domingo, 25 de setembro de 2016

ESSE CARA TAMBÉM SOU EU!

QUEM SOU EU?
Postado em 23 de setembro de 2016  por Juremir Machado da Silva

Ser estranho

Tentei ver as séries de televisão e não me apaixonei. Não me pareceram muito diferentes das novelas. Quando falo isso, sou testado e desprezado: “Só porque não viu a…” E lá vem um nome. Confiro. Permaneço indiferente. Tentei usar o Uber e não vi grande diferença para os táxis. Salvo o preço e o fato de que, sem o GPS, nenhum endereço é acessível sem se perder. Achei que os motoristas estavam ganhando muito pouco e abandonei. Além disso, fico desconfortável em carros de mauricinho ou com os motoristas vestindo roupas de domingo e fazendo mesuras de mordomo de novela. Sou um ser muito estranho. Não me encaixo neste mundo.

Não passo de um tipo mui rastaquera.

Gosto, acima de tudo, de poesia numa época em que poeta é sempre alguém do passado. Um ser anacrônico que não se leu. Poeta do presente é tão respeitado quanto um adolescente apaixonado fazendo suas declarações de amor. Acredito no acaso, na incerteza e no imprevisível. Desconfio do termo “científico” aplicado ao mundo social. Vibro quando o inesperado acontece e derruba os donos do saber. Não sou de esquerda nem de direita. Muito menos de centro. Sou anarquista, mas deixei de crer no anarquismo quando vi meus primeiros cabelos brancos aparecerem na imagem melancólica do espelho. Há muito deixei de apostar nas virtudes educativas da arte. Só me distraio.

De tanto pesquisar história, aprendi que nunca aprendemos com nossos erros. O pior sempre pode se repetir ainda pior. A política me ensinou que, na guerra pelo poder, só o poder interessa. Tentei ler os novos cronistas da moda e não percebi novidade alguma. Assisti aos novos humoristas e não esbocei um sorriso. Sou uma mala. Estou parado no tempo. Não amo os velhos nem os novos. Serei um hater? Os haters criticam tudo na internet. Na Wikipédia, li: “Não confundir com troll, que têm um comportamento distinto”. Não percebi a distinção.

Não curto as grandes livrarias dos centros comerciais. Talvez por elas não mostrarem meus livros em pilhas. Sou invejoso e ressentido. Jamais entendi a razão de se dizer shopping. Sou nacionalista, discípulo de Policarpo Quaresma, o personagem de Lima Barreto que defendia o tupi-guarani. Digo Emetevê. Não Emetivi. Quis muito acreditar que se estava combatendo a corrupção no Brasil. Depois de muito insistir, entendi que se tratava apenas de um pretexto de ordem ideológica, o que não absolve os corruptos nem lhes dá privilégios de qualquer natureza. Sou bizarro. Ando sempre na contramão. A pé. Não sei dirigir. Não vejo razão para ter carro.

Entendo que o transporte público deve ser subsidiado mesmo como fazem os países atrasados da Europa (França, Alemanha e outros). O ideal mesmo é que o transporte público seja gratuito. Pago por nossos impostos. Seria melhor assim. Não tenho provas. Mas convicções. Sou esquisito. Criança, torci pelo Inter. Adulto, repórter no Grêmio, torci pelo tricolor. Só de interesseiro. Queria viajar bastante. Voltei a torcer pelo Inter. Hoje, sou ex-colorado.

Nada como a autonomia. Sou um ser estranho.
Nem sempre me reconheço.
Quem sou?
Um ET.

2 comentários:

  1. Sou, não sou. Sei, não sei. Mas quem não é. Quem é? Sou.

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