Aí, Bin Laden, missões espaciais, carne do McDonald’s, tudo
vira uma grande festa para as criativas mentes que hoje pululam nos fêicibúquis e
e-mails da vida.
Fico pensando em figuras como Chico, Caetano, Gil e vários
outros que devem ter se divertido muito durante o período da censura. Na medida do possível, é claro.
Como exemplo, segue essa elucidativa historinha contada pelo
Gilberto Gil sobre a música Cálice: ele, Gil, teve a ideia do refrão numa
sexta-feira santa (Uau! Que inspirado!).
Ligou pro Chico e combinaram de encontrar no apartamento da Lagoa onde morava o Chico. Aí começa a diversão.
Ligou pro Chico e combinaram de encontrar no apartamento da Lagoa onde morava o Chico. Aí começa a diversão.
“Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?”
(A bebida amarga era Fernet - que o Chico gostava.)
“Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa”
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa”
(A lagoa era a Rodrigo de Freitas - vista do apartamento.)
Ocorre que nessa época, nos botecos, o papo era recorrente:
descobrir mensagens ocultas inseridas em músicas. Desde “Atirei o pau no
gato-tô” até “Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval”,
descobriam-se coisas incríveis de matar de inveja os teóricos atuais.
Claro, a “bebida amarga” e o “monstro da lagoa” foram temas
responsáveis por muito chopp e batatinhas na Fiorentina até o sol nascer.
O atento leitor deve estar concluindo, com certa razão, que
éramos umas bestas. Mas, diga lá: E hoje? O que somos?
E vc nem chegou ao refrão, onde ele pede que afastem o "cale-se"! censura, coisa e tal...
ResponderExcluirPois é.
ExcluirAinda segundo o Gil, o trocadilho (perdão - poeta não faz trocadilho faz duplo sentido) foi do Chico.
E bastou para a censura desligar os microfones durante a primeira apresentação da música...
A mais célebre que passou batido pela censura foi "você não gosta de mim, mas a sua filha gosta!"
ResponderExcluirVitor Lemos
Foi mesmo.
ExcluirPra Amália Geisel, não é?
Éramos umas bestas, mas pensávamos, conversávamos, nos emocionávamos. Hoje, as pessoas somente batucam o celular...
ResponderExcluirÉ por aí mesmo!
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