sábado, 12 de abril de 2014

QUE MARÉ!

 
Como os milhares e milhares de leitores deste blog não devem ter reparado, fiquei fora do ar essa semana - viagem de trabalho para João Pessoa. E, claro, coisas espantosas nos esperam quando saímos para a aventura que é enfrentar o trânsito e os aeroportos nesses dias pré-copa.

Pra começar, voo marcado para as 19h30, o "mineirim véi" sai de casa às 16h30 e se instala no ônibus das 17h. Tranquilo, planejando comer um cheeseburguer do Bob’s (paixão de adolescência) naquilo que chamam de aeroporto de Confins (do Judas).

Meia hora de viagem, tudo parado. Olho na janela e vejo uma nuvem de fumaça escura se levantando no horizonte.
Putz! Acidente grave? Não: manifestação. Fecharam a avenida com pneus queimando, gritaria, etc. Só deixam passar as motos.
Como não aparecem cartazes nem palavras de ordem, fico imaginando que pode ser uma manifestação de motoboys exigindo melhores condições, por aí.

Uma hora depois chega a polícia com bombeiros e helicóptero sobrevoando a muvuca. Nada acontece. A polícia fica quietinha observando, os bombeiros parados num canto e o helicóptero voando em círculos com aquele farol que faz parecer um OVNI.

E os caras jogando mais pneus e gasolina fazendo uma fogueira lindona. Do ponto de vista puramente estético, é claro.

Dentro do ônibus, começa uma discussão no estilo “Absurdo! Estão interferindo no meu direito de ir e vir!”, “Quêisso? Eles têm o direito de se manifestar!” e por aí afora.
O engraçado da discussão é que ninguém sabe a razão da manifestação. Mas, vida que segue. Acalmados os ânimos, todos seguem telefonando, fotografando e mandando mensagens alucinadamente.

Misteriosamente surge uma Kombi (como é que ela passou pelo engarrafamento monstro?!), despeja uns oito caras trazendo mais pneus, gasolina e, finalmente, uma faixinha: “Incompetência: é absurdo o fechamento das avenidas Cristiano Machado e Sebastião de Brito”.
AH! Então tá!

Segue o baile, a coisa fica parecendo festa do interior, mães com criança no colo, footing, garotada andando de bicicleta, finalmente eles cansam, os bombeiros apagam o foguinho restante, limpam a pista e vamos nós.

Resumo da ópera: chego ao aeroporto às 21h30. Vou ao guichê, fila, e sou informado que, numa prova de alta compreensão da TAM pelos acontecimentos, fui transferido para o dia seguinte às 6h10.
Ótimo! Pego o ônibus de volta, chego em casa às 23h45, um cochilo, saio às 4h20, pego o ônibus das 4h40, e embarco. No horário!

Escala em Guarulhos, quatro horas de espera pela conexão e fico passeando. Uma lanchonete bonitinha estampa os preços: R$5 por um copo d’água, R$12 por um chopp, R$35 num hamburguer, é a triste realidade brasileira: aqui não se explora o turismo, explora-se o turista. E os imediatistas ainda reclamam das dificuldades.

Chego ao destino às 15h40. Minha mala é a última a aparecer na esteira. Um cigarrinho para aliviar a tensão, táxi e desembarco no hotel às 16h30. Cravadas 24h de viagem!

A volta é outra longa história de outras 24h de viagem com direito a, também, longa estadia naquilo que chamam de aeroporto Tom Jobim cujo, tomara, deve estar providenciando régias pragas destinadas a quem usou seu nome em tamanha falcatrua.

Onde estão os cientistas que, com certeza, já inventaram o teletransporte? Certamente em local ermo e ignorado, confinados e incomunicáveis - pelas empresas de transporte aéreo, combustíveis etc.

8 comentários:

  1. Comentar o que, né, Tiago?
    Inacreditável!!! A que ponto chegou o Brasil. E a corja usual se pavoneando por aí, como se nada houvesse.

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    1. Acho que o maior problema é que esse "ponto" já chegou faz muito tempo. E todos continuam nessa pequenice de "direita" e "esquerda" sem ver (ou não querendo ver) que é tudo a mesma coisa: corrupção desenfreada e tudo que daí decorre.
      Solução? Infelizmente a que nunca anda: não reeleja ninguém e não eleja quem tenha mínimas ligações com a corja.
      Ou seja, não sobra nada.
      E segue o baile...

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  2. Amigo, não há consideração alguma a fazer. Você, num resumo de clareza 'solar e meridiana', definiu como se dá uma maratona de viagem de avião neste país! Abç. DuduGouvêa

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  3. Manifestações interrompendo vias é o fim da picada! Milhares de propósitos interrompidos em função de um grupo só. Ocupar um terço da pista já bastaria para chamar a atenção para a sua causa. É elementar que o direito de um termina quando começa o direito de outros.
    Vitor Lemos

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    1. Vitor, sua ponderação esbarra num obstáculo que, pelo visto, é intransponível: o bom senso.
      Coisa que, com toda certeza, não existe em nenhum evento desse tipo.
      Abs.

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  4. Que não exista no evento, eu até entendo.
    Mas que não exista em quem tinha obrigação de desimpedir a pista... aí é outra história.

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    1. Mas é que não pode. É violência, é impedir o direito de expressão...
      Expressão esta muito bem organizada com pneus, gasolina, etc.
      E ainda dei sorte porque foi pacífica. Por pacífica entenda-se a ausência de quebradeiras, fogo no ônibus, vandalismo e quetais.

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