Esse vai-e-vem infindo,
essas mudanças repentinas de humor, de tons, de sons, de cheiros, de cores, de
temperaturas, de imagens, de formatos.
Esse largo sorriso que
se estende e se recolhe com a mesma doçura, essas maneiras diversas de se apresentar:
ora suave, ora raivosa, ora sedutora, ora traiçoeira, ora poética, ora
patética.
Essa eterna capacidade
de dar e tomar com a mesma naturalidade e desígnios somente compreensíveis com
o passar do tempo.
Essa sensação de
grandeza e miudeza transmitida, ao mesmo tempo, sem nenhuma relação aparente,
sem nenhum sentido, nenhuma lógica, mas que se expressa com imensa clareza.
Essa presença constante
que, por vezes, leva ao descuido da observação, mas que, pela permanência
insistente em todos os cinco sentidos, logo desfaz a nefasta indiferença provocada
pelo costume.
Esses sentidos - que podem
até estar oprimidos pela ausência física mas, definitivamente, fazem com
que sua presença esteja sempre instalada na minha mais profunda intimidade.
Estou falando do mar.
Mas, como poderia também estar falando da mulher amada, acho que, tranquilamente, a troca de gênero de o mar para a mar seria benvinda.
Bonito. Igual ao mar (que é inigualável).
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