terça-feira, 10 de julho de 2012

AINDA O FLA X FLU CENTENÁRIO


Tostão, com a categoria dos verdadeiros craques, escreveu uma crônica primorosa no dia do jogo.
Seguem trechos:

Meu melhor Fla-Flu
... No estádio, meu Fla-Flu inesquecível, primeiro e único, foi em 1963. Empate em 0 a 0, na decisão do título carioca. O Flamengo foi campeão. Eu tinha 16 anos e acabado de assinar meu primeiro contrato profissional com o Cruzeiro.

... Na sexta-feira à noite, eu e três amigos do bairro, todos menores de idade, pegamos um ônibus na rodoviária de BH para o Rio. Um tio do meu amigo, que morava no Rio, comprou nossos ingressos.

... Lembro mais da festa que do jogo. Ficamos na arquibancada, espremidos, no meio da torcida do Fluminense. Ninguém me conhecia. Éramos todos tricolores, não tão fanáticos para ficar tristes com a perda do título. Marcial, goleiro do Flamengo, médico, mineiro, que, anos depois, encontrei em um hospital de Belo Horizonte, agarrou até pensamento. Foi o maior público pagante da história do Fla-Flu e o segundo maior do Maracanã, com 177.656 pessoas.
Não imaginava que, seis anos depois, jogaria no Maracanã, para o maior público pagante da história do estádio (183.341), pela seleção brasileira, contra o Paraguai, na decisão da vaga para a Copa de 1970.

... Do Maracanã, fomos para a rodoviária, ainda a tempo de comer um sanduíche, tomar uma cerveja e pegar o ônibus para Belo Horizonte. Chegamos felizes. Não foi uma aventura irresponsável de quatro adolescentes. Na época, isso era mais comum. O mundo mudou. Ficou pior e melhor, mais criativo e mais medíocre, mais desenvolvido e mais atrasado, mais triste e mais alegre.

Três coisas a acrescentar.
1 – Eu estava lá! Aos 11 anos de idade, com meu pai, nas cadeiras numeradas atrás do gol do Flamengo no segundo tempo. Nunca vou esquecer do Marcial encaixando uma bola levantada na área e o juiz apitando o final do jogo. Flamengo Campeão!
(Taí a foto pra comprovar.)

2 – Seis anos depois eu também estava lá! Dessa vez com amigos, espremido na arquibancada, torcendo alucinadamente pelo mineirinho bom de bola. Pelé fez o gol da vitória e eu pensei que o Maracanã ia desabar.

3 – Discordo do Tostão: o mundo não mudou. Mudamos nós.
(Apesar do truque “ficou pior e melhor”, etc.)

2 comentários:

  1. Tostão foi um mestre da bola, e é um mestre da palavra. Também sou velho contra a vontade, mas sinto-me compensado por tê-lo visto jogar, assim como Pelé, Jairzinho, Rivelino, Gérson, Dirceu Lopes, Ademir da Guia, em época de fidelidade à camisa. Quando era beijada, havia de fato o vínculo. Meu único Fla-Flu foi em janeiro/77, também 0X0, com Rivelino no tricolor. Minha namoradinha gostou do papel picado e do pó-de-arroz e ficamos no lado do Nense. Saí branco do Maracanã, mas sem ver uma única briga ou discussão antes ou depois do jogo. Bons tempos!
    Vitor Lemos

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    1. Sua vantagem de estar no lado errado foi poder ver a majestosa torcida rubro-negra em toda sua extensão... (eh,eh,eh)

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