Principalmente nos dias de hoje, o excelente artigo de Guilherme Ravache - “Por que somos vítimas
do 'me engana que eu gosto'. E como um chato pode te salvar”, dá o que pensar.
Seguem alguns trechos:
Filtramos as informações de maneira a
selecionar apenas aquelas que confirmam o que acreditamos.
A ciência chama isso de viés de
confirmação (confirmation bias).
Como disse o megainvestidor Warren
Buffett, “O que as pessoas mais sabem
fazer é filtrar novas informações de tal forma que as concepções existentes
permaneçam intactas”.
O viés de confirmação está em todo
lugar.
Um jornalista que usa somente a parte da entrevista que confirma sua
teoria inicial.
O chefe que descarta uma pesquisa por não apoiar a expectativa
inicial.
O diretor que não gosta dos números do relatório e pede para que sejam
reavaliados.
Eleitores que votam novamente em um candidato mesmo diante de
indícios de má administração.
Um relacionamento problemático e que você insiste
em manter se esforçando para ver “o lado bom” do outro.
Aliás, conhecer o viés de confirmação
faz com que o seu viés de confirmação demonstre ainda mais casos para você!
E o pior é que mesmo os
especialistas em viés de confirmação não conseguem evitá-lo, pois fazemos
sem ter consciência de que estamos fazendo.
E como combater o viés de confirmação?
A melhor resposta encontrei no
livro A Arte de Pensar Claramente, de Rolf
Dobelli.
“É melhor ater-se a Charles Darwin,
que, desde a juventude, se preparou para combater de maneira sistemática o viés
de confirmação. Quando as observações de sua teoria se contradiziam, ele as
levava especialmente a sério. Carregava sempre um caderno de apontamentos
consigo e obrigava-se a anotar, dentro de trinta minutos, as observações que
contradissessem sua teoria. Sabia que, após trinta minutos, o cérebro
“esqueceria” ativamente a evidência desconfirmatória. Quanto mais sólida ele estimasse
sua teoria, mais ativa era sua busca por observações contraditórias”
Outra alternativa é manter os
irritantes por perto.
Como disse Voltaire, “o
segredo de ser chato é dizer tudo”.
Mas,
lembre-se: evite os engenheiros de obra pronta, os chatos que dizem “eu te
avisei” ou “deveria ter feito isso ou aquilo”. Prefira os que falam antes.
Portanto, questione-se o tempo todo.
Duvide das métricas. Ouça seus críticos. Anote suas observações e
consulte-as no futuro.
Passar para o outro lado, de vez em quando, pode ajudar.
ResponderExcluirAcho que, simplificadamente, foi isso que o autor quis dizer né não, anônimo?
ExcluirTodos somos preconceituosos, de alguma forma. Seria um bom caminho que todos, humildemente, se reconhecessem, pelo menos, minimamente assim. Entretanto, poucos o fazem e, pior, demonstram-se escancaradamente pré-conceituosos, ou seja, nem querem ouvir ou tentar perceber. Antes de ouvir já descartam o produto da falha alheia.
ResponderExcluirVitor Lemos
Vitor,
Excluiracho que o problema não é nem o pré-conceito. Me parece ser mais uma forma instantânea de proteção contra ideias que possam gerar desconforto.
Ou, resumindo, a preguiça mental inerente a todos nós seres humanos.
Aonde escrevi falha alheia, que se entenda fala alheia. A sua conclusão é elucidativa, e a forma instantânea de proteção que os humanos usam contra as ideias que geram desconforto é aquela que sempre surge quando estes veem contrariados os próprios interesses, porque o lema da raça é "eu em primeiro lugar, eu em segundo lugar, e eu em terceiro lugar". Ah, alguns abrem exceção quando se trata de sua prole.
ResponderExcluirVitor Lemos
Concordo total.
ExcluirE em alguns casos, mesmo quando a exceção é o trato da prole, lá no fundo continua sendo uma forma disfarçada de "eu, eu, eu".
E, pior: acho que nem dúzias de Franciscos espalhados pelo planeta seriam capazes de mudar essa cultura que se enraizou nesse tal de "mundo globalizado".