sábado, 24 de outubro de 2015

COQUEIRO

Duas da tarde, na mureta do calçadão um isoporzão ladeado por dois vendedores de LGG's (Líquidos Gelados em Geral) conversando com mais um cara todo marrento com uma bicicleta.
Os três sentados na sombra.

Do nada, os valorosos homens da lei param em fila dupla e voam no marrento da bicicleta.
Dois com os trabucos apontados para a cabeça do perigoso meliante enquanto o terceiro já dá início à uma vigorosa e longa revista.
Cuja até agora não entendi a demora - considerando que o perigoso meliante trajava boné, camiseta, bermuda e sandálias.

Os vendedores estão impassíveis assistindo.
Tão impassíveis que nem parecem estar respirando.

Os hômi não encontram nada e passam a interrogar o meliante ainda com as armas apontadas. Mais tempo de agressiva conversa, guardam as armas, sacam dos celulares, fotografam o cidadão e seguem em frente.

Ele volta a sentar onde estava e a conversa segue como se nada tivesse acontecido. Mais um tempinho ele pega a bicicleta e lá se vai pedalando marrentamente.

E, a essa altura, o atento leitor deve estar perguntando
-"E o coqueiro, pô?!"
É o seguinte:
Olhando por um lado, o coqueiro é ousado, estufa o peito e enfrenta o vento, a chuva, o que vier.
Olhando por outro lado, ele se curva, submisso, às intempéries.

Foi o que o marrentinho fez.
Usou a "Tática do Coqueiro" e seguiu tranquilo sem maiores traumas.

(Curiosidade: o que a polícia vai fazer com a foto? Arquivar na pasta "Possíveis Suspeitos"?)

Nenhum comentário:

Postar um comentário