Preocupados que estamos com a possibilidade de encarar a perigosíssima Suíça nas oitavas de final, fomos consultar Mãe Tuniquinha, poderosa vidente que não traz a pessoa amada em três dias - traz três em um dia e você fica com a que mais te agradar.
Em ano de eleições é muito difícil encontrar vaga em sua agenda superlotada, mas somos fregueses preferenciais: devemos a ela três casamentos fracassados e duas falências. O que nos dá certas regalias.
Então, ela deu um jeito de nos espremer entre um candidato a deputado com ficha mais extensa que lista de supermercado e o Felipão - que vai encarar o Palmeiras.
Chegando lá, fomos recebidos com sua proverbial candura:
-“Fala logo, menino. A fila tá grande, o astral tá congestionado, a ligação tá uma bosta e quase não se consegue ouvir nada.” (Moderna que só ela, Mãe Tuniquinha se comunica com o astral por telefone. Só que o aparelho é daqueles antigos, de discar, e a maioria das telefonistas se bandeou para o telemarketing.)
-“Seguinte, Tuníca (somos assim, íntimos): o Brasil pode encarar o ferrolho da Suíça nas oitavas e, com o time jogando desse jeito e o Dunga sem querê cunversá cum nóis, não sei não...”
-“Aiaiai...! Tá bom, vamos lá.” Disse ela já discando os números cabalísticos.
-“Alô astral, alô astral, Mãe Tuniquinha chamando, alô astral... Heein? É... Tu-ni-qui-nha! Chama o Feola ou o Aimoré! (Mãe Tuniquinha é das antigas) Heein? Mas como, ocupado? Heein? Alô astraaal!!! Ulysses? Não! Quero falar no departamento de futebol! Alô astraal!!! Heein? Zagallo??? Mas ele ainda está por aqui, minha filha! Heein? Telê? Tá bom, serve.”
Estabelecida a ligação, -“Ei, querido!”, “Cê sabe, nessas épocas o pessoal sempre fica preocupado, né?”, “E as novidades? É mesmo? Não me diga! O Falcão? E eu que nunca desconfiei...”, “Sei, sei...”, “Tá, entendi.”, “Brigadinha viu? E tá tudo bem por aí? Que bom.”, “Procê também, beijim...”
Visivelmente exaurida pelo esforço (não sei como ela consegue escutar com aquele turbante que parece capacete de motoboy - tem até um adesivo escrito “tudo posso naquele que me fortalece”), ela explica que, segundo o Telê, o segredo sempre foi convocar os melhores, fazer cara de quem pensou em tudo e deixar os jogadores resolverem a parada. Mas que, com esses aí, vai precisar de muita reza...
Mãe Tuniquinha tudo sabe, tudo vê e cobra barato.
Como? Vocês querem o endereço? De jeito nenhum! Mineiros que somos, quando descobrimos alguma coisa boa, não contamos pra ninguém...
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