segunda-feira, 22 de setembro de 2014

CENAS CARIOCAS

 
Domingão chuvoso, fazendo hora para o almoço, madame entra numa loja chique da Avenida Atlântica para ver as novidades.
Fico na porta olhando o marzão. Por pouco tempo porque logo se aproxima, na faixa fechada aos domingos para os cariocas praticarem esportes saudáveis, uma empolgadíssima passeata com uns trinta participantes gritando slogans no naipe “A chuva está na rua e a luta continua”.
Mais original é difícil.

A uns dez metros à minha direita, também se escondendo da chuva, dois caras no estilo casaco-de-moleton-bermudão-tênis conversam enquanto pitam baseados de quase um palmo. Um guardinha se aproxima, dá uma olhada e, civilizadamente, faz que não vê.

À frente, debaixo das árvores, um mendigo discute acaloradamente com suas sacolas cheias e, depois de ponderar consigo mesmo e com suas sacolas, se acalma e segue debaixo da chuva. (Fotos)

Madame decide que nada lhe agradou e vamos ao almoço familiar.
Depois de um lauto regabofe japonês (ou rega-bofe como prefere o Houaiss) seguimos fazendo hora para embarcar de volta.

O Fla-Flu está passando na televisão e, discriminado por meus maus hábitos, tenho que assistir apoiado na janela para poder fumar em paz. Ao apagar o primeiro cigarro, olho para o prédio em frente onde, dois andares abaixo, um cidadão de aparentes 16, 18 ou 20 anos de idade está sentado na frente de um monitor, com fones de ouvido, pilotando aqueles aparelhinhos que deixam os polegares próximos aos de nossos ancestrais.

Acaba o jogo, (1 a 1, menos mal), conversas muitas e aceleradas pela chegada da hora de irmos para o aeroporto. Um último cigarrinho, uma última checada, e o cidadão continua lá firme com seus fones de ouvido e os polegares a mil por hora.

Embarcamos de volta, viagem tranquila, chegamos em casa e, por um costume que não entendo bem, ligamos para dizer que chegamos.
Aí, vem a surpresa: minha filha informa que quando foi fechar a janela (dela), o demente dos polegares estava quebrando o vidro da janela (dele) com uma cabeçada, jogando os fones para o alto e... Vida que segue.

Esse mundo anda muito esquisito, né não?

2 comentários:

  1. Né pra falar não, mas essa sua mania de chamar sua mulher de madame, né bonita não! Apenas para registro de minha indignação! rs. Bjs.

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    1. Oh vida, Oh povo sensível!
      "Madame" é elogio!!!
      Ninguém me entende...

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