Temos um presidente da
câmara e um senador chafurdando na lama.
Ambos têm, como
principais argumentos, idênticas declarações:
"Se
mexerem comigo, entrego todo mundo."
Ou seja, a partir de um
raciocínio simplista - como é costume hoje em dia - teríamos 81 senadores, 513 deputados federais
e sabe-se lá mais quantos integrantes da corja política com o cu na mão.
E o país, impávido
colosso, assiste essas cenas com deplorável naturalidade. Estamos acostumados
com o fato de nossos políticos não passarem de uma corja. Claro, com honrosas
exceções conforme a preferência e o conhecimento de cada um.
Tem jeito?
Tem!
E para decepção de
vários amigos, cujos espero que não me condenem às chamas do inferno, o jeito não
é a volta dos militares ou coisa que o valha.
É, simplesmente (?), prestar muita atenção no que nos é
dado a ver e ouvir, investigar as notícias (cada
vez mais tendenciosas de todos os lados), e principalmente, munidos de
informação que seja confiável, votar com consciência.
É a única arma nessa
guerra - entre podres poderes - que só tem um perdedor: nós.
Como podemos aprender
no elucidativo vídeo abaixo, as manchinhas são as chamadas "moscas volantes"
cujas, acho que deveriam ser, mais apropriadamente, batizadas de
"pentelhinhos voadores".
De qualquer maneira,
fiquei feliz em ver explicada mais uma daquelas chaturinhas a que não damos muita
atenção, mas que nos atazanam com frequência.
Lá se foi o escritor, filósofo, semiólogo, linguista e
bibliófilo, mais conhecido pelo livro "O Nome da Rosa" - que virou
filme com Sean Connery. (Meio 'frau' na
minha opinião.)
E nos brindou com diversas pérolas dentre as
quais destaco esta:
"A TV já havia colocado o
'idiota da aldeia' em um patamar no qual ele se sentia superior. O drama da internet é que ela promoveu o 'idiota da aldeia' a
portador da verdade.
Antes eles falavam apenas em um bar e
depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade.
Normalmente, eles (os imbecis) eram imediatamente calados,
mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel".
é a grande responsável pela evolução da humanidade.
Vide exemplos como o
automóvel, o telefone, o controle remoto sem fio e incontáveis outros.
Num paralelo calhorda,
acho que foi isso que motivou Karl Benz (há
controvérsias), Antonio Meucci (o
verdadeiro inventor do telefone)
e Eugene Polley (o do controle remoto).
E a preguiça é frequentemente
associada à rotina.
Então, viva a rotina!
Diga lá, antenado
leitor: você quando chega em casa no fim do dia, não repete sempre os mesmos
movimentos?
Eu tiro as coisas do
bolso, deposito todas nos lugares que já estou acostumado, tiro a roupa e vou
pro banho.
All-in que você faz
coisas parecidas.
Aí, quando a gente
descobre, por puro acaso, uma forma mais fácil de cumprir qualquer das nossas
rotinas, a vida melhora - de forma geralmente não perceptível. Mas que melhora,
melhora!
Ah, mas a rotina acaba
com os casamentos.
Mentira!
O que acaba com os
casamentos é a falta de imaginação associada à incapacidade de entender que
ambos precisam trilhar um caminho paralelo que vai se encontrar no infinito.
Quando conseguem,
comemoram bodas de ouro, diamante, etc.
Bodas essas construídas
numa maravilhosa rotina de entendimento e respeito. Que, de rotina, na acepção
burra da palavra, não tem nada a ver.
A tal da rotina deve
ser encarada como - simplesmente - tornar agradáveis os momentos que se repetem
e se repetem e se repetem por toda essa vidinha besta que vivemos.
Arrogantes (ou midiotas) que somos, não aceitamos
essa realidade e perseguimos, ridiculamente, uma vida hollywoodiana sem nos
darmos conta que estamos estrelando um filme muito mais empolgante, misterioso,
romântico, pornô, engraçado, cult, seja lá qual for a sua preferência.
E assim seguimos
fazendo a alegria da incansável mídia que insiste em pautar nossas vidas.
Seguinte situação: meu
computador de bordo tem um vírus recorrente.
Passo o antivírus, deleto o
programa, dou Ctrl-Alt-Del, crio armadilhas, descaminhos, reinicio, mas o
pentelho, volta e meia, reaparece em apoteose digna de um desfile das campeãs.
