sábado, 31 de maio de 2014

GRATEFUL DEAD



A banda extraiu seu nome de um conto folclórico da velha Inglaterra, que conta a história de um viajante que chega a um vilarejo onde um cadáver apodrece em público, pois o povo se recusa a enterrá-lo devido a dívidas contraídas e não pagas enquanto vivo. O viajante resolve pagar as dividas e enterra do homem. Ao seguir viagem, ele é salvo em situação misteriosa creditado ao espírito agradecido do cadáver. Daí o nome "Morto Agradecido".

Em 1965 estavam se iniciando as experiências monitoradas com o LSD no Veterans Hospital perto da universidade de Stanford. Foi lá que esta turma conheceu Robert Hunter (principal letrista do Dead) e o escritor Ken Kesey ("Um estranho no ninho"), que estavam literalmente caindo de boca no escancaramento de todas as portas da percepção. Isto teve uma importância mais que fundamental na formação da consciência, no som e em toda a maneira de ver a vida do que viria a ser o Grateful Dead.

Ken Kesey arrumou um químico fabricante de ácido, encheu um ônibus de alucinados do mesmo calibre e com Neal Cassady, inspirador de Kerouac em "On the Road" de motorista (virado de anfetamina birita e LSD), atravessou os EUA divulgando um estilo de vida e consciência que chocava todos por onde passava. Dizem que a chegada em Wall Street em NY foi antológica, com distribuição de ácido e flores pros passantes engravatados.

Outras experiências do grupo eram os chamados acid tests que nada mais eram que enormes festas, muitas vezes ao ar livre (tem gente que pensa que rave é novidade), onde em meio à projeção de slides psicodélicos, luzes estroboscópicas e ácido gratuito o Grateful Dead tocava horas e horas sem parar, improvisando direto e formatando sua identidade sonora futura no meio daquela doideira generalizada. Muitas destas intermináveis sessões de improviso abriram caminho pra coisas posteriores como, por exemplo, os Allman Brothers e outros grupos chegados a uma estrutura jazzística.

Eram os "anti-super-stars". Garcia tocava sempre com um jeans surrado e uma camiseta destas de ficar em casa, meio gorducho e barbudão, uma espécie de Papai Noel hippie meio parado mandando uns solos intermináveis na guitarra. Uma figura muito simpática. Enquanto na plateia um pessoal que parecia saído do túnel do tempo ou de Santa Teresa (RJ), o que dá no mesmo, fazendo umas danças performáticas junto com seus filhos e netos.

Fonte: Jerry Garcia - O Anti-Super-Star http://whiplash.net/materias/ontheroad/000028-gratefuldead.html#ixzz33Jm2vnn7

Obs.: Eu estava nos EUA em 9/8/1995, dia em que Jerry Garcia morreu. Vi a notícia na Tv, desci direto para o lobby do hotel – que tinha uma loja de discos. Peguei o CD duplo “Without a Net” e fui pagar. Comentário do caixa: “Você foi rápido. Amanhã vou dobrar o preço...”

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