sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CONCEITO EM PROPAGANDA

Leonardo Lage
Alguém viu o tal de "conceito" por aí?
Por onde andam as Brahmas nº 1? As Brastemps da vida? Os nossos japoneses mais criativos? E as mil e uma utilidades?

Aos 46 anos me considero um sujeito jovem, mas vivo com um sentimento de saudosismo em relação ao que vejo atualmente na propaganda. Observo anúncios e comerciais com imagens lindas, direções de arte espetaculares, recursos de Photoshop, filtros os mais diversos e sem falar dos tratamentos de imagens dignos das grandes estrelas de Hollywood. Me encanto pela beleza das peças, mas não encontro contéudo, não vejo um conceito que norteie a linha de comunicação. Penso com meu botões: "Que lindo anúncio, mas porque esse produto ou serviço é melhor ou me atenderia melhor do que um outro?" Falta um conceito que posicione a marca, falta um conceito que agregue a essa marca uma percepção diferenciada, confiabilidade e desejo.

Se a propaganda é a alma do negócio, o conceito é a alma da propaganda. A partir dele as agências podem estabelecer uma linha de comunicação consistente, contínua e com conteúdo. Se os anúncios e comerciais terão uma linha criativa de humor, emocional, com mulher de bunda de fora ou lindas criancinhas é uma questão de qual dessas linhas se encaixa melhor e claro, da oportunidade a frente.

Minha sensação é de que tudo é muito solto, bambo. Cria-se para o hoje, para o agora. São peças de beleza plástica, com títulos e textos engraçadinhos ou polêmicos, mas sem o menor compromisso de se buscar um objetivo de comunicação a médio e longo prazo. Sem um conceito que irá construir uma marca forte, desejada e com credibilidade.
Não é à toa que se tirarmos a assinatura do anunciante ao final do seu comercial, este mesmo comercial poderá ser veiculado por qualquer um dos seus concorrentes.
Será que ando cego? Será a idade? Ou apenas saudosismo? Se alguém vir o tal de conceito por aí, avise ao mercado publicitário: estamos precisando muito dele.

5 comentários:

  1. Leonardo, não sou publicitário e de publicidade não entendo nada. (Pelo menos nada do ponto de vista de quem faz publicidade.) Mas achei seu artigo legal. A falta de conteúdo no meio de imagens bonitas vai além da publicidade, e tem muito a ver com o espírito da época...

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  2. Tiago vc tem razão. Já perdi a conta dos comerciais lindos de se ver na TV, que ao final não sei dizer qual era o produto e o anunciante.
    A propaganda impecável, original, mas e o produto, qual era mesmo?????

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  3. Vera,
    quem tem razão é o Leonardo Lage...
    Abs,
    Tiago.

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  4. É, isso aí Leonardo. Belas imagens, que servem para qualquer produto. Sem falar nos jingles, que não existem mais. Agora é tudo música de popstar "adquirida para o filme". Ningúem faz mais musiquinhas como as das campanhas de Natal da Mesbla (Na Mesbla, na Mesbla, o maior Natal do Brasil, compre agora, sem entrada, e só comece a pagar em abril, abril, abril), da Varig, do Bamerindus (que virou hit em festinhas de amigo-oculto, nos 80's - todo mundo bicudo, cantando: Quero ver você não chorar, não olhar pra trás....); a de inverno das Casas Pernambucas (Quem bate? É o frio. Não adianta bater, eu não deixo você entrar...), do remedinho para dor de ouvido Auri Sedina (Se a criança acordou, dorme, dorme menino. Tudo calmo ficou, mamãe tem AuriSedina). Sei todas de cor até hoje e tenho só 45. Epa, tô ficando nostálgica demais...

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  5. Sou Publicitário, proprietário de uma agência no interior de SP. Seu artigo é totalmente aceitável e estou 100% do seu lado. O grande problema enfrentado no interior, pelo menos, são as aprovações dos clientes.
    Com a evolução tecnológica, a criatividade está perdendo espaço para essas "plasticas". Eu sou criado a base de Washington Olivetto. Grandes ideias, ótimos conceitos. As melhores propagandas, são as que deram bons resultados e estão até hoje na mente das pessoas.

    Realmente conceito está fora de moda na mentalidade do empresário. Isso é uma luta constante para nós agenciadores.

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