Um
amigo leitor me provoca:
"Quando vai
acabar essa lua de mel
com Johnny Person?"
Boa!
Me
faz acordar para as chaturas inerentes a qualquer agrupamento humano
independente de sua situação geográfica.
Então,
vamos lá.
•
Já perdi a conta das pessoas que procurei para solicitar serviços os mais
variados. Desde faxina a impermeabilização, passando por carpinteiros e marceneiros
além de fornecedores. Todos eles, muito ocupados que devem estar, simplesmente
combinam e não aparecem. E nem dão desculpa.
Na
verdade, nem todos. Tem os que ligam - sempre uma hora depois do combinado - e
dizem: -"Tô chegaando... Tô na Tancreedo..."
(A "Tancreedo"
é uma avenida onde, pelo visto, todos os atrasados combinam de se encontrar e que
deve ser "pertiinho" de qualquer endereço da cidade.)
Nunca
mais dão notícia e eu fico me debatendo entre o xingatório generalizado e a
tentativa de entender as razões primariamente racionais dessas atitudes:
pode
ser que eles tenham tido uma oferta melhor e não dão a mínima para o dia de
amanhã;
pode
ser que eles tenham sofrido um acidente grave;
pode
ser o katzo que for.
O
fato é que eles não aparecem, não dão notícia e, se te encontrarem na rua uma
semana depois, te abraçam e perguntam pela família.
•
A classe alta (como em todo o país) se
acha a dona do pedaço. Param seus carrões em qualquer lugar, não respeitam as
regras básicas da civilidade, o importante é seu bem estar.
Resquícios
evidentes do coronelismo entranhado.
Mas, tudo isso é feito com uma
naturalidade e simpatia inacreditáveis.
E
eu fico me debatendo entre o xingatório generalizado e a tentativa de entender
as razões primariamente racionais dessas atitudes:
pode
ser que eles(as) estejam 'marcando território';
pode
ser que eles(as) sejam simples produtos de uma criação típica;
pode
ser o katzo que for.
É
falta de educação. Mas, a impressão (bondosa)
é que eles(as) não têm consciência disso.
•
A amabilidade, quem diria, pode ser irritante. Se você estiver numa fila e o
cidadão à sua frente tirar o pé do chinelo (foto),
prepare-se para uma boa espera. Porque ele vai contar para o caixa todas as ocorrências
desde a última vez em que ali esteve e...
O caixa vai responder!
E,
na sua vez, você vai ter vontade de conversar com o caixa, mas não vai pagar
esse mico.
Respondendo
à pergunta do meu amigo, acho que ainda vai demorar um pouquinho pra acabar a
lua de mel.
Mas, eles estão se esforçando!
Mais uma crônica-retrato legal: retrato de alguns momentos, retrato de um local.
ResponderExcluir"Crônica-retrato" é uma boa. Vou "incorporar"...
ExcluirAbs.
Meu Caro publicitário sem muuuiiito saco. Você saiu de uma semi-província para uma província da Brazuela. Esperava o que ? Compre uma havaiana ou mude para os EUA onde as Leis, a competência e o tempo valem muito. Lá você teria uma vida mais aproximada da qual gostaria de ter.
ResponderExcluirPrezado anônimo,
Excluiracho que você não 'pegou' o espírito da coisa.
Saí, sim, de uma província para outra. Lá, como cá, temos as chaturas do dia a dia. Que só variam no sotaque - ou na pose arrogante normalmente ostentada no 'sul maravilha'.
E a vida que eu 'gostaria de ter', estou tendo aqui.
Cuja, para mim, nem de longe se compara à que, segundo sua sugestão, eu levaria nas máiãmis da vida.
As propaladas leis e competências (se é que são assim esse 'futebol' todo), nem de perto justificariam ficar longe do que aqui me é oferecido: praia inigualável, clima que me agrada e gente da melhor qualidade.
O resto... É resto!
Amigo, com relação à sua adaptação ao 'modus vivendi' do povo de JP, também acho que a 'sua lua-de-mel' ainda vai durar bastante tempo. Olha só a riqueza de suas narrativas, quando se refere ao povo daí. Enraizado no Rio e Minas, os costumes, o dia a dia é bem peculiar. E eu, pelo meu turno, divirto-me muito, posto que gosto muito da matéria - usos e costumes de um povo. Abraço. DuduGouvêa
ResponderExcluirValeu, Dudu.
ExcluirTomara que a 'lua de mel' continue mesmo!
Abraço.