segunda-feira, 1 de agosto de 2011

TOSTÃO

Tenho total e inabalável admiração pelo nosso prezado Eduardo Gonçalves de Andrade.
Não só como jogador – um dos maiores que tive a felicidade de ver jogar – mas, também, como cronista e ser humano.
E, na coluna de ontem, mais uma vez ele provou o acerto de minhas convicções além de dar uma aula sobre o que Carlos Drummond de Andrade dizia sobre a literatura em geral: “Escrever é a arte de cortar palavras.”

Se não, vejamos.
Sobre a “farra do boi” da Copa 2014, disse o cidadão:
“Ontem, começou, oficialmente, a festança e a gastança da Copa de 2014, com tudo pago pela Prefeitura e pelo governo estadual do Rio de Janeiro, com a presença e o apoio dos amigos, novos e antigos. Todos querem mamar nas tetas do poder.”

Sobre a “voadora” que o goleirinho do Sport deu no pescoço do adversário:
“A agressão do jogador Gustavo, do Sport, ao atleta Elivélton, do Vasco, pela Taça BH de Juniores, mesmo mais grave do que outras, tem a ver com a violência que existe na sociedade, nas ruas, nas arquibancadas e nos gramados. As partidas são, a cada dia, mais tumultuadas, com cotoveladas, pontapés e ofensas. Muitos chamam isso de futebol competitivo, emocionante e intenso.”

Sobre o histórico Flamengo 5 X 4 Santos:
“O espetacular jogo entre Santos e Flamengo foi atípico e uma exceção. Neymar e Ronaldinho foram magistrais, facilitados pela péssima atuação individual e coletiva da maioria dos defensores.
O gol de Neymar foi tão bonito quanto os maiores gols de Pelé.
Os jovens, encantados, ficaram perplexos. Parecia outro esporte, que existia apenas na imaginação dos saudosistas e dos românticos.
Os mais velhos, assim como eu, emocionados, lembraram dos grandes jogos entre o Santos, de Pelé, e o Botafogo, de Garrincha.”

Sobre o tão propalado fair-play:
... “Quanto mais violência nos gramados, mais se fala em fair play. Jogar a bola para fora, quando o adversário está no chão, o que deveria ser um ato espontâneo, de solidariedade e de delicadeza, se tornou uma obrigação, muitas vezes, sem motivo. Alguns jogadores se aproveitam para simular contusões graves. É o árbitro que deve decidir se para ou não o jogo.”

Sobre o doping e a carreira dos atletas em geral:
“O esporte de alto rendimento é um espelho da sociedade. Não é um bom lugar para incorporar os valores éticos. O atleta, pressionado e sonhando com a glória, costuma usar de todos os meios para levar vantagem. Mesmo com tantos exames, os atletas continuam se dopando.
O ser humano não nasceu santo. Nasce, cresce e corre atrás do prazer. É a sociedade que tem de impor limites para desmedidas ambições humanas, por meio de educação, exemplos e punições.
Os atletas se preparam somente para vencer. Além da tristeza, os derrotados se sentem moralmente culpados, como se tivessem feito algo incorreto.”

CQD...

2 comentários:

  1. Tiago, o cara escreve bem, mesmo! Onde é publicada a coluna dele?

    Abraço

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  2. Aqui: http://www.otempo.com.br/

    E o cidadão está cada dia melhor.

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