18:15h, plena terça
feira, explode um transformador ou coisa que o valha e todo o bairro fica às
escuras. Tudo apagado: lojas,
prédios, sinais de trânsito, iluminação da rua.
Resta ir pra casa.
O que acaba sendo um
grande prazer.
Uma cerveja ainda
gelada degustada na varanda olhando pro marzão iluminado pela lua - alta, mas
suficiente pra dar uma cor inédita, dada a ausência das fortes luzes dos postes
da praia.
A abstinência da
energia elétrica dá o que pensar: não vejo notícias, não jogo poker, não vejo e-mails,
não abro o fêicibúqui, não sei o resultado da loteria. O que não me causa maiores transtornos.
Tudo pode ficar pra depois menos a cerveja - que vai
esquentar.
(Sobre o fêicibúqui, me
lembrei de uma ótima definição do querido filósofo Roberto Boca: "Facebook
é igual geladeira em casa de solteiro. Você sabe que não tem nada lá mas, toda
hora abre pra dar uma olhadinha.")
Back to the cold cow,
lá estou eu em enlevado estado espiritual quando um adorável cachorrinho
resolve emitir agudos latidos na varanda adjacente.
Isso irrita.
Levanto, me inclino
meio corpo pra fora e, com o auxílio luxuoso da cerveja, solto três arrotos
consecutivos: graves, profundos, amedrontadores.
Funcionou!
O pentelhinho calou-se
e tudo voltou à contemplativa tranquilidade.
Obs. Importante: esse fato só ocorreu devido à ausência momentânea da sábia-que-me-acompanha. Pois,
estivesse ela a meu lado e eu seria execrado para as profundezas do inferno.
Com
razão, reconheço.
Uma vez que arrotos e mulheres que usam o cabelo como fio
dental, são considerados pelo Criador como falhas graves em Sua Obra.
Assim sendo, tais atitudes só são permitidas em total solidão.
Nota Histórica: esse
post foi, originalmente, redigido à mão, com uma caneta Bic, à luz da lanterna
do celular cujo, ainda bem, estava com a bateria em 100%.
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