quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

FUTEBOL FILOSÓFICO

Crítica é uma coisa interessante. Existem diversas classificações da tal da crítica: desde a hipócrita crítica construtiva, passando pela corrosiva crítica pessoal, enveredando pela distorcida crítica da imagem que formamos.

Tentando explicar esse raciocínio complexo e profundo, penso que existem, em quase todas as profissões, personagens de destaque.
Tomemos o futebol.

Ronaldo (Fenômeno) é uma das maiores histórias do futebol
de todos os tempos. Além dos inúmeros títulos, o que o cidadão
tomou de porrada dos adversários e da vida - e deu a volta em todas elas - é uma grandeza.

Entretanto, a imagem que ele projeta causa desconforto em muita gente (inclusive eu). Seja por inveja pura e simples, seja por se incomodar com o layout que vê, o que acaba acontecendo é uma crítica carregada por impressões inconscientes - ou não - o que tende a comprometer a realidade. Certo, biscoito?

Outra categoria é o Romário. Pra mim, de pentelho insuperável, hoje ascendeu à categoria de “ Ihh! Olha o cara! Quem diria...”

Ou seja, na imensa maioria das vezes a gente critica a imagem que processamos da pessoa e não a sua atuação profissional.

Como exemplo, qualquer coisa que o Zico disser sobre futebol leva 99,9% de chances de obter minha entusiasmada concordância.
Mas, divago.

Assistindo Fluminense X Grêmio, dada a total ausência de emoção, resolvi prestar atenção no Barcos (Grêmio) e no Jean (Fluminense).

O Barcos, no primeiro tempo, recebeu meia dúzia de bolas de costas para o gol. Com grande categoria matou cinco em seis, deu passes certeiros e, na que perdeu, deu sorte: de imediato a bola voltou para o Grêmio.

O Jean foi inteligente e rápido. Só.

E quem mais me chamou a atenção foi o Bruno, lateral do Fluminense: o cara é burro! Não por ter marcado gol contra - ou, pensando melhor, talvez sim - mas, pelo “conjunto da obra”.

Agora a conclusão instigante: por que o locutor que vos fala tem tão concisas e precisas informações? Simples: nunca vi nenhum dos três falando. O Barcos, já vi em fotografia. O Jean, mesmo se estiver perfilado no hino, passo batido. O Bruno, tadinho, penou nas minhas impressões pelo simples fato de eu não ter a mínima ideia de quem seja. Se amanhã eu assistir alguma entrevista dele, certamente vou mudar de opinião. Pra melhor ou pra pior...

Ou seja, não tenho imagem pessoal formada de nenhum deles.
Fica fácil.
Procede?

ATUALIZAÇÃO
Fluminense 0 X 3 Grêmio.
Não gosto do Luxemburgo.
E gosto do Abel. Um zagueirão simpático e, pasmem, pianista!
Mas, o Luxa tem um passado muito respeitável. Para minha tristeza, ele, como técnico, enfrentou o Abel quinze (15) vezes e nunca perdeu.
Segue a vida.

4 comentários:

  1. Aqui, por nossas bandas, não reconheço valor em qualquer pseudo medalhão. Lá fora, existe longa lista: El Loco Bielsa, que marca sob pressão, com quatro atacantes. Guardiola, que privilegia os toques rápidos em constante movimentação, e o técnico da seleção inglesa, Roy Rodgson, cujo sistema de marcação é o mais impressionante que já vi, além de ter instruído os jogadores bretões a jogarem com a bola no chão. Acabou o chuveirinho na terra de Henrique VIII. Lembrando Rinus Mitchel, é de lá, e somente de lá, que surge algo que possa ser avaliado como inovação.
    Vitor Lemos

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    1. Ô Vitor,
      é porque, dos medalhões lá de fora, a gente tem uma imagem menos constante.
      Se, por exemplo, o Guardiola fosse brasileiro, garanto que a gente já teria arrumado um monte de "senões" pro cidadão...

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  2. Concordo com o princípio do seu entendimento e, inclusive, o ilustro com uma frase que gosto muito: "Maravilhosos são aqueles que conhecemos pouco"! Mas, especificamente, em relação a estes estrangeiros, a repetição de seus acertos os eleva. Bielsa, com sua marcação sob pressão, levou o Chile, na Copa da África, à sua melhor colocação em mundiais, e no ano passado levou o obscuro Atlético de Madrid à final da Liga Europa. Quanto a Guardiola, arrumar um senão para o Barcelona é delirio...e Roy Rodgson prendeu Felipão em sua teia de aranha de tal forma que deu pena. Nunca havia visto anteriormente uma seleção inglesa dominar tão completamente um jogo contra os brasileiros, e quem pagou o pato foi o coitado do Neymar, já condenado a amarelão, porque, atônito e impotente diante daquelas duas linhas de quatro defensores, imaginava estar vendo um bicho de treze cabeças. Não, era só um sistema defensivo impecável que, caso Messi o substituísse no jogo viveria, também, inequivocamente, seu momento de impotência. Ninguém joga sozinho numa equipe que mais lembra o samba do crioulo doido, com Ramires e Paulinho fixos na marcação, tolhendo o que tem de melhor que é o apoio. Quando Mano, que por dois anos tateou no escuro, finalmente descobria o sistema ideal sem centroavante fixo, com constante movimentação, retorna o nosso Felibosta com o centroavante poste estático na marca do penalti, e ainda, delegando esta tarefa para um ex-jogador de futebol: Luis Fabiano! Vai ser limitado assim lá longe, trem!
    Vitor Lemos

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    1. Escutei uma hoje que pode ser uma triste verdade: a Copa não se perde num jogo. Ela começa a ser perdida muito antes via desmandos, cartolagem, etc, etc.
      Vendo a atuação dos Teixeiras, Marins et caterva, temo pelo pior.
      Ou, dependendo do ponto de vista, pelo melhor.
      Uma vez que, outro "maracanazo" poderia, quem sabe, resultar numa moralização do futebol.
      (Doce ilusão...)

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