quarta-feira, 13 de junho de 2012

CPI DA PRECIPITAÇÃO DE ÁGUA FLUVIAL


Meu pai detestava o Ibrahim Sued. Lá em casa o jornal era o JB. Pois bem, volta e meia ele chegava em casa com O Globo debaixo do braço.
-Ué, pai! Comprando O Globo?
-É preciso manter o ódio, meu filho...

É mais ou menos assim que me sinto enquanto deixo meu almoço amargo assistindo a transmissão da CPI. Todos fingem que esse teatro é sério, todos são coniventes, todos querem aparecer, todos têm rabo preso e, principalmente, todos têm certeza que nós somos idiotas.

O pior é que, pelo jeito, eles têm razão.
Afinal, estão lá ungidos pelos nossos votos. (Ou melhor, “deles”, como diz o Sandro Vaia: “Existe na nossa narrativa política e no imaginário do eleitor brasileiro, a indefinível e confortável figura do 'eles'- aqueles seres melífluos, estranhos, misteriosos e sem identificação em quem podemos jogar as responsabilidades que nós mesmos não temos coragem de assumir. Se o Congresso é um lixo, não é culpa de quem o elegeu, mas é culpa 'deles' - o ente misterioso que conspira contra nosso edifício ético e moral.”)

A única coisa interessante é prestar atenção nos tradutores (se é que se chamam assim) para os surdos-mudos. Às vezes eles se empolgam mais do que o próprio falante e, ao menos, fica engraçado.

4 comentários:

  1. Brilhante comentário, Doutor Tiago!
    Vitor Lemos

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    1. (>>)(]{}
      Isso aí em cima é um tentativa tosca de representar "Obrigado" em linguagem dos surdos.
      Viciei!

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  2. Kkkkkkk... Tiago, a cada dia que passa fico mais impressionada com o seu poder de sempre finalizar seus comentários agradavelmente ácidos com uma pitada de humor negro. Você é genial!

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    1. Quêisso!?
      É só uma forma de defesa contra a imensa babaquice que nos assola...
      (Tá sumida, D. Cláudia)
      Abs.

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