terça-feira, 16 de setembro de 2014

04:20

Esse vai-e-vem infindo, essas mudanças repentinas de humor, de tons, de sons, de cheiros, de cores, de temperaturas, de imagens, de formatos.

Esse largo sorriso que se estende e se recolhe com a mesma doçura, essas maneiras diversas de se apresentar: ora suave, ora raivosa, ora sedutora, ora traiçoeira, ora poética, ora patética.

Essa eterna capacidade de dar e tomar com a mesma naturalidade e desígnios somente compreensíveis com o passar do tempo.

Essa sensação de grandeza e miudeza transmitida, ao mesmo tempo, sem nenhuma relação aparente, sem nenhum sentido, nenhuma lógica, mas que se expressa com imensa clareza.

Essa presença constante que, por vezes, leva ao descuido da observação, mas que, pela permanência insistente em todos os cinco sentidos, logo desfaz a nefasta indiferença provocada pelo costume.

Esses sentidos - que podem até estar oprimidos pela ausência física mas, definitivamente, fazem com que sua presença esteja sempre instalada na minha mais profunda intimidade.

Estou falando do mar.
Mas, como poderia também estar falando da mulher amada, acho que, tranquilamente, a troca de gênero de o mar para a mar seria benvinda.

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