quarta-feira, 2 de março de 2016

O PODER DO ARROTO


18:15h, plena terça feira, explode um transformador ou coisa que o valha e todo o bairro fica às escuras. Tudo apagado: lojas, prédios, sinais de trânsito, iluminação da rua.
Resta ir pra casa.

O que acaba sendo um grande prazer.
Uma cerveja ainda gelada degustada na varanda olhando pro marzão iluminado pela lua - alta, mas suficiente pra dar uma cor inédita, dada a ausência das fortes luzes dos postes da praia.

A abstinência da energia elétrica dá o que pensar: não vejo notícias, não jogo poker, não vejo e-mails, não abro o fêicibúqui, não sei o resultado da loteria. O que não me causa maiores transtornos.
Tudo pode ficar pra depois menos a cerveja - que vai esquentar.

(Sobre o fêicibúqui, me lembrei de uma ótima definição do querido filósofo Roberto Boca: "Facebook é igual geladeira em casa de solteiro. Você sabe que não tem nada lá mas, toda hora abre pra dar uma olhadinha.")

Back to the cold cow, lá estou eu em enlevado estado espiritual quando um adorável cachorrinho resolve emitir agudos latidos na varanda adjacente.

Isso irrita.

Levanto, me inclino meio corpo pra fora e, com o auxílio luxuoso da cerveja, solto três arrotos consecutivos: graves, profundos, amedrontadores.

Funcionou!
O pentelhinho calou-se e tudo voltou à contemplativa tranquilidade.

Obs. Importante: esse fato só ocorreu devido à ausência momentânea da sábia-que-me-acompanha. Pois, estivesse ela a meu lado e eu seria execrado para as profundezas do inferno.
Com razão, reconheço.
Uma vez que arrotos e mulheres que usam o cabelo como fio dental, são considerados pelo Criador como falhas graves em Sua Obra.
Assim sendo, tais atitudes só são permitidas em total solidão.

Nota Histórica: esse post foi, originalmente, redigido à mão, com uma caneta Bic, à luz da lanterna do celular cujo, ainda bem, estava com a bateria em 100%.

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