quinta-feira, 15 de novembro de 2012

E NÃO É QUE ACABEI TORCENDO?

Brasil 1 X 1 Colômbia

Não acho muita graça nessa seleção da CBF. Mas, ontem acabei torcendo para o time que corria, marcava, trocava passes (menos o Thiago Neves que, pra variar, errou todos os passes e dribles que tentou), se esforçava e perdia chances de gol.

O que me fez pensar na seguinte teoria: dentro de cada torcedor convivem duas entidades.

Uma é o torcedor propriamente dito; aquele que só vê o seu time e, fundamental, sempre mantém uma escala de rivais a serem odiados.
Nós torcedores, quando em ação, somos pentelhos insuportáveis.

A outra é o apreciador do futebol. Essa entidade só se apresenta nas pessoas que dão a sortinha de ver, ou ter visto, figuras como Pelé ou Garrincha.

Perdi a conta das vezes em que fui ao Maracanã ver o Pelé.
No Santos, na seleção, não importava. A gente ia ver o Pelé.
E sempre saía satisfeito. Mesmo quando era contra o Flamengo.

Fernando, Chico e eu, rubro-negros de carteirinha, saíamos do Leme e andávamos até General Severiano pra ver o Garrincha treinar. E sempre valia a pena. Ruim era quando chegava o domingo e o execrável Manga (goleiro do Botafogo) declarava que já tinha gasto, com antecedência, o bicho do jogo contra o Flamengo. E não tinha jeito. O tortinho ia lá e acabava com o jogo. Mesmo sendo o Jordan o melhor marcador que o Garrincha enfrentava, segundo palavras do próprio.
E, mesmo se corroendo de ódio, a gente não podia deixar de admirar o que o cidadão aprontava.

Hoje, penso que o Neymar está fazendo com que as novas gerações tenham a chance de incorporar a segunda entidade.
Se não, vejamos: Messi é argentino (e aí o torcedor entra em cena...), Ronaldinho Gaúcho foi um meteoro no Barcelona, assim como vários outros.
O Neymar, não. Está perto, a gente vê toda hora e, importante, pode fazer coisas incríveis a qualquer momento.
Inclusive chutar um pênalti na estátua da Liberdade.

2 comentários:

  1. Na década de sessenta eu era um privilegiado torcedor cruzeirense e, naturalmente, tornei-me um apreciador de futebol movido pela arte de Tostão e Dirceu Lopes. Quando vi Pelé pela primeira vez no Mineirão, em 30 de março de 1966, parei meu olhar naquele negão como que mirando uma entidade divina. Foi naquele dia que me tornei cruzeirense. No amistoso que ocorreu, deu o time de camisa azul 4X3, num prenúncio do que o Santos sofreria ainda naquele ano na decisão da Taça Brasil: 6X2 Mineirão e 3X2 Pacaembu. Êta tempo bão para nós mineiros cruzeirenses. Rivelino não puxou uma sequer no nosso terreiro, e embora reverenciasse Ademir da Guia, seu Palmeiras tinha um adversário à altura. Os antigos, de fato, são os maiores apreciadores de futebol. Mais tarde, em 77, ia ao Mineirão apreciar a genialidade de Reinaldo. Naquele ano, também, vi o ainda franzino Zico aterrorizando a defesa da putada alvinegra. Foi colirio para os meus olhos. Sempre o julguei o segundo melhor jogador brasileiro de todos os tempos, embora o fracasso de 82. Mas, surgiu Neymar!...
    Você está certo, Neymar é elemento catalizador, daqueles que nos levam a esquecer a camisa que veste, e apreciar um grande futebol, tão sumido de nossas montanhas, e até de nossas praias. Estive ausente da TV nos dois últimos anos, em todos os amistosos da seleção da CBF, cujo responsável técnico convoca jogadores que não quereria nem no meu próprio time. Mas, Neymar é alento, é lembrança que, de alguma forma, ainda podemos sonhar em ter o melhor futebol do mundo, mesmo que, somente, com a sua solitária coroa. Aposto nele em 2016, e creio que até lá ele parará de cair, deixará de ficar fixo na ponta, e partirá rumo ao gol. Se o fizer, Messi, por mais que fará, correrá o risco de ser um coadjuvante.
    Vitor Lemos

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