terça-feira, 3 de agosto de 2010

VIDA, PRA QUÊ?

Pinto quadros e ninguém compra.
Fotografo e ninguém vê.
Escrevo e ninguém lê.

Ando na rua e ninguém me olha.
Reclamo e ninguém liga.
Telefono e ninguém responde.
Choro e ninguém me consola.
Acho graça e ninguém ri.
Falo e ninguém escuta.
Trabalho e ninguém me paga.
Peço e ninguém atende.
Ofereço e ninguém quer.

Vida, pra quê?

Pra pintar quadros que não quero vender.
Pra tirar fotos que não quero exibir.
Pra escrever textos que não importa se serão lidos.

Pra andar na rua e não ver ninguém.
Pra reclamar só por reclamar.
Pra não telefonar.
Pra chorar, mas de alegria.
Pra achar graça e rir sozinho.
Pra falar cada vez menos.
Pra trabalhar só por prazer.
Pra pedir e ser atendido.
Pra oferecer e ter fila na porta.

E o principal (que impulsiona todos os sentidos):
Pra juntar esse texto bobo com imagens piegas,
musiquinha de flauta e montar um power-point que vai virar novena...

5 comentários:

  1. Se a última parte fosse opção, a primeira não seria tão deprimente...
    Mas eu não disse isso, Haja, porque não quero ser acusada de ser narcisista e dependente do reconhecimento do outro. E também não vou dizer que criei um blog, até pq não acho que esteja entre as suas preferências de leitura. Então eu não disse nada.
    Amanda

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  2. Eu gosto desse texto, pai.
    No dia de hoje, domingão dos pais, não posso me privar de dizer:

    Vida, e muita, prá você continuar sendo meu paizão de sempre, perto na distância, com as palavras certas para os momentos mais cruciais, mesmo sem saber que faz tanta diferença.

    Muita vida prá curtir ser pai em dobro (e isento da parte árdua) da minha filhota, sua neta que está a caminho.

    E vida longa para que longa seja também a permanência do Haja, que leva para além das suas quatro paredes uma parte muito boa da sua arte, fazendo algum tipo de compensação pelos quadros pintados e não vendidos, as fotos tiradas e não vistas por ninguém!

    Sobre essa última parte, eu sei que o mundo não sabe o que perde! :)

    Te amo.

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  3. Putz, Maricota!
    Tá até difícil digitar de tanto que fiquei inchado...

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  4. Volta e meia levo um uppercut desses das minhas filhas, que são a melhor razão pra se viver.
    aBIRAços

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