sábado, 28 de março de 2015

"EU PULO DO ACAIACA!"

No início da década de 60 o Acaiaca era o prédio (de gosto pra lá de duvidoso) mais alto de Belo Horizonte.

Férias, a turma se encontrava, religiosamente, na esquina para conversar e aprontar as bobagens próprias de quem tem entre 12 e 15 anos de idade.

Numa dessas, surge a frase: "Se até os trinta anos eu não me arrumar, pulo do Acaiaca."
É provável que o tom grave e definitivo com que ela foi proferida tenha contribuído para que todos, prontamente, concordassem e, na rapidez da idade, as piadas vieram de montão:
-"Vou pular em cima daquela velha chata." (A mãe vigilante da gostosinha almejada.)
-"Eu, em cima do sorveteiro." (Que se negou a vender fiado.)
E por aí afora.

Mas, o que estava implícito no "me arrumar" é que era o quente.
Para a maioria significava achar a mulher amada, ter filhos que não saíssem escrotos (em todos os sentidos), comprar uma boa casa e, claro, ter dinheiro pra desfrutar essa vida de melosos filmes hollywoodianos.

Pois bem. Passamos os 30, os 40, os 50, estamos nos 60 e ninguém pulou. Alguns "foram pulados" por infartos e outras chaturas no gênero mas, até agora, pular, ninguém pulou.

Aí me assaltam os considerandos: alguns, vários, seguiram o script, outros nem tanto mas, será que o script era mesmo tão geral?
Ou, mais provável, cada um foi moldando o script inicial conforme os acontecimentos? E assim sendo, será que essa "moldagem" foi satisfatória?

Pra mim, não estava sendo. E, por sorte ou não, descobri cedo que a moldagem estava chata, larguei o script e venho, desde então, tentando seguir uma trilha de equilíbrio entre Zeca Pagodinho e Aristóteles: "Deixa a vida me levar" e "A virtude está no meio".
O que, convenhamos, não deixa de ser moldagem.
Mas, o importante é que funcione e continue me fazendo ir à praia com alegria.

12 comentários:

  1. Cativinte papitooowwww!!! 4 dias!! 😱😱😱😁😁😁👏👏👏

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  2. Atuei numa novelinha juvenil na TV Itacolomi, cujo estúdio era no vigésimo quarto andar do Edifício Acaiaca. Grandes recordações, e ainda mais dos meus quinze anos!
    Vitor Lemos

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  3. Mais um texto classe A! (De "Acaiaca"?...)
    Valeu, Tiago!

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    1. Valeu, Matias.
      Momento cultura inútil: Vc sabia que Bangcoc foi a 2a. cidade mais visitada por estrangeiros em 2014? A ordem foi: Londres, Bangcoc, Paris, Cingapura, Dubai e NY.
      (Voe pela TAM e se delicie com essas valiosas informações e snacks rançosos...)

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    2. Tiago, eu sabia, sim. Em 2013, Bangkok havia sido a 1a. cidade do mundo mais visitada por estrangeiros, seguida de Londres e Paris. Quem está no Brasil, ou mesmo na Europa, muitas vezes não se dá conta disso. Bangkok tem uma quantidade enorme de hotéis, de todas as categorias. Tudo isto é compreensível, pois a Tailândia é um lugar muito especial. Valeu!

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    3. Uulha! Dá-lhe Tailândia!
      (E eu, ridiculamente influenciado pela TAM, escrevo BangCoC.
      Que vexame!)

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    4. Não há mesmo muita lógica na grafia de nomes estrangeiros.

      Eu sigo o princípio de usar a grafia original, a menos que o nome já tenha uma versão portuguesa consagrada pelo uso há muito tempo (como, por exemplo, "Londres" em vez de "London").

      Mas quando o nome é em um alfabeto diferente, a coisa complica. Por que seguir a grafia inglesa, com "k", para Bangkok, se o a grafia original não é com "k"? Faço essa opção porque o "k" também é uma letra do alfabeto brasileiro, e assim não vejo porque mudar. Mas é uma opção entre outras.

      Os portugueses escrevem "Banguecoque"...

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    5. Quem sabe, sabe!
      E "banguecoque", além de ser ótimo, me parece mais uma prova do quanto somos colonizados. Quero dizer que os portugueses - colonizadores - não estão nem aí para essas preocupações típicas do nosso complexo de vira-latas.
      (Tá bem, tá bem... Ando com paciência zero desse nosso, como dizia o Bussunda, "povinho bunda".)

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  4. Tiago, velho de guerra, pular do último andar do 'Acaiaca', nos tempos retromencionados, ficava no ensaio, haja vista que estávamos, ainda, em processo de formação para a vida. Outros somente ameaçavam. Com o passar dos anos, a fila pra pular do mencionado edifício foi ficando longa até terem que distribuir senha. Daí, a dificuldade dos que intentam a proeza. Com um abração despeço-me de vc, observando que, na sua crônica em apreço, vc não esclareceu, para o público seguidor deste blog, qual esquina a que se referiu. Se vc não gostou da observação ou achou besteira, foda-se. Ah, ah. DuduGouvêa

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    1. Dudu,
      quanto à esquina, como dizia Renato Aragão, quem não conhece não sabe o que é; quem conhece não se espanta...
      Abs.

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