quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

ROTINA: EU GOSTO!

A preguiça, no meu ponto de vista,
é a grande responsável pela evolução da humanidade.
Vide exemplos como o automóvel, o telefone, o controle remoto sem fio e incontáveis outros.
Num paralelo calhorda, acho que foi isso que motivou Karl Benz (há controvérsias), Antonio Meucci (o verdadeiro inventor do telefone)
e Eugene Polley (o do controle remoto).

E a preguiça é frequentemente associada à rotina.
Então, viva a rotina!

Diga lá, antenado leitor: você quando chega em casa no fim do dia, não repete sempre os mesmos movimentos?
Eu tiro as coisas do bolso, deposito todas nos lugares que já estou acostumado, tiro a roupa e vou pro banho.
All-in que você faz coisas parecidas.

Aí, quando a gente descobre, por puro acaso, uma forma mais fácil de cumprir qualquer das nossas rotinas, a vida melhora - de forma geralmente não perceptível. Mas que melhora, melhora!

Ah, mas a rotina acaba com os casamentos.
Mentira!
O que acaba com os casamentos é a falta de imaginação associada à incapacidade de entender que ambos precisam trilhar um caminho paralelo que vai se encontrar no infinito.
Quando conseguem, comemoram bodas de ouro, diamante, etc.
Bodas essas construídas numa maravilhosa rotina de entendimento e respeito. Que, de rotina, na acepção burra da palavra, não tem nada a ver.

A tal da rotina deve ser encarada como - simplesmente - tornar agradáveis os momentos que se repetem e se repetem e se repetem por toda essa vidinha besta que vivemos.

Arrogantes (ou midiotas) que somos, não aceitamos essa realidade e perseguimos, ridiculamente, uma vida hollywoodiana sem nos darmos conta que estamos estrelando um filme muito mais empolgante, misterioso, romântico, pornô, engraçado, cult, seja lá qual for a sua preferência.

E assim seguimos fazendo a alegria da incansável mídia que insiste em pautar nossas vidas.
Ou não?

8 comentários:

  1. Gostei muito, Tiago.

    A rotina pode sustentar casamentos. Por acomodação, mas também por companheirismo.

    Rotina, como você descreve, me parece ritual. Por mais que eu me rebelasse contra rituais quando era jovem, hoje acho que alguns deles têm seu lugar. Por exemplo, o ritual de chegar em casa, esvaziar os bolsos,...

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    1. Matias,
      se seguirmos a definição dicionária de ritual,
      "conjunto de gestos, palavras e formalidades, geralmente imbuídos de um valor simbólico, cuja performance é, usualmente, prescrita e codificada por uma religião ou pelas tradições da comunidade", não concordo.
      Fico com a rotina, pura e simples.
      E aí, concordo que a rotina tem seu lugar.
      Pra mim, o mais importante é não nos deixarmos levar pelos insuportáveis "conselhos pseudo-psi" que abundam nos meios de comunicação.

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  2. Nada como uma rotina gostosa, aquela que você elege para se repetir dia após dia, como tomar um copo de cerveja estupidamente gelada observando o sol se pôr, como ler as colunas do Tostão às quartas e domingos, como sentar numa mesa de boteco conversando filosofia de boteco com aquele amigo de adolescência, como ir ao cinema à noite das deprimentes segundas-feiras degustando dois sacões de pipoca. Pena que algumas nem sempre se realizam como assistir a constantes vitórias do Cruzeiro às quartas e domingos, ou a constantes derrotas do Galo, o que dá no mesmo!
    Vitor Lemos

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    1. Essas são as melhores: as que escolhemos.
      As perigosas são as automáticas, né não?

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  3. Tenho um casamento harmonioso há trinta e três anos, e o segredo do meu sucesso é que procuro namorar com a minha parceira, mantendo o vício do cavalheirismo, da gentileza e da busca da emoção. A música facilita bastante este último tópico. Sempre encontro, porque busco, novidades que introduzem novas formas de linguagem e interação. De algumas rotinas automáticas do dia a dia torna-se difícil escapulir, mas podem ser compensadas com encantos que podemos espalhar. Tudo o que uma mulher quer é sentir-se privilegiada pelo seu homem. Recarregar a bateria é fundamental, senão o aparelho para de funcionar.
    Vitor Lemos

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    1. Vitor, não resisto a dois pitacos.
      (Como a palavra escrita pode ser muito perigosa, leia como se estivéssemos conversando num boteco, ok?)
      1. 33 anos de casamento harmonioso já não é um casamento; é um apostolado.
      2. O segredo do "seu" sucesso?? Fora eu Dona Diva e você dormiria na sala por uma semana...
      Abraço.

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  4. Grande Tiago, costumo dizer para todos, ao praticar a minha filosofia de boteco, que o casamento é o sepulcro de todas as emoções, porque a mesmice é uma merda! Costumo dizer, também, que não me casaria de novo, mas enfatizando que outra mulher não escolheria para estar ao meu lado. Simplesmente, não me casaria com ela! Ficaria namorando por uma vida, eu no meu ponto, ela no dela. Coincidentemente, ela é independente, e isto seria possível. Houve momentos de queda no nosso casamento, não me furto de esconder, mas algo aconteceu há quinze anos, quando estávamos no fundo do poço. Não costumo comentar minha vida particular, mas me pergunto neste momento, porque não compartilhar? Tenho me preocupado cada vez menos com a opinião alheia, e manter escrúpulos para quê? Revelo que o segredo do nosso sucesso possui sua origem numa pilulazinha conhecida como Ecstasy, conhecida como a droga do amor (não, não tem nada a haver com viagra). Experimentamos quando não tínhamos nada a perder, apresentada por uma amiga comum. Descobrimos que a droga do amor possui este nome porque nos direciona para o outro. Com cada casal os efeitos surgem de uma forma diferente. Amigos comuns usaram, influenciados por nós, e alguns julgaram uma bobeira, prova que, talvez, eles mesmos fossem uma bobeira. No nosso caso, e de outros dois casais, surgiu uma forma de relacionamento que extrapola tudo o que construímos uma vida inteira. Explodiu o diálogo, o toque, a emoção, sob o som de uma apropriada trilha sonora, pois a música é foda, meu, quando bem colocada! Carinho, amor, sacanagem, tudo se misturou, e se mistura sempre quando elegemos uma noite especial (já são 122), e a bateria se recarrega! Não sei se lhe desagrada a ocupação deste espaço para falar sobre isto, mas, pode ser que para alguém isto valha. Sem dúvida, não será para todos, senão estaria descoberta a completude. Fica a dica para os corajosos que possuem o feeling para buscar uma adequada trilha sonora, e possuam um mínimo de congruência.
    Vitor Lemos

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    1. Rapaz! Isso é conversa pra muuita cerveja!
      E a "ocupação do espaço", quando com qualidade como é o caso, é sempre benvinda.
      Abs.

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