MATIAS VILHENA
Duas notícias sobre o novo papa, lidas hoje em um jornal
italiano, me deixaram boquiaberto.
A primeira é de que o Papa Francisco não tem planos de se
mudar para os aposentos papais. Vai continuar morando na Casa de Santa Marta,
que é uma pousada para cerca de cinquenta padres e bispos que trabalham no
Vaticano, e para bispos e cardeais que passam por Roma. Tem 106 suítes e 22
quartos simples, uma cozinha e refeitório comuns, e uma capela. Segundo o
porta-voz do Vaticano, o papa não deseja ficar isolado, e quer viver “em
comunidade”.
A segunda notícia foi de que não será transmitida pela
televisão a missa que o papa celebrará em Roma nesta quinta-feira santa numa
instituição penitenciária para menores, quando lavará os pés de doze menores. O
papa deseja que a missa seja muito simples e que sua estada na instituição
tenha “a natureza íntima de uma visita pastoral”. Numa era em que a imagem é
tudo (vide Facebook e vide João Paulo II), Francisco escolhe mostrar que o que
importa é o ato, e não a imagem. E não tratará os menores como extras numa cena
de filme da qual ele seria o astro.
Caso essas duas notícias se confirmem, considero a primeira delas
notável; e a segunda, uma revolução. E mesmo que não se confirmem, ou que mais
adiante esses gestos do papa parem de acontecer, o
benefício já está feito: foi-nos mostrado como nosso mundo pode(ria) ser
diferente.
O novo papa está nos mostrando o poder da coragem de ser
diferente, e a capacidade de mudança que têm os atos de uma só pessoa.
Fiquei pensando em como cada um de nós tem essa capacidade
de ser diferente e de não fazer as coisas só porque “são feitas assim”. Capacidade
de, ao agir de modo diferente, contribuir para modificar o mundo.
Tenho muitas dúvidas sobre quanto tempo poderá durar o
pontificado do Papa Francisco.
Mas mesmo assim, considero-me presenteado. Com essas duas
notícias de hoje, ganhei inspiração e força para ser mais autêntico. Papa
Francisco, para mim seu pontificado já valeu.
Este sim, parece, será um mentor, e um feitor. Embora os católicos representem, somente, 18% da população, o mundo observa.
ResponderExcluirVitor Lemos
18% só?
ResponderExcluirE a gente achando que o mundo é ocidental...
(É com você, Matias.)