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Wilsinho e Vitinho, desde crianças, eram amigos complementares. Ou seja, Wilsinho era esperto, atirado e Vitinho, tímido, se deliciava com as façanhas do amigo.
Quando Wilsinho estava ali pelos 14 anos, a mãe dele contratou a Zenaide para as nobres funções da cozinha, limpeza, etc. Ocorre que a Zenaide era um monumento e o menino foi à loucura. A mãe do Wilsinho, num deslize muito comum às mães em geral, se recusava a ver que o filho já não era nenhum bebê.
-Vitinho, peguei um lance da Zenaide no tanque. Ela abaixou pra pegar uma roupa, rapaz, que coxas! E calcinha preta!
-Hmmm...
O pai do Wilsinho trabalhava muito, a mãe estava ocupada com a filha mais nova, a Zenaide ficava pra lá e pra cá e o Wilsinho não saía do banheiro.
Durante o recreio, atualizava o amigo:
-Dei um jeito de cruzar com ela no corredor. Uma esfregadinha mais assim, ela riu. É safada. Não tem erro. Vou comer, Vitinho!
-Hmmm... Mas, onde?
-Sei lá. Vou dar um jeito.
A Zenaide, além de ser um monumento, não valia a bóia que gastava. Era safada mesmo, fogosa e, vendo que o pai do Wilsinho tinha mais o que fazer, depois da esfregada no corredor resolveu investir no garoto. Afinal tinha tempo livre e as saídas do fim de semana eram pouco pra ela.
O pátio da escola estava pequeno pra ele. Peito estufado, triunfo estampado no rosto, sorrisinho maroto. Vitinho, quando viu o amigo chegando, não teve dúvidas:
-E aí, comeu?
-Comi! (Wilsinho não era dado a rodeios)
-Hmmm... Conta, como é que foi?
-Ontem de tarde mamãe levou a Carol pra tomar vacina e eu vacinei a Zenaide!
-Hmmm... Onde, onde?
-No quarto dela. Ela estava no tanque, pensei “é agora ou nunca”, cheguei por trás e tasquei um beijo na nuca. Ela já virou me arrastando pro quartinho. Bom demais...!
-Hmmm... Que mais, que mais?
-Nada. Tinha que ser rapidinho, né? Só não gostei da camisinha. Apertada...
Passou o tempo e o Wilsinho, além do melhor bife, degustava regularmente as carnes da Zenaide. Até que um dia, na falta de melhor assunto, o Vitinho perguntou:
-E aí, continua traçando a Zenaide?
-Parei.
-Ué, por que?
-Ela era gostosa, coisa e tal, mas eu não agüentava mais aquele arzinho dela.
-Como assim?
-Ah, sabe, aqueles olhares de “nós e o nosso segredinho, hein?”. Aí armei uma arapuca, a mamãe caiu e mandou ela embora.
-Você é doido!
-Que nada. Já tô de olho na ‘do Carmo, conhece? Lá do vizinho...
Definitivamente o Wilsinho já estava crescidinho...