terça-feira, 14 de junho de 2011

TOMATES MADUROS COZIDOS

junto com carne moída perdem o sabor.

Ou podem até transferir o sabor para a carne. Mas é sutil, coisa de degustadores, por aí.

Essa culinária toda passava pela cabeça do cidadão enquanto aguardava a consulta. Afinal, deve ser exatamente por causa dessas esperas intermináveis que somos classificados de “pacientes” nessas arapucas, pensava ele em paralelo.

Voltando aos tomates, lembrou que sempre dispensou a presença deles na pizza. Transformam-se numa água colorida que só serve pra queimar a língua. No que era imediatamente contestado por todos. Que bom que vocês gostam: podem pegar os meus e revirar os olhinhos...

Ele bem sabia que, no fundo, toda essa conversa interior era pra disfarçar o incômodo da véspera. Havia estado numa agradável festa onde todos bebiam e conversavam alegremente sobre assuntos que, no frigir dos ovos, não levavam a nada, parãrãrã, naada!
Mas, peraí, debateu consigo mesmo, tem sempre que ser profundo? Afinal as abobrinhas também alimentam. (Acho que estou com fome..., pensou ele enquanto, em mais um paralelo, tentava adivinhar o significado da expressão “frigir dos ovos”*.)

Tá certo, as abobrinhas alimentam, mas o problema é que ele também estava implicando com as benditas abobrinhas. Aí, começou a doer mais: concluiu que a idade havia feito com que ele, eterno buscador de coisas novas, desanimasse. É que é vai ficando cada vez mais raro escutar uma piada nova, um comentário original, uma opinião que não tenha sido publicada no jornal, etc, etc.

Olhou pra sala de espera, viu mais quatro na frente dele, levantou e foi embora. Disposto a (argh!) conversar com o primeiro adolescente que passasse. Quem sabe não tem alguma novidade...?

* N.A.: Segundo informações colhidas, trata-se de um provérbio português: “No frigir dos ovos é que a manteiga chia.”

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