A música nordestina é de uma gostosura maravilhosamente única.
Tanto pelo ritmo
quanto pela qualidade dos instrumentistas.
Tanto pela sonoridade
quanto pela qualidade dos arranjos.
Mas, a velocidade
com que as letras são cantadas, aliadas ao sotaque, fazem com que o locutor que
vos fala, recém-chegado, tenha que recorrer regularmente ao google para ler e
entender as letras.
Aí é um raro prazer: -Putz!
Então era isso que eles estavam dizendo!
Exemplos vários já
postei por aqui. É só pesquisar "Clã Brasil" que vocês vão comprovar
o que estou dizendo.
Entretanto, não importa
a região, as letras de difícil entendimento - não da pronúncia mas do
significado - são uma constante na MPB.
Vide os versos dessa pérola
a seguir, de autoria do excelente Chico César:
Paraíba meu amor
Eu estava de saída
Mas eu vou ficar
Não quero chorar
O choro da despedida
O acaso da minha vida
Um dado não abolirá
Pois seguirás bem
dentro de mim
Como um são joão sem
fim
Queimando o sertão
E a fogueirinha é
lanterna de laser
Ilumina o festejo do
meu coração
Então vamos lá: o cidadão
desistiu de ir embora por não querer o drama da despedida (?!).
Até aí, tudo bem.
Mas, what porra
significa "O acaso da minha vida, Um
dado não abolirá"?
E, se ele resolveu ficar, por que ... "seguirás bem dentro de mim, Como um são joão sem fim, Queimando o sertão"?
E, se ele resolveu ficar, por que ... "seguirás bem dentro de mim, Como um são joão sem fim, Queimando o sertão"?
Em consonância com os dias de hoje, fiquei logo pensando em
implicações políticas mas, segundo profundas pesquisas do DataHaja, Elba
Ramalho gravou essa música em 1998 no disco "Flor da Paraíba".
E o cidadão compositor,
ainda segundo o DataHaja, só foi se envolver na política em 2009 quando "tomou posse na presidência da Fundação
Cultural de João Pessoa (Funjope). De janeiro 2011 a dezembro de 2014 foi
Secretário de Cultura do estado da Paraíba".
Danou-se a teoria e
aguardo sugestões dos criativos amantes de lendas urbanas que se fartam de teorias
mirabolantes sobre, entre vários exemplos, as letras do Djavan.
Cujo, convenhamos, é um
convite a interpretações estapafúrdias coerentes com "açaí guardiã zum de besouro um imã"...
Cá pra nós, é bela a sonoridade da música de Djavan, mas suas letras não estão à altura dos seus acordes. A extraordinária "Chão de giz" de Zé Ramalho é outra que merecia outra roupagem. Já me acostumei de cantar "fotografias recortadas em jornais de folhas, amiúde" e "gastando assim o meu batom", mas...
ResponderExcluirVitor Lemos
Talvez nós não tenhamos a "prófundidade" necessária para captar as mensagens...
ExcluirTiago, decorridos bons meses, volto a comparecer. Agora aposentado, estou aboletado também à beira de nosso ``belo mar selvagem de nossas praias solitárias`` de Vicente de Carvalho, e consegui ocupar um tempo desses diários sábados que hoje saboreio.
ResponderExcluirDa letra do Chico César, faço o esforço para desvendar that porra: o dado que não abolirá o acaso deve se referir ao ``alea jacta est`` (o dado está lançado) de Caio Júlio César ao decidir atravessar o rio Rubicão e expandir mais seu império.
Assim o Chico estaria parodiando seu semi-homônimo imperador.
Será? Grande abraço, LC.
Luiz Celso!
ExcluirBom saber que você está curtindo o marzão.
Melhor ainda é constatar que a aposentadoria é só física e não mental.
Vou tentar enviar para o CC a sua teoria.
Quem sabe ele nos esclarece?
Abração.