Venho seguindo na luta,
criando novos bloqueios e feliz, pero no
mucho, constato que as apoteoses
estão minguando, infelizmente não na mesma proporção da minha confiança nas instituições.
Mas, já ensinava a
UDN nos idos de 60:
"O preço da liberdade é a
eterna vigilância".
Assim sendo, Tôdiôio
Nele!
Nesse vírus fiadazunha cujo único propósito é me jogar pra baixo com todas as forças.
Pensa bem,
introspectivo leitor: você está numa praia maravilhosa, com água na cor e temperatura
escolhidas pelos deuses do Olimpo, brisa gerada pelo sopro das Ninfas, as ondas lambem minhas pernas, o sol abraça
o meu corpo, meu coração canta feliz...
E, em vez de ter
ideias fantásticas para salvar, no mínimo, o planeta, você fica remoendo
lembranças desagradáveis, tendo premonições desastrosas e coisas no gênero.
A última artimanha que
criei foi inspirada no Walter Franco:
Prova disso foi ver,
hoje à tarde, o passeio de um jovem casal com duas adoráveis microfilhinhas
gêmeas.
Vinham pelo calçadão, parecendo comercial de margarina (ou creme
dental, escolhe aí): a mãe de mão dada com a primeira que estava de mão
dada com o pai.
A segunda corria de um
lado para outro enquanto a que estava nas mãos dos pais se pendurava neles
sendo confortavelmente transportada.
Vez ou outra a que
estava sentada no vento olhava a correria da irmã. Cuja, não satisfeita,
resolveu andar na mureta.
Aí o pai largou a mão da primeira e foi escoltar a
segunda.
Já escolado, o casal
resolve sentar na mureta pra ver se a segundinha aquieta. Ela não reclama e
trata de se balançar nas pernas do pai enquanto a primeirinha, num rasgo de
ousadia, sobe na mureta, mas fica sentadinha contemplando a agitação da irmã.
E aí eu te faço duas
perguntas, pós-graduado leitor:
1. Quanto do pai e da
mãe e de todos os ancestrais está em cada uma delas?
Assisti a apuração e foi
emocionante: decidida na última nota.
E a cobertura também
foi um emocionante festival de vergonha alheia.
Desde o 'aquecimento' -
com imagens das quadras das escolas favoritas - onde as pessoas apareciam tranquilas,
conversando, se abanando e, ao chamado da rêdigrobo, começavam a pular numa
alegria incontida, passando por inacreditáveis observações do
Milton-não-sei-das-quantas, auxiliado pela Famosa-quem mostrando cenas
lamentáveis de figuras fazendo caras e bocas quando avisados que estavam no ar,
até chegar à chave de ouro: o repórter perguntando à rainha da bateria da
Mangueira, após a confirmação do título:
-"Como é que você está se
sentindo?"
Teoricamente 2016, no
Brasil, começa amanhã.
E, teoricamente,
começa bem.
Depois do Flamengo
ganhar o primeiro título do ano, a Mangueira fatura na Sapucaí.
Obs.: e o Jorge
Perlingeiro, hein? Filho do Aérton Perlingeiro (1921/1992) que durante 23 anos (!!) foi
sucesso na Tv Tupi, hoje, aos 71 anos, é diretor da Liga das Escolas de Samba
do RJ e cumpre, com razoável competência, a missão de substituir Carlos Imperial
com seu inesquecível "Deez! No-ta-Deeez!"
Quando eu era mininu piquenu no Leme, tinha pelada na
praia todo fim de tarde. Com qualquer tempo.
Se aparecessem poucos
- até 8 - o gol era pequeno (5 a 7 pés
dependendo do tamanho de quem media).
E as regras básicas: não
pode ficar parado na frente do gol, o jogo é 6 vira em 3, 5 a 5 acaba no primeiro,
bola flutuou na água ou passou de uma linha imaginária (e sempre aceita por todos) na areia fofa - é lateral, falta é
apitada por quem sofre e é claro que essa não era sempre aceita por todos.
Se aparecesse mais
gente o gol aumentava pra 5 a 7 passos (dependendo
do tamanho de quem media), os piorezinhos iam pro gol e quando todos se
equivaliam tinha revezamento a cada gol marcado ou sofrido. No mais, as regras
eram as mesmas.
E qual a razão desse
ataque de saudosismo?
