QUEM SOU EU?
Postado em 23 de
setembro de 2016 por Juremir Machado da
Silva
Ser
estranho
Tentei ver as séries
de televisão e não me apaixonei. Não me pareceram muito diferentes das novelas.
Quando falo isso, sou testado e desprezado: “Só porque não viu a…” E lá vem um
nome. Confiro. Permaneço indiferente. Tentei usar o Uber e não vi grande
diferença para os táxis. Salvo o preço e o fato de que, sem o GPS, nenhum
endereço é acessível sem se perder. Achei que os motoristas estavam ganhando
muito pouco e abandonei. Além disso, fico desconfortável em carros de
mauricinho ou com os motoristas vestindo roupas de domingo e fazendo mesuras de
mordomo de novela. Sou um ser muito estranho. Não me encaixo neste mundo.
Não passo de um tipo
mui rastaquera.
Gosto, acima de tudo,
de poesia numa época em que poeta é sempre alguém do passado. Um ser anacrônico
que não se leu. Poeta do presente é tão respeitado quanto um adolescente
apaixonado fazendo suas declarações de amor. Acredito no acaso, na incerteza e
no imprevisível. Desconfio do termo “científico” aplicado ao mundo social.
Vibro quando o inesperado acontece e derruba os donos do saber. Não sou de
esquerda nem de direita. Muito menos de centro. Sou anarquista, mas deixei de
crer no anarquismo quando vi meus primeiros cabelos brancos aparecerem na
imagem melancólica do espelho. Há muito deixei de apostar nas virtudes
educativas da arte. Só me distraio.
De tanto pesquisar
história, aprendi que nunca aprendemos com nossos erros. O pior sempre pode se
repetir ainda pior. A política me ensinou que, na guerra pelo poder, só o poder
interessa. Tentei ler os novos cronistas da moda e não percebi novidade alguma.
Assisti aos novos humoristas e não esbocei um sorriso. Sou uma mala. Estou
parado no tempo. Não amo os velhos nem os novos. Serei um hater? Os haters
criticam tudo na internet. Na Wikipédia, li: “Não confundir com troll, que têm
um comportamento distinto”. Não percebi a distinção.
Não curto as grandes
livrarias dos centros comerciais. Talvez por elas não mostrarem meus livros em
pilhas. Sou invejoso e ressentido. Jamais entendi a razão de se dizer shopping.
Sou nacionalista, discípulo de Policarpo Quaresma, o personagem de Lima Barreto
que defendia o tupi-guarani. Digo Emetevê. Não Emetivi. Quis muito acreditar
que se estava combatendo a corrupção no Brasil. Depois de muito insistir,
entendi que se tratava apenas de um pretexto de ordem ideológica, o que não
absolve os corruptos nem lhes dá privilégios de qualquer natureza. Sou bizarro.
Ando sempre na contramão. A pé. Não sei dirigir. Não vejo razão para ter carro.
Entendo que o
transporte público deve ser subsidiado mesmo como fazem os países atrasados da
Europa (França, Alemanha e outros). O ideal mesmo é que o transporte público
seja gratuito. Pago por nossos impostos. Seria melhor assim. Não tenho provas.
Mas convicções. Sou esquisito. Criança, torci pelo Inter. Adulto, repórter no
Grêmio, torci pelo tricolor. Só de interesseiro. Queria viajar bastante. Voltei
a torcer pelo Inter. Hoje, sou ex-colorado.
Nada como a autonomia.
Sou um ser estranho.
Nem sempre me reconheço.
Quem sou?
Um ET.
Sou, não sou. Sei, não sei. Mas quem não é. Quem é? Sou.
ResponderExcluirComo dizia Altivo Belo "Tavares" da Cunha...
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