sexta-feira, 1 de julho de 2011

UM FILME PARA INSPIRAR LÍDERES

Nosso prezado Fernando Coelho saiu da toca. Bom pra nós!

Fernando Coelho

 “Invictus” é o título atribuído a um poema de William Ernest Henley, do século 19. É também o nome do filme produzido e dirigido por Clint Eastwood, baseado no livro do jornalista John Carlin “Playing the enemy: Nelson Mandela and the game that changed a nation”.

A narrativa cobre o fascinante episódio histórico da copa mundial de Rugby de 1995, ocorrida na África do Sul. Era uma época sensível, na qual uma nação com quase 4 gerações de racismo institucional - Apartheid - estava construindo uma difícil reconciliação, com a sorte histórica de ter, entre os seus, um líder do calibre moral de Nelson Mandela. John Carlin, que privou da amizade com Mandela, teve a competência de escrever um tomo bem equilibrado, ao mesmo tempo permeado de paixão. Usou com habilidade o fato de Mandela ter se inspirado no poema de Henley para manter sua cabeça e, principalmente, sua alma, intactas, no meio dos 27 anos de inenarrável suplício nas mãos daqueles insanos perversos, preso em Robben Island, quebrando pedras. Aquela cabeça e aquela alma, intactas, foram de imensa importância na salvação da nação.

O filme, fiel ao livro, elegantemente paraleliza a dupla ação parceira de liderança entre Mandela, chefe de estado, e François Pienaar, o capitão da seleção nacional de rugby. A vitória pretendida pelo tímido time sul-africano, contra um adversário ligas acima em experiência e talento, haveria de ser uma proeza. O time adversário contava com Jonah Lomu, reputadamente o “Pelé” do rugby. O poema “Invictus” trata da mobilização dos recursos da cabeça e da alma para obter superação frente a adversidades soberanas (o poeta Henley teve suas pernas amputadas muito cedo na vida).

Com habilidade, o filme se desenrola construindo diálogo por diálogo, cena por cena, exemplo por exemplo, um edifício de lideranças. Como se fosse um jogo de poker do bem, cada “player” nesse drama trazia para a mesa um cachê cada vez maior de confiança. Nessa metáfora, a sensação é mais ou menos assim: “Vou confiar em você mais 10 unidades, você paga ou passa?”. Daí o parceiro de mesa, com tensa ponderação, olha em volta de si, olha para trás aos que estão olhando para ele, volta-se para frente e confiante afirma “Pago seus dez e aumento dez.” E assim cada grande e pequeno participante desse momento histórico se inspira em seus líderes, porque estes se apresentam como pares e se motivam a montar um encadeamento novo de percepções e atitudes, positivamente reconstruindo os laços da nação.
Bela história.
Grande filme.

Aproveito para inspirar a todos com o poema de Henley:

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

5 comentários:

  1. Fernando Coelho, o dito cujo acima, sou eu, e agradeço aqui a doce acolhida neste nobre blog de meu grande amigo James Cross (Tiago Cruz ! rsrs..). É sempre muito recompensador estar em boa companhia. Só para isso serve a vida. Axé a todos ! Saravá meu pai !...

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  2. James Cross, né? (Melhor que Jacob Crux...)
    Então, valeu, Ferdinand Rabbit!

    E num some não.

    Abs.

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  3. O Haja também é cultura! E o filme é emocionante, maravilhoso! Para mim, o melhor trabalho de Clint and Freeman. Valeu Rabbit and Cross...

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  4. "Também", não senhora.
    O Haja é SÓ cultura!
    (Inútil, mas é...)

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  5. Desculpe-me, Cross! O Haja é pura cultura. E até a cultura inútil veiculada pelo Haja é cultura da boa.

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