segunda-feira, 7 de julho de 2014

INVASÃO

 
Mulheres.
De quatro em quatro anos, sem a menor cerimônia, elas invadem nosso território futebolístico.

Interessante situação: se você assistir o jogo só com sua companheira, ela se comporta bem, torce até direitinho, presta atenção, etc. Mas, basta mais uma presença feminina - somente uma - para ligar alguma chave oculta e elas se soltam.
Aí, são arrumações, decorações, roupinhas para o evento, salgadinhos, bebidinhas e conversas completamente inadequadas à ocasião.
-Blusinha mais bunitinha!
-Pois é, comprei hoje de manhã num camelô, cêcridita?

Brasil X Colômbia, hino, comentários vários sobre os jogadores que passam pela tela cantando em close, todas falam ao mesmo tempo (como é de praxe em conversas [?] femininas), aparece o James Rodríguez e, junto com ele, a pergunta fundamental:
-Esse é que é o fodinha deles?

Começa o jogo e vem a indefectível pergunta técnica:
-Pra que lado a gente está atacando?

O jogo rola, elas se emocionam, um adversário dribla e ameaça um chute que poderia ser perigoso. Elas emitem, em uníssono, um GNP (Grito Ninja Paralisante), o colombiano se atrapalha e o perigo é desfeito.

Felizes, a atenção se desvanece e as conversas degeneram:
-Minina, você está sumida!
-Trabalhando muito. Seu cabelo está ótimo, hein?
-Ah, nem te conto. Descobri uma cabeleireira fantástica e blfrghsstfg...

A gente aumenta o volume da televisão, Galvão se esgoela (elas não admitem publicamente, mas adoram e inventam desculpas esfarrapadas - qualidade de imagem, etc, para ouvir o vetusto pentelho) e elas não estão nem aí.
Levantam pra checar a mesa dos salgadinhos, oferecem, entram na frente da TV, buscam mais caipirinha, aprontam uma balbúrdia digna, imagino, de um salão de beleza.

Gol do Brasil.
Mais um GNP, pulos, abraços, “De quem foi, de quem foi?”, “Ai, tenho que fazer xixi!” e outras manifestações afins.

Pênalti, os jogadores se posicionam em torno da meia lua e acontece o diálogo definitivo:
-Por que eles ficam ali atrás?
-Ah, minha filha, aquilo é uma terra sagrada que ninguém pode pisar.

Brasil vence, “Tadinho do Neymar”, “Quer mais caipirinha?”, “Ainda bem que não teve disputa de pênaltis, não aguento disputa de pênaltis!”, “Quando é o próximo jogo?”, “Precisamos combinar, hein?”.

Como só faltam dois jogos e é só de quatro em quatro anos, a gente agueeenta! 

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