sábado, 6 de junho de 2015

QUE JOGO ESQUISITO É ESSE?


Onde a torcida aplaude jogadores do time adversário?

Onde acontecem pouquíssimas faltas e, quando acontecem, os adversários se desculpam e se abraçam?

Onde o juiz é respeitado mesmo quando manda, por três vezes, repetir uma falta sem importância porque havia sido batida no local errado?

Onde Zagallo joga com a 7 e Garrincha com a 11?

Claro que os velhos e antenados leitores já mataram a charada:
final da Copa de 1958.

Cuja está, na íntegra com narrações de Jorge Cury pela rádio Nacional e Pedro Luiz pela Bandeirantes de São Paulo, à disposição aqui:

Trabalho espetacular de Carlos Augusto Marconi, um especialista em telecinagem que, a partir de um filme russo, levou anos até concluir esse verdadeiro quebra-cabeças com a edição do som ambiente e das narrações de rádio (que têm um tempo diferente do real) em cima das imagens.

E aí, algumas constatações são irresistíveis:

• Uma pérola da propaganda na voz "marcante" de Jorge Cury: "Brahma Chopp traz mais alegria a seus momentos de prazer!";
• Quase ao final, a citação à Juscelino que, de Brasília em construção, "ouve o jogo pela Nacional", como sendo um grande desportista que havia destinado dois milhões para que a seleção pudesse ir à Suécia disputar o mundial;

• Vavá, considerado somente um "atacante rompedor", dribla com categoria, tabela e faz lançamentos precisos;
• Os suecos "cintura-dura" tocam a bola com precisão e Liedhom, depois de dar dois cortes desconcertantes na zaga brasileira, coloca no canto de Gilmar;
• Didi, nesse jogo, erra muito, não acerta nenhuma bola no gol e entra para a história por causa da atitude: após o primeiro gol da Suécia, vem andando com a bola debaixo do braço até o meio de campo acalmando os companheiros;
• Garrincha põe Vavá duas vezes na cara do gol e o Brasil vira o jogo ainda no primeiro tempo;
• Todo o time brasileiro volta para marcar. Pelé rouba bola na meia lua da defesa, Garrincha marca junto com Djalma Santos, etc;
• No segundo tempo Pelé faz 3 a 1 depois de um chapéu antológico que todos já cansamos de ver. Mas, o que raramente vemos é um time continuar buscando o gol depois de ter uma vantagem dessa;
• Mesmo com Zito e Didi atuando em escala menor, o time brilhou como nunca. E, pra mim, Garrincha foi o rei do rock. Como voltaria a comprovar em 62.

É pra ver e rever sempre que estivermos com gastura dessa coisa ridícula que hoje nos é apresentada como sendo futebol.

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