terça-feira, 11 de março de 2014

DIREITO DIVINO

Mudar de opinião, além de um direito divino, é prova de que o cidadão raciocina. Não importa para que lado ele vai, pelo menos ele está pensando – coisa cada vez mais rara nos dias de hoje.

Casos incríveis aconteceram após o golpe de 64. Um deles foi o Correio da Manhã: batalhou incansavelmente pelo golpe e depois mudou de opinião passando a ser oposição. Claro, foi devidamente extirpado durante o regime militar.

Nos quadros do Correio estava Carlos Heitor Cony que, na companhia de figuras ilustres como Alberto Dines, Antonio Callado, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga e outros, apoiava descaradamente o golpe.

Cony arrependeu-se logo, em abril de 64, e escreveu artigos contundentes que lhe renderam os problemas de sempre.
Outros se “reescreveram”, outros se “adaptaram” e por aí afora.

A frase a seguir faz parte de um artigo do Cony escrito logo após a mudança de opinião e, pra mim, é a definição mais precisa dessa classe sem classe:
“Não se podia esperar caráter e patriotismo dos políticos: são coisas que a estrutura de um político não pode possuir, assim como a estrutura do concreto armado não pode possuir bolsões de ar.”

A propósito, Juremir Machado da Silva publicou um livro intitulado "1964 Golpe Midiático-Civil-Militar". Ainda não li mas, já gostei.

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