo aqui na Paraíba.

Fila 1 -
Supermercado lotado, eu na fila dos idosos, na minha frente um casal bem mais idoso do que eu.
O cidadão é o protótipo do nordestino: atarracado, cabeça chata, usando óculos enormes e falando pelos cotovelos.
Mais bem humorado, impossível. Faz graça para a caixa, pro carinha que arruma as compras no carrinho, pra quem quiser ouvir.
Agitado, vai pra lá e pra cá conversando com todo mundo enquanto a esposa paga a compra.
E aí veio o melhor. A caixa faz um comentário sobre a alegria do cidadão e ela responde, mansamente, com o delicioso sotaque:
-"Às vezes cansa mas, no geral, é bom. E já são 48 anos! Ôxe!"

Fila 2 -
Loteria, na minha frente uma mulher baixinha com uns 120 quilos. Vem saindo outra mulher, encara a baixinha e... "Diéli! Quanto tempo!!!".
As duas conversam, colocam em dia suas vidas e a outra vai embora.
Aí, "Diéli" vira-se pra mim, com um sorriso de meio metro e diz:
-"Na última vez que ela me viu eu tinha 60 quilos a menos. Viste o susto que ela tumô?"

Susto tumei eu com tanto bom humor concentrado na gordinha.

Pelo menos até a hora em que eu me acostumar com esse povo maravilhosamente doidão, as filas vão sendo prazerosas...

terça-feira, 4 de novembro de 2014

RHAPSODY IN BLUE


Olhando de longe, penso que uma orquestra é o exemplo mais completo de como o ser humano deveria se comportar. Ali, todos estão juntos por um objetivo comum, cada um dando "tudo de si", em harmonia perfeita.

Claro que de perto a coisa não deve ser assim tão bonitinha mas, de qualquer maneira, esse concerto é espetacular: Orquestra Filarmônica de Los Angeles, regência de Gustavo Dudamel com Herbie Hancock no piano e mais um monte de músicos da melhor qualidade.


domingo, 2 de novembro de 2014

PARALELOS PRAIANOS


Passear na praia no fim de semana é uma coisa; caminhar na praia durante a semana, em horários obscenos, é outra. A diferença está na velocidade (1,5km/h passeando e incríveis 4,5km/h caminhando) e no que nos é dado a ver, ouvir e pensar.

Hoje, por exemplo.
Com a praia razoavelmente cheia, é impossível não notar um fato que deveria merecer estudos profundos dos "istas" de plantão:
as mulheres, em maioria absoluta, ficam deitadas na areia empinando suas respectivas bundas para o sol. Nessa posição, essa maioria produz uma visão agradável e, por vezes, inacreditável.

Mas, tem sempre um "mas". Essa mesma maioria - quando levanta - revela seu verdadeiro eu: as bundas despencam ou se alastram ou se apresentam acompanhadas de barrigas proporcionais ou, ainda, revelam um frontal que não condiz com a retaguarda.
Estas últimas são, como se dizia no século passado, as "raimundas".
As que, em pé, condizem plenamente com o que apresentam em decúbito ventral são raras. Muito raras.

O que me fez pensar que os políticos e bundas na praia têm tudo em comum. Quando precisam do seu voto se apresentam macios, redondos, brilhantes e chamativos. Uma vez passada a necessidade do momento, eles revelam o seu verdadeiro eu.

(Olhaí que falta de criatividade: o cidadão está numa praia maravilhosa, sol a pino, mar lindo, água em temperatura civilizada, brisa contínua, bundas em profusão e pensa em políticos!)

Um bom mergulho, com direito a pegar um "fióte" de jacaré, felizmente desviou meus pensamentos para coisas mais importantes como a proximidade de Flamengo X Chapecoense na Tv.

PARA ONDE VÃO AS FORMIGAS?

Casa nova, problema antigo: dezenas, centenas, talvez milhares, de micro formigas passeiam dia e noite pela pia da coz. (É "coz" mesmo; porque chamar aquele local de "Cozinha" é superlativo.)

E elas não estão nem aí pra nada. Produzir um singelo copo de nescau vira uma batalha - sempre perdida. Elas invadem o copo, sobem no meu braço, um inferno.

Comentei minhas agruras com meu amigo que já habita estas plagas há muitos anos e está se especializando em me tirar de todos os sufocos próprios de um ignorante recém chegado.
A resposta foi um presente: uma seringa com um tal de "maxi gel inseticida". Seguindo as instruções, passei o tal gel nas bordas da pia da coz. Em menos de duas horas as pentelhas desapareceram.
E nunca mais voltaram!

Aí fica a pergunta: pra onde elas foram? Porque não vi nem um cadáver de formiga em lugar nenhum. Elas simplesmente desapareceram sem deixar vestígios.

Das duas uma: ou elas estão em um lugar oculto e obscuro planejando a revolução ou foram se encontrar com as consciências dos inúmeros analistas, especialistas, videntes, políticos et caterva, que sumiram depois das eleições...

sábado, 1 de novembro de 2014

JJ CALE

Morto no ano passado aos 74 anos, John Weldon Cale foi um cidadão absolutamente único no negócio da música.
Manteve sua vida pessoal sempre em primeiro lugar, sem dar muita bola para as inebriantes luzes da ribalta do showbiz.

Foi considerado pela Rolling Stone como uma influência imensurável - o que é comprovado por uma longa lista de estrelas que gravaram suas músicas e se declaram fãs incondicionais como, entre muitos outros, Neil Young e Eric Clapton. Cujo, nesse vídeo, por várias vezes faz a guitarra base enquanto o Cale sola com sobriedade e total competência.