terça-feira, 11 de agosto de 2009

CRÔNICAS TAILANDESAS - 3

O REINO DAS CORES - II
Paulo Emilio de Medeiros

De 2006 (conforme narrado na crônica anterior), o uso de roupas amarelas na Tailândia estendeu-se para 2007, desta vez como homenagem ao 80º aniversário do Rei Bhumibol Adulyadej.

Entretanto, mais para o final de 2007, o próprio rei abalou o império até então indiscutível da cor amarela. Em novembro, causou impacto visual ao deixar um hospital, após internamento de algumas semanas, vestindo blazer cor-de-rosa, acompanhado de camisa com gola Mao da mesma cor em tom bem mais claro, e calças escuras.

Imediatamente começou a febre do cor-de-rosa. Em apenas um ou dois dias, a cidade inundou-se de camisas pólo cor-de-rosa. Estas, a seguir, ganharam detalhes amarelos na gola — e as camisas amarelas, detalhes cor-de-rosa.

Uma semana mais tarde, a onda rosa sofreu um choque, provocado novamente pelo rei, que, ao visitar sua irmã em um hospital, foi filmado trajando blazer verde. Dois dias foram suficientes para aparecerem por toda parte camisas pólo verdes — às vezes com detalhes cor-de-rosa.

O amarelo permaneceu majoritário, mas o rosa e o verde passaram a ser alternativas freqüentes. Outras cores fizeram sua aparição em camisas pólo, tais como o alaranjado e o azul-turquesa. Camisas pólo azuis, aliás, já vinham sendo usadas às sextas-feiras por várias pessoas, para homenagear a rainha, nascida em uma sexta-feira, dia da cor azul. A Tailândia tornou-se um verdadeiro reino das cores. Vender camisa pólo era negócio altamente lucrativo, naquele momento...
O rei, de seu lado, continuou a vestir blazers de cores variadas, em suas visitas à irmã no hospital: azul claro, branco, vinho, etc.

Em 5 de dezembro de 2007, uma onda amarela marcou o 80º aniversário do rei. Este, ao falar ao povo da sacada do palácio, explicou, bem humorado, a razão de seus blazers de diferentes cores:
— Um homem da minha idade que se vista sempre da mesma cor torna-se monótono. Como o Sr. Primeiro-Ministro [presente ao evento], que, embora mais novo que eu, vem sempre me ver vestido de branco [cor do uniforme dos funcionários públicos na Tailândia]. O senhor devia vestir outras cores, Sr. Primeiro-Ministro, é muito sem graça vestir sempre branco.
Assim terminou 2007. Mas não terminaram as reviravoltas cromáticas tailandesas...

3 comentários:

  1. Ai que delícia, trocar de cor com propósito, achei o máximo. Gostei do homem, ignoro se ele é bom para o povo e o país. Mas que ele tem estilo, ah isso tem... Aguardo a próxima do reino das cores.

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  2. Além de estiloso, o rei é bem-humorado. Fica sacaneando os súditos mudando de cor sem avisar.
    Bacana demais a crônica!

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  3. Obrigado pelos comentários, Méri e Cláudia. Mais histórias virão...

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