O
texto a seguir foi escrito em 2000. De lá pra cá poderíamos acrescentar mais um
monte de asneiras.
Mas, acho que essas bastam.
Seguem
algumas frases, previsões e afirmações feitas no decorrer dos tempos, que dão
total razão a Millôr Fernandes quando ele afirma que o ser humano é inviável.
Claro,
algumas podem ter sido distorcidas ao longo do tempo.
As coisas deveriam
funcionar mais ou menos como aquela brincadeira de telefone sem fio. Lembra?
Forma-se uma fila, o primeiro diz, rapidamente, uma frase no ouvido do segundo
e assim por diante. O último então diz o que ouviu e confronta com o primeiro. Normalmente
saem coisas assim: o primeiro diz “Ontem fui ao cinema” e
o último entende “Odilon tem enfizema.”
Mas, vamos lá. Começamos com algumas citações ótimas para
serem usadas em determinadas reuniões.
Nietzche teria afirmado em 1888 que “Quando uma mulher se
torna erudita é sinal de que há algo errado com seus órgãos genitais.”
Cerca de 80 anos antes, Napoleão Bonaparte saiu-se com
esta:
“Que idéia louca é essa de pedir igualdade para as mulheres?
Elas não
passam de máquinas produtoras de filhos.”
A coisa vem de longe; Aristóteles, no século 4 antes
de Cristo era definitivo: “A mulher é inferior ao homem.”
Ainda na linha politicamente incorreta temos o editorial
da revista Harper’s em 1853: “Nada mais antibíblico do que permitir que as
mulheres votem.”
E Thomas Jefferson, em 1787, pontificava:
“Acho que um negro dificilmente seria capaz de acompanhar e compreender as
investigações de Euclides.”
Legal, hein?
E as previsões!
Não escapam nem os próprios criadores como,
por exemplo, Auguste Lumière, inventor do cinema, em 1895: “Meu invento pode
ser explorado como uma curiosidade científica por algum tempo, mas não tem
futuro comercial.”
E os catastróficos enganos: “Não gostamos
do som deles. Além do mais, conjuntos com guitarras estão saindo de moda.” -
frase de um executivo da gravadora Decca, explicando porque não contratou os
Beatles. Certamente ele estava se baseando numa previsão da conceituada revista
Variety, em 1956: “Até julho o rock’n’roll estará fora de moda.”
Executivos fornecem farto material de
besteiras e, bom para eles, caem no anonimato. Um, da Metro, dando seu parecer
sobre um teste de Fred Astaire: “Não sabe representar nem cantar e é careca.
Dança um pouco.”
Lorde Kelvin, físico e presidente da Real
Sociedade Britânica de Ciência, afirmava em 1900: “O raio-X é uma
mistificação.”
Um pouco depois, em 1902, Henry Adams,
historiador, era enfático: “Pelos meus cálculos, o mundo acaba em 1950.”
Na mesma época, H.G.Wells afirmava (acredito que com uma boa dose de humor):
“Minha imaginação se recusa a crer que um submarino possa fazer outra coisa
além de sufocar sua tripulação e afundar no mar.”
O início do século 20 foi pródigo em
previsões. Erasmus Wilson, em 1900: “Quando acabar a Exposição de Paris,
ninguém vai ouvir falar mais em luz elétrica.”
E o eminente Marechal Ferdinand Foch dizia,
em 1912: “O avião é um brinquedo interessante, mas sem qualquer utilidade
militar.”
Outra pérola científica (?) é fornecida
pelo etnólogo alemão Hermann Gauch, em 1933: “Os pássaros podem aprender a
falar com mais facilidade porque seus bicos têm uma estrutura nórdica.”
Erros fatais:
Rei Luis XVI, pouco antes de
ser deposto e guilhotinado, em 1793: “O povo francês não é regicida.”
Marechal Hindemburg, em 1931: “Hitler é um
sujeito esquisito que jamais chegará a chanceler.”
E em 1958, Oswaldo Guzoni, chefe de vendas
da Odeon era categórico sobre o disco “Chega de Saudade” de João Gilberto:
“Isso é uma merda.”
Mais recentemente tivemos a ministra Zélia
Cardoso de Mello explicando a primeira medida do governo Collor: “É preciso que
se entenda que isso não é um confisco.”
E, claro, não poderia faltar pelo menos um
futurólogo, o Namur, em 1992: “O governo Collor vai dar certo.”
Para terminar, uma afirmação publicada em
1887 no Penn’s Art Journal que, de certo modo, já se tornou realidade: “A
máquina de escrever é apenas uma curiosidade mecânica.”