sábado, 9 de março de 2013

AMIGOS

Lá pelos meus 15 ou 16 ou 17 anos, sei lá, depois de uma fabulosa festa de aniversário lotada de amigos, minha mãe, certamente influenciada por seu momento de vida, pronunciou uma frase que me marcou durante muito tempo: “- Aproveita meu filho, porque amigo a gente faz na infância. Depois, é tudo interesse.”

Passei muito mais tempo do que seria razoável acreditando nisso. E, durante todo esse período,
a vida me provava o contrário. Ou quase.

Ocorre que o maldito - ou bendito - tempo vai passando, as dificuldades e/ou facilidades e/ou interesses de cada um vão se acentuando e, inevitavelmente, as distâncias vão aumentando.

Dos ditos amigos de infância muitos mais do que eu gostaria se afastaram devido às diferenças sociais, de pensamento, de atitudes, etc. Pra minha sorte, alguns continuaram próximos.
Fisicamente ou por “telepatia”.

E também pra minha sorte (e deles, certamente) vários se desvaneceram - ou estão se desvanecendo - devido aos tortuosos caminhos que cada um escolhe. Conscientemente ou não.

O grande barato é descobrir novos e redescobrir antigos – cujos você achava perdidos.

Dos novos, a descoberta e consequente esperança de renovação.
Dos antigos, recuperados da bruma do tempo, a redescoberta e a consequente esperança de retomada dos velhos/novos tempos.

Devido às diferenças já apontadas, ambas situações podem parecer como a ilustração desse post. E o carinho que vejo nessa imagem,
pela representativide da situação, pode ser retratado nas duas.
(Momento piegas.)

Toda essa baboseira é pra falar da minha ausência, justificada, diga-se de passagem, no enterro do pai de um grande amigo das antigas.
Pai esse que foi figura muitíssimo importante na minha adolescência.

Penso que nesses eventos a gente tem obrigação de estar presente não só como respeito ao que se foi, mas, principalmente, em respeito aos que estão sofrendo a perda. Mas, não tive como estar presente.
Aí, passado o evento, me desculpei hoje, por telefone e, para minha alegria, fui tratado com o mesmo carinho e compreensão de muitos anos: “-Deixa de bobagem! Tá tudo bem!”

Esperanças renovadas na humanidade!

2 comentários:

  1. De Carlos Heitor Cony:
    "Para o amigos que cresceram comigo, a minha indulgência é plenária. Não importa o que façam, continuo amigo deles. Basta que tenhamos um patrimônio comum que é a infância."
    O compartilhamento de uma época de sonho e ilusão, aliado à disponibilidade de tempo, resulta em formação de amizades duradouras. De alguma forma, as palavras da sua mãe possuiam enorme sentido.
    Vitor Lemos

    ResponderExcluir