domingo, 14 de outubro de 2012

HAJA ENTREVISTA: LOR

LOR (Luiz Oswaldo Rodrigues) é médico e cartunista.
Ou cartunista e médico como podemos ver a seguir.

Por que você começou a desenhar, o que desenhava, etc.
(“Etc” significa tudo o mais que você achar importante para o deleite dos milhares e milhares de leitores deste blog.)
Desenhava porque gostava, como todo menino, mas meu pai me incentivava muito, inclusive, comprando desenhos meus. Depois, pelas mãos do Ziraldo, virei cartunista, porque meu irmão Ernesto Rodrigues, jornalista, levou uns rabiscos meus pro Ziraldo ver e ele me convidou para o Pasquim.
Daí, panhei gosto.

Alguma história (que possa ser contada) da época do Pasquim?
Conheci Henfil, Jaguar, Fortuna e Millôr.
Millôr, ao saber meu pseudônimo, disse imediatamente que ele era mil vezes mais cartunista do que eu. Concordei.

Influências no traço? Se sim, quais, como, etc.
Ziraldo no traço, Nilson na ideologia e Henfil na onipotência. 

Como assim, "onipotência"?
Henfil acreditava que poderia mudar o mundo com sua arte.
Eu também. 

Temos vários exemplos de cartunistas que se “agregam”.
O grupo mais famoso talvez seja Los 3 Amigos – Angeli, Laerte e Glauco. Você tem agregados ou já se agregou a algum grupo?
Tivemos aqui o HUMORDAZ, o Grupo Mineiro de Desenho e a Revista KYX93 com Nilson, Aroeira, Afo, Mário Vale, Procópio, Dirceu, Filó, Chico Marinho, os mais assíduos no antigamente.
Depois veio a internet e acabou com a comunicação humana.

E o prêmio LOR? Surgiu como, visa o quê?
Uns malucos gentis resolveram que eu sou um mestre dos quadrinhos e batizaram um troféu com meu nome. Felizmente, a coisa não foi prá frente. 

E a medicina? Serve como inspiração?
A medicina me sustentou como profissão, o que me permitiu ser um cartunista independente e atrevido. Não fosse isso, estaria fazendo cartunzinho prá agradar patrão.
Filosoficamente, a medicina e a atividade científica que decorreu dela são profissões gratificantes intelectualmente e desafiadoras e assim fornecem alimento para o lado direito do meu cérebro.
Inversamente, o humor desconstrói saudavelmente a pompa e a arrogância da ciência e da medicina.

Rapaz, "pompa e arrogância da ciência e da medicina" dá papo pra uma semana...
Pois é. Ainda que o primeiro princípio da ciência seja a dúvida, acabamos por ter certeza de um conjunto de conhecimentos que nos convencem de que estamos sempre certos.

O resultado é a tentação para cedermos à pompa e à arrogância. Poucos escapam e não sou um deles.

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