segunda-feira, 19 de outubro de 2015

PERDA (OU GANHO) DE TEMPO?


Fatos observados:

Um casal djóvem chega na praia com as duas filhinhas pequenas.
Elas vão direto pro mar que, em maré baixa, se esparrama mansamente pela areia.
Os dois ficam sentados juntinhos e começam a trocar safanões amorosos.
Ele esconde alguma coisa, ela se estica pra pegar, se engalfinham, se sarram e seguem bem humorados.

Até que algo acontece e ela levanta, puxa a toalha e joga na cara dele. Ele joga de volta.
Ela joga areia e ele levanta. É uma cabeça maior do que ela.
Avança e grita com ela. Ela negaceia, joga mais areia e sai de lado.

Ele vai pra água, pega a menor no colo, dá a mão para a maior e vão pular ondas.
Ela, na areia, continua jogando areia para o vento.
Ele sai da água com as meninas, tenta conversar e é rechaçado.

Levantam acampamento. Param no limite da praia com a mureta e o cidadão pula acrobaticamente para cima, limpa a areia dos pés e, fazendo pose de macho alfa, aguarda a mãe das crianças finalizar os preparativos da saída.

Ela prolonga interminavelmente as arrumações dos cachos das crias, das blusinhas, ele, muito puto, pula de volta e cobra ação.
Ela, nem aí. Ele argumenta - mãos nas costas e pescoço esticado - ela retruca atirando mais coisas longe.

Ele volta para a mureta em outro salto acrobático. Ela e as filhas dão a volta, sobem as escadinhas e sentam todos lado a lado - mãe, filhas e pai.

Ele segue argumentando, ela segue ignorando, as meninas brincam ao redor e ele compra um côco.
Ela recusa e as filhas aceitam. Ele compra outro para si mesmo.

Mais argumentos, mais negativas.
Ele, num gesto que poderia ser de revolta, atira o côco no chão.
Mas, foi só pra abrir. Compartilha o miolo com as filhas e segue argumentando. E sendo ignorado.

Já são looongos 55 minutos (cravados) nessa inconha.
Por mais que eu tente ser um observador do cotidiano alheio, meu saco estoura. Vou em busca de uma cerveja, vejo que tenho mensagens no computador, leio, respondo e lembro da palpitante novela que se desenrolava na minha janela.

Corro de volta e...
Lá está a família feliz (?) atravessando a avenida em direção ao carro.

Aí, é contigo imaginativo leitor: considerando que só temos acesso às imagens e à nossa imaginação sobre o que foi dito, qual a sua conclusão?

• Foi uma briguinha 'perda de tempo' ou um ganho na relação familiar?
• Foi uma produtiva DBR (Discussão Básica da Relação) ou uma cagada geral?
• E as meninas? Já estão acostumadas ou começam a colecionar memórias e ensinamentos (?) sobre o supremo amor familiar?
• NRA

Cartas para a redação.

Um comentário:

  1. Existe uma fina linha entre o amor e o ódio, tênue para separar os sentimentos nas questões do cotidiano.
    Vitor Lemos

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