Considerando que ninguém
mais lê qualquer coisa além de 140 caracteres, imagina 7.665!
Mas, tenho esperança
que nesse fim de semana ressaqueado vocês tenham paciência para degustar esse
espetacular artigo do
Mauro Santayana.
1 de jan de 2015
FELIZ ANO NOVO!
O BRASIL NÃO É FEITO
SÓ DE LADRÕES.
(Jornal do Brasil) -
Inaugura-se, nesta quinta-feira, novo ano do Calendário Gregoriano, o de número
2015 após o nascimento de Jesus Cristo, 515, depois do Descobrimento, 193, da
Independência, e 125, da Proclamação da República.
Tais referências
cronológicas ajudam a lembrar que nem o mundo, nem o Brasil, foram feitos em um
dia, e que estamos aqui como parte de longo processo histórico que flui em
velocidade e forma muitíssimo diferentes daquelas que podem ser apreendidas e
entendidas, no plano individual, pela maioria dos cidadãos brasileiros.
Ao longo de todo esse
tempo, e mesmo antes do nascimento de Cristo, já existíamos, lutávamos,
travávamos batalhas, construíamos barcos e pirâmides, cidades e templos, nações
e impérios, observávamos as estrelas, o cair da chuva, o movimento do Sol e da
Lua sobre nossas cabeças, e o crescimento das plantas e dos animais.
Em que ponto estamos
de nossa História ?
Nesta passagem de ano,
somos 200 milhões de brasileiros, que, em sua imensa maioria, trabalham,
estudam, plantam, criam, empreendem,
realizam, todos os dias.
Nos últimos anos,
voltamos a construir navios, hidrelétricas, refinarias, aeroportos, ferrovias,
portos, rodovias, hidrovias, e a fazer coisas que nunca fizemos antes, como
submarinos - até mesmo atômicos - ou trens de levitação magnética.
Desde 2002, a safra
agrícola duplicou - vai bater novo recorde
este ano - e a produção de
automóveis, triplicou.
Há 12 anos, com 500
bilhões de dólares de PIB, devíamos 40 bilhões de dólares ao FMI, tínhamos uma
dívida líquida de mais de 50%, e éramos a décima-quarta economia do mundo.
Hoje, com 2 trilhões e
300 bilhões de dólares de PIB, e 370 bilhões de dólares em reservas
monetárias, somos a sétima maior
economia do mundo. Com menos de 6% de desemprego, temos uma dívida líquida de
33%, e um salário mínimo, em dólares, mais de três vezes superior ao que
tínhamos naquele momento.
De onde vieram essas
conquistas?
Do suor, da
persistência, do talento e da criatividade de milhões de brasileiros. E,
sobretudo, da confiança que temos em nós mesmos, no nosso trabalho e
determinação, e no nosso país.
Não podemos nos
iludir.
Não estamos sozinhos
neste mundo. Competimos com outras grandes nações, que conosco dividem as 10
primeiras posições da economia mundial, por recursos, mercados, influência
política e econômica, em escala global.
Não são poucos os
países e lideranças externas, que torcem para que nossa nação sucumba,
esmoreça, perca o rumo e a confiança, e se entregue, totalmente, a países e
regiões do mundo que sempre nos exploraram no passado - e ainda continuam a
fazê-lo - e que adorariam ver diminuída
a projeção do Brasil sobre áreas em que temos forte influência geopolítica,
como a África e a América Latina.
Nosso espaço neste
planeta, nosso lugar na História, foi conquistado com suor e sangue, por
antepassados conhecidos e anônimos, entre outras muitas batalhas, nas lutas
coloniais contra portugueses, holandeses, espanhóis e franceses; na
Inconfidência Mineira, e nas revoltas que a precederam como a dos Beckman e a
de Filipe dos Santos; nas Conjurações Baiana e Carioca, na Revolução
Pernambucana; na Revolta dos Malês e no Quilombo de Palmares; na Guerra de Independência
até a expulsão das tropas lusitanas; nas Entradas e Bandeiras, com a Conquista
do Oeste, da qual tomaram parte também Rondon, Getúlio e Juscelino Kubitscheck;
na luta pela Liberdade e a Democracia nos campos de batalha da Europa, na
Segunda Guerra Mundial.
As passagens de um ano
para outro, deveriam servir para isso: refletir sobre o que somos, e
reverenciar patriotas do passado e do presente.
