segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

TEMPO, TEMPO.


Nós, estranhos seres que cultivamos o estranho hábito da pontualidade, certamente sofremos mais do que os outros com o controle do tempo.
Não adianta dizer que ninguém liga pra horários. Nós, os pontuais, não só ligamos como somos obcecados com eles. Tudo bem, somos uns chatos, deveríamos morar em Londres, e o bla-bla-bla de sempre.

Mas, o buraco é mais embaixo.
Já desisti de me chatear ou chatear os outros por essa coisa ridícula e insignificante que é chegar na hora combinada.
Por vezes me divirto com as desculpas esfarrapadas e, mais ainda, com a absoluta indiferença que a grande maioria ostenta ao se atrasar apenas 20 ou 30 ou 40 ou sei lá mais quantos minutos.

É que a sociedade tupiniquim desenvolveu uma curiosa discriminação: quem chega na hora, seja para um jantar, para um chopp no boteco, para uma festa ou mesmo para uma reunião de trabalho, é meio bastante brega, sabe assim?
(Desde que as reuniões não sejam com gringos. Quando são, os tupiniquins chegam meia hora antes e ficam nervosinhos andando prum lado e pro outro.)

É o nosso jeitinho escroto de ser, né?
Cheguei à triste conclusão que é, sim!
Então venho tentando, bravamente, me adaptar.
E aí é que mora o ridículo da coisa: pontual incorrigível que sou, planejo o atraso! (Vou chegar 20 minutos atrasado. Não. 20 é demais; 10. 10 não é atraso! Vou atrasar meia hora. É chique e vou chegar com cara de paisagem - não adianta - acabo chegando sempre 5 minutos antes. Puto da vida.)
Como não venho conseguindo sucesso no empreendimento e estou é sofrendo mais ainda, resolvi ligar o foda-se.
Vou continuar chegando 5 minutos antes do combinado, vou esperar o tanto que suportar e tentar achar algo útil para fazer no período de espera.

E, nesse período, já comprovei: o horror dos horrores é se entregar a jogos no áifone. É batata: basta você estar ganhando para o pentelho atrasado aparecer cheio de alegria.

Melhor ler jornal ou revista. Eles andam tão ruins que nenhuma interrupção vai ser digna de maiores emoções.

4 comentários:

  1. Concordo inteiramente! Acho sem desculpas esse comportamento de não se preocupar com horários. Não acho graça nenhuma.

    Estrangeiros não perdoam. Uma vez ia dar carona para um colega alemão no exterior e cheguei cinco minutos atrasado. O cara entrou no carro com a cara super-fechada. Até que levantei o assunto e ele me confirmou que para eles chegar cinco minutos atrasado era visto como uma tremenda falta de consideração.

    Recentemente, um tailandês amigo de um amigo foi ao Brasil para a Copa e aproveitou para fazer uns contatos de negócios. Ele e seus contatos eram um grupo do qual faziam parte vários europeus, dois argentinos e dois brasileiros. Os argentinos e os brasileiros chegavam atrasados a tudo, quarenta minutos, uma hora. Só que os outros pararam de esperar por eles. Assim, eles chegavam para jantar e os outros já estavam na sobremesa e logo se levantavam. Chegavam para um passeio de ônibus e o ônibus já tinha saído.

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    1. Que coisa!
      Na minha época (olhaí que veiêra!) o pessoal ainda respeitava os horários dos estrangeiros. (Desde que, é claro, os estrangeiros estivessem em posição de "rentabilidade".)
      O pior é que, mesmo acontecendo tudo isso a maioria não se conserta.

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  2. A Prática é geral. Chegamos para uma consulta no horário marcado mas é possível que sejamos atendidos até uma hora após ... sem a mínima desculpa !

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    1. Nesse segmento médico então, é o ridículo total. Eles atrasam o quanto querem e ainda fazem pressão para que cheguemos na hora.
      Deve ser uma estratégia. Se você não tiver nada, já fica puto e estressado com o atraso. Daí, tome de exames, etc.

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