Nome danado de chique para um mal corriqueiro que assola
todos nós, a hipótese da "avareza cognitiva" mostra que nosso cérebro
busca caminhos fáceis para resolver problemas.
O problema a seguir é do cientista computacional Hector
Levesque, da Universidade de Toronto:
Jack olha para Anne, porém Anne olha para George;
Jack é casado, mas George, não.
Uma pessoa casada está olhando para uma pessoa solteira?
Jack olha para Anne, porém Anne olha para George;
Jack é casado, mas George, não.
Uma pessoa casada está olhando para uma pessoa solteira?
A) Sim
B) Não
C) Não é possível determinar
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Mais de 80% das pessoas escolhem C. Mas a resposta correta é
A.
A explicação é lógica: Anne é a única pessoa cuja situação é
desconhecida.
É preciso considerar as duas possibilidades, casada ou
solteira, para determinar se há informação suficiente para chegarmos a uma
conclusão.
Se Anne fosse casada, a resposta seria A: ela seria a pessoa
casada que olha para a pessoa solteira (George).
Se Anne fosse solteira, a resposta continuaria a ser A:
neste caso, Jack seria a pessoa casada que olha para Anne, a solteira.
Esse processo de pensamento é chamado de raciocínio
totalmente disjuntivo - o raciocínio que considera todas as possibilidades. O
fato de o problema não revelar se Anne é ou não é casada sugere às pessoas que
elas não contam com informações suficientes, e elas acabam fazendo a inferência
mais fácil, C, sem analisar todas as possibilidades.
A maioria consegue usar o raciocínio totalmente disjuntivo
se informada explicitamente que ele é necessário (por exemplo, quando não há
uma opção "não é possível determinar"). Mas grande parte não o faz
automaticamente.
Daí para o pré-conceito é um pulinho: Gorda = Antiestética, Gulosa
Aluno Bagunceiro = Doidão, Problemas em Casa
E assim por diante.
Numa época em que a velocidade é considerada a mãe de todas as virtudes, fica bem difícil dar uma paradinha pra pensar.
Mas, deveria ser obrigação.
Numa época em que a velocidade é considerada a mãe de todas as virtudes, fica bem difícil dar uma paradinha pra pensar.
Mas, deveria ser obrigação.
Gostei, Tiago. Em primeiro lugar, porque acertei!..
ResponderExcluirMas muito mais do que isso, por seus comentários depois, que colocam o preconceito e o pré-conceito sob um ângulo que eu nunca tinha imaginado.
Valeu!!
Ângulo esse que não é de minha lavra e sim de Gordon Allport que, em 1954 (!), escreveu "A Natureza do Preconceito" e virou escola de psicologia.
ExcluirTô na captura desse livro.
Abs.
Ah, está explicado: muita coisa boa começou em 1954... (ano em que meu pai nasceu...)
ResponderExcluirRealmente muita coisa boa aconteceu em 54.
ResponderExcluirMas, você se enganou com a referência da data, né não?