É que, como ando muito
na praia, vejo inúmeras peladas pelo caminho.
Todas de gol pequeno
não importa o número de jogadores (hoje,
numa delas, contei 26!).
Todas com um pobre
gordinho solitário plantado entre os cocos e todas com os jogadores praticando
o futebol muderno: correria
desenfreada e muita porrada.
E, até hoje, não
consegui ver um mísero golzinho.
Conclusão: ou eles tem
uma paixão conjunta pelo 0X0 ou... Deixa pra lá.
De um Idea novinho, desembarca
uma mulher trajando chapéu, óculos escuros e um vestido amarelo agarrado ao
corpo até os tornozelos.
Anda uns cem metros no
calçadão, conversa com o cara que aluga barracas e volta desfilando. Antes que
chegue ao carro os meninos já pularam em direção a ela. Pula também a mãe dela.
E sai, lentamente, o último integrante - o marido.
Trajando careca, óculos
escuros e um bermudão branco que, daqui a pouco, chega nas canelas.
Sogra, esposa e os
dois filhos pequenos já estão quase chegando ao destino enquanto ele, exalando
raiva, abre gentilmente a tampa traseira do veículo, atira cinco cadeiras desdobráveis
na calçada, fecha, gentilmente, a tampa do veículo, agarra as putas das cadeiras
e vai em direção a seu destino.
Ele chega, arruma as
cadeiras de acordo com a posição do sol, os meninos já estão na água há muito
tempo, sogra e esposa se ajeitam e ele vai até a beira checar as
crianças. Quando volta, elas rearrumaram tudo e ele fica puto.
Com seu inacreditável
bermudão, vai pra água despejar sua ira nos meninos. Logo se acalma, brinca um pouco
com os pentelhinhos e volta ao serpentário onde a sogra está produzindo uma longa
seção de fotos do inacreditável 'look' da esposa em poses ridículas que ela
tenta copiar do que viu na Caras.
(Considerando
que o sol está a pino e, caso o Todo Poderoso resolva acabar com a vida em JP,
é só parar a brisa para fritarmos todos, das duas uma: ou a criatura é
masoquista ou é um ET. Mais provável, como veremos a seguir, a segunda
hipótese.)
O cidadão senta-se à
esquerda, a sogra está no centro e a esposa na direita. Bastam uns 30 segundos
pra ele levantar e gritar por cerveja e tira gosto. Atendido, volta ao posto e
tenta se desligar.
É impossível. A sogra está às gargalhadas comentando, pela
enésima vez, a cena em que "esse aí"
colocou sal no café da manhã.
Enquanto certamente
ele pondera sobre as diversas formas de extinção das espécies, elas resolvem ir
pra água.
Tomo um susto: ele
está mandando beijinhos!? Ledo - e Ivo - engano. Ele está comendo amendoins. E
tomando cerveja. Com sofreguidão. E, certamente, desfrutando de seu único
momento de prazer praiano.
Elas voltam da água, a
sogra tira a toalha que estava nas costas do "esse aí" e vai se enxugando enquanto a esposa -
imediatamente - veste o longo amarelo (difícil
de encaixar no corpo molhado), põe o chapéu, os óculos, e senta no sol! (Não falei que era uma ET?)
A maré sobe, o
barraqueiro começa a recolher as abandonadas e é chegada a hora da partida.
Após intermináveis broncas nos meninos pra eles saírem da água, elas procedem à
execução dos intermináveis rituais de partida. A situação se inverte: o cidadão
sai com as cadeiras, sogra e esposa vêm lá atrás em animada conversa, os
meninos correm pra lá e pra cá e, finalmente, todos embarcam rumo à vida que os
espera.
Obs.: a placa do Idea
é de Itabuna-BA. O que significa, no mínimo mais quatro ou cinco dias nesse
agradável convívio.
Torço para não ver, breve nas bancas, manchetes no estilo
Já tenho candidato
para o COMIA - prêmio de Comercial Mais Idiota do Ano: o dos cartões Elo que vi
hoje no Super Bowl.
Um casalzinho
tipicamente brasileiro - ambos branquinhos leite (?!) - está numa casa tipicamente brasileira - com um sótão (??!!) e, nele, um baú (???!!!).
O cidadão abre o baú,
uma luz inebriante aparece e ele, feliz e retardado, fala para a mulher:
-"Você sabia que
temos um sol aqui?"
