Domingão, fim de
tarde, por do sol, atravesso a rua e vou pra praia degustar esse visual aí da foto. Só que por pouco
tempo.
À minha esquerda desembarcam
pai e filho.
O filho, gurdim
desajeitado, mostrando empolgação zero, pula na areia com uma bola debaixo do braço. O pai, se desvencilha
de tênis, meia, etc, e vai para a peleja.
O gurdim é dar dó.
Começa querendo jogar vôlei. No primeiro toque a bola resvala entre as mãos,
areia nos olhos e o pai observando as mulheres que passam pelo calçadão.
Passam para o futebol.
O pai, dono de uma
canhota certeira, põe todas as bolas na frente do gurdim. Cujo tropeça, bate de
canela, de joelho, de bochecha, um inferno. O pai segue de olho no calçadão enquanto aguarda o filho buscar bola após bola.
O gurdim cansa e senta
na bola. Após uma rápida reunião onde ambos parecem tratar da imensidão do universo
relacionada aos grãos de areia, acabam por concordar e vão correr em círculos.
Com raios relativamente grandes. O gurdim se esforça durante quase duas voltas,
tropeça nas pernas e cai. O pai desiste, eles pegam a bola, sandálias, tênis,
camisetas, etc e vão embora.
Passam por mim sem
conseguir disfarçar o alívio que ambos estão sentindo. Enquanto eu, de minha parte, espero ter conseguido disfarçar a tristeza que estava sentindo por ambos.
Muito bonito, Tiago. Mesmo. Podia figurar ao lado de uma crônica do Carlos Drummond de Andrade, na época em que saiam no jornal - e todo mundo iria preferir esta sua.
ResponderExcluirQuÊÍsso, Matias!
ResponderExcluir(Disse Tiago pouco antes de deixar a estratosfera, inchado como um baiacu...)
Concordo com o mano, Tiago. Mas cuidado que os jota-pessoenses vão estranhar esse tal de baiacu voador. Abraço, Fuca
ResponderExcluirProcederia se algum jota-pessoense fosse meu leitor.
ExcluirEntão, pelo menos por enquanto, parece que vou me livrando desse estranhamento.
Abs.
Concordo com o Matias. Arrasou, Tiago Cruz! Acho que JP está te deixando mais lírico. E vc também está se tornando um sensitivo, né? Como é que vc sabe que o pai é separado?
ResponderExcluirÔ Cláudia,
Excluirque sensitivo que nada!
O cara não parava de babar em direção ao calçadão e a única dúvida era sobre quem estava mais doido praquilo acabar; se ele ou o desajeitadinho.
Além do mais era domingão, quase 6 da tarde.
Qual o pai que se preza que vai levantar do sofá num fim de domingo pra ir à praia bater bola, pateticamente, com o filho?
CQD...