quinta-feira, 25 de junho de 2009

ISSO É QUE DÁ... CÊ QUERÊ FREQUENTÁ!

-Jupira, acorda que eu tive um insáide!
-Ai, meu Deus!!! Tá doendo muito??? Quêqueu faço???
-Deixa de sê besta mulé! Tá vendo o que é num tê leitura? Insáide é idéia em inglês! Escreve “inside”. Você devia lê mais. Afinal eu compro jornal quase todo dia...
-Ô Juvenal, num me assusta assim! Quê que é esse tal de insáide ou inside, sei lá!
-Bolei um jeito da loja sê mais rendável e da gente aparecê em tudo quanto é coluna social!
-Ôbá! Nóis vamo ficá rico, Juvenal?
-Rico, rico mesmo, num sei. Mais que vamo tê menas perca e mais dinheiro, ah, isso vamo. Aí, ocê vai caprichar no visual e nóis vamo acontecê na cidade. Podiscrevê...
-Ai, Juvenal... Cê vai me comprá aquele vistidinho que tem no chópingui?
-Aquele e muito mais. Agora levanta e vamo trabaiá. Bota uma sainha curta, a blusinha vermelha sem sutiã e arruma esse cabelo.
-Purquê???
-É parte do insáide. Num discute.
Juvenal e Jupira estavam casados há quatro anos e tocavam um armarinho num bairro da periferia. Juvenal era esperto e alimentava sonhos de grandeza. Aliás, em se considerando os predicados da Jupira, os sonhos do Juvenal eram plenamente justificados. Ela era de fechar o comércio. Só que, no andar da carruagem, o único comércio que ela estava ameaçando fechar era o deles. Explica-se: o Juvenal sabia o material que tinha em casa. Assim sendo, ele atendia a freguesia e mantinha a Jupira trancada no escritório cuidando da burocracia da loja, que ele não era besta. O problema é que os predicados da Jupira eram exclusivamente físicos e a loja estava em franca decadência.
Como bom sonhador materialista, Juvenal devorava avidamente todas as colunas sociais que lhe caíam às mãos. Observador, depois de se fartar de ver a atuação de lumas, galisteus e outras regionais menos votadas, concluiu que, se queria o sucesso social e financeiro, devia deixar de lado suas convicções machistas e partir para o uso puro e simples da Jupira.
Conhecedor das manhas jornalísticas(?), encomendou um anúncio para ser publicado nas principais colunas dos jornais da cidade. O dito anúncio, de um mau gosto a toda prova, tinha como slogan: “Armarinho JuJu – aqui não tem chabu!” E exibia uma foto fora de foco de diversos produtos exclusivos do JuJu. Mas o que importava ao Juvenal não era o anúncio. Ele sabia que não venderia um mísero porta-retrato a mais com aquele primor publicitário. O importante é que era o passaporte para o retrato e a citação. E foi direto: Jupira, num decote mais profundo que as olheiras do Bob Dylan, abraçadinha com o Juvenal, ambos sorridentes com taças de champagne nas mãos e a legenda: “O vibrante casal de empresários Juvenal e Jupira, acontecendo na night.” (A “night” era o fundo do escritório do armarinho e a champagne era água tônica.)
O tempo passou, começaram a freqüentar, Juvenal abriu, agora mais no centro, outras duas lojas, Jupira comprou todos os vestidinhos que desejava e hoje são conhecidos como um casal muito simpático. O Juvenal é esperto e a Jupira... Ora a Jupira não precisa fazer nada, basta aparecer.
A glória definitiva chegou no dia em que uma coluna, num furo de reportagem, publicou a exclusivíssima nota: “A mega-empresária Ju Silva ainda não sabe onde vai passar o carnaval...”

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