-"Oh! Vamos usar!"
(????!!!!)
E saem pelas ruas de
bicicleta fazendo caras e bocas e gastando felizes.
Pensando bem, pra ser
idiota ainda tem que melhorar muito. Mas... Deve estar em perfeita
sintonia com o público alvo.
Cujo, rezo a Buda para
que já não seja tão imbecil assim.
Em tempo: quase
sufocado pela monumental avalanche de estatísticas e informações inúteis
despejadas em velocidade recorde pela dupla Everaldo Marques / Paulo Andrade da
ESPN, ainda me sobrou ar para saber que o Denver faturou o Super Bowl.
Domingão de carnaval, já
em concentração para a maratona de amanhã (Vila,
Salgueiro, São Clemente, Portela, Imperatriz e Mangueira), a pós-praia na varanda
é a minha sessão da tarde.
Passa um casal no
calçadão.
Ele de sunga, ela de biquíni.
São pretos com idade entre 48 e 62 anos.
(Como
todos sabemos, preto não envelhece - ou melhor, demora muito mais. Isso somado
à minha dificuldade em chutar idades explica o intervalo de 14 anos na rigorosa
avaliação do DataHaja.)
Pois bem.
O cidadão
está inteiraço, cheio de pose, carregando um isopor e, de mãos dadas, conduzindo
a mulher.
Ela está gorda, cheia de dobras e vem num rebolado discreto porém
revelador de sua autoconfiança.
Acho isso um
espetacular diferencial do povo pessoense.
Eles não estão preocupados com a
aparência ditada pela mídia.
E
me pego cagando e andando solenemente para as folias momescas. Cujas, diga-se
de passagem, nunca estiveram no top 10 das minhas prioridades.
De
carnaval só me interesso pelas escolas de samba (Mangueira, Mangueira, Mangueira, Vila Isabel e Portela) que estão
sendo cada vez mais reduzidas pelo odioso monopólio da rêdigrobo.
Já, há algum tempo, disseminou-se o boato que nessa semana todos devemos estar em absoluto estado de felicidade,
devemos beijar cada ser humano que se nos apresente e devemos usar camisinha
pois, no entender do governo, essa é a única semana em que podemos foder
alguém.
Uma vez que nas outras 51 semanas é ele quem nos fode.
Sem camisinha.
Pois
bem.
Minha agenda carnavalesca vai se resumir à praia, cerveja e repugnância a
qualquer evento que envolva multidão - considerando que minha cota de aglomerações
se esgotou no Maracanã nos idos do século muito passado.
Ranzinza?
Pode
até ser. Mas, responda honestamente contemporâneo leitor: estou errado?
Chico Buarque, que anda
na moda como um dos alvos preferidos dos drumsticks(coxinhas em maiamês), compôs 'Construção' com todas as rimas em
proparoxítonas.
Coisas de gênio entediado.
Aí vem o Zeca
Pagodinho e faz sucesso com 'Seu Balancê' - um samba delicioso com batida de
ponto de macumba - cujos últimos versos são todos com rima em "Ê".
...
Seu
tempero me deixa bolado é um mel misturado com dendê
No
seu colo eu me embalo eu me embolo
Até
numa casinha de sapê
Como
é lindo o bailado debaixo dessa sua saia godê
Quando
roda no bamba-querer, fazendo fuzuê
Minha
deusa esse seu encanto parece que vem do Ilê
Ou
será de um jogo de jongo que fica no Colubandê
Eu
só sei que o som do batuque é truque do seu balancê
Preta
cola comigo porque, tô amando você
Nóóó! Que incrível,
hein?
Dane-se. Eu acho o
maior barato.
A música é do Toninho
Geraes e Paulinho Resende.
E o vídeo é com o
autor, trajando esses improváveis óculos numa roda, maravilhosamente batizada de 'Bar dos Canalhas', cuja quem lá esteve, com
certeza vai guardar para sempre.
O
jornal Edição do Brasil acertou pra valer no Sakamoto-san.
Só
que, pra variar, foi golpe baixo. (Que
vergonha para a imprensa mineira. Ôpa! Peraí. É só a imprensa mineira que dá
vergonha?)
E
as onipresentes 'redes sociais' não perdoam e pior: não checam nada. Aí, o
cidadão sifu nestes tempos em que basta a faísca de um isqueiro pra queimar uma
floresta.