Brasileiros como os
que estão trabalhando, neste momento, na selva amazônica, construindo algumas
das maiores hidrelétricas do mundo, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio;
como os que vão passar o réveillon em clareiras no meio da floresta, longe de
suas famílias, instalando torres de linhas de alta tensão de transmissão de
eletricidade de centenas de quilômetros de extensão;
ou os que estão
trabalhando, a dezenas de metros de altura, em nossas praias e montanhas,
montando ou dando manutenção em geradores eólicos;
ou os que estão construindo
gigantescas plataformas de petróleo com
capacidade de exploração de 120.000 barris por dia, no Rio de Janeiro e no Rio
Grande do Sul, como as 9 que foram instaladas este ano;
ou os que estão
construindo novas refinarias e complexos petroquímicos, como a RENEST e o
COMPERJ, em Pernambuco e no Rio de Janeiro;
ou os que estão trabalhando na
ampliação e reforma de portos, como os de Fortaleza, Natal, Salvador, Santos,
Recife, ou no término da construção do Superporto do Açu, no Rio de Janeiro;
ou
os técnicos, oficiais e engenheiros da iniciativa privada e da Marinha que trabalham
em estaleiros, siderúrgicas e fundições, para construir nossos novos submarinos
convencionais e atômicos, em Itaguaí;
os técnicos da AEB - Agência Espacial
Brasileira, e do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que acabam
de lançar, com colegas chineses, o satélite CBERS-4, com 50% de conteúdo
totalmente nacional;
os que trabalham nas bases de lançamento espacial de
Alcântara e Barreira do Inferno;
os oficiais e técnicos da Aeronáutica e da
Embraer, que se empenham para que o primeiro teste de voo do cargueiro militar
KC-390, o maior avião já construído no Brasil, se dê com sucesso e dentro dos
prazos, até o início de 2015;
os operários da linha de montagem dos novos
blindados do Exército, da família
Guarani, em Sete Lagoas, Minas Gerais, e os engenheiros do exército que
os desenvolveram;
os que trabalham na linha de montagem dos novos helicópteros
das Forças Armadas, na Helibras, e os oficiais, técnicos e operários da IMBEL,
que estão montando nossos novos fuzis de assalto, da família IA-2, em Itajubá;
os que produzem novos cultivares de cana, feijão, soja e outros alimentos, nos
diferentes laboratórios da EMBRAPA;
os que estão produzindo navios com o
comprimento de mais de dois campos de futebol, e a altura da Torre de Pisa,
como o João Candido, o Dragão do Mar, o Celso Furtado, o Henrique Dias, o
Quilombo de Palmares, o José Alencar, em Pernambuco e no Rio de Janeiro;
os que
estão construindo navios-patrulha para a Marinha do Brasil e para marinhas
estrangeiras como a da Namíbia, no Ceará;
os engenheiros que desenvolvem
mísseis de cruzeiro e o Sistema Astros 2020 na AVIBRAS;
os que estão na Suécia,
trabalhando, junto à Força Aérea daquele país e da SAAB, no desenvolvimento do
futuro caça supersônico da FAB, o Gripen NG BR, e na África do Sul, nas
instalações da DENEL, e também no Brasil, na Avibras, na Mectron, e na Opto
Eletrônica, no projeto do míssil ar-ar A-Darter, que irá equipá-los;
os nossos
soldados, marinheiros e aviadores, que estão na selva, na caatinga, no mar
territorial, ou voando sobre nossas fronteiras, cumprindo o seu papel de
defender o país, que precisam dessas novas armas;
os pesquisadores brasileiros das nossas
universidades, institutos tecnológicos e empresas privadas, como os que
trabalham ITA e no IME, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, ou no
projeto de construção e instalação do nosso novo Acelerador Nacional de
Partículas, no Projeto Sirius, em São Paulo;
os técnicos e engenheiros da COPPE, que trabalham com a construção do
ônibus brasileiro a hidrogênio, com turbinas projetadas para aproveitar as ondas
do mar na geração de energia, com a construção da primeira linha nacional de
trem a levitação magnética, com o MAGLEV COBRA;
nossos estudantes e professores
da área de robótica, do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais,
várias vezes campeões da Robogames, nos Estados Unidos.
Neste momento, é
preciso homenagear esses milhões de compatriotas, afirmando, mostrando e lembrando - e eles sabem e sentem
profundamente isso - que o Brasil é muito, mas muito, muitíssimo maior que a
corrupção.
É esse sentimento, que
eles têm e dividem entre si e suas famílias, que faz com que saíam para trabalhar, com garra e
determinação, todos os dias, cheios de
orgulho pelo que fazem, e pelo nosso país.
E é por causa dessa
certeza, que esses brasileiros estão se unindo e vão se mobilizar, ainda mais,
em 2015, para proteger e defender as obras, os projetos e programas em que
estão trabalhando, lutando, no Congresso, na Justiça, e junto à opinião
pública, para que eles não sejam descontinuados, destruídos, interrompidos,
colocando em risco seus empregos, sua carreira, e a sobrevivência de suas famílias.
Eles não têm tempo
para ficar teclando na internet, mas sabem que não são bandidos, que não
cometeram nenhum crime e que não merecem ser punidos, direta ou indiretamente,
por atos dos quais não participaram,
assim como a Nação não pode ser punida pelos mesmos motivos.
Eles têm a mais
absoluta certeza de que a verdadeira face do Brasil pode ser vista nesses
projetos e empresas - e no trabalho de cada um deles - e não na corrupção, que
se perpetua há anos, praticada por uma ínfima e sedenta minoria. E intuem que,
às vezes, na História, a Pátria consegue estabelecer seus próprios objetivos, e
estes conseguem se sobrepor aos interesses de grupos e segmentos daquele
momento, estejam estes na oposição ou no governo.